domingo, 20 de agosto de 2023

A bênção do trabalho



“Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.” Ecl 3;10

Nem todos frequentam a essa “academia”, onde O Criador nos exercita. Muitos preferem colher os frutos do trabalho alheio, ainda que, para isso careçam usar rótulos “filosóficos” como “igualdade, justiça social...” para camuflagem da inveja e preguiça.

Assim sendo, onde os tais governam, sempre os países acabam em miséria da maioria, e riqueza do ditador e seus amigos; por quê? Porque os de índole laboriosa são desencorajados ao ver o fruto de seu trabalho ceifado por outros; os ociosos por convicção seguem sendo o que são; paparicados por migalhas populistas, enquanto a economia permite, depois, partilham a miséria comum.

Isso fez a pobreza de dezenas de nações; mas, tem “intelectuais” que defendem, e “idiotas úteis” que dariam as vidas a demandar por “igualdade”.

O trabalho é uma bênção, embora, nem sempre seja assalariado como deveria. O mundo é injusto não por causa de um sistema de governo; mas, por causa de uma filosofia adoecida, da qual a imensa maioria padece, onde o circo é regiamente pago, enquanto, o trabalho, não.

Muitos jogadores de futebol, cuja contribuição para o progresso da vida é pífia, ganham num ano, fortunas que seriam incapazes de gastar durante a vida toda.

Uma atriz pirralha, que mal chegou à vida adulta, falou de 18 milhões de reais, coisa que 90% dos trabalhadores do país não ganharão em suas vidas inteiras, ela tratou isso, como ninharia; algo a se abrir mão para não ser “incomodada.” Dizem os que conhecem os meandros, que, deveras, é ninharia; pois, a fortuna dela chegaria perto dos 200 milhões. Algum “socialista” acha isso um disparate? Levantaria sua voz contra?

Qual a contribuição que os atores e atrizes, joguetes do sistema amoral, que atuam para difusão da destruição dos bons costumes e valores, trazem à vida? Todavia, essas inutilidades são endeusadas e fazem parecer o salário de um mega empreendedor, dinheiro de pinga. Esse, é odiado pelos “socialistas”; perde seu sono para bem gerir seus negócios que criam empregos, riquezas; e quando governados pelos canhotos são extorquidos por cargas tributárias onerosas, pois, os zangões carecem sempre mais e mais.

Os sinistros silenciam quanto às mega fortunas dos circenses, enquanto deploram empreendedores. Sendo preguiçosos por índole, escolhem o caminho mais fácil. Lhe é ameno atacar abstrações como “elites, grandes fortunas, capitalismo, exploração...” Denunciar as celebridades nababescas, dando nomes aos bois, os indisporia com a mídia, e os adoradores das mesmas.

O problema desses não é com as riquezas mal distribuídas; antes, é por ver seu pretendido pão do outro lado do balcão do trabalho; esse “preconceito” os incomoda.

Trabalho é uma bênção, que o digam os desempregados. Livra do tédio, da miséria; exercita nossas almas e corpos.

Quando, após a queda O Criador disse a Adão: “Do suor do teu rosto comerás o teu pão”, não estava criando o trabalho como parte do juízo pelo pecado. Ele já existia antes da queda. O que O Eterno fez, foi transferir para o homem a “pasta” da gestão do próprio pão. Antes, era responsabilidade Dele. Como o homem aceitara a sugestão do inimigo, de autonomia em relação ao Criador, esse peso veio anexo. “Agora é contigo, Adão; peito n’água!”

Nossas almas carecem de um “exercício” paralelo, nas coisas de Deus, se, queremos que, o efeito da queda seja desfeito pela regeneração em Cristo, para que, nossas vidas se prolonguem além daqui. Paulo ensina: “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Outrora, houve alguns “esquerdistas” na igreja que Paulo tratou de situar: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” II Tess 3;10

Atravessou o tempo um dito: “Trabalhe fazendo o que gostas, e não terás que trabalhar.” A coisa parece bonitinha, mas, não resiste a análise de quem não padece preguiça mental. Ter uma atitude positiva ante a vida, otimista, é sempre saudável. Porém, do trabalho, a motivação que nos atira em seus domínios é seu fruto, não, prazer em fazê-lo, salvas raríssimas exceções; alguns do circo, talvez.

Salomão também falou dos “comunistas”: “Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar; um pouco a repousar de braços cruzados; assim sobrevirá tua pobreza como o meliante, e tua necessidade como um homem armado.” Prov 6;10 e 11

Enfim, o trabalho é salutar, parte da bênção do Eterno; “comerás do trabalho das tuas mãos... assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.” Sal 128;2 e 4

sábado, 19 de agosto de 2023

Obras abandonadas


“... Este homem começou edificar e não pôde acabar.” Luc 14;30

A hipotética obra inconclusa derivara da falta de previdência do construtor, que, empreendera-a sem um correto cálculo de custos, antes.

Figura usada pelo Salvador, falando aos que pretendessem rumar à salvação, sem calcular o preço da travessia, antes de iniciarem a marcha. “... qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo.” v 33

Pensamos em “poder” como uma força, capacidade de conquista, autoridade, domínio; entretanto, o requerido pelo Mestre foi a ousadia de renunciar. Quem não renuncia tudo, não pode.


O lapso de essência no “cristianismo” atual, nem é tanto porque as pessoas se recusam a deixar coisas por Cristo. Os próprios pregadores, em sua imensa maioria, ciosos mais por conseguir aplausos que conversões, omitem essa necessidade, “alargando” à porta estreita, ao arrepio dos ensinos bíblicos.

Invés do, “negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me,” os mestres da moda se dispõem a tudo, até editar à Palavra, para que os mortos espirituais não tenham arranhado seu conforto, em seus ímpios leitos, embalados pelos cantos de ninar dos, igualmente ímpios, pregadores.

Essa simbiose maligna foi antevista: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Evocando argumentos em favor da sua autenticidade, Pedro disse: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos Sua Majestade.” II Ped 1;16

Fidelidade à Palavra está em oposição às fábulas, o que, qualquer mente razoavelmente criativa pode engendrar.

Uma forma de não acabar o que foi começado é desviar-se em busca de “facilidades”, oferecidas pelos mestres da adulação. Vivemos uma geração melindrosa até, às críticas, o que dizer das perseguições? Pedro ensinou como lidar com as falas alheias: “Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo.” I Ped 3;16

Uma obra física empreendida durante certo tempo, uma vez abandonada, queda estanque, na mesma estatura e forma. Se foram colocados os tijolos e telhado, faltou acabamento, assim seguirá em seus dias de abandono. Se, alguém a retomar, partirá daí; do que estava edificado. A obra espiritual não tem as mesmas características.

Por ser a vida, algo que flui, move-se nessa ou naquela direção, quando a fidelidade ao Senhor parece difícil, e alguém a começa negligenciar, esse, não para onde estava; recua. Por isso, O Eterno adverte: “Mas o justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;38 e 39

Se, crer está em oposição ao recuo, óbvio que esse é um sinônimo de que se começa a duvidar. O problema maior da incredulidade não é que, um pouco dela pode abalar a fé de alguém; antes, que a existência desse pouco, se torna uma “cabeça-de-ponte" por onde o inimigo conseguirá descer seu arsenal de mentiras, tornando aquele pouco, num muito de escuridão.

O Evangelho que parecia difícil com suas demandas por santidade, de repente, não mais é; desaparece; a consciência cauteriza a as demandas silenciam. “Se ainda nosso Evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Um pouco de desconfiança, uma infidelidade aqui outra acolá; uma adesão eventual a um pregador mais “inclusivo”, e breve, nossa cegueira fará tatearmos na pele da morte presumindo tocar na vida.

Não importa a gritaria global, as pechas mentirosas que tentam colar nos mensageiros fiéis; tampouco, se reescreverão a Bíblia às suas maneiras; Deus segue no mesmo lugar, bem como, Suas sentenças: “Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a Lei do Senhor está conosco? Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram A Palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm?” Jr 8;8 e 9

Enfim, quem começa e abandona, apressa-se à sujeira após o banho. “... melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;21 e 22

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

O processo



“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

Parece relativamente simples; fazermos a vontade de Deus, um pouco de paciência, e, alcançamos a promessa; vida eterna.

Porém, se a síntese teórica pode ser contida numa sentença, o desenvolvimento prático não é tão mero assim. Fazermos a Vontade de Deus requer de nós o mais difícil de todos os enfrentamentos. Enfrentar a si mesmo; ou “negar a si mesmo”, como desafiou o Salvador.

E, não significa que, por ser a “peleja” contra um adversário apenas, seja mais fácil que outra, hipotética, contra muitos. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32 Vemos que a vitória contra um apenas, o ego, é mais onerosa que outra, sobre muitos.

Normalmente, para enfrentarmos a nós mesmos, carecemos descartar um monte de coisas que estiveram atreladas ao nosso modo pretérito de viver; o entendimento vivificado e renovado em Cristo, nos colocará, fatalmente, em rota de colisão com muitas ações antigas, hábitos, pessoas e suas predileções errôneas, das quais, em Cristo devemos nos afastar. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

A conversão é um desafio tão radical, que todos os dias teremos que mortificar anseios da velha natureza, os quais, pelejarão contra as diretrizes do Espírito, agora pulsantes em nossas consciências regeneradas.

Paulo chamou de “sacrifício vivo”, primeiro passo na necessária separação do mundo para, finalmente, conhecermos e experimentarmos à Vontade Divina. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

As pessoas com suas lógicas rasas e inclinações carnais, não têm condições de entender as mudanças que ocorrem nos que, tendo outrora vivido como elas, em Cristo, são guindadas a um patamar muito mais alto. “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;8 e 9

Essa ruptura de quando, passamos a “ver” as coisas espiritualmente, é adjetivada de modo oposto ao que acontece. Somos capacitados mediante a fé a ficarmos firmes como vendo o invisível; os que nos observam “leem” do seu jeito: “A fé é cega”; dizem.

Cogitarmos da necessidade de paciência depois de termos feito à Vontade de Deus, parece estranho; como se, O Divino Agricultor tardasse em segar uma messe madura; contudo, não é assim.

Depois de termos feito o querer do Eterno, o mínimo necessário para recebermos a Graça salvadora, ainda há o propósito horizontal, de usar nossas vidas em proveito dos semelhantes; um verdadeiro salvo não deseja morrer, antes, ser instrumento para levar outros à salvação. “Nisto é glorificado Meu Pai, que deis muito fruto; assim sereis Meus discípulos.” Jo 15;8

Sabermos esperar pelo tempo Divino, enquanto isso, laborarmos na Sua Vinha com fito de darmos frutos, é o que Ele requer de nós. O “depois” em apreço, não significa após a conversão, mas, após consumada a obra que devemos fazer com O Senhor.

Costuma-se dizer vulgarmente, quando alguém morre: “Descansou”. Será? Cristo tinha outra ideia sobre descanso. “Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

Esse repouso da alma não significa que não haverá mais fadiga; mas, que as agruras derivadas da alienação de Deus e consequente servidão ao inimigo não pesarão mais sobre nós. O fim da vida só significa descanso para quem parte no Senhor; “... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos; as suas obras os seguem.” Apoc 14;13

Notemos, por fim, que a paciência requerida não tem nada a ver com inércia; ela produz as obras desejadas pelo Eterno. A “Lei do retorno” recorrente nas filosofias de botecos não tem a ver, necessariamente, com as vicissitudes dessa vida; as recompensas devidas teremos na eternidade.

Por aqui, as coisas nem sempre estão no devido lugar “... há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e ímpios, a quem sucede segundo as obras dos justos...” Ecl 8;14 Para lidar com isso, pois, paciência.

domingo, 13 de agosto de 2023

Não perca o juízo



“... não julgais da parte do homem, senão da parte do Senhor, Ele está convosco quando julgardes.” II Cron 19;6

Josafá, rei de Judá, após uma infeliz empresa onde associara-se ao ímpio Acabe, fora repreendido por um profeta do Senhor; “... Devias tu ajudar ao ímpio, amar aqueles que odeiam ao Senhor? Por isso virá sobre ti grande ira da parte do Senhor.” v 2

Sendo rei poderia endurecer, ordenar a prisão do “enxerido” profeta; mas não, ele temeu. “O sábio teme, e desvia-se do mal, o tolo encoleriza-se, e dá-se por seguro.” Prov 14;16 Ele cometera um erro, sim; mas, não era tolo. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Então, estabeleceu juízes na terra, conscientizando-os da Divina presença; que aquilo não era uma brincadeira a ser feita pelo arbítrio humano; era algo sério a ser empreendido no temor do Senhor. “Ele estará convosco quando julgardes.”

Ah, se nossos juízes, que julgam a partir de afinidades ideológicas, com pesos e medidas diferentes de acordo com o réu, julgassem segundo a reta justiça!!

Quando O Eterno falou com Salomão, facultando-lhe os tesouros celestes, “Pede o que queres que Eu te dê” I Rs 3;5 , o rei pediu sabedoria para julgar. “A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar Teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este Teu tão grande povo?” V 9

Muitos fizeram um conveniente biombo atrás do qual pretendem esconder suas predileções pecaminosas, usando de forma astuta e indevida, uma fala do Salvador; “Não julgueis, para que não sejais julgados.” Mat 7;1

Pronto. Basta que eu faça vistas grossas aos erros alheios, não julgue a ninguém, e também não serei julgado; cada um na sua e Deus por todos. Será? O verso seguinte ensina qual a consequência do juízo temerário. “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, com a medida com que tiverdes medido, hão de medir-vos.” Mat 7;2

Portanto, se eu julgo a atuação de alguém segundo meus motivos, inclinações, simpatias ou antipatias, dou ao meu próximo o direito de fazer o mesmo contra mim. Esse é o sentido do “Não julgueis.”

Os que o fazem no temor de Deus, são os que já tiraram as traves dos próprios olhos e podem ver um cisco no olho alheio. O mesmo juízo Divino, com o qual exortam ao semelhante, aplicaram já contra si próprios. Pois, desse julgamento, gostando ou, ninguém escapará. “... a Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia. Porque Eu não tenho falado de Mim mesmo; mas o Pai, que Me enviou, Ele Me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.” Jo 12;48 e 49 e “... todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo...” II Cor 5;10

Um ministro da palavra, ou quem vive na congregação dos santos, o mínimo que se deve esperar dele é que conheça os ensinos celestes e segundo eles possa aquilatar as coisas.

Paulo censurou aos coríntios, que, por querelas insignificantes expunham suas diferenças ante ímpios, invés deles mesmos julgarem, ou, sofrerem o dano, até, invés de escandalizarem à Igreja do Senhor. “Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os anjos? Quanto mais, coisas pertencentes a esta vida?” I Cor 6;1 a 3

Os que nasceram de novo em Cristo e tiveram suas consciências vivificadas no Espírito, qualquer coisa que julguem, sobretudo, as próprias, não serão eles só; “O Senhor estará convosco quando julgardes.”

É função da consciência; dar ciência ao seu hospedeiro acerca da Vontade de quem o criou; Deus. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita, nem para esquerda.” Is 30;21

Quando pensamos no ensino, que a fé sem as obras é morta, normalmente cogitamos sobre o que devemos fazer; porém, somos informados também, sobre o que não fazer, para andarmos segundo Deus; carecemos de fé e obediência, para sermos aprovados nisso.

O código pelo qual seremos julgados está ao alcance comum; A Palavra de Deus. Quem obedece-a, não entrará em juízo; Cristo sofreu sua pena. Juízos pontuais, da pregação, atuam para que evitemos o juízo final. “Quando julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” I Cor 11;32

sábado, 12 de agosto de 2023

Corações sujos


“Porque adulteraram, sangue se acha nas suas mãos; com os seus ídolos adulteraram; até os seus filhos, que de mim geraram, fizeram passar pelo fogo, para os consumir.” Ez 23;37

A denúncia do Senhor contra Israel e Judá. Ambas as casas foram figuradas como mulheres infiéis.

O adultério se dá pela infidelidade afetiva, onde dois, tendo pactuado viver um para o outro, por um desejo doentio acatado, algo estranho à relação é inserido de forma ilícita, na mesma.

O adultério espiritual é semelhante. Tendo alguém feito aliança com Deus, para a qual, a primeira qualidade esperável é fidelidade, qualquer outro alvo que seja, eventualmente, depositário de nossa fé, objetivo de culto, adoração, será espúrio à relação; envolvendo-nos com ele, estaremos cometendo adultério.

Os adúlteros de então, ofereciam os próprios filhos em sacrifício. “... até seus filhos que de Mim geraram, fizeram passar pelo fogo...”

Um parêntese aqui: Quando se comemora Dia das Mães, dos Pais, muitos atribuem a esses a ventura de dar a vida. Que devam ser honrados, de acordo, A Palavra de Deus o prescreve; porém, não são fontes de vida; antes, meios pelos quais O Eterno dá novas vidas ao mundo; sua prole, são “filhos que de Mim geraram” diz O Senhor. Sem Sua bênção somos estéreis.

Gibran escreveu: “Vossos filhos não são vossos filhos; são filhos da ânsia da vida por si mesma...” Pois, discordando um pouco, são filhos da graça do Criador, que galardoa com o dom de gerar vida.

Quando apresentaram ao Salvador a objeção sobre a sequência da relação carnal na eternidade Ele ensinou: “Os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, a ressurreição dentre os mortos, não hão de casar nem ser dados em casamento; porque já não podem mais morrer; pois, são iguais aos anjos, são filhos de Deus, e da ressurreição.” Luc 20;35 e 36 Porque aqui morremos todos os Dias, O Doador da vida faz com nasçam mais; na eternidade não será necessário.

Se, os filhos fossem mesmo propriedade estrita dos pais, poderiam deles dispor como quisessem. No entanto, sacrificá-los aos ídolos equivalia a assassinato; “... sangue se acha em suas mãos...” estavam cometendo crimes contra O Doador da vida, privando-as da viver, por motivos abomináveis; cultuar ao produto de suas doentias imaginações, em desobediência para com O Senhor.

Uma característica do adúltero é a ambiguidade. Não fosse assim, deixaria alguém, seu cônjuge, partindo para nova relação. Mas não; ele mantém uma relação espúria enquanto finge fidelidade.

Os adúlteros espirituais faziam da mesma forma. Depois de seus cultos abomináveis, aos ídolos de sua própria fabricação, “voltavam para casa” como se nada tivessem feito; “Porquanto, havendo sacrificado seus filhos aos seus ídolos, vinham ao Meu santuário no mesmo dia para o profanarem; assim fizeram no meio da Minha casa.” v 39

A duplicidade que fazia, uma hora clamar ao Senhor, outra, dirigir rogos a um ídolo, foi denunciada pelo profeta Elias: “Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.” I Rs 18;21

Coração duplo; denúncia reiterada na Epístola de Tiago, sempre foi um mal presente na maioria dos humanos. Se, isso derivasse de uma oscilação lícita, entre duas alternativas, igualmente válidas, seria menor mal. Porém, cotejar ao Todo-Poderoso, colocando-O em pé de igualdade com um fantoche de terra, aí a coisa é nefasta mesmo.

Por isso, um coração duplo, antes de mais nada está sujo, impuro. “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

Deus É O Único, e faz questão de situar aos deuses alternativos; “... Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão da terra e de debaixo deste céu.” Jr 10;11 “Eu Sou O Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

A ambiguidade mais comum atualmente é entre Deus e o dinheiro, mal, denunciado pelo Salvador. “Ninguém pode servir dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e Mamom.” Mat 6;24

Quem conhece a Deus, não tem espaço para mais nada, no prisma espiritual. Embora inda viva nesse mundo, não é mais dele em seus valores, conceitos, modos de vida; O Espírito Santo que nos habita É Fiel, e conduz-nos na mesma senda; “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que, amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Saber calar


“Vós, porém, sois inventores de mentiras; todos, médicos que não valem nada. Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;4 e 5

Os amigos de Jó, dado o grande infortúnio que se abatera sobre ele, tiveram dois momentos distintos; primeiro, uma longa empatia silenciosa; “Assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” Cap 2;13

Admirável postura!! Dado o respeito que sentiam pela dor do amigo, ofereceram apenas suas presenças e solidariedade, sem nenhuma fala que, talvez pudesse piorar o que já estava ruim.

Sejam sentimentos de alegria, sejam de dor, apenas o coração de quem sente pode avaliar direito. “O coração conhece sua própria amargura, e o estranho não participará no íntimo, da sua alegria.” prov 14;10 As palavras certas no momento certo podem trazer algum alívio; não, mensurar a dor.

Tendo Jó extravasado seus lamentos, também seus amigos pensaram que deveriam falar; fazendo assim, deixaram seus achômetros teológicos suporem que, se Jó estava debaixo de tão dura sorte, só poderia ser por causa de muitos pecados cometidos; Deus o estaria julgando por isso; desse modo o exortaram ao arrependimento e mudança de rumos, sem nenhuma base sólida onde ancorar seus temerários argumentos.

Se, a presença deles ensejara alguma nuance de esperança em Jó, quando começaram a falar, essa esperança se desfez, dando assento à decepção; “Vós, porém, sois inventores de mentiras; todos, médicos que não valem nada. Quem dera que vos calásseis de todo, pois isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;4 e 5

Identificara neles a pretensão de “medicarem” sua alma; mas, quando fizeram seu “diagnóstico” ele perdeu a esperança.

Se, houvera um momento em que o infeliz desejara que eles falassem algo, quiçá, que servisse de consolo, então, desejava que eles calassem a boca. Invés de um filosofar “lógico” Jó esperara que eles tivessem compaixão; “Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso.” Cap 6;14 Não era o momento de investigar buscando razões, mas de oferecer amparo.

Às vezes me ocorre um provérbio hindu: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.” Pois, naquele caso, as falas se revelaram muito piores.

Jeremias escreveu: “Bom é ter esperança, aguardar em silêncio a salvação do Senhor; bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade. Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele.” Lam 3;26 a 28

Se pesa sobre nós um jugo colocado pelo Senhor, não será nosso barulho, nem, eventuais bravatas que o removerão. Na verdade, somos exortados a tomarmos o Jugo de Cristo, e nos colocarmos como aprendizes. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

Quando pensarmos em falar apenas por falar, pela “necessidade” de dizermos alguma coisa, talvez seja o caso de repensarmos; pois, a excelência reside no encontro das palavras certas com a ocasião apropriada; “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita no seu tempo.” Prov 25;11

Tiago também ensina: “Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Tg 1;19

Se estamos inclinados a oferecer ajuda a alguém, mas, somos incapazes de avaliar direito o que, esse alguém precisa, as chances de que venhamos a colocar os pés pelas patas é grande.

Somos uma geração que vê; quase tudo se torna vídeo. Pouco ouve e quando o faz, normalmente, apenas tolera a fala alheia pensando no que vai responder; não ouvir deveras, buscando compreender e ser empático com o anseio alheio.

Muitas vezes as falas são máscaras, quando não, disfarces da vontade de não ouvir, como fizeram os algozes de Estêvão; “eles gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele.” Atos 7;57

Enfim, quando não somos capazes de entender as causas da dor alheia, podemos oferecer nosso apoio apenas, sem necessidade de falarmos de modo inadvertido.

No momento oportuno, O Próprio Deus falou e recolocou os pingos nos is. “... A Minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não falastes de Mim o que era reto, como Meu servo Jó.” Jó 42;7

“Não te precipites com a tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras.” Ecl 5;2 e 3

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Os ateus


“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus...” Sal 14;1

O ateísmo, antes de ser uma negação externa, já fez seu estrago dentro de quem o professa; “disse o néscio em seu coração...” Apenas Aquele que “sonda os corações” pode ouvir.

Numa conversação interpessoal, natural que estipulemos regras, ou apreciemos a atuação de cada um. Certa equalização é necessária, dado o comum ponto de partida; a semelhança entre os homens. “O tolo discute pessoas, o sábio discute ideias.” Segundo axiomas assim, identificamos cada um.

Em se tratando do Eterno, Ele não discute; revela. Sua “matéria-prima” não é o produto de uma investigação filosófica; antes, a posse de toda sabedoria. Então, adjetivar à pessoa, “néscio” antes da sua ideia, “não há Deus”, da Divina perspectiva, é colocar o carro e os bois nos devidos lugares. Pois, é esse combate contra o óbvio, que qualifica ao combatente. “Senhor, Tua Mão está exaltada, nem por isso a veem...” Is 26;11

O Santo não tem nenhuma crise de identidade, tampouco, necessidade de aceitação; algo que o fizesse falar de modo mendicante, tipo: “Por favor, creiam que Eu existo!” Apenas revela graciosamente as coisas como são, e identifica pelas qualidades, ao que duvida; uma menção eventual, e segue Seu discurso.

A maioria das objeções dos ateus tem a ver com as limitações da capacidade humana em geral, independente da inclinação para crer ou duvidar, de cada um. Tentar acondicionar ao Senhor do Universo, Seu Ser e Seus Feitos, em nossa caixinha craniana, requer um milagre infinitamente maior que o de crer, o que fazemos, a despeito de muitas coisas escaparem ao entendimento.

Paulo deu pé na bunda da lógica quando desafiou a crer mesmo contra o alcance da compreensão; “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21 “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias...” v 27

Claro que isso contém um quê de ironia, pois, fez distinção entre a “sabedoria” do mundo e a celeste; “Falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;7 Depois explicou a “loucura”: “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens...” v 25

Chesterton diferenciou de modo didático o louco, ele chamou de poeta, dos racionais: “O fato geral é simples: A poesia é sensata porque flutua livremente em um mar infinito; a razão procura atravessar o mar infinito, e assim, o faz finito. O resultado é a exaustão mental... aceitar tudo é um exercício, entender tudo é um esforço. O poeta só deseja exaltação e expansão, um mundo no qual se possa estender. O poeta só pede para colocar a cabeça no céu. É o lógico que procura colocar o céu na cabeça. E é a cabeça dele que se espatifa.” G. K. Chesterton “Ortodoxia” pg 19

Ateus, chamam à fé de cega, porque eles não conseguem ver em sua dimensão. Exigem explicações onde a demanda é por confiança, entrega. O entendimento só é dado após a reconciliação; eles exigem entender antes, para pensar se aceitam as Divinas condições.

Aquele que “colocou a cabeça no céu”, não tem necessidade de provar nada, mediante ditames lógicos; pois, foi guindado acima disso; “Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Ele.” I cor 2;12

Pior que o ateu, contudo, é o idólatra que faz deuses de suas conveniências, mesmo que, os de agora sejam a negação dos de ontem. Em seu Olimpo confuso há espaço para tudo; exceto, O Eterno.

O ecumenismo, essa obscenidade é um exemplo assim; “fora da Igreja católica não há salvação” diziam; agora, todos os espantalhos que os homens usaram, ao longo das eras, para proteger as sementes das suas conveniências são igualmente válidos; salvação deixou de ser uma necessidade urgente das almas, para ser uma demanda do planeta. “Crimes ecológicos” são graves; pecar contra O Santo, tudo bem; Deus É Amor!

Pior que a negação de Deus, a loucura de alguns, é a profanação do Santo, a ruptura com Seus ensinos e a usurpação de Seu lugar. “Rompamos as Suas ataduras, e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;3

O seu medo da luz, a que revelaria suas almas como elas são, tolhe também que vejam em que tempo estão. O “Titanic” está fazendo água, e eles se divertindo. Há botes para todos, mas preferem naufragar a se render.