terça-feira, 19 de setembro de 2023

O Dízimo


“É você olhar no espelho e se sentir um grandessíssimo idiota que é humano, ridículo, limitado e só usa dez por cento de sua cabeça animal.” Trecho da música “Ouro de tolo” cantada por Raul Seixas nos anos setenta.

Que usamos só o “dízimo” do nosso potencial intelectual é uma imposição arbitrária do autor; não há como saber isso desde nosso mirante “ridículo, limitado.”

Todavia, que podemos bem mais, usamos uma pequena parte do potencial dado ao ser humano, isso qualquer um, com um mísero facho de luz, poderá ver.

Eu que milito nas coisas do espírito, e derivo a imensa maioria dos meus escritos da Palavra de Deus, tenho o dever de saber, e sei, que a salvação não tem nada a ver com a capacidade intelectual; antes, com a submissão a Cristo; vem por uma escolha moral, que mesmo um analfabeto pode fazer, não carece de muita inteligência. Está ancorada na cruz, não, na filosofia.

Por isso, esse ensaio não tem a ver com esse prisma, mas, com a acomodação de quem pode mais, e se recusa a desenvolver seu potencial.

Pascal disse: “Um pouco de ciência afasta o homem de Deus; um muito, o aproxima.” Assim, até nos domínios da ciência a fé tem algo a dizer. Aliás, a “palavra da ciência” é um dom espiritual.

Então, o festival de platitudes que estimulam nossa preguiça, ao desfilar por aí, é um testemunho da preguiça alheia, que se amolda ao lugar comum, invés de encontrar um nicho mais ousado para desenvolver as próprias ideias.

O que é uma platitude? A característica de uniformidade, banalidade, inexpressão, superficialidade, dito corriqueiro, sem importância, monótono. “Mais do mesmo” diria o vulgo.

Pegar uma frase dessas e partilhar, além de não transportar nada de criativo que edifique, faça pensar, é um testemunho da preguiça mental, a anexar um cérebro anestesiado, aos outros tantos, na vala comum da negligência com a própria alma.

Sócrates, o filósofo, depreciava à ação dos retóricos vãos, os sofistas, pois, a arte deles produzia crença sem ciência; adesão sem entendimento.

Deus nunca desejou isso aos Seus; se “baixou a régua” ao rés do chão, intelectualmente falando, para que todos pudessem entrar; isso deriva do Seu Amor que não quer que ninguém se perca. Todavia, espera que nos esforcemos para entender Sua revelação. “Então, conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor...” Os 6;3

A Sabedoria Divina está expressa por todo lado. “Um dia faz declaração a outro; uma noite mostra sabedoria a outra; não há linguagem nem fala; mas, onde não se ouve sua voz?” Sal 19;2 e 3

A pós-verdade na qual vivemos, trouxe consigo e advento das narrativas (nome palatável das mentiras) como superiores aos fatos. Os melhores “narradores” levam vantagem, nesse insano castelo de cartas, cujo equilíbrio é forjado pela comunhão de interesses escusos. De um lado os que “recriam” as coisas ao seu querer; de outro, a imprensa prostituta que abdicou há muito seu poder de polir vidraças enquanto se aperfeiçoou em fazer cortinas de fumaça.

A cumplicidade do preguiçoso mental traz sua bovina aceitação do que é servido, (com todo respeito aos bovinos que ruminam o que engolem) sem colocar-se a refletir um pouco, para não ser enganado. A estupidez dessa geração anestesiada mental faz a opulência de políticos safados e dos falsos profetas; os tais, pisoteiam à verdade no afã pelos interesses, e na maioria dos casos, ainda posam de benfeitores.

Uma dessas platitudes que se propaga no meio evangélico diz: “Deus não escolhe aos capacitados; capacita os escolhidos”; reverberam os preguiçosos mentais, que ignoram como Deus capacita aos tais. 

O que dizem é verdade, mas, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar”, ensinava Spurgeon. Assim, dizer isso, para fugir do chamado ao estudo, à preparação para bem servir, é tentar colocar o pneu no lugar do volante.

A Palavra ensina que O Eterno forjou diversos tipos de mestres, “Querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério; para edificação do Corpo de Cristo.” Ef 4;12

Os que descansam no fato de que O Criador usou a uma mula para falar com Balaão, esquecem duas coisas: antes disso, falara três vezes com o profeta, sendo ignorado; e, se quiser usar uma assim outra vez, usará a de quatro patas, não uma que nasceu com potencial humano e resignou-se à sina muar, pela preguiça de aprender.

Outrora, o gládio intelectual era em alto nível; arminianismo versus calvinismo; agnosticismo e revelação; salvação pelas obras ou, pela fé; etc. hoje, se perde tempo a discutir bizarrices de subsolo moral, coisas que, causariam perplexidade aos santos de antanho.

Temo que, os presumidos dez por cento de cérebro vigente, seja um exagero.

A oposição

 

“... lhes desagradou extremamente que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.” Ne 2;10

Neemias voltara, com permissão do Rei para reedificar a cidade e os muros. Ante isso, certos figurões que, por certo, lucravam com a desgraça alheia, torceram o nariz. Sambalate e Tobias.

Quando, da destruição da cidade, houve “vizinhos” que ajudaram aos babilônios. Indo os judeus cativos, seguiram seu viver, tranquilos em face ao “novo normal”.

Por Zacarias, O Eterno expressou Seu apreço àquela postura; “Com grande indignação estou irado contra os gentios em descanso; porque Eu estava pouco indignado, mas eles agravaram o mal.” Zac 1;15 Era juízo Divino, a permissão da vitória dos caldeus; mas, a intromissão da inveja e emulação, humanas, era apenas isso; Deus não pactuava com aquilo.

Para por a perder estavam presentes, depois, “descansados”. “...Nós já percorremos a terra; toda terra está tranquila e quieta.” Zac 1;11 A resposta ao Senhor, dos Seus emissários, após verificar a situação.

Setenta anos após aquela derrota, se descontentaram em saber que Neemias viera restaurar às ruínas. Sua oposição não foi apenas filosófica, discordando no campo das ideias. Usaram de todos os meios: Falsos profetas a desencorajar o povo; denúncias igualmente falsas ao rei persa, e como último “argumento” a força.

“Sucedeu que, ouvindo Sambalate e Tobias, os árabes, amonitas e asdoditas, que, tanto ia crescendo a reparação dos muros de Jerusalém, que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo; ligaram-se entre si todos, para virem guerrear contra Jerusalém e os desviarem do seu intento.” Ne 4;7 e 8

Nuances da inveja. Se o desafeto está “comendo do ruim”, vida que segue, sem problemas; porém, se começa se reerguer, reerguem-se as forças daquela, tentando coibir.

Neemias e seus homens sabiam onde buscar socorro. “Porém, nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda, de dia e de noite, por causa deles.” V 9

O fato de “entregarmos” nossas lutas ao Senhor, não significa que podemos cruzar os braços; antes, enquanto esperamos Dele o livramento, e eventuais comandos, devemos fazer nossa parte. “Sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus servos trabalhava na obra, metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças; os líderes estavam por detrás de toda a casa de Judá. Os que edificavam o muro, os que traziam as cargas e os que carregavam, cada um com uma das mãos fazia a obra, na outra, tinha as armas.” Ne 4;16 e 17

Aquele evento histórico levado a efeito por Neemias e possibilitado pelo Senhor, serve como figura de nossas vidas.

Também éramos cativos do pecado, com sua executora mor, a carne, e seu mentor, o capeta. O “Neemias” que se compadeceu de nossa miséria e doou-se para nossa regeneração chama-se Jesus Cristo.

Quem jamais ouviu escárnios de “Tobias e Sambalate”, ao saber que alguém se dispusera a buscar nosso bem? Ao primeiro sinal de conversão, muitos, familiares até, sentem o desconforto de ter perto de si alguém que ousa rumo à salvação, pagando o necessário preço, a renúncia da carne.

O escárnio, então, foi o primeiro ataque; “... ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, se indignou muito; escarneceu dos judeus. Estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente, seu muro de pedra.” Cap 4;1 e 3

Os mesmos que, quando estávamos mortos em delitos e pecados não davam a mínima, ao nos verem caminhando rumo à restauração da vida, tentam atrapalhar por todos os meios. Muitos deles, malgrado, permaneçam espiritualmente mortos, migram para nosso meio de olho nalguma vantagem que possam fruir.

Tobias, o opositor mor daqueles dias, também fez assim. Usou todos os meios para impedir e não pode; a empresa era Divina. Depois de restauradas as coisas, intrometeu-se, arrumou um cantinho para si no templo.

Neemias, ao saber, colocou os pingos no is; “... compreendi o mal que Eliasibe fizera; para Tobias fizera uma câmara nos pátios da casa de Deus. O que muito me desagradou; de sorte que lancei todos os móveis da sua casa, fora da câmara.” Ne 13;7 e 8

Aparentara-se com um sacerdote imprudente, e fora se aconchegando; Neemias ao chegar deu-lhe um merecido pé-na-bunda.

Paulo viu coisas assim, entre os Coríntios, e aconselhou um semelhante “despejo”; “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e Eu vos receberei;” II Cor 6;14 e 17

Naquele contexto, foi banido para fora ao intruso; agora devemos sair do meio da impureza; nos santificarmos.

domingo, 17 de setembro de 2023

Os girassóis


“Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.” Luís Fernando Veríssimo

É vero, Veríssimo. A chamada opinião pública é a efervescência das manipulações coletivas inoculadas, às quais, contrariar seria uma heresia, uma temeridade. Só um livre ousaria.

A ditadura para dominação de uma geração cunhou a expressão, “politicamente correto”, como se fossem antolhos, que restringem até onde os bichos podem ver. Além disso ninguém pode ir sem que, a patrulha do pensamento lhe dê uma dura enquadrada.

Um homem livre pode ver o que quiser; interpretar o que vê como bem lhe parecer, mesmo que, aos olhos do “sistema”, soe ridículo, como disse o escritor. Dependendo de onde vem, a pedrada é o mais eloquente dos elogios.

A ressignificação dos valores a serviço da desconstrução das virtudes, aprovadas pelo uso durante milênios, forjou pódios multicores para o vício, em torno dos quais, faz veemente defesa. Como se, cores fossem qualidades, barulho, argumentos.

A água é tributária à fonte, não a quem bebe; assim, a verdade independe do apreço de quem a ouve, e a liberdade, da anuência de quem a aquilata. Livre não é quem se submete a uma imposição social, antes, quem se coaduna à própria consciência.

Alhures deparei com uma afirmação que me fez pensar: “Não pretendo convencer ninguém; isso equivaleria à colonização do outro.” Ao dizer algo assim, já estão dadas velas ao barco das manipulações; pois, quem achar bem pensado o dito, embarcará na nau da falsa malandragem, e já estará fincando estacas na nova colônia do ‘deixe eu ser Deus e cuidar das coisas que eu quero’. O “não pretendo convencer a ninguém”, é um oblíquo grito de defesa, um pedido de socorro: “Não tente me convencer de nada”.

Ora, quem difunde coisas, via ideias, frases, fotos, anúncios, está fazendo o quê? Tentando convencer de algo.

O pensador; da validade de suas ideias; o anunciante; das vantagens de seu produto; o que expõe nuances de seu viver; de que está vivendo bem, ou, que deseja meios para estar; quem partilha fotos, também quer deixar patente que tem certos predicados... 

Se, alguém se supõe não afetado ao ponto de que, nada de alheio importa a si, que se retire para uma caverna e viva alienado de tudo. Agora, defender essa “moral” de eremita semeando vasto campo nas redes sociais, é arfar em bandos como hienas, desejando o status de hibernante solitário, como urso polar. Quer vender seu peixe a todos, enquanto finge que nem gosta de pescar.

A interatividade que as redes sociais propiciam é cultivada no aspecto da autodivinização, de mostrar o próprio músculo; deplorada, rechaçada, no que ela tem de melhor; a possibilidade de crescimento mútuo, mediante troca de aprendizados, experiências, ensinos. Quem dera, pudesse “colonizar” alguém sobre isso!

A desonestidade intelectual é pior do que a ignorância; pois, a falta de luz, pode ser, mera contingência; a de caráter é uma escolha. A luz a serviço do vício, O Salvador deplorou como sendo as piores trevas; “Se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Disse.

Enfim, não é medo do ridículo que pessoas assim têm; antes, medo de que o “lobo mau” de uma argumentação sólida sopre contra as cabanas de palha de suas pretensões vãs, e os exponha à luz, como realmente são; medíocres.

Quando um “filósofo” dessa estirpe ensina: “Que cada um cuide da sua vida, esse é o caminho”; sem perceber, porque não está acostumado a isso, o tal, está dando um conselho a “cada um” contradizendo sua “filosofia” que prescreve o oposto. A não “colonização” via conselhos.

Estamos condenados à interação. Qualquer coisa que eu diga, tipo, “não estou nem aí!” será dito a alguém; ainda que eu gritasse na suposta caverna do eremita, ela me devolveria o eco.

O que não podemos é impor nada a ninguém; mas, se nossos argumentos puderem, de alguma forma, ajudar na reflexão sobre as escolhas virtuosas da vida, isso será uma iluminação, invés de uma invasão colonizadora.

Nossos cérebros nasceram virgens de conhecimento. Cada “invasão” plantou algo neles; somos, em nossas percepções, o resultado disso. O que é uma boa leitura, senão, o nos colocarmos à mercê da luz alheia, em busca da ampliação da nossa?

Benditos “colonizadores” que araram os campos de nossa ignorância e plantaram alguns girassóis, essas plantinhas que, pela cor e o movimento, parecem sempre, querer mais luz!

Se em meu apreço adjetivei a aversão a isso de desonestidade intelectual, a busca pela luz, Salomão atribuiu aos justos; “A vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito.” Prov 4;23

O salvo raiz

“Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.” Mat 13;6

Pessoas meramente emocionais, aceitam velozes as novidades que ouvem, acoroçoadas por um estado de ânimo pontual; mudado esse, mudam também. Os que haviam “crido” no Evangelho, quando eufóricos, descreem, em face às adversidades.

Seu câmbio de ânimo, patrocinador das escolhas adversas, foi figurado como sendo uma semente que caiu sobre pedregais; nasceu rápido, e logo morreu.

A raiz forma-se concomitante ao crescimento das plantas; à medida que, folhas, galhos, caule se fazem maiores, igualmente as raízes, para o necessário sustento das mesmas.

Se, o crescimento da raiz é automático, necessário, num processo natural, (exceto na que nasce sobre pedras) no caso do aspecto intentado na figura, a alma humana e seus desdobramentos ante a mensagem de salvação, o crescimento é opcional.

Os “sais minerais” que vigoram a planta, a partir das raízes, têm a ver com as escolhas. O Salmo primeiro alista algumas “pedras” a se evitar; “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Depois, aponta ao “regador” da vida espiritual; “Antes tem seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei medita dia e noite.” V 2

A seguir traz as consequências da venturosa escolha; “Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.” V 3

Agora não estamos mais nas raízes, embora, elas sejam a base, o sustentáculo de tudo; chegamos ao fim do plantio; os frutos. Uma árvore que frutifica não o faz para si mesma; antes para benefício alheio; de outros seres que se hão de alimentar dos seus frutos.

Esse altruísmo só o novo nascimento em Cristo possibilita, (o homem natural é refém do ego) ele que faz necessário o “segundo momento”, onde, após o deleite emotivo de um ambiente favorável, os homens precisam lidar com o deserto; isso, para “descontruir” os maus hábitos, que os impossibilitava de ver além dos próprios interesses. Aqui, os superficiais abandonam a caminhada; sua ideia de salvação contempla o comodismo de um processo indolor, como se pudéssemos tratar câncer com panos quentes.

Sua errônea leitura do que está em jogo acaba sendo uma traição a si mesmos; pós alguns passos na vereda da vida, voltam apressados à amplidão enganosa da morte.

Se, a terra em apreço é o coração, como interpretou O Autor da Parábola, Jesus Cristo, o tal, precisa ser mudado para produzir, enfim, o que O Santo Agricultor deseja. Por isso, o primeiro passo rumo à salvação, necessariamente será, rumo à cruz, para mortificação do ego; “Negue a si mesmo; tome sua cruz e siga-me.”

É necessária certa gravidade nos lábios dos que anunciam o Evangelho, para não serem geradores da falsa impressão que um alistamento militar é sinônimo de um convite para festa. Não estou forçando a barra nessa figura; Paulo a usou: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” II Tim 2;4

Bobos alegres que saem aludindo “vitórias” pontuais, numa carreira que, só quem chegar ao fim, vencerá, não passam de papagaios; aprenderam articular certos fonemas gerando a ilusão de falar. Pior; falar da parte de Deus.

“Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, porém, profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Falsos ministros são peritos em fazer isso; “desafiam” seus incautos ouvintes a entregarem seus problemas a Cristo. Assim, o homem ímpio seguiria no trono egoísta, e decidiria por si mesmo, o que quereria que se mudasse, e o que deveria seguir como está.

A abordagem bíblica e mais séria; “Entrega teu caminho ao Senhor; confia Nele...” Sal 37;5 “Buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua Justiça...” Mat 6;33 “Eu sei ó Senhor, que não do homem o seu caminho; nem do que caminha, dirigir os seus passos.” Jr 10;23

O Evangelho não foi dado para trazer conforto, tampouco, felicidade a quem devaneia, em plena guerra; antes, veio para trazer vida a quem estava morto; reconciliação a quem se fizera inimigo de Deus; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

“Coração” é uma figura para personalidade, mentalidade, uma mudança aí, é necessária para que nossos corações se tornem “boa terra”; “... transformai-vos pela renovação da vossa mente...” Rom 12;2
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sábado, 16 de setembro de 2023

Reputação; o céu dos homens


“Não erreis: nem devassos, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus.” I Cor 6;10

Paulo não pretendeu aqui uma lista exaustiva dos pecados que nos põem a perder; como se, eventual erro que não constasse nessa lista estivesse liberado. Como Deus sonda os corações, até mesmo a coisa certa, com motivação errada, indica um andar no amplo caminho da perdição.

O Salvador citou alguns que, teriam feito as coisas certas, porém, divorciando o ser, do fazer; como se, operando as coisas religiosas, descompromissados com as implicações morais e espirituais delas, bastasse para agradar a Deus. Tais apresentariam seus feitos como suas defesas; “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas?” Mat 7;22

Todavia, o caráter dos milagreiros em apreço não se alinhava às coisas que eles faziam; “Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;23

Muitos aquilatam O Nome Santo de modo enviesado; O tomam como sendo uma palavra mágica que santificaria atos, a despeito do modo de vida dos atores; é exatamente o contrário; os que aderem a Ele devem santificarem-se, antes de usarem Seu Nome de modo profano; “o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Assim o que conta para fim de salvação, não é o que fazemos em Seu Nome; mas, o que passamos a ser depois que Nele fomos identificados; “A todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, da carne, nem do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13 Se, Nele recebemos poder de sermos feitos filhos de Deus, isso significa que podemos agir como tais; não precisamos alterar os ditos do Pai e seguirmos atuando à nossa maneira.

A religião com seu falso brilho, simplesmente, pode criar uma reputação, uma aparência; os religiosos da época odiaram, perseguiram, mataram a Jesus; pois, a salvação é relacionamento com Cristo mediante Seu Espírito e Sua Palavra, não um apego superficial, a uma monotonia ritual. Ademais, reputação é uma febre humana que não leva a lugar nenhum.

Pela aversão que as coisas de Deus sofrem desse mundo que “jaz no maligno”, a tendência é que, os fiéis sejam atacados; “Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;11 e 12

Vaias e aplausos são o inferno e o céu dos homens; os salvos pertencem ao Céu Divino.

Assim, esforçar-se por fazer boa figura perante a sociedade ímpia, desconsiderando o necessário relacionamento com O Senhor, é pedir pães a quem só pode dar pedras, enquanto dá as costas ao Pão da Vida.

Os que ousam editar À Palavra, para que, suas perversões e seus desajustes sejam “normalizados” também estão apostando todas as fichas na reputação; desconsiderando a urgente necessidade de salvação.

Aqueles que aplaudem os erros aqui também serão réus lá, por ocasião do juízo; de que servirá o apoio deles? Podem cantar a plenos pulmões as vantagens de sua edição “inclusiva”; a senda da salvação segue ímpar, sóbria, exclusiva; “... Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” João 14:6

A lista que Paulo fez, tinha por alvo evidenciar as coisas mais grosseiras, acerca das quais, não resta dúvida quanto à perdição dos que nelas vivem; não passou um pente fino nos pecados, antes, arrolou os mais notórios, que podem ser vistos até pelo homem, que vê apenas as aparências.

A balela do “eu nasci assim” não cola. Todos nascemos em pecado, espiritualmente mortos; por isso o desafio a nascer de novo. Se, não tivemos culpa, inicialmente, antes herdamos de Adão, também não temos méritos para sermos salvos; mas, se desejarmos com toda alma e aceitarmos os termos Divinos seremos salvos pelos Méritos de Cristo que pagou o resgate em nosso favor.

Se, apenas aos que Nele creem O Senhor dá poder de serem feitos filhos de Deus, é porque, alienado Dele, ninguém pode.

Os que, ao se verem desajustados espiritualmente pretendem cortar porções da Palavra, invés de se deixar corrigir, negam a Deus em Seus Santos e Perfeitos Termos; o desafio é outro; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

A espada da língua


“Eu vos digo que, de toda palavra ociosa que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

O que seria palavra ociosa? Ocioso, inicialmente, nomeia ao que está desocupado, sem labor. Mas, esse predicado é humano, não de palavras. Ou as palavras trabalham?

Elas podem transportar um estado de ânimo, escolha, apologia, diatribe, ensino, informação, opinião, gosto, crença... é vasto o “trabalho” que eles podem fazer. Esse rol citado é atinente às funções probas na arte da fala. Pois, se essa se puser a serviço da improbidade, também laborará; porém, num trabalho sujo; poderá fomentar o desânimo, ofender, turbar uma escolha, defender o indefensável, ensinar vícios, heresias, mentir, blasfemar...

A palavra ociosa é uma linguagem figurada que significa, improdutiva, irrelevante, supérflua, sem função, inútil... Como diria o vulgo, não “infrói nem diminói”, dada sua futilidade.

Para Cristo, as coisas meramente da boca pra fora não têm valor; “... Este povo Me honra com os lábios, mas seu coração está longe de Mim.” Mc 7;6 Nesse caso, “infrói”, ao circunscrever o vão loquaz, no âmbito da hipocrisia, do qual se livraria, tão somente, guardando silêncio; “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio...” Prov 17;28

Assim, podemos entender o que O Senhor pretendia dizer quando depreciou às palavras ociosas. As falas desprovidas de sentido, de compromisso com a realidade, desejando apenas, aparentar algo, não, comunicar. 

Sabedor que as palavras têm “peso”, O Salvador aliviou para os discípulos, no momento que julgou oportuno; “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora.” Jo 16;12

É fácil pegar uma sentença e transformá-la numa espada, para, com ela ferir àquele/a de quem não gostamos, sem considerarmos que, aquele de quem mais gostamos, nós mesmos, também passará pelo crivo das palavras faladas; por elas será julgado. “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir.” Mat 7;2 Por isso, o conselho: “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a Lei e os profetas.” Mat 7;12

Escrevendo aos romanos Paulo denunciou a severidade inconsequente dos que pareciam ignorar que a fala é via de mão dupla. “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. Sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. Tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as, escaparás ao juízo de Deus?” Rom 2;1 a 3

Quando anunciamos o juízo Divino, os escolhidos para isso devem fazê-lo, estamos apresentando algo que vale primeiro para nós, depois, para outrem que desejar alinhar seu viver aos Divinos padrões. 

Ao anunciarmos A Palavra, não estamos “subindo a régua” pelo prazer de fazer isso; nos está posta essa incumbência. Quem frui determinada luz não tem direito de andar no escuro. “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, poderoso para também refrear todo o corpo.” Tiago 3:1 e 2

Agora, invés de ociosa, a palavra aparece como pedra de tropeço. Na verdade, é A Palavra, que nos possibilita que andemos sem tropeçar; “Lâmpada para meus pés é Tua Palavra, luz para o meu caminho.” Sal 119;105

O que cremos, vivemos e ensinamos, faz parte do livro de nossas vidas; “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; e o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram o Senhor, e para os que se lembraram do Seu Nome. Eles serão Meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.” Ml 3;16 e 17

A facilidade de alcance e difusão, via redes sociais, deixa patentes duas coisas; a predisposição para ensinar, mesmo naquele que ainda não aprendeu; e a veemente aversão à correção, por tênue e educada que seja; o direito de alguém ser estúpido é aquilatado como mais importante que a necessidade de ser iluminado. “Não se meta na minha vida!”

E, a turba insana do, “O Senhor me mostra”, “O Senhor me diz”, não se dá ao trabalho de ler À Divina Palavra, para conhecer o que O Santo diz, a todos. A possibilidade de agir de modo mentiroso, profano, é um “direito” particular, que o tal, não negocia.

Ocorre-me um provérbio hindu: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio.”

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Medo alheio


“No amor não há temor, antes, o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena; o que teme não é perfeito em amor.” I Jo 4;18

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”
, como ensina Salomão; mas, a excelência reside acima disso. Nos domínios do amor. 

Obedecermos a Deus apenas porque as consequências da desobediência assustam, (o temor tem consigo a pena) é melhor que a desobediência, óbvio; mas, ainda é rudimentar.

Quando a motivação da nossa obediência já não forem os sobressaltos do medo, antes, o constrangimento do amor, então, teremos chegado onde O Senhor deseja.

Obediência irrestrita pode bastar para salvação; mas, no prisma desejado pelo Eterno, o do amor correspondido, nossas digitais não aparecerão. Invés de, não farei isso porque é proibido, o que ama pensaria: Não o farei; por que entristeceria ao Espírito Santo? Sua motivação não é egoísta, antes, derivada do amor; o amor, “... não busca seus interesses...”

Obediência requer comandos externos, que outrem nos diga o quê. O amor move-se em nosso íntimo, e nos constrange a expressá-lo com coisas que não nos foram ordenadas. “Assim também vós, quando fizerdes tudo que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.” Luc 17;10

Inúteis no prisma do amor, do que, requisitado a andar uma milha, anda duas.

Esse “somente o que devíamos” subentende que Deus deseja algo mais. Nada de errado com a obediência, entenda-se; porém, a motivação dela deve ser maior que o medo. “Se me amais, guardai os Meus mandamentos.” Jo 14;15 “Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; aquele que Me ama será amado de Meu Pai; Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” Jo 14;21

O amor e a obediência lado a lado; aquele, como motivo, essa como expressão.

Mateus fez assim, quando da sua chamada. O Senhor passou pela alfândega e o desafiou: “Segue-me”. Tivesse feito isso apenas, e teria obedecido. Todavia, adiante lemos: “Aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores; sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos.” Mc 2;15

Ele não apenas seguiu; antes, convidou Jesus à sua mesa, bem como, a muitos colegas de trabalho, outros publicanos para que também esses ouvissem do Mestre. Podemos dizer que Mateus andou a “segunda milha” no início da caminhada, já.

Como ensina A Palavra, “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus...” I Cor 2;14 Para os tais, primeiro, a fé é cega; depois, nos “escondemos atrás da Bíblia”, os que cremos.

Na verdade, a fé pode tocar a dimensão onde os olhos naturais sequer sonham chegar; fortalece o andar de quem crê sem necessidade do frágil apoio das vistas; “pela fé, (Moisés) deixou o Egito não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Mas, observaria o mais atento, eu estava falando do amor, e de repente me vejo a versar sobre a fé; são coisas distintas. São, deveras, mas costumam andar juntas. “Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.” Gál 5;6

Aqueles ritos vindos de ordens, que poderiam ser feitos por medo, apenas, eram inferiores à operação da fé, porque essa deriva do amor. Paulo alistou todos os dons, e os aquilatou como inúteis, se, divorciados do amor, que lhes empresta significado.

Quanto ao esconderijo, sim, nos escondemos. Não num compêndio de textos; numa Bendita Pessoa; “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará...Ele te cobrirá com Suas Penas, e debaixo das Suas Asas estarás seguro...” Sal 91;1 e 4

Só procura um esconderijo quem consegue identificar o perigo que ronda. Esse mundo está em célere rota de colisão com O Juízo Divino, todavia, não sente necessidade de se esconder.

Diante de uma calamidade, como agora, no sul, as pessoas se solidarizam, socorrem, lamentam. Mas, se metade do Estado agoniza ante essas coisas, a outra metade se preocupa em bailar e comemorar a “Semana Farroupilha”; no auge da pandemia também foi assim, invés de contrição, mudança de mente em face da praga, a maioria não via a hora de caírem as restrições para a volta da diversão.

Como o amor a Deus requer, contíguo, o amor ao próximo, o que ignora à sorte alheia e pensa só em seus prazeres, ama a isso apenas. Se não teme, é por loucura, não por amor.

Quem ama deveras, não teme por si, mas sofre medo alheio, vendo tantas pessoas inconsequentes indo ao encontro da morte, como quem vai a uma festa.