quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Os profanos



“Porque nunca falei aos vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e Eu serei o vosso Deus...” Jr 7:22,23

A libertação da escravidão egípcia não dependeu de nenhum sacrifício; O Senhor ordenou a Páscoa, como memorial, não como uma necessidade Dele, para poder libertá-los.

O proveito dos sacrifícios, além do referido memorial, a comida, era em benefício do povo; O Eterno não participava nem usufruía daquilo.

“Se Eu tivesse fome, não te diria, pois Meu é o mundo e sua plenitude. Comerei carne de touros? ou beberei sangue de bodes?” 50:12,13

No prisma das coisas, não há nada que possamos oferecer ao Criador. No entanto, um coração submisso e agradecido já lhe basta. “Oferece a Deus sacrifício de louvor, paga ao Altíssimo teus votos.” V 14

Mais de uma vez O Eterno falou corrigindo a percepção errônea que Ele desejaria sacrifícios. “... Tem porventura O Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, quanto, em que se obedeça à Palavra do Senhor? Obedecer é melhor que sacrificar; atender melhor é que a gordura de carneiros.” I Sam 15:22

“Porque eu quero misericórdia, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais que holocaustos.” Os 6:6

O Salvador acusou seus ouvintes de não terem entendido o sentido dessa sentença: “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Mat 12:7

Por fim, acabaram os sacrifícios que eram meros tipos, símbolos, vindo O Único, que nos poderia salvar; “... Sacrifício, oferta, holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.” Heb 10:8,9

Quando, sacrifício de animais era uma triste necessidade por causa da miséria do povo, o Senhor não tinha prazer neles, antes, na obediência e no conhecimento de Sua Pessoa, o que dizer agora, depois da Majestosa Vitória de Cristo?

Somos desafiados a nos identificarmos cabalmente, Nele, pela obediência irrestrita que agrada ao Eterno. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6:3,4

Nos dias de Jeremias, faziam suas próprias vontades, inclusive sacrificavam aos deuses alternativos de suas escolhas; por fim, vinham ao Templo do Senhor, fazer pose de obedientes.

“Porventura furtareis, matareis, adulterareis, jurareis falsamente, queimareis incenso a Baal e andareis após outros deuses que não conhecestes, então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo Meu Nome, e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas abominações?” Jr 7:9,10

A aversão Divina era tal, por aquele comportamento, que O Senhor vetou a Jeremias de que orasse em favor deles; “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque Eu não te ouvirei. Porventura não vês o que andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Vs 16,17

O que fazemos pode reforçar, ou, vetar nossas orações. Na hora da adoração faziam o que bem entendiam segundo suas escolhas; na hora das angústias vinham orar no templo; como disse Salomão, “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28:9

Atualmente, abstraídas as peculiaridades distintas entre a Antiga e a Nova Aliança, muitos fazem a mesma coisa. Cada um escolhe em quê, acreditar, como agir segundo suas predileções desorientadas; todavia, tomam O Santo Nome do Senhor, como fiador. Nem é pelo direito de pecar que pelejam; antes, pelo veto a que os servos do Senhor chamem o pecado pelo devido nome.

Afinal, “Deus É Amor, não faz acepção de pessoas”. O Eterno continua, como naqueles dias, desejando que se dê ouvidos à Sua Voz. Como fariam isso, aqueles que intentam impedir que a Voz do Santo seja ressoada?

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Miragens no porão


“Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque sua malícia subiu até Minha presença. Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Társis.” Jn 1:2,3

Uma crise se instalou no íntimo do profeta; pregar contra a maldade dos assírios? Em sua capital? Melhor fugir. Comprou passagem para o lugar mais distante que imaginou, desceu ao porão do navio e adormeceu.

Alguns comentaristas sugerem que ele se recusou a cumprir o ordenado, por medo que os assírios respondessem com violência, à mensagem de juízo. Todavia, após o perdão Divino aos arrependidos ninivitas, ele mesmo assumiu seus “motivos”: “... Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânime e grande em benignidade, que te arrependes do mal.” Cap 4:2 O “perigo” que vislumbrara era que Deus se arrependesse do mal, pois.

Os assírios eram tão maus, que a ideia de lhes anunciar a palavra de um Deus compassivo e misericordioso, não combinava, pensou o profeta. Para os tais, apenas a destruição “ficaria bem.”

Quantas vezes escutamos acerca de alguém de maus passos: Aquele não adianta; não muda. Nem percamos tempo. Se O Eterno salvasse apenas aos “bons”, de índole fácil para arrependimento e santificação, não teria o que fazer entre nós. Certo é que, alguns se “aperfeiçoam”, se aprofundam mais na maldade; todavia, em linhas gerais, todos somos dignos de morte ante Ele.

Embora a verdade costume ferir aos melindres presunçosos, ela diz: “... Não há um justo, nem um sequer.” Rom 3:10 “Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem...” Sal 53:3 “... Ninguém há bom, senão um, que é Deus.” Luc 18:19 etc. Então, quando alguém é comissionado a pregar para os maus, deveria estranhar se não fosse assim, invés de entrar em crise e se esconder.

Quantos, em momento de crise agem de modo semelhante! Invés de enfrentá-la, fogem. No matrimônio, sobretudo.

Quando uma relação sofre desgastes, e seduções concorrem acenando com “alternativas” fora, presto, muitos “Jonas” ignoram o preceito de Deus e descem ao porão. Digo, eles saltam fora do compromisso, e partem para outra relação, devaneando que os problemas serão solucionados assim.

“... O Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela tua companheira; a mulher da tua aliança.” Ml 2:14 denunciou o profeta. Será que O Eterno testemunhou aquele caso apenas?

No começo, tal postura ousada, do que “chuta o balde”, arranca admiração de gente mal resolvida em seus compromissos, que, suspira olhando de fora, desejando ter a mesma “coragem” para dar um passo tão “libertário” como fulano/a deu.

Pois, as primeiras impressões aparentam alívio; a descoberta da pólvora. Por que demorei tanto a mudar? Pensa o mui feliz “nubente”. 

Passada a fase da lua, quando a noite da rotina também cai, além do horizonte do compromisso primeiro, pouco a pouco, a mente do fugitivo migra para o deserto do, “eu era feliz e não sabia.” Começa a ver miragens de ventura, onde outrora só via areia e sede.

Precisa provar que, estava certo; mas, as próprias retinas testificam que não. Uma cortina de amargura “estraga” as fotos que o/a fugaz publica para mostrar-se feliz; tardiamente entende que fez besteira e danou o que não devia. “Há um caminho que, ao homem parece direito; mas, no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Não somos chamados à felicidade; antes, à salvação. A felicidade foi reservada para o além. Aqui devemos perseverar em meio a aflições, incompreensões, calúnias, rotina. Os valores abraçados, não as sensações, devem pautar nossas escolhas. “Aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.” Mat 24:13

O que é perseverar? “Perseverar é um termo que tem origem no latim, “perseverare” que significa, continuar firme. É composto pelo prefixo “per”, que mostra intensidade, e pelo verbo “severare” que significa, manter-se firme.”

Assim, a “coragem libertária” do que salta fora de uma relação, invés de solver a crise, é covardia, frouxidão. Na hora da angústia, das aflições, que nossa firmeza é testada; “Se te mostrares frouxo no dia da angústia, é que tua força é pequena.” Prov 24:10

Nada valeu a Jonas sua inglória fuga; causou uma tempestade que atingiu a terceiros; preferiu morrer a se arrepender. Mas, dado que a morte também não o quis, só restou arrependimento e obediência.

Todos temos uma “Nínive” que testa nossa obediência. Quando nos omitimos no que devemos, nossa rebeldia causa danos a outros e nós mesmos. Só há uma forma de concerto possível: Arrependimento, mudança de atitude, voltar atrás.

“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras;” Apoc 2:5

Os profetas


“Chega tu, ouve tudo o que disser O Senhor nosso Deus; nos dirás tudo o que te disser O Senhor nosso Deus; ouviremos e cumpriremos.” Deut 5:27

O resumo do que é o ministério dum profeta; um “chegado de Deus”, que ouve e comunica fielmente o que Ele disser. A reação do povo, não diz respeito às necessidades dele.

Todo o idôneo poderá dizer como Paulo: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei...” I Cor 11:23

Em geral, eles não se voluntariavam para isso; antes, temiam. Moisés disse que não sabia falar; Jeremias se achou criança; Isaías receou por ter “lábios impuros”; Jonas fugiu; Amós teve que deixar sua prosperidade no agro para padecer perseguições...

O único, agora me ocorre, que desejou algo foi Eliseu, mesmo tendo sido chamado; não fora voluntário, uma vez aceita a chamada, pediu porção dobrada do Espírito de Elias; o profeta advertiu: “Coisa difícil pediste.” II Rs 2;10

Nunca foi um convite para festa, antes, uma convocação a sofrer por amor ao Senhor.

Por que há tantos em nossos dias? A desobediência grassa. O ensino bíblico é: “... todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...” Tg 1:19

Hoje tanto há comichão nos ouvidos, quanto, na língua; como Lucas descreveu aos atenienses; “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade.” Atos 17:21

Esses “produtores de novidades” carecem ouvir, embora, intentem falar. Outrora, Deus precisou usar um Profeta, para falar aos “profetas”; “Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que profetizam, e dize aos que só profetizam de seu coração...” Ez 13:2 Os pretensos médicos atuais, também estão carecendo de cuidados na saúde.

Nem sempre é de novidade que o povo precisa. Muitas vezes, carece ser advertido para retornar às veredas antigas, das quais a marcha da humanidade apóstata tende a se afastar.

Já foi assim antes, e muito mais o é, hoje; “Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6:16

Há o dom profético espiritual pelo qual, Deus usa quem Ele desejar, para uma instrução, advertência, correção pontual; mas, indispensável é o profeta ministerial; aquele que interpreta retamente A Palavra de Deus, a que está escrita; hoje, mais do que nunca.

Pois, não apenas um “Chegado de Deus” que ouve à Sua Voz; um profeta também é alguém que sabe “ler” o que a Mão de Deus escreveu, como fez Daniel em Babilônia. “... foram introduzidos à minha presença os sábios e astrólogos, para lerem este escrito, e me fazerem saber sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras. Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretação e resolver dúvidas.” Dn 5:15,16

O Rei Belsazar, apresentando seu problema a Daniel, e prometendo grandes dádivas a ele, se lesse e interpretasse a misteriosa escrita. “... tuas dádivas fiquem contigo, e dá teus prêmios a outro; contudo, lerei ao rei o escrito, e far-lhe-ei saber a interpretação.” V 17

Será que um dos “profetas” da atualidade perderia uma chance assim, de “angariar fundos pra seu ministério”; aliás, Eliseu também recusou prata e demais presentes, quando da cura de Naamã. Além da idoneidade ministerial, que não os permitia falsearem no que diziam, também eram idôneos morais; incapazes de cobrar por algo que O Senhor fizera; eles foram meros instrumentos.

Se, voltando à Babilônia, todos os sábios da época não puderam ler e interpretar a escrita Divina, hoje, qualquer meteco espiritual, estrangeiro na cidade da salvação se atreve a dizer quais textos são válidos, e quais precisam ser “editados” “atualizados”. Ou, todo mundo virou profeta, o mundo mesmo, não os servos do Senhor, ou, se perdeu totalmente a noção; o temor devido ante O Rei dos Reis.

Essa horda de desocupados espirituais, do “O Senhor me mostra alguém” que grassa nas redes sociais, tem feito parecer irrelevantes aos que ensinam a vereda santa com probidade.

Uma geração incauta que ouve “profecias” como quem consulta horóscopo, até que um dia esteja “bom”, trai a si mesma e é traída pelos “profetas” que escolhe. “... tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4:3,4

A vera profecia não pavimenta as avenidas dos maus, antes corrige; “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Jr 23:21,22

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Os vencidos


“Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo. Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se, seu último estado, pior que o primeiro.” II Ped 2:19,20

É proverbial e óbvio, que ninguém pode dar o que não tem. Entretanto, no âmbito do ensino, se, alguém não tem escrúpulos morais e espirituais, geralmente desconhece limites e facilmente se desboca em mentiras, desde que essas soem similares aos desejos dos ímpios e incautos que lhes dão ouvidos, aos quais, pretende seduzir.

Nada mais atraente que um discurso “libertário”, por duas razões: Primeira; a liberdade é uma coisa boa, em prol da qual, toda pessoa sadia, facilmente empreenderia algum esforço;

segunda; esses discursos, não raro, trazem embutida a ideia que a pessoa que os ouve é vítima de alguma espécie de tirania, exploração; a causa da atual sina, sempre virá de terceiros; de pessoas más, um sistema, uma ideologia... as culpas alheias sempre descem redondo, nas goelas dos que são desafeitos a assumir as próprias.

Assim, os maus se sentem representados quando, outro igual, porém, mais eloquente toma a palavra.

Após alguns excursionarem por um pouco nas paragens das virtudes, aprendendo alguns cacoetes do idioma de lá, retornam cheios de “bagagem cultural” para seduzir aos que, mais que observar as atitudes, capitulam ante falácias. “O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos.” Prov 14:15

Tendo peregrinado entre os salvos, escolhem a dedo algumas sentenças que soam convenientes às suas seduções e saem distribuindo seletivamente.

Aprenderam que Deus É Amor, que não faz acepção de pessoas, que É Grandioso em Perdoar, etc. usam essas verdades descontextualizadas, para promoção das perversidades da moda, ante pessoas sôfregas, que querem ouvir exatamente isso, para fomento da ilusão de serem salvos, sem necessidade de renúncias, de se tomar a cruz.

As “bijuterias” adquiridas testificam que os tais, realmente excursionaram nas terras dos salvos; os motivos pelos quais as usam, deixam ver motivações corruptas, inclinações ao erro, de gente que obra pela sagração dos vícios, não pela libertação em Cristo. “... depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, foram outra vez envolvidos nelas e vencidos...”

Quem aprendeu como passar pela porta estreita, sabe que após ela há uma vereda igualmente apertada; quando ensina, adverte dessas coisas; pois, tendo visto a preciosidade do Salvador, e a grandeza do que está em jogo, entende plenamente justificáveis as renúncias necessárias. O que nos está proposto, como citou Dave Hunt, “é glorioso demais para ser fácil.”

Todavia o “salvo” que, tendo dado uns passos retorna ensinando que o Caminho não precisa ser assim, tão justo, tão estreito, e que “descobriu” ao longo, alguns “refúgios” que o alargam, testifica que abandonou a vereda, que seus apelos pelas facilidades se fizeram mais fortes que o zelo pela verdade.

O Salvador não condicionou a salvação a darmos uns passos e aprendermos algumas sentenças; antes, à permanência na doutrina; “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8:31,32

A tirania que aprisiona todos os afeitos ao pecado, é uma inclinação a isso latente na natureza corrompida após a queda; os que são carnais, ao natural obedecem-na, achando estranhos, os que não; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

E a libertação dessa, requer a participação de cada um, a crucificação das próprias más inclinações, algo para o qual, Cristo capacita aos que Nele creem e O recebem; “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

Não precisamos sair empunhando bandeiras, para expor o que cremos, a quem pertencemos; nosso modo de vida fatalmente dirá; “... sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça;” Rom 6:16

Pois, se Cristo está em nós, deveras, fica impossível disfarçar; “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5:14

Os que, tendo O conhecido, depois de um tempo retrocederam defendendo condutas pecaminosas, desceram mais baixo de onde estiveram antes de Cristo; “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2:21,22

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Acima da Lei


“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima...” Col 3:1,2

Havia um assédio dos judaístas que pretendiam submeter os convertidos a Cristo, aos rituais que lhes eram caros, embora, desnecessários.

Quando alguém não entende as mudanças que ocorrem na conversão, tenta trazer coisas do seu passado religioso, e as querer incorporar, como se, a vida espiritual fosse pilotar um carrinho entre as gôndolas de um supermercado, e a conversão, uma nova aquisição.

Essa confusão coloca em dúvida a própria conversão. “... se ressuscitastes com Cristo...” Pois, aquilo que deve ocorrer em linhas gerais, não significa que ocorra necessariamente, malgrado, a vontade ou o entendimento de alguém. A salvação é categórica nas mudanças que obra, sem margem para um “se;” “Sepultados com Ele no batismo, Nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dentre os mortos.” Col 2:12

Assim, se alguém “nasceu de novo”, mas ainda está preso a costumes da Antiga Aliança, precisa rever seu entendimento, ou, repensar sua conversão. 

Paulo foi preciso: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, beber, por causa dos dias de festa, da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Col 2:16,17

Embora o sentido espiritual da Lei esteja em vigor, esse foi resumido em dois mandamentos, sem a antiga variedade ritual, tampouco, a necessidade de sacrifícios. “Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, toda tua alma, e todo teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.” Mat 22:37-40

Cumprido isso, estaremos cumprindo a “Lei de Cristo” como definiu Paulo. “Para os que estão sem lei, (me fiz) como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo)...” I Cor 9:21

Portanto os que nos julgam e desprezam até, porque não guardamos o sábado, deveriam ler com mais atenção a doutrina dos apóstolos, para melhorar seus entendimentos.

Pois, tendo sido libertos de um jugo impossível, (a restrição do sábado limitava até quantos metros se poderia caminhar, e eram poucos) voltar a isso equivale, nas palavras de Pedro, a tentar a Deus; “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?” Atos 15:10

Para Paulo, era mui sério: “Separados estais de Cristo, vós que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído.” Gál 5:4

As “coisas que são de cima” que devem buscar os que ressuscitaram com Cristo, pois, atinam à novidade de vida no espírito, o que atinge todas as áreas das nossas vidas;

a circuncisão era o rito de passagem dos que se convertiam ao judaísmo; depois, careciam guardar a Lei. E alguns queriam colocar isso como necessário ao cristianismo, cujo rito é outro: O Batismo. “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim, ser uma nova criatura.” Gál 6:15

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, e tudo se fez novo.” II Cor 5:17

Quem escreveu essas admoestações aos cristãos colossenses, foi um ex fariseu, zeloso da Lei de Deus, quando o entendimento ainda era pequeno. Depois de iluminado pode dizer dos seus compatriotas: “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.” Rom 10:2

A falta de entendimento aprisiona dentro dos limites da compreensão dos zelosos; Paulo os queria fora disso; “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” Gál 5:1

Não significa que, porque fomos libertos Nele, esteja tudo liberado, que possamos pecar ao bel prazer, pois, a Graça cobre nossas desgraças; não.

As demandas da graça são mais profundas que as da Lei. Era vetado adulterar, Cristo ampliou para cobiçar, como já sendo adultério no coração; fora vetado matar; O salvador ensinou que apenas odiar, já nos faz réus de juízo.

Transgressão contra a Graça é mais severa que contra a Lei: “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10:28,29

Não estamos desprezando à Lei; antes, fomos chamados a um patamar mais alto, cujas demandas também são.

domingo, 31 de dezembro de 2023

O lugar das coisas


“A quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.” Gn 15:16

O Eterno explicando a Abraão, como “ele” possuiria a terra; sua descendência, após escravizada por quatrocentos anos, seria liberta, sairia com grandes riquezas em meio ao juízo dos que a escravizariam; então, a terra prometida seria deles.

Antes, se encheria a medida da injustiça dos amorreus, povos que seriam banidos quando a terra fosse dada aos Hebreus.

“Eu fiz a terra, o homem, e os animais que estão sobre a face da terra, com Meu grande poder, e com o Meu braço estendido, e a dou a quem é reto aos Meus olhos.” Jr 27:5

Mesmo podendo banir aos amorreus quando quisesse, esperou que a destruição deles fosse plena de justiça. Em tempo, depois de vetar aos filhos de Abraão, o incesto, adultério, zoofilia e homossexualismo, reiterou: “Com nenhuma destas coisas vos contamineis; porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que expulso de diante de vós. Por isso a terra está contaminada; Eu visito sua iniquidade, e a terra vomita seus moradores.” Lev 18:24,25

Eloquente figura! como se, o modo de viver daqueles povos causasse nojo à própria terra; seu “organismo” os rejeitasse. “... a terra vomita seus moradores.”

A ideia de que os injustos prosperam, enquanto os honestos sofrem, como se verificou, então, nem sempre é devidamente entendida por quem observa.

A impressão que a honra e a virtude são ingenuidade, e que o crime compensa, qual de nós jamais a teve, ainda que, por um momento? Basta olhar para os “grandes” de nossa nação; presto a noção em apreço, tentará albergar-se em nosso íntimo. Quem não tiver sua alma abrigada sob a casamata dos valores, será facilmente bombardeado pelas vantagens da vida “fácil” dos corruptos.

Não raro, lemos semeadura como se fosse colheita, por vermos o tempo desde nossa finita perspectiva. Agur escreveu um cântico analisando essas coisas, que já observava nos seus dias.

“Eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios. Porque não há apertos na sua morte, mas firme está sua força. Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos como outros. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como adorno.” Sal 73:3-6

Discorreu ainda, sobre a “ventura” dos maus, e a “inutilidade” de ser honesto; “Na verdade que em vão tenho purificado meu coração; lavei minhas mãos na inocência. Pois todo o dia tenho sido afligido, castigado cada manhã.” 73:13,14

Depois refez: “Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração dos teus filhos. Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição.” Vs 15 a 18

O Eterno conhece o fim desde o começo; chama a quem lhe quiser ouvir, ao caminho estreito das renúncias, por saber, onde cada caminho leva. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14:12

O Salvador ensinou: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7:13,14

Circunstâncias são apenas meandros do caminho que nos é proposto; os valores que somos desafiados a abraçar, são a “bagagem” da qual não devemos abrir mão.

As coisas que temos, ou, as que achamos que deveríamos ter, não são determinantes para nossa caminhada; antes, para onde vamos é que importa. “Porque a vida de qualquer um, não consiste na abundância do que possui.” Luc 12:15

O sofrimento tem um aspecto depurativo que muitas vezes é necessário aos Olhos Divinos, em vista da sina que almeja dar-nos; “Te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48:10

As únicas desventuras reais, disse alguém, são aquelas com as quais nada aprendemos.

Talvez haja “amorreus” ocupando o lugar que Deus almeja para ti; não se preocupe; uma vez enchidas as medidas, da iniquidade deles, da preparação tua, O Senhor “virará a chave”; as coisas assumirão novos ares. “O justo é libertado da angústia, e vem o ímpio para seu lugar.” Prov 11:8

A visão mundana é que, progredir é conquistar coisas; A Divina, requer que as renunciemos, por amor à Justiça.

Os bens já são todos do Pai; Ele os dá a quem quer; os corações, infelizmente, não; “Buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6:33

sábado, 30 de dezembro de 2023

A luz interior


“Olhou a um e outro lado, vendo que não havia ninguém ali, matou ao egípcio, e escondeu-o na areia.” Ex 2:12

Moisés, olhou para um e outro lado, antes de socorrer ao hebreu e matar o egípcio; tendo feito isso, escondeu o cadáver na areia, para apagar os rastros; o “crime perfeito.” Desconsiderando as vistas do que fora por ele ajudado; talvez, a gratidão lhe fechasse os olhos.

Quando é necessário esconder a ação, no caso, o assassinato, e depois o “produto”, o assassinado, temos duas “testemunhas” denunciando o mal.

O Salvador ensinou: “... os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3:19,20 O simples carecer esconder é já um qualificativo da atitude.

Estranha “lógica” de não se querer reprovação, estando pronto a praticar coisas réprobas. Como plantar um espinheiro desejando colher uvas. Há muitos “fruticultores” assim; é vasto o pomar da hipocrisia, grande a seara da falsidade.

Testemunhas externas podem ser ludibriadas com certa astúcia mas, resta outra que, deveria ser a primeira; a consciência de quem age. Nessa faculdade do espírito, o Senhor nos vê; “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre.” Prov 20:27 Pois, “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” Heb 4:13

O simples carecer esconder o agir, é uma “necessidade” apresentada pela consciência; na verdade, um veto dizendo antes, que a ação é má, o que, não raro, é ignorado. Paulo disse que tinha uma barreira aí; “... rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia...” II Cor 4:2

Apesar da consciência, a vontade rebelde e decidida convenceu-o que escondendo o mal, estaria tudo bem. Então, a ação requereu o auxílio das trevas; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3:19

Se as pessoas andassem nessa luz que O Criador deixou uma centelha em cada, evitariam quantos males, a si mesmas, e aos semelhantes. “Quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3:21

“Queres saber se os conselhos da noite são bons? Pratique-os durante o dia.” Z. Rossa.

Paulo usara figura semelhante: “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13:12

Como evocaríamos o relato dessa ocular e fiel testemunha, tendo algo a esconder? “Em Cristo digo a verdade, não minto dando-me testemunho minha consciência no Espírito Santo.” Rom 9:1

Esconder externamente, maus passos, geralmente é até fácil; há muitas máscaras, de palavras, até, que servem a esse fim; poderíamos assim, desfilar como seres probos aos olhos da família, sociedade, estando nossas consciências envoltas em sujeira derivada de erros ocultos.

O Sangue de Cristo foi vertido buscando nossa purificação por inteiro, não para que fôssemos feitos atores, capazes de interpretar personagens supostamente, limpos.

Contrapondo Esse ao sangue dos animais oferecidos na Antiga Aliança, a Palavra ensina: “se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, (algo externo) quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” Heh 9:13,14

A consciência pode ser comparada, a um músculo, quanto à sua dinâmica: Exercitada, se desenvolve; na inércia, atrofia; no caso dela, cauteriza. Quanto mais nos habituamos a ouvir sua voz, mais audível a mesma se faz.

Seus vetos são como cercas a nos proteger, para nos manter nas veredas da fé; “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1:19

O “crime perfeito” de Moisés foi denunciado no dia seguinte; teve que fugir. Seu protegido foi grato por um momento; mudado o interesse, mudou o sentimento. Assim são todos os que se pautam por interesses, invés de valores.

Paulo chamou o aprendizado espiritual de exercício em piedade, e acresceu os benefícios: “O exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4:8

Invés de olhar pros lados, “olhemos” para dentro; “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele...” Is 30:21