domingo, 7 de janeiro de 2024

O tesouro dos justos


“Na casa do justo há um grande tesouro, mas nos ganhos do ímpio há perturbação.” Prov 15:6

Não pretende essa antítese entre o justo e o ímpio, avaliar qual deles possui mais bens; antes, evidenciar a diferença entre valores como justiça e impiedade, e suas consequências, nos demais aspectos da vida.

Enfim, patentear a diferença entre as riquezas bem, e, as mal havidas.

É possível que o justo tenha muito menos coisas que o ímpio, dadas as limitações da justiça que lhe são caras, às quais não ousa transpor; aquele, por sua vez, desconhecendo às cercas da probidade, tende a amealhar o que puder, usando todos os meios; pois a aquisição de coisas é o “valor” que patrocina seus atos.

Amós, o profeta, denunciou gente religiosa, pelo menos, observadora externa de alguns rituais, como a guarda do Sábado, e outras datas; no entanto, mercadores desonestos, ladrões.

“... vós que anelais o abatimento do necessitado; destruís os miseráveis da terra, dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão, e o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, procedendo dolosamente com balanças enganosas, para comprarmos os pobres por dinheiro, os necessitados por um par de sapatos, e para vendermos o refugo do trigo?” Am 8:4-6

Se podiam fazer coisas assim, “sem culpa”, qual o problema de profanarem aos dias santos também?

Algumas coisas eram especiais, mandamentos a ser observados; o “não furtarás” poderia ser burlado, afinal, o que faziam era apenas “comércio.” Na sua ótica distorcida e parcial, não configurava um roubo.

Uma das perturbações que assolam aos ímpios é que eles perdem a noção da devida equivalência entre os valores e os motivos pelos quais eles existem. O amor a Deus e ao próximo resume a Bíblia inteira; o primeiro tolhe que venhamos a ferir à Santidade do Altíssimo, envolvendo Seu Nome Excelso em impiedades; o segundo, veta que lesemos ao semelhante, negando-lhe um tratamento equânime, justo.

A incredulidade oferece matéria-prima ao pai dos incrédulos que, completa o serviço sujo; “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4 Com o entendimento cego, como veriam a total abrangência e a essência da justiça?

O “jeitinho brasileiro” não é tão brasileiro assim. Antes, a malversação das ações em busca de vantagens é um mal da humanidade ímpia, algo de que um justo deveria se envergonhar; mas, que por aqui foi glamourizado, para que parecesse uma coisa aceitável. Invés de desonestidade, o devido nome, “malandragem.” O verniz do Capeta.

Isaías também versou sobre eles: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57:20,21

Ainda que num primeiro momento, os metais amontoados de maneira desonesta possam fazer figura, “justificando” os meios ímpios pelos quais foram adquiridos, isso tem prazo de validade.

“Ai daquele que, para a sua casa, ajunta cobiçosamente bens mal adquiridos, para pôr seu ninho no alto, a fim de se livrar do poder do mal! Vergonha maquinaste para tua casa... Porque a pedra clamará da parede, a trave lhe responderá do madeiramento. Ai daquele que edifica a cidade com sangue e funda a cidade com iniquidade! ” Hc 2:9 a 12

A longanimidade Divina espera; envia mensagens de confronto desafiando à conversão, aguardando a reação humana. Porém, chega a hora em que o homem é chamado a responder pelos seus atos, como diz, noutro contexto: “Estas coisas tens feito, e Eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei e as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50:21

A prosperidade dos ímpios é uma permissão Divina, para que ele deixe patentes os valores que escolheu. Se, toda impiedade fosse punida de imediato, os homens deixariam de ser ímpios, por interesse, e não por amor à Justiça. Deus não é um mercador. 

Então, “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8:11

Essa disposição inata, que grassa desde a queda, só pode ser mudada, mudando-se o coração do homem; o que Cristo faz, na conversão.

Ele justifica quem crê e obedece, e os chama de justos; malgrado, sejam apenas pecadores arrependidos.

A “riqueza” do justo, pois, é essa. A comunhão com O Senhor, por meio da qual, obtém Dele, em tempo, as coisas que necessita; pois, “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5:16

sábado, 6 de janeiro de 2024

Qualidade de vida

“O caminho do insensato é reto aos próprios olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio.” Prov 12:15

A Palavra desencoraja a tal temeridade. “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3:5 a 7

Lembro a crítica de um amigo que faleceu mui jovem, infelizmente; “Para vocês tudo é Deus, - dizia - como se o homem não tivesse vontade própria, não pudesse fazer escolhas.” Quem dera tivéssemos essa estatura! Muitas vezes fazemos escolhas e tomamos decisões de moto próprio, pra tristeza e vergonha nossa. Se consultássemos ao Senhor, quão menos erros cometeríamos! Mas, insistimos aprendendo com nossas falhas, o valor da obediência.

Ora, alinhar o modo de viver ao Senhor da vida, confiando na segurança que Ele oferece é uma escolha, facultada aos homens; a única, pela qual podem ser salvos.

O convite à obediência foi feito com palavras bastante dramáticas, dado o que está em jogo; “Céus e terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e morte, a bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30:19 Não se trata de mera predileção; antes, de vida ou morte.

É preciso estupidez ou cegueira, para, podendo escolher a vida preferir antes, a morte. Esse é o trabalho do “libertador” da humanidade; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4

Embora, a escolha por Cristo pareça masoquismo, negação da vida, a rigor, é o contrário. A discrepância se dá porque, os autônomos imaginam que a vida seja apenas o que acontece na terra. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15:19

Aos que confiam no Senhor, é ensinado que aqui é apenas o “guichê” onde, os ingressos para a eternidade são distribuídos; embora sejam de graça, Cristo pagou o custo, têm um “preço” que podemos e devemos pagar; renúncias, obediência a Ele. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6:4

Tendo “Vendido tudo” pela “Pérola de Grande Valor”, seria um contrassenso se ainda vivêssemos uma vida miserável. Não me refiro a posses, pois, O Salvador ensinou: “... Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” Luc 12:15

A vida eterna não é relativa apenas à duração; algo a fruirmos quando morrermos; antes, é novo modo de viver, do qual nos apossamos aqui, agora; peregrinando na terra, mas segundo valores e princípios dos Céus; “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna...” I Tim 6;12

As pessoas deveriam se perguntar, por que, os que são de Cristo, à ameaça de morte pra que neguem sua fé, preferem o martírio, a fazer o que os ameaçadores desejam. Deixaram de vegetar segundo as premissas terrenas, tomaram posse da vida eterna; sabem pra onde vão; isso basta como antídoto ao medo da morte.

Caso alguém ignore, a salvação em Cristo, salva disso também; “visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2:14,15

Renunciando nossas ímpias escolhas naturais, somos guindados ao sobrenatural, podendo “ver” coisas que escapam ao vulgo; “A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das coisas que se não vê.” Heb 11:1

Ser “sábio” aos próprios olhos foi um conselho da oposição. “Vós sereis como Deus, sabereis o bem e o mal”, disse. Invés de chamar a si e conduzir mediante ensinos, doutrina como Faz O Senhor, ao canhoto basta cortar as cordas, e deixar cada um à deriva; pois, estando sua vítima alienada de Deus, serve a ele, para que sua “obra” esteja sendo feita. “O Ladrão não vem, senão, matar, roubar e destruir...” Jo 10;10

O Eterno ama e zela pelos que ama; mas, facultou escolhas e espera que façamos a melhor. “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará seguro, estará livre do temor do mal.” Prov 1:32,33

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Insana contenda

“Seja qual for, seu nome já foi nomeado; sabe-se que é homem, que não pode contender com o que é mais forte que ele.” Ecl 6:10 A limitação humana e sua incapacidade de contender contra Deus.

O fato de que ninguém pode, dada a disparidade de forças, não significa que ninguém queira, nem, faça. Apenas ninguém pode, de modo a obter êxito.

Estobeu, disse: “Termina com má fama, quem tenta duelar contra o mais forte.”

O Próprio Senhor questiona; “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Ou que se apodere da Minha força, faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27:4 e 5
Dada a nossa impossibilidade, O Eterno aconselha esperteza: “... faça paz comigo.”

Contender com Ele, não significa, necessariamente, uma medição de forças visando derrotá-lo. Em geral, Deus Obra para persuadir o homem acerca do que lhe é melhor; esse contende, resistindo tal persuasão, endurecendo o coração. Jó pergunta: “... quem se endureceu contra Ele e teve paz?” Jó 9:4

Sempre que O Eterno fala com o pecador, o faz tentando levá-lo ao arrependimento para reconciliação consigo, mediante Cristo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19

O sinal mais evidente que alguém está perdendo o “combate” ao escolher a impiedade, é a ausência de paz, na vida do derrotado voluntário, em apreço; “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57:20 e 21

Muitas doenças psicossomáticas, (que começam na alma e se refletem no corpo) são sintomas da adversidade reiterada contra Deus e seus preceitos; pecados. O mundo ímpio que quer tolher a Mão de Deus, ressignifica, redefine às coisas, dando um rótulo de doenças a distúrbios comportamentais, para vetar a ação dos agentes Divinos.

Todos lembram da grande celeuma dos gayzistas, acusando aos pastores de proporem a “cura gay.” Ora, o homossexualismo nunca foi doença; sempre foi um erro moral, uma “contenda” humana, contra Deus. Um pecado como qualquer outro, cujo arrependimento recebe perdão, e a mudança de vida, aprovação Divina; finalmente, paz com Deus.

Qualquer vício comportamental, deixa de ser um, e recebe um nome bonitinho, de “transtorno”; a gula, por exemplo, sempre foi pecado, denunciado pela Palavra de Deus; agora, o mundo ímpio redefiniu como “transtorno alimentar.” Pronto, deixou de ser um assunto pastoral, para se tornar uma questão médica.

Igualmente fazem com as crianças rebeldes, invés da desobediência, para a qual a receita bíblica é a devida correção, mudaram a coisa para um transtorno; novamente, Deus é deixado de lado.

Os pedófilos, zoófilos, ladrões, todos sofrem de algum transtorno comportamental, ou, alguma mania; (cleptomania, no caso dos ladrões) O que são essas distorções, senão, traços do combate do mundo ímpio, que jaz no maligno e insiste em contender contra O Criador?

Para doenças cujo causa é o pecado, a única “medicina” eficaz é O Sangue de Cristo; antídoto capaz de levar ao arrependimento, para o perdão, e consequente salvação do “doente.”

A coisa progredirá até que, a própria paciência Divina cansará; chegará um tempo em que O Senhor nem convidará a uma mudança, mais; antes, desafiará cada um a fazer firmes imutáveis suas escolhas; “Quem é injusto, seja injusto ainda; quem é sujo, seja sujo ainda; quem é justo, seja justificado ainda; quem é santo, seja santificado ainda. Eis que cedo venho, e Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo sua obra.” Apoc 22:11 e 12

Quando a iniquidade chega a uma “pujança” irremediável, O Eterno desiste da luta, por absoluta falta de perspectiva, como fez no dilúvio: “Então disse o Senhor: Não contenderá Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém, seus dias serão cento e vinte anos.” Gn 6:3

Então, se Deus ainda contende contigo, ainda luta para levar-te ao arrependimento, considere-se um venturoso, alguém que a Graça Divina ainda busca, para o qual, nem tudo está perdido.

Como disse alguém: “Se um homem consegue ser plenamente feliz, vivendo no pecado, isso é um sinal inequívoco que Deus desistiu dele.” 

Ele desiste, principalmente, dos que brincam com as coisas santas; “... é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento...” Heb 6:4 a 6

Não brinquemos, pois, com nossas vidas. Poderá ser tarde para repensar.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O fogo necessário


“Só sei que nada sei.” Sócrates

Como ele sabia disso, então? O “nada sei” não era uma medida precisa do seu saber. Antes, uma valoração humilde, uma vacina contra a arrogância, aplicada em si mesmo.

Quando, informado que, o Oráculo de Delfos o considerava o homem mais sábio de Atenas, disse: “Significa, segundo penso, que a sabedoria humana é muito pequena, insignificante. Se, serviu-se do meu nome para isso, talvez intentasse dizer: O mais sábio entre vós, é aquele que reconhece, como Sócrates, que sua sabedoria não é nada.”

O método dialético visava estimular os discípulos a encontrarem as respostas em si mesmos, levando-os a fazer perguntas que sozinhos não fariam; ajudava-os a encontrar bens escondidos, soluções não pensadas, a partir dos valores que já esposavam, sem conseguir extrair as consequências necessárias deles, em todos os aspectos. Mais que ter a resposta certa, pois, eventualmente é necessário fazer as perguntas certas.

Além de uma apreciação humilde do próprio saber, o “nada sei” também era uma premissa metodológica; nada pretendia impor aos seus discentes, senão, estimulá-los a descobrirem, as sapiências adormecidas.

Confúcio defendia a existência de três métodos de aprendizado; imitação, experiência e reflexão, esse, é o mais nobre; a imitação o mais fácil; a experiência, o mais doloroso.

Plutarco desenvolveu mais: “A mente não é um vaso para ser cheio, - disse - antes, um fogo a ser aceso.” Então, as platitudes e as respostas prontas que se pega na prateleira das frases feitas, servem apenas como tampões fúteis; entorpecentes, invés de estimulantes do saber. Assim, quanto mais “cheios” os vasos, a rigor estão mais vazios. Quanto mais me apoio nas alheias descobertas, menos me ocupo em fazer as minhas.

Na dialética de Sócrates, as perguntas que o aprendiz não faria por si, uma vez feitas, despertavam respostas que tinha em seu íntimo, mas ignorava a posse. Desse modo, o “nada sei” poderia ser lido como, nada imponho; ajudo a descobrir, apenas.

Na parábola do Bom Samaritano, Jesus contou-a porque alguém questionara: “Quem é o meu próximo?” O Mestre contou a história e devolveu a pergunta; o aluno sabia a resposta, sem O Mestre dizê-la. Assim, a dialética oferece um “casulo” para que sejam gestadas as asas do saber.

Infelizmente, vivemos um tempo em que a reflexão não tem muito espaço. As pessoas apreciam às coisas pela identificação, não por algum valor maior. Aquilo com o que me identifico tem livre curso, o que não, basta o cancelamento e não me incomodará mais. Assim, o porco abre portas à lavagem; o cão, aos ossos e restos de comida; o rato ao queijo e cereais vários; a ovelha aos verdes pastos, etc.

A implicação disso, é que cada um é já uma “obra acabada”; pode seguir sendo o que é, sem nenhum desafio a mudar. O pior é que, não raro, envolvem Deus nisso, como se, fosse Ele responsável por abençoar à escolha de cada homem, mesmo que, discrepante da Vontade dele.

Malgrado a pecha, dos que leem a Bíblia em Braille e dizem que a fé é cega, nunca foi o propósito Divino, que a gente cresse sem buscar entendimento; se fechasse em copas num fanatismo reiterado, malgrado, eventuais nuances da fé não pareçam inteligíveis.

Certa dose de ceticismo, questionamento, é necessária. O Criador colocou cérebros dentro dos nossos crânios, desejando que os usássemos.

Para esse mundo, os alvos são aquisição de bens, fama, prazeres... Deus desafia-nos às renúncias, para a regeneração da vida; “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7:12 Então, somos desafiados à aquisição de sabedoria, não, andar no escuro apalpando o que ignoramos.

Paulo ensinou que a ruptura com o mundo e seus valores invertidos, é necessária, para quem desejar conhecer a Deus e Sua Vontade. “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:1,2

Se fosse mesmo assim, que cada um fizesse suas escolhas e Deus pudesse apenas vir abençoá-las, Ele seria o servo, e nós os senhores. Não haveria necessidade de Reino dos Céus; cada um reinaria airoso no império dos próprios desejos, e O Todo Poderoso soaria como acessório, dispensável até.

Ele pensou nisso antes; “Eu Sou O Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei...” Is 42:8

É tão fácil cancelar, excluir, bloquear... mas, a gente pode mais; “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra...” 9:18

Os profanos



“Porque nunca falei aos vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e Eu serei o vosso Deus...” Jr 7:22,23

A libertação da escravidão egípcia não dependeu de nenhum sacrifício; O Senhor ordenou a Páscoa, como memorial, não como uma necessidade Dele, para poder libertá-los.

O proveito dos sacrifícios, além do referido memorial, a comida, era em benefício do povo; O Eterno não participava nem usufruía daquilo.

“Se Eu tivesse fome, não te diria, pois Meu é o mundo e sua plenitude. Comerei carne de touros? ou beberei sangue de bodes?” 50:12,13

No prisma das coisas, não há nada que possamos oferecer ao Criador. No entanto, um coração submisso e agradecido já lhe basta. “Oferece a Deus sacrifício de louvor, paga ao Altíssimo teus votos.” V 14

Mais de uma vez O Eterno falou corrigindo a percepção errônea que Ele desejaria sacrifícios. “... Tem porventura O Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, quanto, em que se obedeça à Palavra do Senhor? Obedecer é melhor que sacrificar; atender melhor é que a gordura de carneiros.” I Sam 15:22

“Porque eu quero misericórdia, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais que holocaustos.” Os 6:6

O Salvador acusou seus ouvintes de não terem entendido o sentido dessa sentença: “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Mat 12:7

Por fim, acabaram os sacrifícios que eram meros tipos, símbolos, vindo O Único, que nos poderia salvar; “... Sacrifício, oferta, holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.” Heb 10:8,9

Quando, sacrifício de animais era uma triste necessidade por causa da miséria do povo, o Senhor não tinha prazer neles, antes, na obediência e no conhecimento de Sua Pessoa, o que dizer agora, depois da Majestosa Vitória de Cristo?

Somos desafiados a nos identificarmos cabalmente, Nele, pela obediência irrestrita que agrada ao Eterno. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6:3,4

Nos dias de Jeremias, faziam suas próprias vontades, inclusive sacrificavam aos deuses alternativos de suas escolhas; por fim, vinham ao Templo do Senhor, fazer pose de obedientes.

“Porventura furtareis, matareis, adulterareis, jurareis falsamente, queimareis incenso a Baal e andareis após outros deuses que não conhecestes, então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo Meu Nome, e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas abominações?” Jr 7:9,10

A aversão Divina era tal, por aquele comportamento, que O Senhor vetou a Jeremias de que orasse em favor deles; “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque Eu não te ouvirei. Porventura não vês o que andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Vs 16,17

O que fazemos pode reforçar, ou, vetar nossas orações. Na hora da adoração faziam o que bem entendiam segundo suas escolhas; na hora das angústias vinham orar no templo; como disse Salomão, “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28:9

Atualmente, abstraídas as peculiaridades distintas entre a Antiga e a Nova Aliança, muitos fazem a mesma coisa. Cada um escolhe em quê, acreditar, como agir segundo suas predileções desorientadas; todavia, tomam O Santo Nome do Senhor, como fiador. Nem é pelo direito de pecar que pelejam; antes, pelo veto a que os servos do Senhor chamem o pecado pelo devido nome.

Afinal, “Deus É Amor, não faz acepção de pessoas”. O Eterno continua, como naqueles dias, desejando que se dê ouvidos à Sua Voz. Como fariam isso, aqueles que intentam impedir que a Voz do Santo seja ressoada?

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Miragens no porão


“Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque sua malícia subiu até Minha presença. Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Társis.” Jn 1:2,3

Uma crise se instalou no íntimo do profeta; pregar contra a maldade dos assírios? Em sua capital? Melhor fugir. Comprou passagem para o lugar mais distante que imaginou, desceu ao porão do navio e adormeceu.

Alguns comentaristas sugerem que ele se recusou a cumprir o ordenado, por medo que os assírios respondessem com violência, à mensagem de juízo. Todavia, após o perdão Divino aos arrependidos ninivitas, ele mesmo assumiu seus “motivos”: “... Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânime e grande em benignidade, que te arrependes do mal.” Cap 4:2 O “perigo” que vislumbrara era que Deus se arrependesse do mal, pois.

Os assírios eram tão maus, que a ideia de lhes anunciar a palavra de um Deus compassivo e misericordioso, não combinava, pensou o profeta. Para os tais, apenas a destruição “ficaria bem.”

Quantas vezes escutamos acerca de alguém de maus passos: Aquele não adianta; não muda. Nem percamos tempo. Se O Eterno salvasse apenas aos “bons”, de índole fácil para arrependimento e santificação, não teria o que fazer entre nós. Certo é que, alguns se “aperfeiçoam”, se aprofundam mais na maldade; todavia, em linhas gerais, todos somos dignos de morte ante Ele.

Embora a verdade costume ferir aos melindres presunçosos, ela diz: “... Não há um justo, nem um sequer.” Rom 3:10 “Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem...” Sal 53:3 “... Ninguém há bom, senão um, que é Deus.” Luc 18:19 etc. Então, quando alguém é comissionado a pregar para os maus, deveria estranhar se não fosse assim, invés de entrar em crise e se esconder.

Quantos, em momento de crise agem de modo semelhante! Invés de enfrentá-la, fogem. No matrimônio, sobretudo.

Quando uma relação sofre desgastes, e seduções concorrem acenando com “alternativas” fora, presto, muitos “Jonas” ignoram o preceito de Deus e descem ao porão. Digo, eles saltam fora do compromisso, e partem para outra relação, devaneando que os problemas serão solucionados assim.

“... O Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela tua companheira; a mulher da tua aliança.” Ml 2:14 denunciou o profeta. Será que O Eterno testemunhou aquele caso apenas?

No começo, tal postura ousada, do que “chuta o balde”, arranca admiração de gente mal resolvida em seus compromissos, que, suspira olhando de fora, desejando ter a mesma “coragem” para dar um passo tão “libertário” como fulano/a deu.

Pois, as primeiras impressões aparentam alívio; a descoberta da pólvora. Por que demorei tanto a mudar? Pensa o mui feliz “nubente”. 

Passada a fase da lua, quando a noite da rotina também cai, além do horizonte do compromisso primeiro, pouco a pouco, a mente do fugitivo migra para o deserto do, “eu era feliz e não sabia.” Começa a ver miragens de ventura, onde outrora só via areia e sede.

Precisa provar que, estava certo; mas, as próprias retinas testificam que não. Uma cortina de amargura “estraga” as fotos que o/a fugaz publica para mostrar-se feliz; tardiamente entende que fez besteira e danou o que não devia. “Há um caminho que, ao homem parece direito; mas, no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Não somos chamados à felicidade; antes, à salvação. A felicidade foi reservada para o além. Aqui devemos perseverar em meio a aflições, incompreensões, calúnias, rotina. Os valores abraçados, não as sensações, devem pautar nossas escolhas. “Aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.” Mat 24:13

O que é perseverar? “Perseverar é um termo que tem origem no latim, “perseverare” que significa, continuar firme. É composto pelo prefixo “per”, que mostra intensidade, e pelo verbo “severare” que significa, manter-se firme.”

Assim, a “coragem libertária” do que salta fora de uma relação, invés de solver a crise, é covardia, frouxidão. Na hora da angústia, das aflições, que nossa firmeza é testada; “Se te mostrares frouxo no dia da angústia, é que tua força é pequena.” Prov 24:10

Nada valeu a Jonas sua inglória fuga; causou uma tempestade que atingiu a terceiros; preferiu morrer a se arrepender. Mas, dado que a morte também não o quis, só restou arrependimento e obediência.

Todos temos uma “Nínive” que testa nossa obediência. Quando nos omitimos no que devemos, nossa rebeldia causa danos a outros e nós mesmos. Só há uma forma de concerto possível: Arrependimento, mudança de atitude, voltar atrás.

“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras;” Apoc 2:5

Os profetas


“Chega tu, ouve tudo o que disser O Senhor nosso Deus; nos dirás tudo o que te disser O Senhor nosso Deus; ouviremos e cumpriremos.” Deut 5:27

O resumo do que é o ministério dum profeta; um “chegado de Deus”, que ouve e comunica fielmente o que Ele disser. A reação do povo, não diz respeito às necessidades dele.

Todo o idôneo poderá dizer como Paulo: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei...” I Cor 11:23

Em geral, eles não se voluntariavam para isso; antes, temiam. Moisés disse que não sabia falar; Jeremias se achou criança; Isaías receou por ter “lábios impuros”; Jonas fugiu; Amós teve que deixar sua prosperidade no agro para padecer perseguições...

O único, agora me ocorre, que desejou algo foi Eliseu, mesmo tendo sido chamado; não fora voluntário, uma vez aceita a chamada, pediu porção dobrada do Espírito de Elias; o profeta advertiu: “Coisa difícil pediste.” II Rs 2;10

Nunca foi um convite para festa, antes, uma convocação a sofrer por amor ao Senhor.

Por que há tantos em nossos dias? A desobediência grassa. O ensino bíblico é: “... todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...” Tg 1:19

Hoje tanto há comichão nos ouvidos, quanto, na língua; como Lucas descreveu aos atenienses; “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade.” Atos 17:21

Esses “produtores de novidades” carecem ouvir, embora, intentem falar. Outrora, Deus precisou usar um Profeta, para falar aos “profetas”; “Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que profetizam, e dize aos que só profetizam de seu coração...” Ez 13:2 Os pretensos médicos atuais, também estão carecendo de cuidados na saúde.

Nem sempre é de novidade que o povo precisa. Muitas vezes, carece ser advertido para retornar às veredas antigas, das quais a marcha da humanidade apóstata tende a se afastar.

Já foi assim antes, e muito mais o é, hoje; “Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6:16

Há o dom profético espiritual pelo qual, Deus usa quem Ele desejar, para uma instrução, advertência, correção pontual; mas, indispensável é o profeta ministerial; aquele que interpreta retamente A Palavra de Deus, a que está escrita; hoje, mais do que nunca.

Pois, não apenas um “Chegado de Deus” que ouve à Sua Voz; um profeta também é alguém que sabe “ler” o que a Mão de Deus escreveu, como fez Daniel em Babilônia. “... foram introduzidos à minha presença os sábios e astrólogos, para lerem este escrito, e me fazerem saber sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras. Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretação e resolver dúvidas.” Dn 5:15,16

O Rei Belsazar, apresentando seu problema a Daniel, e prometendo grandes dádivas a ele, se lesse e interpretasse a misteriosa escrita. “... tuas dádivas fiquem contigo, e dá teus prêmios a outro; contudo, lerei ao rei o escrito, e far-lhe-ei saber a interpretação.” V 17

Será que um dos “profetas” da atualidade perderia uma chance assim, de “angariar fundos pra seu ministério”; aliás, Eliseu também recusou prata e demais presentes, quando da cura de Naamã. Além da idoneidade ministerial, que não os permitia falsearem no que diziam, também eram idôneos morais; incapazes de cobrar por algo que O Senhor fizera; eles foram meros instrumentos.

Se, voltando à Babilônia, todos os sábios da época não puderam ler e interpretar a escrita Divina, hoje, qualquer meteco espiritual, estrangeiro na cidade da salvação se atreve a dizer quais textos são válidos, e quais precisam ser “editados” “atualizados”. Ou, todo mundo virou profeta, o mundo mesmo, não os servos do Senhor, ou, se perdeu totalmente a noção; o temor devido ante O Rei dos Reis.

Essa horda de desocupados espirituais, do “O Senhor me mostra alguém” que grassa nas redes sociais, tem feito parecer irrelevantes aos que ensinam a vereda santa com probidade.

Uma geração incauta que ouve “profecias” como quem consulta horóscopo, até que um dia esteja “bom”, trai a si mesma e é traída pelos “profetas” que escolhe. “... tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4:3,4

A vera profecia não pavimenta as avenidas dos maus, antes corrige; “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Jr 23:21,22