sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Vergonha necessária


“Por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. Saiamos a Ele fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13:12 e 13

Vitupério, opróbrio; duas palavras quase ausentes em nosso vocabulário; embora, onipresentes no comportamento humano. Significam, “grande desonra pública; degradação social; ignomínia, vergonha, vexame...”

Sermos de Cristo nos deixa sujeitos a sofrermos essas coisas, não porque seja vergonhoso pertencer ao Rei dos Reis; antes, porque esse mundo sendo regido pelo príncipe das trevas, procura disseminar a visão dele como normal; quem não tem discernimento tende a adotar como, sua visão, as falácias do capeta.

Acaso a pregação do Evangelho da Graça e Amor de Deus, não tem sido adjetivada como proferir discursos de ódio? A fidelidade à Palavra revelada, manifestando total aversão a acréscimos ou supressões, não tem sido rotulada como radicalismo, fundamentalismo, religiosidade oca? etc.

Entre o que as coisas são e como esse mundo nomeia, há uma distância abissal.

Porventura, um presidente que não consegue sair à rua, dado o nojo que as pessoas decentes têm dele, não foi “eleito democraticamente” por aproximadamente sessenta milhões de pessoas? Assim são as coisas no império da mentira.

A coragem de pertencer à verdade, viver segundo ela, defendê-la é para poucos. Embora, usem dizer que nos “escondemos atrás da Bíblia,” Não se atrevem a entrar decididamente, em nosso esconderijo, pelo verdadeiro pavor que sentem. Coragem se patenteia com atitudes, não com falas.

A “vergonha e infâmia” de pertencermos a Cristo não deriva do que somos, tampouco, do que O Senhor É; antes, de como o mundo é; como valora quem ousa ser diferente.

Há milhares de infiltrados, gente que não pertence a Cristo, mas, por interesses rasteiros faz coisas vergonhosas no meio Cristão. Alguns que chegaram a pertencer ao Senhor, mas, ao preço de renúncias para perseverar, dos vitupérios a suportar, apostataram da fé; agora se fizeram opositores das coisas que antes defendiam.

Pedro os aquilata: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito; a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2:20 a 22

Seguido surge a notícia de um “pastor” adúltero, ladrão, mentiroso... Os melindres de alguns se mostram mais fortes que a capacidade de sofrer; presto “lavam as mãos” por não pertencerem à mesma denominação que pertence o escandaloso da vez.

Paulo disse que assumia integralmente como sua, a “vergonha alheia”; “Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?” II Cor 11:29

Para muitos fariseus atuais, nem é preciso um escândalo; basta que determinado irmão não ande plenamente segundo os usos e costumes da denominação dele; presto, isolará ao tal, como se fosse portador de lepra ou, algum mal contagioso. É possível que esse irmão fraco esteja espiritualmente melhor, que o “obreiro” hipócrita que, o exclui.

Mesmo que estivesse em pecado, sofrendo as aflições de um que teme ter se afastado de Deus. Ainda assim, seria alvo de compaixão mais do que de censura.

Jó no auge da dor, foi “socorrido” por três “obreiros” assim, em dado momento, queixou-se: “Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso.” Jó 6:14 Depois, suspirou um profundo desejo: “Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13:5

Vulgarmente se ironiza: “Fulano calado é um poeta.” Pois, “obreiros" assim, calados seriam sábios. “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio...” 17:28

Porém, desgraçadamente, os tonéis vazios são os que fazem mais barulho. Quem deveria calar a boca, em geral é que tem o poder, a ocasião de fala.

Não significa, a compaixão, compactuar com erros denunciados na Palavra, como tais; antes, se identificar com a fraqueza, as necessidades do que se afligiu por ter errado; reconduzir ao tal, em direção ao arrependimento para o perdão e restauração, invés de excluí-lo.

Na história da igreja, muitos perderam suas vidas em nome da fé; pertencer a uma geração que teme a “vergonha” pela ímpia rejeição do mundo é que envergonha quem tem que conviver com isso.

Vergonha é uma coisa boa. Mas, como dizia Spurgeon, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” 

“... rejeitamos as coisas que por vergonha se oculta, não andando com astúcia nem falsificando A Palavra de Deus...” II Cor 4:2

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Contraponto de Sophia


“Filho meu, se os pecadores procuram te atrair com agrados, não aceites. Se disserem: Vem conosco a tocaias de sangue... Lança a tua sorte conosco; teremos todos uma só bolsa!” Prov 1:10 11 e 14

O capítulo primeiro dos provérbios contrasta dois tipos de convites; dos pecadores e da sabedoria. Acima vimos o primeiro. Adiante temos o destino ao qual ele leva. “... estes armam ciladas contra seu próprio sangue; espreitam suas próprias vidas. São assim as veredas de todo aquele que usa de cobiça: ela põe a perder a alma dos que a possuem.” Vs 18 e 19

Depois, “A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta sua voz.” V 20 “Atentai para minha repreensão; pois vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber minhas palavras.” v 23 Por fim, a conclusão de onde conduzem os caminhos dela: “... o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal. V 33

Esses dois apelos permeiam diuturnamente nossas vidas. A todo instante carecemos fazer escolhas.

Ao abrirmos uma rede social, em dez postagens teremos uma meia dúzia derivada dos vícios, chamando-nos a eles; umas três neutras, de utilidade pública ou meramente comerciais, e quiçá, uma, convidando-nos a um consórcio com a sabedoria, a virtude.

Esses números não pretendem ser precisos; apenas uma amostragem superficial, das escolhas que prevalecem no habitat do “homo sapiens”.

Por que os chamados ao pecado, ao vício são facilmente aceitos, enquanto, os apelos opostos são repelidos? Se atentarmos para os detalhes de ambos, veremos no primeiro o concurso da cobiça; no segundo, o da repreensão. 

É fácil entender que, o homem acostumado ao mal, preferirá dar asas aos seus desejos pecaminosos, ao invés de dar ouvidos, aos conselhos que o visam apartar deles.

Como diz um adágio, “ladeira abaixo, todo santo ajuda.” Significando que, as proposições conforme o curso da natureza humana, descem “redondo”, são facilmente aceitáveis. E a natureza do homem carnal, o coloca em resiliente inimizade com Deus, por ter nisso o seu “normal”; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Rom 8:7 e 8

Nem se trata de um exercício da vontade; mas de uma necessidade por escravidão. “não podem...” Enquanto não compreendermos isso, o que significa a submissão a Jesus Cristo, seguiremos não podendo; embora, eventualmente possamos dourar nossos vícios com um verniz religioso, mercê de circunstâncias, a rigor, seguiremos escravos do pecado; a impotência não capitula ante simulacros; só é removida com sangue remidor.

Assim, o primeiro lapso que o Salvador supre em quem ousa crer, é dar a “carta de alforria” ao escravo do pecado, para que, doravante possa, viver de um modo agradável ao Eterno. “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, nem da carne, nem do homem, mas de Deus.” Jo 1:12 e 13

A impotência da carne segue no seu mortífico lugar; porém, o homem espiritual, o que morrera por ocasião da queda é vivificado, regenerado. Isso equivale a nascer de novo, agora, não da carne, mas de Deus.

Aos que passam por esse processo, as repreensões da sabedoria, invés de sabor de “intromissões indevidas”, tocam ao “paladar adquirido” como alimento dos céus, têm sabor de edificação, nuances de regeneração, cheiro de vida.

Por isso o “negue a si mesmo” é o indispensável passo, se alguém desejar seguir a Cristo. O “si mesmo” tem inclinações noutra direção. Nos convertidos, as inclinações para o mal ainda pulsam; porém, sofrem o concurso da voz de uma consciência, agora, vivificada, que não o permitirão, como antes, pecar “sem culpa”.

Não significa que antes era sem culpa, estritamente; mas, como nada tinha a perder, estando espiritualmente morto, qualquer passo na vasta avenida do pecado era só mais do mesmo, mais um. Agora, renascido, passa a ter um tesouro de valor eterno; assim, toda escolha que ameaça por isso a perder, soa como grave perigo, e é.

Logo, é necessário que as repreensões da sabedoria vertam todos os dias, para contraponto às vitrines espetaculosas dos vícios, onde a morte costuma fazer pose, camuflada de prazer.

A verdade carece ser repetida todos os dias, em palavras e demonstrações práticas, porque a mentira sempre é replicada no marketing, e nas ações.

O vitimismo tão em voga nessa geração, evidencia que, as pessoas preferem se justificar a agir de modo responsável. Perante Deus, as ímpias máscaras não colam. “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3:39

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O Processo


“Melhor é a mágoa que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;3

Óbvio que, “melhor” refere-se ao resultado; “faz melhor o coração”; embora, sentir mágoas, tristeza, seja pior, do que sentir alegria.

Os efeitos colaterais das tristezas, não são necessários; não basta que alguém as sofra, para que, por isso, torne-se uma pessoa melhor. O concurso da índole, das escolhas em face às dores, é muito importante também.

Eventualmente, deparo com uma frase que me faz pensar: “Antes de falar de mim, calce minhas botas, passe pelo que passei, sofra o que sofri.” Não sei o que a dita pessoa passou; mas, subentende-se que sofreu bastante.

Se não me engano foi Cícero que disse: “Os homens são como o vinho; uns, o tempo apura; outros, viram vinagre.”

Óbvio que o tempo não labora sozinho; nas suas teias, os males da vida, incompreensões, privações, dores físicas, emocionais concorrem para um dos dois resultados previstos.

O “vinho que o tempo apura” requer a boa índole; quem aprende com as dores, tendo vivido “in loco” o mal que elas fazem, evita de ser causador delas, contra outrem.

Os que viram vinagre são pessoas amargas, ácidas, que invés de terem aprendido, melhorado durando o concurso das privações, são ressentidas, arrogantes, pretenciosas; quando falam deixam patente a impressão que continuam vítimas; que a vida lhes deve algo. Inclusive a frase em apreço é vertida do ácido acético de almas carentes de cura. Assim, a amostra, deixa evidente que, elas não aproveitaram os aprendizados possíveis, ao terem passado por estreitamentos na vida.

Além de que, uma frase feita, de alheia autoria, tende a refletir as experiências do autor; não, necessariamente, de quem se identificou em parte com dito e resolveu partilhar o todo. O que as pessoas mais se identificam é com qualquer malcriação feita, que mande os outros para bem longe, exceto, os que as bajulam.

Ora, quando alguém fala mal de nós, (ninguém se importa se falar bem) duas coisas são possíveis: Uma; ele está certo. Em algum momento agimos mal, e ele viu e nos denuncia por aquilo que viu; nesse caso, a culpa é nossa. Outra; ele está errado. Seu apreço não bate com a realidade, antes, verte de inveja, calúnia, despeito da dita pessoa; nesse caso, quem está doente é ele. Acaso devo sofrer as doenças alheias?

Claro que sermos alvo da maldade dos outros incomoda; mas não ao ponto de perdermos nossa paz; de descermos ao nível deles; caso, já galgamos um patamar mais alto no aperfeiçoamento de nossas almas. Se um cão te morder, não vais revidar mordendo-o também. Assim, não é sábio darmos às coisas subterrâneas, o mesmo espaço que damos às plantas do jardim.

Se alguém que sofreu bastante presume que, por isso se fez um intocável, está acima das críticas, que a vida lhe deve alturas especiais, perdeu a chance de haurir as porções medicinais das tristezas, que purgariam sua alma de muitos males; escolheu as sobras do ressentimento, que costumam se fazer fertilizantes para os ditos males. Optou pelo vinagre tendo meios para se tornar vinho.

As melhores pessoas, as que deveras aprenderam com as dores sofridas, em geral estão ocupadas com um íntimo anseio por aperfeiçoamento, buscando melhorar ainda mais. Têm alvos mais nobres que, afastar a pedradas, eventuais críticos.

As que, como o porco-espinho, não dão um passo sem a ostensiva exibição de suas “defesas” precisam urgente, descalçarem as botas do amor-próprio desmedido, e considerar a hipótese de existir outras formas de vida, após seus umbigos.

Muito do que os sem noção colocam na prateleira das dores da vida, ficaria melhor se guardado na gaveta das consequências. Fizeram escolhas errôneas, se perderam nos largos caminhos dos vícios; nada tendo aprendido, agora, melindrosos nos desafiam a “colocarmos suas botas.”

Qual o sentido de fugirmos da polícia, o carrearmos drogas para induzirmos as pessoas incautas aos vícios? Nosso aprendizado pode prescindir de “lições” assim.

Certo que as más ações precisam colher aflições, não, gozo; não combinaria com a Sabedoria e Prudência do Criador, que nos criou para a virtude, que encontrássemos nossa realização nas poluídas águas dos vícios. Assim, diz: “Eis que te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48:10

Ele perdoa todos, os que se arrependem e decidem mudar de vida; mas, demanda santificação, câmbio de rumos, aprendizado.

Quem, dizendo-se do Senhor, inda usa armas da carne para combater contra os que, pelo espírito visam ensinar, deixa patente que as dores ainda têm trabalho a fazer em sua alma. “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9:18

A Lei de Cristo


“... Está escrito...” Luc 4:4

O contexto permite ver que, alude À Palavra de Deus; o que nela está escrito foi evocado pelo Senhor, em seu embate contra Satanás.

Embora, as Sagradas Escrituras sejam legítimo tribunal de apelação para dirimir dúvidas de cunho espiritual, não devemos levar às últimas consequência tudo o que está escrito, sem a devida compreensão do contexto e do propósito para o qual, determinada porção foi escrita.

Muitas coisas foram postas como sendo uma luz profética apontando para fatos que se cumpririam em Cristo. Mesmo A Lei de Deus, que segundo Paulo, nos serviu de aio para nos conduzir A Cristo, O Salvador.

Embora seus princípios permaneçam válidos, houve alterações; o Sábado foi abolido. A Lei dizia: “Não farás nele obra nenhuma.” Ex 20;10 O Salvador disse: “É lícito fazer o bem no sábado.” Mat 12;12

Honrar pai e mão sempre será necessário aos Divinos Olhos; o “não matarás” foi aperfeiçoado; ver Mat 5;22 assim como, o “não adulterarás” Mat 5;28. Ter outros deuses segue vetado; fabricar e adorar imagens, cobiçar, matar, roubar, dar falso testemunho idem. O sacrifício de animais, para perdão dos pecados, depois de Cristo, foi ultrapassado.

Por que essas mudanças? A Palavra explica: “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7:12 Saímos do sacerdócio temporal de Levi, para o Eterno, de Cristo.

Se a “purificação” lograda segundo a Lei era meramente aparente, ritual, em Cristo é mais profunda. A Palavra explica: “Se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9:13 e 14

Antes era algo externo, agora devem ser purificadas as consciências; assim, quem imagina que a Lei era rigorosa em suas demandas, e a Graça é permissiva, leniente, não entendeu nada ainda.

Nos basta ver a pena pela transgressão de uma ou outra, para entender qual a mais séria; “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10:28 e 29

Aquelas coisas rudimentares apontavam para outras melhores em seu futuro. A Lei não aperfeiçoava; era uma “sombra” de algo que estava por vir, que aperfeiçoaria; “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferece cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” Heb 10:1

A mesma Palavra pontua onde e quando mudou; “Mas, vindo Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu Próprio Sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado eterna redenção.” Heb 9:11 e 12

Ele veio cumprir a Lei. Cumpriu integralmente e deixou novos mandamentos. “... fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado;” Mat 28:19 e 20

Paulo chamou de “... lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus...” Rom 8:2

Como o objeto da purificação, agora, é nossa consciência, já não há apenas um rígido código escrito ao qual devamos recorrer em caso de dúvidas; além do que está escrito, vige o que está sendo escrito pelo Espírito em nossos entendimentos. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele...” Is 30:21 

Até o que escrevemos com nossos lábios, nas sentenças que proferimos contra outros, será usado em juízo contra nós; “Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12:37

Os que precisam arranjar explicações, atenuantes “cristãs”, para o que costumam fazer demonstram, que, estão ferindo as leis das ordens internas. Aquele que se defende antes de ser atacado externamente, o faz porque está sendo denunciado pela voz da própria consciência.

Perante a sociedade tudo pode se impor no grito, na marra, no bandeiraço, passeata, lacração. Ante Aquele que sonda os corações perscruta o íntimo do ser humano, a nudez das escolhas perversas estará patente; onde e quando, a voz do espírito foi ignorada. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena, naquilo que aprova.” Rom 14:22

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Luz no painel


“Ele é sábio de coração, forte em poder; quem se endureceu contra Ele e teve paz?” Jó 9:4

“... Sábio de coração...”
Coração não é o órgão, estritamente. Deus É Espírito; seria impensável que tivesse um coração, como nós. Mesmo se tratando de nós, “coração” é uma figura de linguagem, que abarca o centro de nossa personalidade; mente emoção e vontade, coisas que “patrocinam” nossas atitudes, como disse o sábio Salomão. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4:23

Nosso coração, pois, é um manancial de onde jorram as iniciativas do nosso viver.

Quando algo é feito superficialmente, sem compromisso com essas fontes, o que pensamos, sentimos e decidimos, se diz que foi da boca pra fora, sem coração. De muitos dos Seus dias, Cristo falou: “Este povo honra-me com seus lábios, mas seu coração está longe de Mim.”

Se, essas falsificações são possíveis ao pecador, no caso do Eterno, falar algo sem coração, prometer e não fazer, significaria a própria negação. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tm 2:13

Devemos negar a nós mesmos em submissão a Cristo, pelo estrago que a queda fez; “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos; segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Nele, por causa da Sua Integridade e Perfeição, a perenidade se faz necessária; “Toda boa dádiva, todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança nem sombra de variação.” Tg 1:17

“... Forte em poder...”
Quando pensamos em poder, presto assoma a ideia da capacidade para fazer grandes coisas, comandar, ordenar. São nuances de poder; entretanto, no mundo como está, sobretudo nos ambientes religiosos que tomam sobre si O Nome do Santo, é mais admirável O Poder Divino de suportar as ofensas sem puni-las imediatamente, que, poder para fazer algo.

A ira humana costuma eclodir num arroubo imediato. Dado o motivo, “chutamos o balde”, damos “nomes aos bois”, “colocamos fogo no circo”, etc. Não significa que estejamos certos. A Palavra ensina: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4:26 e 27 Não é mandamento; é permissão.

A Ira Divina, pelo Poder do Eterno em sofrer afrontas, é como uma “poupança” que os ímpios fazem; cada dia lançam novos depósitos, aumentando a conta, que, será “sacada” de uma vez; “Segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2:5

“... quem se endureceu contra Ele...”
“se endureceu” traz a ideia de que a pessoa precisa agir contra si mesma, antes de o fazer, contra Deus. Há uma centelha Divina até nos ímpios, chamada consciência que, se ouvida faculta quem a ouve, agir segundo Deus; “Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” Rom 2:15

Logo, para alguém endurecer contra Deus, carece antes fazer isso consigo mesmo; resistir aos Divinos apontes que tentam separar a virtude do vício; esses obram valorando anseios inda antes de serem praticados; a resistência reiterada em obedecer, apaga a centelha; então se diz que nos tais, a consciência cauterizou.

Como, na conversão, quem nega a si mesmo pela obediência a Cristo renasce, tem seu espírito e consciência vivificados, quem endurece para com Deus, fecha-se ao dom da vida, encomenda a própria alma, à morte.

“... quem se endureceu para com Ele e teve paz?” A paz não é uma “cor primária;”, deriva de causas alheias a ela, como ensinou Isaías: “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32:17

Quando eu rejeito a ouvir Deus, coloco em lugar Dele a sugestão de autonomia do Capeta; acaso é justo que eu, que nada tive com minha existência, seja o mentor da minha vida, invés do Senhor que a Criou?

E quando tento “funcionar” diverso do propósito original, alguma anomalia surgirá no “sistema.” A falta de paz é a luz no painel, avisando que algo não está operando correto.

A inquietação denuncia a ímpia postura; “Os ímpios são como mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo; não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” 57:20 e 21

A vera paz é um patrimônio íntimo, do espírito; calmaria derivada das circunstâncias até o ímpio frui, eventualmente.

Obsessão sexual


“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? não estão aqui conosco suas irmãs? Escandalizavam-se Nele.” Mc 6:3

Por Jesus operar os milagres que operava, sendo conhecido com sua família, escandalizava; O Mestre viu naquilo, desonra; “... Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre seus parentes, e na sua casa.” V 4

Quatro irmãos dele são citados nominalmente, e “irmãs”; o que supõe, no mínimo, duas. Fez parte de uma família normal. O respeito de José pela missão excepcional dada a Maria pelo Eterno requeria que ele não a tocasse maritalmente até o nascimento do filho. Depois a vida seguiu seu curso. “José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara; recebeu sua mulher; e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito...” Mat 1:24 e 25

Para o catolicismo, Maria seguiu virgem para sempre. Talvez, pela ideia errônea que o pecado original seja o sexo; como ela era santa, criaram um dogma que padece na orfandade, por falta de filiação bíblica. Não é necessário que alguém seja casto para que seja santo. Basta que sua vida sexual se dê, dentro dos parâmetros Divinos.

Dizem os defensores do referido dogma, que os “irmãos” de Jesus seriam meros parentes. Assim eram chamados, num sentido amplo, os que vinham da mesma linhagem sanguínea.

De fato, havia menção de um líder, uma tribo, e os demais eram alistados como irmãos. “Seus irmãos, os levitas, foram postos para todo ministério do tabernáculo da casa de Deus.” I Cr 6:48

Isso quando se tratava de citação genérica. Há distinção entre “parentes” e irmãos, como vemos nos versos acima.

Quando são citados pelos nomes, um a um, isso elimina a ideia de uma menção genérica, por tratar-se de uma abordagem estrita. Além do que, quando quis se referir à prima de Maria, Isabel, o Anjo a chamou assim, invés de chamar de irmã, uma vez que era da parentela. “Eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice...” Luc 1:36

Houve um momento em que os irmãos dele, escandalizados com as coisas que Ele dizia e fazia, concluíram que Ele estava fora da casinha, precisava ser detido; “Quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.” Mc 3:21

Só teriam esses “escrúpulos” os da família; “se Ele seguir assim, o que pensarão de nós?” Caso fosse apenas da parentela, a “culpa” sendo diluída entre muitos, causaria menos pejo.

Quando a “comissão para zelo da honra da família” chegou onde Jesus estava, sabendo Ele, da intenção pela qual o buscavam, ignorou-os solenemente. “Chegaram, então, seus irmãos sua mãe; estando fora, mandaram-no chamar. A multidão estava assentada ao redor Dele, e disseram-lhe: Eis que Tua mãe e Teus irmãos Te procuram, estão lá fora. Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é Minha mãe e Meus irmãos? Olhando em redor para os que estavam assentados junto Dele, disse: Eis aqui Minha mãe e Meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe.” Mc 3:31 a 35

Dada a errônea e indevida intenção da “comissão familiar” o Senhor abstraiu os laços sanguíneos, e guindou o parentesco para o âmbito espiritual. “qualquer que fizer a vontade de Deus, é Meu irmão...” Naquele momento, seus irmãos de sangue se opunham à Vontade Divina.

A obsessão pelo sexo, como vimos, fez com que, adotassem a errada ideia que o pecado original fosse o tal. Na verdade, foi apenas a desobediência. A mulher pecou sozinha; depois, convenceu seu marido a fazer o mesmo, o que elimina o ato conjugal, por óbvias razões.

O que é a imposição do celibato, senão, um desdobramento mais, dessa obsessão? Se alguém quiser “se fazer eunuco” por amor ao Reino de Deus, que o faça, voluntariamente, não, obrigado. Paulo era celibatário. “Porque quereria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem de Deus seu próprio dom... se não podem conter-se, casem-se.” I Cor7:7 e 9

Quando uma igreja decide que pode alterar, suprimir ou suplementar A Palavra de Deus, onde, quando, irá parar? No lado oposto da antiga obsessão, o “Papa” pretende abençoar uniões homoafetivas. Muitos que, concordaram com outras alterações da Palavra, achando que a Igreja podia, agora reclamam dos “avanços” do Papa.

Como sempre tivemos os limites da Palavra como muralha intransponível, seguimos no mesmo lugar. Não damos a Maria, funções que A Palavra não dá; é nosso modo de respeitar a ambas; nem às perversões sexuais, um nome diferente ao que a Bíblia já deu. O erro seguirá sendo erro, mesmo que todos o endossem.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Acessórios da Luz


“Quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará e a inteligência te conservará;” Prov 2:10 e 11

“Quando a sabedoria entrar no teu coração...”
Postar verdades profundas que copiamos de acolá e colamos aqui, não requer que nos aprofundemos. Para uma abordagem superficial assim, não carecemos que verdades entrem no nosso cérebro, nem no coração.

Basta que as coisas nos pareçam interessantes, para que as “entreguemos” a outrem, como quem passa o bastão numa corrida de revezamento.

Mera repetição descompromissada de sentenças, filosóficas, espirituais, era o “Control V” da época. Cristo acusou os religiosos dos Seus dias, de falazes superficiais, sem compromisso com a verdade; “Este povo se aproxima de Mim com sua boca; Me honra com seus lábios, mas seu coração está longe de mim.” Mat 15:8

A porta de acesso à sabedoria, requer como primeiro passo, algo que despreza a superficialidade artificial, tendo em mente que sua fonte é O Eterno; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1:7

O temor do Senhor nos leva a prezarmos as coisas que Ele ensina mediante Sua Palavra; por isso, seu nexo com a sabedoria. “Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119:11

“... o conhecimento for agradável à tua alma...”
tendemos a nos agradar daquilo que nos traz aprovação, elogios; no entanto, o conhecimento de, como somos, à luz de Deus, não costuma ser agradável, em face do que nos mostra. Muitas coisas “inocentes” das quais gostamos, são definidas como réprobas aos Olhos Divinos. Ver-se alguém, no espelho pode ser agradável, estando esse, “bem na foto”; todavia, estando em maus lençóis, nossa feiura aparecerá. Ante O Santo, todos estamos mal; “não há um justo sequer.” Rom 3;10

Vistas as próprias falhas, duas alternativas se apresentarão. Quem ama a verdade se entristecerá, por estar mui aquém do que deveria; arrependido, pensará em mudar; o amante de si mesmo se ressentirá contra o ensino, até mesmo, contra quem ensina, como aconteceu nos dias do Mestre.

“A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3:19 e 20

Felizes os que conseguem ver as dádivas Divinas como elas são; com amor pela verdade, acima do amor próprio! “A Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Sal 19:7 a 9

“... o bom siso te guardará...”
um sinônimo para bom senso, agir com sensatez, equilíbrio, antevisão das consequências. Aos cristãos de Éfeso foi recomendado: “Por isso não sejais insensatos, mas entendei a vontade do Senhor.” Ef 5:17

Tendo entendido pela Luz da Doutrina de Cristo, que não somos do mundo, embora estejamos nele, que devemos negar a nós mesmos em favor da submissão ao Senhor, não seria sensato seguirmos andando conforme o mundo, com suas devassidões, incredulidades, valores invertidos.

O preceito traz: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:2

Como uma antiga couraça, apenas vestindo-a o guerreiro estava protegido contra dardos e outras armas, assim A Palavra de Deus; apenas praticando-a estaremos por ela guardados da perdição.

“... a inteligência te conservará.” A inteligência em si é uma faculdade neutra; serve ao ateu, ao incrédulo, ao cristão. Porém a serviço do espírito, meditando nas coisas eternas, guinda-nos a um upgrade impensável, por trazer profundezas insondáveis para a mente comum, ao domínio daquele que medita no Senhor; “Tenho mais entendimento que todos os meus mestres, porque os Teus testemunhos são minha meditação.” Sal 119:99

Se a inteligência apenas, não logra alcançar às profundezas de Deus, carece de revelação, submissa ao Espírito Santo, será capacitada a fazer as melhores aplicações, das dádivas que receber.

A revelação ensina que ficarão de fora do Reino, os mentirosos; a sabedoria convence-nos a não mentir; a inteligência possibilita vermos a diferença entre uma e outra.

Oportunamente, faculta as melhores escolhas; “A estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda para ver.” Bertrand Russell.