quarta-feira, 8 de setembro de 2021

A fé e suas certezas


“A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Um fundamento é base para que se edifique sobre ele; não é um fim em si mesmo, antes, o assento a algo maior, para o qual foi posto. Sendo a fé fundamento de coisas que se esperam, a edificação dessas é o propósito daquela.

Muitos assemelham fé com mera confiança, expectativa, pensamento positivo e coisas assim; mesmo sendo possível que essas inclinações naturais usem o nome de fé, é mui diversa disso, a fé bíblica, na qual somos instados a andar.

Ela não paira sobre o vácuo; tem conteúdo expresso, e não se alinha às inclinações naturais, dada sua Divina origem. Deus é Fiel tanto quando nos disciplina, quanto, quando nos consola; a fé sabe disso. “Porque O Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” Heb 12;6 e 7

Então, que coisas devemos esperar, se temos fé em Deus? Nada além do que Ele prometeu. Se, no âmbito natural cada um pode acreditar no que quiser, no espiritual, para os renascidos em Cristo, se veta que migrem para além do que está escrito. “Para que, por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos firme consolação, nós, que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” Heb 6;18

Sabendo isso, que pela Sua Integridade Santa, é impossível que Deus minta, resulta que, o que nos prometeu, mesmo habitando ainda no âmbito da esperança, já pode ser tido como certeza, pela fé; “Mas, desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até o fim, para completa certeza da esperança;” Heb 6;11

Agora, se devanearmos com coisas alheias ao prometido e nelas anexarmos nossa fé, estaremos traindo a nós mesmos, dando largas aos enganos do coração, onde deveria habitar tão somente A Palavra de Deus.

Os anseios da vista pedem algo palpável, a fé descansa no que só ela divisa; “Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência esperamos.” Rom 8;24 e 25

Vemos então, que mesmo a esperança, consorte da fé também prescinde da vista. Os que para “terem fé” carecem algo palpável, uma imagem, negam à fé, quando pensam exercê-la.

Se, a atuação plena da fé saudável em nós pode ensejar certeza, esse ensejo basta como “Prova das coisas que se não veem.” Pois da sua maneira, com seus olhos privilegiados, a fé já vê.

Quando diz que devemos reter a esperança proposta, não podemos ser seletivos, como se, as partes aprazíveis das promessas estivessem vigentes, as dolorosas pudessem ser olvidadas; não fizessem parte do “pacote” proposto.

Tanto valem as promessas de livramento, ajuda, consolo, salvação, quanto as que se referem às calúnias, perseguições, injúrias, aflições e ataques vários advindos desse mundo maligno e seu príncipe. Não sem motivo, aliás, a fé foi figurada como arma defensiva contra dardos maus. “Tomando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Ef 6;16

Esses dardos normalmente são sutis, atuam com fito de perverter à sã doutrina, fomentar desobediências tênues, até alienar as incautas vítimas, da salutar relação com O Pai.

Qualquer ensino, insinuação, conselho que traga em seu bojo algo que embace o conhecimento de Deus e Sua Palavra é um dardo maligno. “As armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Uma fé que não se coadune com obediência ao Senhor é fraude.

Muitos tendem a alinhar suas predileções naturais com a Vontade Divina; fazem o que querem, habitam em igrejas acostumados aos ritos religiosos, sem nenhuma transformação de caráter e pensam que seus desafetos são os mesmo de Deus. Deseja com toda “fé” a remoção dos óbices externos, alheios aos vícios que os habitam.

“Lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos em mim.” (Agostinho). 

Assim, devemos voltar nossa artilharia contra nossos próprios erros, más inclinações, para nosso aperfeiçoamento, antes de nos incomodarmos com os alheios. Tirar o cisco de nosso olho primeiro, como ensinou O Mestre. Precisamos fé para crer nisso também.

“A fé sobe pelas escadas que o amor construiu, e olha pelas janelas que a esperança abriu.” C. H. Spurgeon

Faz essas coisas sem descuidar dos espinhos que a prudência avisou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário