sábado, 5 de outubro de 2024

O inferno


“... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12; 4 e 5

Os que negam a existência do inferno como local de juízo para a impiedade, usam como argumento que, a melhor tradução para a palavra que tem sido vertida pelo tal, seria sepultura. O “inferno” onde deixariam de existir os maus. Para algumas crenças, os justos apenas serão ressuscitados, os demais “condenados” à inexistência.

Se não houvesse uma “recompensa” para o mal, como argumentou Paulo, estariam certos os que apostam todas as fichas nessa vida apenas. “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.” No mesmo contexto, porém, foi taxativo sobre a necessária espera de um porvir, tanto para justos, quanto, injustos; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Como não sou versado em grego nem hebraico, não me atreverei a discutir sobre qual seria a melhor tradução para “Sheol”. Mas, a boa hermenêutica vai além do conhecimento dos originais. Ela dispõe de outras ferramentas, que também são úteis para entender a verdade.

Pelo menos três argumentos me ocorrem que fazem necessária a existência do inferno, como revelado. a) Jesus falou mais sobre o risco de se acabar nele, que, sobre as venturas do Céu em Seus ensinos. Se, fosse mero sepulcro, de onde ninguém consegue escapar, qual o sentido de tamanha ênfase?

b) O inferno não tinha o homem como destinatário. “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” Mat 25;41

Sendo aqueles entes, espíritos, qual sentido de uma sepultura para os tais? Essas são necessárias à decomposição de corpos. Jesus ensinou que na ressurreição dos justos, eles não se dão em casamento; antes, serão como os anjos de Deus; os que recusam a receber o Evangelho da Graça, serão como os anjos do Diabo, herdando a sorte que foi destinada àqueles.

c) Se, devemos temer a Deus porque, além de matar tem poder para lançar no inferno, isso torna necessário que, o inferno seja um castigo além da morte. Algo que O faz mais temível que a própria morte. Se fosse mera sepultura, não seria necessário um poder superior para lançar alguém nela; qualquer orangotango poderia arrastar um corpo morto à cova. Assim, tanto as inúmeras advertências para se evitar a esse lugar de infortúnio, quanto a estrutura do texto que analisamos tornam necessária, a existência do inferno; exatamente nos termos que As Escrituras relatam.

Se nós, imperfeitos, ao vermos tantos patifes impunes, nos indignamos com isso, pela decepção coletiva; a impunidade que grassa faz parecer que o crime compensa, que a virtude é estupidez, como veria isso O Juiz dos vivos e dos mortos? Deixaria por isso mesmo, resignado, pois, a “vida é assim?” Abraão responde: “Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de Ti. Não faria justiça o Juiz de toda terra?” Gn 18;25

Isaías descreveu o lugar de tormento: “... seu verme nunca morrerá, nem seu fogo se apagará...” Is 66;24 Cristo citou a Isaías e foi registrado pelos escritores do Evangelho. Mc 9;44 a 48 Mat 3;12 Luc 3;17 etc.

O que pode ser discutido é qual seria a natureza de tal “fogo”, uma vez que afligirá seres espirituais. Talvez, dado que, o bicho nunca morre, os mesmos desejos da alma pecadora que no corpo foram saciados pelos vícios daqui, persistam lá, sem a possibilidade de serem saciados, pela ausência de meios. A eterna abstinência seria um “fogo” a devorar quem preferiu os tais à paz com Deus e Sua Bendita comunhão. Não estou afirmando que será assim; não tenho elementos para tanto; mas, assim penso.

Estabelecida a existência desse lugar de punição e tormentos contra os adeptos da maldade, por que, viveríamos de maneira relapsa, reservando um assento no nefasto teatro?

O Eterno enfatiza Seu prazer em salvar; requer dos avessos seus motivos, dizendo: “... Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33;11

Por fim, a rejeição de algo expresso categórica e reiteradamente na Palavra de Deus, é blasfemo, por atribuir ao Santíssimo, mentiras.

A excelência seria crermos por amor a Deus; contudo, que sejamos salvos pelo medo do inferno, é ainda melhor, que nos perdermos.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Errando as medidas

“Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” Rom 12;3

Pensarmos com justa medida, ou, pelo menos não irmos além do que convém; tarefa difícil.

Embora, alguns ineptos na interpretação afirmem que o pecado original seria o sexo, que é abençoado no matrimônio, dentro dos parâmetros Divinos, o referido pecado, em sua essência foi desobediência; o “algo mais” que estimulou, foi o orgulho; “sereis como Deus”, prometeu o traidor mor, que transferiu um anseio seu, ao casal edênico. 

No que era possível uma criatura ser como Deus, nos Seus atributos comunicáveis, Adão e Eva já eram, à Imagem e Semelhança Divina. Quem estava descontente com o que se tornara era o canhoto.

O orgulho conseguiu vitimar a dois inocentes, por um apelo calcado na mentira; depois, passou à toda a descendência humana em proporções assustadoras. Mesmo pessoas que se dizem cristãs, publicam coisas opostas à Palavra de Deus, apenas porque essas “patrocinam” alguma independência, certo individualismo, coisas alinhadas ao orgulho, não à humildade dos que são desafiados com um soturno, “negue a si mesmo.”

As postagens estilo “guerra dos sexos” são, derivados doentios do feminismo; que é uma perversão da criação, colocando a mulher a competir com o homem, sendo que ambos foram criados para se completarem. Sementes do orgulho cultivadas palas próprias vítimas, desse monstrengo de Satã.

François de La Rochefoucauld versando sobre o orgulho humano, disse: “O melhor negócio da terra seria, comprar aos homens pelo que eles valem, e revendê-los pelo que pensam que valem”

Salomão também versou sobre o cuidado que devemos ter, com o hábito pernicioso de buscar elogios por atalhos indevidos; disse: “Que um outro te louve, não a tua própria boca; o estranho, não os teus lábios.” Prov 27;2 supondo que existam motivos para louvores, óbvio!

Não significa que devamos ser avessos aos elogios, quando verdadeiros; apenas, não devem ser o motivo das nossas obras corretas. Ousemos fazê-las, pela saúde da nossa consciência diante de Deus, por respeito ao semelhante e seus direitos, e também, como uma placa a indicar como gastaríamos de ser tratados. “Como quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei.” Luc 6;31

A uma pessoa equilibrada emocionalmente, intelectualmente saudável, muitas vezes um revés da vida, ou uma correção de outrem fazem muito mais bem, que um elogio inconsequente, desses que costumam verter dos lábios de mercadores de interesses.

Certa vez, um entrevistador perguntou ao cirurgião cardíaco, o Dr. Ivo Nesralla, sobre sua filosofia de vida, numa profissão tão delicada, onde um revés poderia custar uma vida, e um trabalho bem feito, salvá-la; ele respondeu: “Peço a Deus que me dê sucesso bastante, para que eu mantenha o entusiasmo, e os fracassos necessários, para que eu não perca a humildade.” Me pareceu uma visão sobremodo hígida, algo a ser adotado por todas as pessoas decentes e sensatas. Tanto, que decorei a frase.

Pode que tenhamos algumas qualidades que sequer atentamos para elas, como também pode, o que acredito seja mais frequente, que sejamos bem piores do que pensamos em nossos pensamentos mais acertados.

Assim, como certamente erraremos a medida, se ousarmos medir a nós mesmos, que erremos para menos, não para mais, sob o risco de sermos envergonhados, como ensinou O Salvador.

“Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno que tu; e, vindo o que convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar. Mas, quando fores convidado, vai, assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa.” Luc 14;8 a 10

Honra não é uma coisa que devemos buscar; mas, agir de modo honroso sempre faz bem à saúde das nossas almas.

Paulo foi frequentemente atacado por uns que se diziam maiores que ele; que sequer apóstolo seria. “Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.” I Cor 9;2

Não se tratava de pelejar por honra; antes, pelo restabelecimento da verdade. Depois, considerou: “... estes que medem a si mesmos, se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento.” II Cor 10;12

Em última análise, o louvor que conta nem verte da terra; “Porque não é aprovado quem a si mesmo louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.” II Cor 10;18

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

As escolhas


“Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor a resposta da língua.” Prov 16;1

Quer o homem admita, quer não, Deus preside sobre suas escolhas. As coisas que se alinham ao Divino querer, óbvio, são expressões da Sua Santa Vontade; as demais, da Sua permissão, que na nossa saga de arbitrários, faculta que as façamos.

Nosso horizonte é mui módico, se comparado ao Divino. Somos imediatistas; supomos que nossa visão de mundo abarca a verdade, e nossa opção, uma vez exercida, é a melhor; em geral, porque é nossa, não por algum outro valor qualquer. 

Quem se acostumou a um relacionamento com O Eterno, usa ir além das predileções. Pondera valores a buscar, a evitar, tudo pelo alinhamento desses à Revelação Divina, ou, pela desconexão, no caso dos evitáveis.

O Eterno prescreve um “ai” aos defensores da inversão de valores; como uma campainha soando, a advertir do juízo que incidirá sobre os que se dão a isso. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21

“Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas O Senhor pesa o espírito.” V 2

Mais profundo que o alcance dos olhos, O Senhor sonda o espírito, a intenção, a motivação subjacente às escolhas que fazemos. Se essas soarem probas aos Olhos do Santo, há boas chances que sejam abençoadas, com resultados venturosos. Se não, melhor que nem se realizem, sob pena de fazerem um depósito nefasto para nosso porvir, como disse Paulo; “Mas, segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5

Assim, todo o homem prudente decide orar, consultar a Deus, antes de externar suas escolhas tangentes às incidências cotidianas, na terra dos homens.

A Palavra ensina: “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago, medula para os teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Se, mantivermos um relacionamento sadio com o Pai, eventualmente Ele nos fará saber coisas pelas quais sequer oramos. Ele honra nossa condição de amigos Seus, e nos conta aquilo que acha que precisamos saber. Tanto as que Ele deseja que aconteçam, quanto, outras que fazem em oculto, os que se opõem ao Divino querer. “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará a Sua Aliança.” Sal 25;14

Não raro, o homem que teme a Deus, quando fecha seus olhos para o descanso, tem os olhos espirituais abertos, e recebe instruções que nem estava esperando.

Se, as preparações do coração, estritamente do homem, carecem passar pelo crivo da aprovação Divina, antes de saírem à luz, as que vertem de um coração acostumado a agir segundo Deus, já saem à luz com o selo da aprovação Divina, pois, vieram da Bendita inspiração.

Nossa natureza tende ao egoísmo, a absolutização das nossas vontades. A visão do alto contempla o todo, e a despeito de nossas conveniências imediatas, nos mostra por onde convém andar. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Jr 10;23

Diferente de alguns “cultos alternativos” que existem por aí, para O Todo Poderoso, não se oferece algum amontoado de “guloseimas” em troca de um favor, mesmo que esse contrarie a vontade Dele. Antes, você vive um relacionamento com Ele, no qual, o querer do Altíssimo determina o seu, e então, não precisas de encruzilhadas pontuais; você tem um caminho que pauta seu dia a dia.

Dizer as palavras certas, eventualmente, qualquer um consegue; mas Aquele que sonda os espíritos, que É Rei dos Reis, seria ludibriado no raso império das falácias? “Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar, e meu deitar; conheces todos os meus caminhos. Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces.” Sal 139;2 a 4

Enfim, mesmo se declarando cristão, alguém, por imprudência, falta de comunhão com O Senhor, poderá receber um sonoro não! quando, Aquele que sonda os espíritos decidir sobre as escolhas feitas. Porque “... falei e não escutaram; mas fizeram o que era mau aos Meus Olhos, escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66;4

terça-feira, 1 de outubro de 2024

A Casa de Deus


“Chamou Jacó aquele lugar, onde Deus falara com ele, Betel.” Gn 35;15

Betel; “Casa de Deus”; nome que Jacó dera ao lugar onde passara a noite, tendo uma pedra por travesseiro. Normal que o homem leia eventos desde sua perspectiva. Chama-se a isso, antropomorfismo; fenômenos a partir da humana observação.

Dizemos que o sal nasce e se põe; quando, a rigor, a terra gira, ocasionando o “banho de sol” em toda sua superfície.

Kant, fazia diferença entre fenômeno, e númeno. O primeiro refere-se a, como percebemos as coisas; o númeno atina a como a coisa é em si mesma.

Dizemos que determinada roupa ficou pequena, quando, não houve nenhuma mudança no tamanho dela; apenas, no do nosso abdômen.

Assim, porque tivera uma experiência rica com Deus, naquele lugar, Jacó fizera sua leitura, e batizara ao lugar como lhe parecera; Casa de Deus.

Contudo, a “coisa em si” é bem mais abrangente que um sítio desértico como parecera ao Patriarca. O Mesmo Senhor propõe a questão: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja? diz o Senhor. Porventura não encho céus e terra? diz O Senhor.” Jr 23;24

A “Casa de Deus” é um pouco maior do que pensara Jacó. Davi enxergou melhor: “Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua Face? Se subir ao céu, lá estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali, Tua mão me guiará Tua destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de Ti; mas a noite resplandece como o dia; trevas e luz são para Ti a mesma coisa;” Sal 139;7 a 12

Duvidando da Divina Onipresença, certa vez um incrédulo altercou com um missionário: “Se Deus está, mesmo, em todos os lugares - disse – deve estar no inferno também.” – Sim, respondeu; lá está Sua Ira.

Quando O Salvador diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir Minha voz, e abrir, entrarei em sua casa, com ele cearei, e ele Comigo.” Apoc 3;20 Não o faz porque seja um sem teto, ansiando um lugar para ficar.

Tampouco, um faminto desejando nossa mesa. Ele mesmo diz: “Conheço todas as aves dos montes; minhas são todas as feras do campo. Se tivesse fome, não te diria, pois, Meu é o mundo e sua plenitude.” Sal 50;11 e 12

Somos minimundos autônomos, no mundo de Deus. Porque Ele nos deu arbítrio, direito de escolha, respeita nossas opções, mesmo que essas, O deixem de fora das nossas vidas.

Ele nos ama, malgrado, nossos muitos pecados, e deseja também ser amado, O Eterno não força ninguém. Envia o convite do Seu Amor; onde houver correspondência, então entrará e se sentirá em casa. “Jesus respondeu: Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra; Meu Pai o amará, viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Assim, num sentido amplo, todos somos convidados a ser Betel; Casa de Deus. O aprendizado nas coisas Divinas é chamado de edificação. Pedro explica: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5

Essa edificação, necessariamente deverá ser segundo o projeto. Pois, em última análise, como Ele nos dá Sua Palavra por norma, e Seu espírito com capacitador da edificação, é O Senhor que nos edifica. A Palavra assegura: “Se O Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se O Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” Sal 127;1

Se, mesmo enchendo Céus e Terra, O Altíssimo não habita nos que se recusam a abrir-lhe a porta e obedecer Seus mandamentos, isso por si só elimina a falácia do ecumenismo, esposada pelo Papa Bergoglio. Todas as religiões estariam certas, seriam linguagens diferentes servindo ao mesmo Deus; não!! Ele levantou pessoas capazes, fez Sua Palavra verter em todos os idiomas, para que todos pudessem conhecer Sua Vontade.

Os que se recusam a isso, porque sua religião de espúria feitura lhes basta, negam-se a abrir suas casas ao Todo-Poderoso. Ele mesmo sentencia: “... porque clamei e recusastes; estendi a Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo o Meu conselho, e não quisestes a Minha repreensão, também de minha parte Eu me rirei na vossa perdição e zombarei, em vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Jacó viu como “Casa de Deus” onde Ele lhe falara; ainda é assim. Deus fala no espírito do homem. Nos que lhe dão ouvidos, habita.

domingo, 29 de setembro de 2024

O difamador


“Não estais estreitados em nós; mas, estais estreitados nos vossos próprios afetos.” II Cor 6;12

Alguns que se diziam apóstolos não sendo, iam após o trabalho de Paulo, desqualificando-o; cristãos na cidade de Corinto estavam, como que, envergonhados por terem se convertido pelo ministério do apóstolo.

Entre outras coisas, os difamadores diziam que era um valentão, apenas de longe. “Porque suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, a palavra desprezível.” Cap 10;10 então, assegurou: “Pense o tal isto, que, quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes.” V 11

O “estreitamento”, uma espécie de “vergonha de ser honesto” como versou Ruy Barbosa, era derivado de darem crédito aos difamadores, não a algum lapso do apóstolo, um testemunho vexaminoso. Disso se defendeu, quando disse: “Não estais estreitados em nós...” Não dei nenhum escândalo, nenhum motivo para vergonha.

Nem todos se convertem a ouvir a boa nova do Evangelho. A fé é um dom particular, uns abraçam-na, outros, não; assim era naquela cidade.

Familiares dos que se convertiam, não tendo eles crido, se faziam adversários, insinuando coisas constrangedoras que, os mais tímidos sofriam; essa timidez, esse falar da própria conversão a boca miúda, como se fosse um erro, Paulo definiu como “estreitamento” derivado dos afetos deles.

O Salvador prevenira que seria assim: “Porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, o filho contra o pai; a mãe contra a filha, a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, a nora contra sua sogra.” Luc 12;52 e 53

Então, aconselhou que assumissem a plenos pulmões sua decisão por Cristo. “Ora, em recompensa disto, (falo como a filhos) dilatai-vos.” V 13

A “dilatação”, por certo, aumentaria a aversão daqueles; então, preceituou uma postura mais radical, dos santos em relação aos que descriam. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem justiça com injustiça? Que comunhão tem luz com trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; serei o seu Deus, eles serão Meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; serei para vós Pai, vós sereis para Mim filhos e filhas, Diz O Senhor Todo-Poderoso.” Vs 14 a 18

Sociedade, concórdia, comunhão, consenso, óbvio que são coisas boas! Nem sempre essas são possíveis; pois, se uma outra coisa ainda melhor, a verdade, carecer ser sacrificada para a possibilidade dessas existirem, então, já não são mais desejáveis. 

Mesmo a paz, tão boa nem sempre encontra assento, quando as escolhas espirituais divergem. Devemos buscá-la quando possível, não como um bem supremo, acima da submissão ao Senhor; “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

Se, o preço para estarmos em paz for negarmos ao nosso Senhor, então será caro demais. Que se vá a paz, mas fique O Salvador.

As diferenças diametrais, no campo dos valores, não podem ser ignoradas, como se, a união entre opostos fosse algo possível, desejável. Aristóteles dizia: “A pior forma de desigualdade, é considerar iguais, às coisas diferentes.” Paulo não fez assim; antes, considerou a ideia de ver convertidos andando junto com os que não tinham os mesmos valores, um “jugo desigual.”

E isso, até no tocante aos animais, foi vetado por Deus; “Com boi e com jumento não lavrarás juntamente.” Deut 22;10 São dois animais de estatura diferente e forças desproporcionais; de igual modo, o crente e o incrédulo não podem formar uma “junta” em questões espirituais.

A ideia em gestação, do ecumenismo, onde todas as religiões estão “certas” são apenas linguagens diferentes da mesma fala, segundo O Papa Francisco, propõe que se faça as mais desconexas juntas imagináveis. Boi com jacaré; jumento com avestruz, leão com esquilo, etc.

O Salvador, por um pouco, se fez do “nosso tamanho”, e nos convida a formarmos uma junta com Ele, que nos capacita, para o peso da obediência necessária. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

O mesmo jugo que propõe uma cruz, para o corpo, enseja descanso à alma, pela salvação que propicia. Qualquer coisa fora disso, seja oriunda do Papa, pastor, ou reverendo que for, é uma fraude do capeta. O difamador que atua para destruir, pois nada sabe construir.

sábado, 28 de setembro de 2024

Os paradoxos


“Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos.” Tt 1;12

Segundo historiadores, quem teria dito essa frase citada por Paulo, Epimênides, era uma espécie de Sacerdote daquela ilha. Estaria por trás da nomeação do altar “Ao Deus Desconhecido” citado nos Atos dos Apóstolos. Consta no livro “O Fator Melquisedeque” de Don Richardson.

Algum pensador mais perspicaz, atentando à frase, e ao fato de seu autor ser também cretense, elaborou o chamado “Paradoxo de Epimênides”. Uma vez que, “todos os cretenses são mentirosos,” e o autor era de Creta, significava que, ‘se ele estivesse mentindo, falaria a verdade; se fosse verdadeiro, estaria mentindo.’ Num primeiro momento dá um nó; mas pensando melhor, entendemos o sentido. Na análise estrita da letra, seria essa a conclusão, necessária.

Contudo, o simples fato dele declarar sua aversão ao comportamento dos demais ilhéus, implica que reprovava tal postura; donde seria legítimo concluir que, ele não faria parte dos “todos” tencionados na frase.

Às vezes acho graça quando alguém me aconselha que não me meta na vida alheia. Penso: Eis aí um que não vive o que prega. Pois, ao me aconselhar como agir, está se metendo na minha, me prescrevendo a fazer o contrário. Seu modo de agir se insurge contra seu jeito de falar.

Igual contradição cometem os que alardeiam o valor do silêncio, em vistosas e provocativas postagens. Se gostam tanto do silêncio, apreciam deveras o valor dele, por que não calam a boca?

Como vemos, o referido paradoxo, tipo a brincadeira antiga da “gata amarela” onde “quem falar primeiro come, fora eu” é a “filosofia” de vida de muitos presumidos sábios da praça.

Óbvio que há direitos inalienáveis, particularidades que são de foro específico de cada um. O indivíduo, como a palavra sugere, é indivisível, ímpar; na condição de partícula do tecido social, tem seus direitos particulares. Desgraçadamente, na grande maioria dos casos, quem deveria fazer silêncio, pelo lapso de conteúdo, é quem costuma fazer mais barulho, pois o lapso atinge à noção também.

Quando alguém ensina algo que mexe com as almas, confrontando-as com os preceitos Divinos, facilmente enseja desconforto, abala o comodismo indolente daqueles que vivem às suas ímpias maneiras, e não querem ser incomodados. Quem é escolhido pelo Eterno, para expoente da Palavra, “se mete” nas vidas de todos que interagem consigo, uma vez que o Amor de Cristo o constrange.

O que herdou do Senhor o estimula a querer igual, para o semelhante; o que recebeu como incumbência, o desafia a ser porta-voz do Reino dos Céus.

O risco é o mesmo dos paradoxos e contradições vistas. Paulo disse o seguinte: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

Na mesma carta a Tito citado ao princípio, o apóstolo mencionou uns que eram bons no reino das falas e inúteis onde imperam as ações; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes e reprovados para toda a boa obra.” Cap 1;16

Embora o silêncio tenha lá seus méritos, ou, pelo menos a vantagem de não despertar problemas que hibernam sob a neve do esquecimento, tem também os hospedeiros mais indicados; “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Quem foi incumbido de falar por Deus, da parte Dele, não pode se apegar a esses “méritos”. Num momento de grande fome em Samaria, a cidade cercada por inimigos, O Senhor criou um reboliço e os fez fugir abandonando tudo, inclusive os víveres; quatro leprosos que foram ao encontro dos inimigos, preferindo morrer pelas armas a morrer de fome, fartaram-se encontrando aquilo tudo.

Depois, a consciência os cobrou, para que fossem avisar daquela fartura na cidade também; “Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; por isso agora vamos, e anunciaremos à casa do rei.” II Rs 7;9

Assim somos nós, ministros do Evangelho. Leprosos que foram curados e abençoados, sabem onde há fartura de alimento espiritual, pra socorro dos oprimidos pelo inimigo. Nesse caso, o mérito não está no silêncio; antes na proclamação a plenos pulmões, da boa notícia. “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia boas novas...” Is 52;7

O "poder" da fé


“... Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre os seus parentes, e na sua casa. Não podia fazer ali nenhuma obra maravilhosa; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.” Mc 6;4 e 5

Textos como esse podem dar azo a erros de interpretação. Alguns esposam que se não tivermos fé, Deus “não pode” fazer o que carecemos; seja, legar uma cura, prover uma necessidade, salvar.

Marcos menciona incredulidade e escândalo, até, daqueles que conheciam à família de Jesus, e se assustavam com as coisas que Ele fazia. Sem, contudo, darem crédito às Suas Palavras.

Há o risco de darmos à fé, um poder que ela não tem. Imaginemos, uma conta bancária muito vultosa, com recursos para suprir a todas as demandas; a qual, só estará disponível a quem necessitasse, se esse alguém digitasse determinada senha. Não seria a senha que potencializaria a conta, colocando recursos; eles já estariam lá. Assim, a fé é a “senha” que permite aos fiéis, acessar ao Poder de Deus, que não carece da minha fé para ser o que é, mas se agrada dela.

“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e É galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

Se a fé agrada a Deus, a incredulidade desonra; traz consigo um efeito colateral mui grave; a resiliência incrédula implica uma blasfêmia; pois, o que duvida da Divina Palavra, é como se chamasse ao Santo de mentiroso. “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5;10

Honra é algo que O Eterno preza, como disse desde dias antigos: “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Disse mais: “... porque Eu clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão; também de Minha parte, rirei na vossa perdição e zombarei em vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

O Senhor não disse que não podia fazer milagres em Sua terra, por causa da incredulidade adjacente. Antes queixou-se de ser desonrado. “... Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre seus parentes, na sua casa...”

Então, O Salvador fez algumas curas que julgou mais urgentes e os deixou. Não estava disposto a ser abençoador de incrédulos.

O Eterno criou a tudo que existe; bem poderia transferir a cada um de nós, as perguntas que fez a Jó: “Onde estavas tu, quando Eu fundava a terra? Faze-me saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?” Jó 38;4 e 5

O Criador não precisou de nossa fé para fazer nada; tampouco, precisa. Acontece que, a queda da humanidade representada no primeiro casal, se deu, justamente por duvidarem eles, da Palavra de Deus abraçando a sugestão do “profeta” alternativo que estimulou à desobediência, acenando com resultados que não aconteceram. Prometeu que eles seriam como Deus, desobedecendo-o e se tornaram como o capiroto; caídos, desgraçados, privados da comunhão com O Santo.

A causa de todos os males de então, e os derivados, foi a negação da Palavra de Deus, a regeneração requer a negação de tudo o que esse mundo vive e ensina, que contraia à Palavra do Santo; além, é claro, do inefável Resgate de Jesus Cristo.

Por isso, Paulo ensina: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Quando O Salvador dizia, a um abençoado por Ele: “Tua fé te salvou”, não estava corroborando um suposto “poder da fé”. O “Tudo é possível ao que crê”, deve ser entendido em consórcio com outro verso: “... a Deus tudo é possível.” Mat 19;26

Nossa fé nos salva, quando a depositamos Nele. Se alguém acha que é um poder independente, creia em qualquer coisa, “todos os caminhos levam a Deus” como disse o Papa.

Porém, entre o que o Chico fala e o que Jesus Cristo disse, não me é difícil escolher. O Senhor pontua: “a vida eterna é esta: que conheçam, a Ti só, por Único Deus Verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3

O resto, com ou sem fé, não passa de casulos vazios, incapazes de gestar as necessárias asas.