terça-feira, 16 de janeiro de 2024

A dieta cristã


“... se não comerdes a Carne do Filho do homem, e não beberdes Seu Sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a vida eterna...” Jo 6:53 e 54

Finalmente entendi porque, “fora da Igreja Católica não existe salvação.” Escutei hoje, baseado nos versos acima, que apenas a referida igreja serve o corpo e o sangue de Cristo aos fiéis, na Eucaristia.

Só eles teriam poder de “transformar” os elementos da ceia, de modo a se tornarem corpo e sangue de Cristo; como diz acima, sem comer um, e beber outro, não se tem vida. Assim, só pode acontecer lá.

Esse discurso “canibal”, assim entendido pelos que ouviram, e acharam duro demais, agora foi resolvido por um toque “mágico”; uma oração do sacerdote católico muda a essência das coisas; o “Corpo de Cristo e o Sangue”, ficariam mais deglutíveis. Só que não.

Todo estudioso mediano de hermenêutica, no capítulo dos “Métodos Literários Especiais”, aprenderá o que é literatura histórica, sapiencial, poética, escatológica... o que é parábola, símile, alegoria, metáfora...

De posse do necessário discernimento, não colocará os pés pelas patas, na hora de interpretar um texto, escrito nos referidos métodos.

No contexto imediato, O Salvador explicou aos assustados discípulos, como deveriam entender aquelas palavras; “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que vos digo são espírito e vida.” V 63

Não levem ao pé da letra; antes, entendam espiritualmente, como também prescreveu Paulo: “As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2:13

Os elementos distribuídos na Santa Ceia, “Eucaristia” para os católicos, não se transformam em nada. São apenas um memorial, apontando para o que Jesus fez em nosso favor. “Fazei isso em memória de Mim.” Ordenou.

“Comer Sua carne e beber Seu Sangue” é uma metáfora para nos identificarmos com Ele, em obediência ao Pai, até à morte, se necessário; ideia que Paulo desenvolveu: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6:3 e 4

Se a vida dependesse de se comer a “Carne” beber o “Sangue” de Cristo, os católicos estariam perdidos; pois, o “Sangue” apenas o padre bebe.

Noutra parte, invés de carne e sangue figurou Sua Doutrina como Água Viva, tendo a mesma eficácia: Vida eterna. “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte, que salte para a vida eterna.” Jo 4:14

Se, a vida é impossível sem a “Carne e o Sangue”, como então seria facultada através da água?

Ora, todos os minimamente entendidos sobre a relação de Deus com o homem sabem que Jesus Cristo É A Palavra de Deus encarnada; “O Verbo se fez carne e habitou entre nós...” Assim, “Comer Sua Carne” é uma eloquente metáfora, para se alimentar do Verbo, ou seja: Da Palavra.

O sangue foi vetado que se comesse, nesses termos: “Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma porei Minha face, e a extirparei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue...” Lev 17:10 e 11

Tendo Sua Carne como metáfora para a Palavra, e Seu Sangue como a Vida, fica fácil entendermos o que Ele quis ensinar, quando prescreveu a “comida e bebida” necessárias.

Se a vida adviesse meramente por participarmos de um ritual, qualquer patife poderia ter; não!! A salvação requer que tomemos a cruz; essa significa renunciarmos a todas as práticas que a Doutrina do Senhor desaprova, e vivermos como Ele viveria, estando em nosso lugar. “... quem de Mim se alimenta, viverá por Mim.”

Os que não mostram apetite pela Palavra, atrofiam, não crescem; qualquer dogmazinho de fundo de quintal, os envolve; “... vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento.” Heb 5:11 e 12

Todas as denominações têm seus problemas; mas, a Católica está descendo a ladeira de modo tal, que o comunismo e a ecologia parecem mais importantes que a salvação. O problema de ficar por muito tempo se “comer de Cristo” é que se perde o paladar e a noção.

Assepsia espiritual


“Se aquele que me trouxe novas, dizendo: Eis que Saul é morto, parecendo, porém, aos seus olhos que era como quem trazia boas novas, eu logo lancei mão dele, e o matei em Ziclague, cuidando ele que eu, por isso lhe desse recompensa. Quanto mais, a ímpios homens, que mataram um homem justo em sua casa, sobre a sua cama; agora, pois, não requereria eu o seu sangue de vossas mãos, não vos exterminaria da terra?” II Sam 4:10 e 11

Davi sentenciando à morte, Recabe e Baaná; pois, tinham assassinado a Isbosete filho de Saul, e levaram sua cabeça a Davi, imaginando fazer grande coisa.

A outro que levara a notícia da morte de Saul, Davi sentenciara à morte também, (não porque levara uma má notícia, isso faz parte) mas, porque fizera aquilo manifestando a efusiva alegria de quem traz boas novas; essa imprudência lhe custara a vida; “... Quanto mais, aos ímpios homens, que mataram um homem justo em sua casa, sobre sua cama...”

Se, o simples se alegrar com a morte de Saul custara àquele, sua vida, como trataria diferente a esses dois assassinos que mataram em sua cama, o filho do rei?

Apesar de que, Saul se comportara como inimigo de Davi, tentando matá-lo mais de uma vez, por inveja, não fez o mesmo o filho de Jessé; por duas vezes tivera Saul nas mãos e poupara-lhe. Sabia que a unção real de Saul fora escolha do Eterno; isso bastava para que não intentasse nada contra o rei, por temor do Senhor. Seu filho escreveria: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria...” Prov 1;7

Ah, se todo o governante se “vacinasse” desse modo, contra o assédio dos bajuladores, que, se apressam ao que não lhes foi ordenado, acoroçoados pela índole lisonjeira, buscando com isso, angariar favores!

Quantos “obreiros” que, ao ficarem sabendo de um deslize mínimo de um irmão, coisa que poderiam resolver sozinhos com uma exortação e um conselho; invés disso, fermentam a coisa, correm ao pastor, que tem alvos maiores e mais relevantes com que se ocupar.

O pastor que tiver discernimento, há de entender que o deslize do obreiro é maior que aquele que, ele poderia ter resolvido sem muito barulho. Devemos aprender com Davi, a cortar o mal onde ele nasce. Quando um ímpio assim, aparecer com a cabeça alheia debaixo do braço, possivelmente seja a dele que “deva rolar”.

Se o reinado de Davi começasse assim, iniciaria manchado de sangue inocente, com o rei “endividado” ante dois ímpios.

A casa de Saul fora rejeitada, e Davi era o escolhido do Senhor para reinar. Entretanto, sabermos de coisas assim, não nos autoriza a cometermos temeridade, injustiças, como se, a Vontade final de Deus, “justificasse” meios espúrios para sua realização. Como disse Abraão: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gn 18:25

Rebeca mãe dos gêmeos, Esaú e Jacó sabia que o menor seria maior, fora lhe revelado; contudo, permanece o fato de que ela e Jacó trapacearam para iludir ao cego Isaque, no momento de abençoar os filhos. O Eterno não precisava daquela “ajuda”. Jacó aprendeu nos últimos dias da vida dele, quando foi sua vez de abençoar aos filhos de José.

Também pelas mãos dele, Efraim, o mais jovem foi posto acima do primogênito Manassés; Deus não usou nenhum jeitinho espúrio para isso.

José tentou interferir e corrigir o “erro”; “Vendo, pois, José que seu pai punha sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de Manassés. José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe tua mão direita sobre sua cabeça. (era usual que a bênção maior fosse do mais velho) Mas seu pai recusou, e disse: Eu sei, meu filho, eu sei; também ele será um povo, também será grande; contudo, seu irmão menor será maior que ele...” Gn 48:17 a 19

A Obra de Deus não possui fins tão “nobres” que justifiquem meios escusos; o quê, fazer e como fazer, contam; como diz um adágio popular, “um erro não conserta outro.”

Assim, quem usa meios espúrios para realizá-la, desacredite da aprovação Divina; Deus não usa calvos para anúncios de shampoos. Quem for chamado para anunciar às coisas santas, que viva segundo as mesmas coisas.

Então, para os eventuais ministros do Senhor, a receita é a que segue: “... sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis.” I Tm 3:10

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Vinho falso


“... Todo o homem põe primeiro o vinho bom; quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.” Jo 2:10

Jesus contrariando à “lógica” que, precipitada em busca de aceitação, maquia ao ordinário, para que ele pareça superior.

Há um dito que versa: “A primeira impressão é a que fica.” Será? Assim, acertaria quem colocasse o vinho melhor primeiro, e adormecido o paladar dos que bebem, servisse o ordinário. Acontece que, O Senhor não tem dois tipos de “vinho”.

Quem esforça-se para parecer o que não é, ante as pessoas, além de falso no trato, tem autocrítica; sabe o que é; mas visa disfarçar. A luz intelectual mostra-o como é, e o que deveria ser; ao desafio de mudar para ser, ou aparentar, prefere isso. “... os homens amaram mais as trevas que a luz...”

A impressão, servida nas vitrines comportamentais reflete como a pessoa deseja ser vista; não será essa impressão que ficará, necessariamente. Uma hora a máscara do “bom vinho” cairá.

O que são as decepções que as pessoas em nós geram, senão, uma “segunda opinião” dos fatos, quando o teatro das aparências “esquece” de funcionar? Daí surgiu outro ditado: “Para conhecermos devidamente alguém, devemos primeiro comer um quilo de sal, juntos.” Isto é: Assentar-se à mesma mesa, por longo tempo.

As pessoas espiritualmente maduras têm valores, aos quais são fiéis. Mais que desejam fazer boa figura em ambientes frívolos, desejam ser verdadeiras. Não raro, são tidas como antipáticas, pouco sociáveis, sisudas até; por não fazerem nenhum esforço, sequer subirem no palco das bajulações ordinárias, onde se exibem os que amam aplausos e aceitação incondicional.

Porém, surja uma adversidade no horizonte de um de seu convívio, ou, de um estranho até. Tendem esses, a ser mais solidários, atuantes que os bobos da corte do reino da falsidade. Os religiosos profissionais, e o “Bom Samaritano” ilustram.

O homem pautado por valores, é mais difícil ser agradado; tem opiniões próprias, a despeito do “senso comum”; costuma ser verdadeiro mais que agradável; apenas valores semelhantes lograrão sua admiração, simpatia. Aos demais, terá que fazer esforço para suportar.

Deus nos serve “bebidas amargas”, inicialmente, por causa do nosso estado espiritual. Fomos errantes desde sempre, dando asas a toda sorte de vícios; de repente ouvimos o chamado do Bom Pastor. Quantas coisas precisaremos deixar! hábitos, ambientes, companhias, vícios... nossa regeneração parecerá muito intensa, invasiva, dolorosa. Nada disso O Senhor faria, se não fosse necessário.

Ao primeiro contato com O Salvador, grande fardo de pecados é tirado de sobre o que se arrepende, numa mistura de alívio com dor; descanso para a alma pelo perdão recebido, e dor pelas renúncias necessárias, durante o processo de santificação. “Quem suportará o dia da Sua vinda? Quem subsistirá, quando Ele aparecer? Porque será como o fogo do ourives, como o sabão dos lavandeiros.” Ml 3:2 Os que acenam com salvação sem renúncias, nem dor, falsificam o vinho segundo os ímpios paladares.

Os primeiros goles do “vinho novo” que O Senhor traz, chegam amargos ao “paladar” estragado pelas comidas do maligno. A carne não suporta nem a ideia de obediência, tal o estrago nela feito; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rm 8:7

Sabedor disso, O Eterno preparou o devido receptáculo onde colocar Seu sumo: “Ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, os odres estragam-se; vinho novo deve ser deitado em odres novos.” Mc 2:22

Como o velho homem não pode “beber à Sua mesa”, O Senhor o faz novo: “... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3:5

O novo nascimento facultado por Jesus Cristo, traz junto o paladar espiritual, capacitando aos renascidos, a agirem dali em diante, como filhos de Deus; “... a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

O que podemos, entretanto, nem sempre é o que queremos. O crescimento espiritual deriva de querermos nos exercitar nos domínios do espírito. A uns que assim não fizeram foi dito: “... devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os rudimentos das palavras de Deus...” 5:12

O paladar para a Palavra de Deus se adquire “bebendo”; pouco a pouco, passa a ser prazerosa a obediência e ainda nos lega discernimento, além do logro das aparências; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto, o mal.” 5:14

O Reino de Deus


“... O tempo está cumprido, o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho.” Mc 1:15

“... o tempo está cumprido...”
Embora Deus seja eterno, opera em relação a nós, segundo um vínculo com o tempo que Ele mesmo estabeleceu.

Sobre, “Esse Evangelho de Reino será pregado em todo mundo, para testemunho a todas as gentes, e então virá o fim”, muito ouvi gente ensinando que essa era a condição para a volta de Jesus; quando isso fosse alcançado, o fim se daria. “apressemos a vinda do Senhor”; exortavam, para que missionários fossem enviados. Me permito discordar.

O fim não está atrelado a isso, embora, a pregação seja Vontade de Deus e deva ser executada. O Salvador previu o que aconteceria, ordenou que se fizesse; mas, não colocou isso como condicionante, como um “relógio”.

Assim como, a primeira vinda tinha um tempo estabelecido: “... desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas;” Dn 9:25 sessenta e nove semanas de anos, ou seja: 483 anos desde aquele ponto assinalado. Paulo interpretou: “... vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho...” Gál 4:4 Ou seja: Deus “obedeceu” ao tempo que Ele mesmo determinara.

Também a segunda vinda tem seu tempo, segundo o propósito Soberano do Eterno. Quando os discípulos curiosos tentaram saber O Senhor respondeu: “... Não vos pertence saber os tempos ou estações que o Pai estabeleceu pelo Seu próprio poder.” Atos 1:7

“... o Reino de Deus está próximo...”
Sempre que um reino se estabelecia, havia guerras, conquistas sobre nações que se faziam tributárias da que impusera seu domínio. Foram assim, os babilônios, gregos, romanos... a simples ideia que um rei nascera, causou pavor em Herodes; mandou matar todos os possíveis candidatos, uma vez que ignorava a identidade dele. Então o estabelecimento de um novo reino, em geral, não era algo pacífico.

Diferente dos reinos humanos, o de Deus não veio destronar exércitos adversários, destruir, se impor. Os adversários a serem derrotados estavam dentro de cada um; “... O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque o Reino de Deus está entre vós.” Luc 17:20 e 21

“... Arrependei-vos...”
Chegamos, enfim, ao objetivo da conquista de Deus. O governo entregue ao homem por Satanás, “Vós sereis como Deus...” precisa ser renunciado; o homem deve abdicar da pretensão autônoma, em submissa obediência a Deus, caso queira fazer parte do Reino. “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9:23 O ego impostor sai do trono, para que Jesus Cristo, O Rei dos Reis, se assente.

Os “soldados do reino” que vigiam minha obediência, não são visíveis; antes, atuam na consciência valorando escolhas.

Malgrado toda encenação, minhas respostas aí, é que definem se pertenço ao Reino, ou, não. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6:16

A “farda” dos que pertencem a Reino de Deus, prioriza as “cores” da justiça; “... buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça...” Mat 6:33

“... crede no Evangelho.”
Como o primeiro homem creu na “notícia” do canhoto, que a desobediência não teria consequências, antes, traria um upgrade espiritual; desfeito o engodo, somos desafiados a crer em notícias melhores.

Agora que vimos pela cruz, o que a rebelião causou, e a que nível O Criador leva a obediência, se permanecermos na incredulidade, tendemos a piorar nossa situação.

Ofereceremos “matéria-prima” ao traidor mor, ele tolherá nosso entendimento, para que evitemos entrar na vida, como um vivo evitaria à morte. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4

Embora, Evangelho signifique “boa notícia”, nas letras miúdas do contrato traz uma série de más, de consequências que a oposição trará contra os que creem. Aflições, calúnias, perseguições...

A boa notícia é que Cristo fez por nós o que não podíamos, nem merecíamos. Todavia, a Graça não é tão graciosa assim, que faça o que devemos, e fomos capacitados a fazer. “Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, fortalecei-vos.” I Cor 16:13 “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor, na força do Seu poder.” Ef 6:10

O Reino permanece “invisível”; “Porque o Reino de Deus não é comida, nem bebida; mas, justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” Rom 14:17 Breve, o Rei voltará e situará devidamente a cada um.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Escolhidos para servir

“Meus Olhos procurarão os fiéis da terra para que estejam Comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Essa busca seletiva tem a ver com as respostas que damos ao convite amoroso do Senhor. Para salvação, a busca é expansiva, abrangente. “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura...” Mc 16;15 Ninguém é tão mau a ponto de estar fora dos planos salvíficos Divinos; tampouco, bom, de modo a poder ser salvo sem O Evangelho.

A despeito do tipo de solo, a semente deve ser lançada em todos os lugares, como ensinou Jesus, na parábola do semeador.

Porém, “muitos são convidados, poucos, escolhidos.” A busca seletiva não se refere à salvação, antes, ao serviço. “... o que anda num caminho reto, esse Me servirá.”

Se, quanto às renúncias, o caminho da salvação é estreito, no que tange à qualidade espiritual, moral, de quem o deve trilhar, é reto.

Demanda que primeiro bebamos, e exibamos em nossa “saúde” a eficácia do remédio que iremos receitar. Paulo ensinou a disciplinarmos os errados, depois que tenhamos aprendido a cumprir a mesma disciplina; “... levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10:5 e 6 Se nossos entendimentos não estiverem “cativos” a Cristo, não esperemos ter autoridade moral para corrigir aos demais.

Para ser alguém salvo, é necessário que se arrependa e submeta-se ao Salvador, mesmo que, na hora da morte, como um dos ladrões na cruz. Para servir, ministerialmente, devemos ser separados em santificação, aperfeiçoados pela edificação, “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4:14

Mesmo tendo as credenciais requeridas, eventualmente, isso não faz de ninguém um “chamado”, necessariamente. A escolha de quem, e quando, fará o quê, pertence ao “Dono da Vinha”, O Senhor. O risco de nos colocarmos onde não fomos chamados é que, nos perguntem: “Amigo, como entraste aqui?”.

Sempre será imprudente, alguém se voluntariar invés de esperar; pois, pode causar danos à obra, invés de frutificar nela. Mesmo tentando fazê-la com todo o seu coração, “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17:9 e 10

Na igreja primitiva alguns “voluntários” iam após o trabalho de Paulo, fazendo estragos, por pretender ensinar o que não tinham aprendido. “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, transtornaram vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento...” Atos 15:24

Se, no prisma do nome, das posses, da cultura até “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são;” I Cor 1:27 e 28 No aspecto da obediência e santificação, os presumidos ministros não podem ser “coisas loucas”, antes, devem ser zelosos, santos.

“Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia.” I Tim 3:2-4

Porque o texto nomeia “bispo”, será que essas demandas são apenas para eles, ou, abarcam a todos os obreiros?

Se o simples mencionar O Nome Santo nos compromete, (... o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade. II Tim 2:19) o que dizer dos o fazem ministerialmente, ensinando em Nome Dele? “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” Tg 3:1

Desde os dias do Antigo Testamento havia insanos que se voluntariavam errando o alvo; “... Qualquer que vem a consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II Cor 13:9

Nossas vontades, sejam boas ou não, são nossas. Somos desafiados a renunciá-las, em prol da Divina, que é infinitamente superior; “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos que os vossos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55:8 e 9

Enquanto há esperança

 “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma; tampouco, terão eles, recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.” Ecl 9:5

Duas coisas precisamos observar no Eclesiastes, se o quisermos interpretar bem. Uma: Sua fonte não pretende ser a Palavra de Deus, estritamente; como falavam os profetas: “Veio a mim a Palavra do Senhor”, ou, “assim diz O Senhor!”
Embora seu registro seja inspirado, seus ensinos tenham valor em linhas gerais, trata-se de um livro filosófico; de alguém sábio refletindo para entender às coisas; o autor diz: “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. Apliquei meu coração a esquadrinhar e informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu;” cap 1:12,13

Duas: Seu escopo não pretende tocar o além. As observações foram registradas conforme pareceram ao sábio, “debaixo do sol”; na esfera das coisas visíveis, imanentes. Sendo a fé “O firme fundamento das coisas que não se vê”, necessariamente pretende nos fazer transcender, crendo na revelação de coisas que não podemos ver; pois, não figuram debaixo do sol.

Quem tomar o Eclesiastes como fonte de doutrinas, corre o risco de atribuir imperfeição ao Eterno, pois, há nele coisas que podem soar contraditórias a outras partes da revelação.
Se levarmos às últimas consequências, tudo que o pensador versou sobre as coisas vistas daqui, concluiremos que a virtude e o vício são semelhantes, apenas vaidades; “Ainda há outra vaidade que se faz sobre a terra: que há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios e há ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos. Digo que também isto é vaidade.” Cap 8:14

Uma vez que as recompensas por uma e outra parecem invertidas, qual o sentido da melhor escolha; aliás, qual seria a melhor?

Todavia, o autor não pretende esgotar as coisas na arena do que viu; “lavou as mãos”, remetendo a solução das “vaidades” ao Senhor, no além. “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra; até tudo que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Cap 12:13 e 14

Os que ensinam a inconsciência da alma após a morte, precisam transformar a história do rico e Lázaro em mera parábola, não, como sendo um fato real; ora, as parábolas visam tornar mais didática à realidade; não, substituí-la por fantasias.

Não sei como explicariam Apocalipse, 6;9 e 10; “Havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. Clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó Verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”

Diverso de estarem “hibernando” como acredita o adventismo, ou, intercedendo por nós, como ensina o catolicismo, temos os mártires vivos, conscientes, falando com Deus e clamando por vingança.

A Palavra de Deus é suficientemente clara. Quando Salomão expõe que os “mortos não sabem coisa nenhuma...” O contexto imediato deixa ver ao quê, ele se refere: “Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto).”
Seu prisma é a existência da esperança, uma coisa possível apenas desse lado da vida; do lado de lá as coisas são cabais, não há mais mudança; quem partiu salvo, salvo está; quem, perdido, idem. Assim, podemos parafrasear que os mortos não “esperam” coisa nenhuma, privados de contato com a vida debaixo do sol, onde havia esperança, enquanto, estavam vivos.

“... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo...” Heb 9:27
Se, os ímpios serão aniquilados, levados à inexistência apenas, qual o sentido de um juízo após a morte? Não seria a própria morte o juízo deles? “... temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” Luc 12:5

Sobre a continuação da existência das almas após a perdição A Palavra de Deus diz: “... melhor é para ti entrares na vida aleijado que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.” Mc 9:43,44

Embora, tenha Salomão usado seu direito de versar segundo suas observações, não pretendia ser a “última bolacha do pacote;” antes, lembrou que o Único Pastor, difunde Sua Luz através de muitos; “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos, bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12:11

sábado, 13 de janeiro de 2024

Atenda ao chamado Divino


“... chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque teu servo ouve.” I Sam 3:10

Três vezes O Senhor chamara ao jovem Samuel, naquela noite; ele correra ao sacerdote Eli, pensando ser aquele que o chamava. Eli, tardiamente entendera que era Deus a buscar pelo jovem; instruiu-o, para que respondesse daquele modo: “Fala, porque o teu servo ouve.”

Não poderia O Eterno simplesmente sair falando, enchendo os ouvidos do jovem, com as coisas que Ele desejava comunicar? “Olá, Eu Sou O Senhor; acontece o seguinte...” Poderia. Mas, não é o modo do Pai lidar com Seus filhos.

Embora Onisciente, sabedor de todas as coisas, inclusive, de como reagiremos, O Criador respeita o arbítrio que Ele mesmo deu. Como numa ligação telefônica, mesmo tendo entendido que a outra parte já nos ouve, esperamos um “alô” ou similar, antes de falarmos, assim, O Eterno.

Passeava pelo Jardim do Éden, sabendo de tudo, no entanto, desejava uma contrapartida do homem; “Adão, onde estás?”

A Ezequiel falou: “... Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo.” Ez 2:1

Acaso Jesus Cristo, também não agiu assim? Ante um cego que lhe clamara por socorro, não tomou o óbvio como referência e agiu em cima, curando a cegueira; antes, perguntou: “O que queres que Eu te faça?” Maravilhosa nuance de sutileza e elegância, da Integridade Divina!

Quem apresenta O Eterno como ditador, um tirano caprichoso que, ou lhe obedecemos ou veremos o que é bom para a tosse, nunca teve olhos para a Beleza Dele. “Tributai ao Senhor a glória do Seu Nome; trazei presentes; vinde perante Ele; adorai ao Senhor na beleza da Sua Santidade.” I Cr 16:29

Outro dia respondi alguém que nos tachava como a religião do medo. Ou, obedecemos a tudo o que Deus ordena, ou, Ele nos mandará para o inferno. Demonstrei mediante argumentos bíblicos, que, sem Deus, todos já estão na antessala do inferno, esperando suas senhas ser “atendidas”; Deus nos chama a si, para nos tirar da rota de colisão com a perdição, porque nos ama e quer salvar.

O Todo Poderoso é educado; depois que chama espera uma resposta, tipo a de Samuel, para estabelecer conosco o diálogo que nos vai ensinar a vereda da salvação.

A mensagem entregue a Samuel era dura; tratava do julgamento para destruição de Eli e seus filhos, que tinham sido profanos e atrevidos contra O Senhor, enquanto o pai, fora conivente, fazendo vistas grossas.

Era a segunda vez que avisava; “Porque já lhe fiz saber que julgarei a sua casa para sempre...” Cap 3:13 Poderia, quem sabe, o infeliz sacerdote se arrepender, mudar; Deus, que É Grandioso em perdoar, o perdoaria.

Entretanto, deu de ombros. Forçou o jovem sob ameaças, a dizer tudo o que ouvira do Senhor; “Então Samuel lhe contou todas aquelas palavras, nada lhe encobriu. Disse ele: Ele é o Senhor; faça o que bem parecer aos Seus olhos.” Cap 3:18

Essas palavras podem parecer ter um verniz piedoso, mas, no fundo, foi um sonoro: “Não estou nem aí”. O juízo veio; ele e seus filhos foram mortos no mesmo dia; a Arca da Aliança foi parar nas mãos dos inimigos.

Esse incidente ilustra o que acontece aos milhares, infelizmente. O Eterno fala, chama a si usando diversos meios. Os alvos do Seu chamado dão de ombros, como Eli. O resultado acaba sendo semelhante; perdição.

A iniciação de Samuel ainda jovem ao ministério profético, era já a alternativa Divina, à apostasia de Eli. Quando um chamado e abençoado vira as costas ao Santo, só resta a Ele um novo começo, um plano B, falar com quem escuta ainda.

Esse “esconderijo” irresponsável, que ignora todos as exortações ao arrependimento, todas os convites a ser santo, com “Palavras certas” tipo, “O futuro a Deus pertence”, é a mesmo dar de ombros de Eli, com nova roupagem. “Ele É Deus; faça o que quiser”.

Contra os que o desprezam dessa forma, Ele fará o que não quer; será forçado a fazer justiça, mesmo tendo enviado Sua Palavra desejando fazer misericórdia; “... Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33:11

O juízo a Deus pertence; o futuro Ele convida a mudarmos, mudando nosso presente. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso É em perdoar.” Is 55:7

Pois, “O que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1:33