domingo, 26 de setembro de 2021

A contenda e seus porquês



“Direi a Deus: Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo.” Jó 10;2

O Eterno não toma em conta os tempos da ignorância, logo, não condenaria ninguém que pretensamente O servisse, sem dar ciência das causas. “Acaso não faria justiça O Juiz de toda a Terra?”

Quando, enfim, falou com Jó, não explicou cabalmente os motivos da “contenda”; apenas situou-o, sobre a devida distância entre criatura e Criador; por fim, justificou ao arrependido Jó, e o abençoou.

Resta aberta essa questão: Por quê Deus contende com o homem?

Não se trata de uma percepção particular de Jó; O Eterno mesmo dissera, antes do Dilúvio: “... Não contenderá Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne...” Gn 6;3

O óbice é que o homem “também é carne”; Deus É Espírito; então, a carne atrapalharia que o homem tomasse o rumo desejado; será? O Novo Testamento traz: “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24

O “Negue-se” equivaleria a: Contenda consigo mesmo, mortifique-se em sua natureza má, para não contender mais com Deus. Cristo vos dá poder para tal; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Assim fazendo “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo O Espírito.” Rom 8;1

Daí, a cabal necessidade de regeneração, para andar com Ele; “... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;5

Se, ao frear a contenda, como consequência veio o juízo do Dilúvio, uma conclusão se faz necessária: Ele contende com o homem no intento de salvar, para não precisar julgar. Se, desistisse dessa liça teria desistido de salvar. Bendita contenda!

Diferente das disputas humanas, onde concorrem coisas rasas, emulações, invejas, vaidades, orgulho, etc. A peleja de Deus conosco é para que andemos por caminho reto, vivamos de um modo que Lhe seja aceitável.

Intentar pelejar alguém, contra O Todo Poderoso seria ridículo; “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Que se apodere da Minha Força, e faça paz Comigo; sim, que faça paz Comigo.” Is 27;4 e 5

Notemos que a “Vitória” intentada pelo Santo é nossa reconciliação; “Se apodere da Minha força, (Cristo, O Braço do Senhor) e faça paz Comigo.” Arrependa-se. “Gloria a Deus nas altura, paz na Terra; boa vontade para com os homens.” Luc 2;14 Cantaram os anjos na Sua Vinda.

A luta é, antes de tudo, uma persuasão espiritual; peleja pela nossa obediência mediante Seu Espírito; “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

No Antigo Pacto as diretrizes do Espírito eram dadas através de um líder; eles não seguiram e recrudesceu a luta; “Mas eles foram rebeldes, contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

No novo, cada um em particular é chamado à reconciliação através de Cristo, Único Mediador. Claro que, para triunfar com Ele, no âmbito do Espírito, o homem caído e morto careceria de renovo espiritual; então, “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

A peleja nunca foi Vontade Divina; o homem foi criado à Sua Imagem para a comunhão; mas, surgiu um perverso que semeou mentiras e rompeu a amizade que deveria ser eterna. “O ... perverso instiga a contenda, o intrigante separa os maiores amigos.” Pro 16;28

Diz um provérbio que tempos fáceis fazem homens fracos; um Paraíso ao dispor, estava fácil demais. Adão resolveu “apimentar” a relação aceitando a sugestão de desobedecer. Confiou na balela do orgulhoso que queria ser como Deus, invés de confiar Naquele que É; “O orgulhoso de coração levanta contendas, mas o que confia no Senhor prosperará.” Prov 28;25

O complemento do provérbio é que, tempos difíceis fazem homens fortes; esse é o problema; nossa “força” atua contra; temos que negar-nos; quanto mais fracos de presunções e justiça própria estivermos, melhor.

“Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5 Paulo ampliou: “... me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” II Cor 12;9

O pecado do orgulho nos maldiz; vencido esse teremos paz; “Lança fora o escarnecedor, e se irá a contenda...” Prov 22;10

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