domingo, 5 de setembro de 2021

Olhando nos olhos


“Tens Tu porventura olhos de carne? Vês Tu como vê o homem?” Jó 10;4

Pergunta retórica; não deriva de uma dúvida, tampouco, deseja resposta. Apenas pretende realçar algo que parece óbvio, evidente.
Que Deus não vê da mesma forma que o ser humano.

Os olhares diferem no alcance; “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando maus e bons.” Prov 15;3 Chamamos Onipresença.

Na incidência; “... porque o Senhor não vê como vê o homem; o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Na valoração; o que ao homem parece prazeroso, como as tentações maquiadas pelos artifícios do prazer, com alegorias que visam ocultar-nos a maldade, ante Ele, desfilam nuas; muito do que o homem bebe com sofreguidão pelo desejo, Ele sofre pela repulsa. “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, a opressão não podes contemplar...” Hc 1;13

Enfim, esses tópicos não pretendem ser uma abordagem conclusiva sobre as imensuráveis possibilidades dos Olhos do Eterno; mas, suficientes para estabelecer a gritante distinção entre Seus olhos e os nossos, e ter por necessária a conclusão que, “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;13

Grande parte dos combates do Salvador foi contra a hipocrisia. O que é a mesma, senão, aparentar virtude vivendo de braços com o vício? Dos choques reiterados contra os esconderijos deste que se cunhou o provérbio: “As aparências enganam.” Na verdade são nossos olhos destreinados, privados de discernimento, que se enganam.

Alhures de escreve: “Quando Paulo me fala coisas de Pedro, sei mais sobre Paulo, que sobre Pedro.” Deveria ser assim. Discernirmos o fofoqueiro, invés de consumirmos a fofoca.

Mas, os “ouvidos treinados” para maldade assumem um lugar que deveria ser dos olhos, (entendimento) e patrocinam nosso engano em consórcio com a malícia. Não apenas as aparências enganam, pois; Nosso coração estragado pode muito mais; “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9

Então, quando ouço certo “Missionário” dizendo: “Só faça se sentires no coração”, me pergunto: De qual Bíblia ele tirou esse ensino?

A visão espiritual nada em águas mais profundas que aparências; tem seu consórcio com o entendimento, para, coabitando com esse, gerar o discernimento, a visão das coisas como realmente são.

Pois, no campo das aparências o canhoto pinta o feio de belo pescando incautos; no do entendimento obra construindo barreiras, para que a luz não nos clareie; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Os opositores dela, da fé, dizem que a mesma é cega; seu modo oblíquo de dizer que seus olhos naturais nada veem, onde ela incursiona segura, como que, vendo. Pois, “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Como numa lousa cheia de textos e rabiscos, seria difícil, quase impossível ler algo que fosse escrito sobre tal mescla de garatujas e letras, assim, o coração humano cheio de preconceitos, malícias, vícios, pecados, veria algo nos domínios espirituais sem ajuda do Alto.

A lousa seria alva, nossos pecados, o carvão que serve de “giz”; sem o bendito “apagador” que purifica, (O Sangue de Jesus) seguirmos cegos, mesmo Deus estando perto.

Paulo ensina que fomos colocados numa “redoma” de tempo e espaço, “Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;27

Por isso, a sentença: “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3 e a promessa: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5;8 Em tais corações, o que O Santo Escreve, pode ser lido.

Normalmente, o “conhecimento” vulgar, sobre O Eterno, deriva de platitudes, superficialidades genéricas que todos falam; Deus isso, aquilo. Isso não é conhecer, ter intimidade; apenas, tagarelar sobre.

Depois de dura aula numa “sala” muito escura, o mesmo Jó testificou que sua visão, finalmente se ampliara: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino e arrependo no pó e na cinza.” Jó 42;5 e 6

Vendo melhor a Deus, ele viu melhor à própria maldade. Quanto mais perto de Deus o homem estiver, mais longe estará do doentio e corrupto, si mesmo. Essa é a ideia da salvação, aliás; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”

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