terça-feira, 24 de agosto de 2021

O Santo Ourives


“Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4

A figura é de algo valioso maculado por imperfeições; as escórias. Como essas podem ser removidas no processo de depuração da prata, também o coração humano de vícios e culpas, pode ser purificado, aperfeiçoado.

O Eterno menciona Sua intenção de fazer isso, nos últimos livros do Velho Testamento: “Farei passar esta terceira parte pelo fogo; a purificarei, como se purifica prata, e provarei, como se prova o ouro. Ela invocará Meu nome, Eu a ouvirei; direi: É Meu povo; ela dirá: O Senhor é o meu Deus.” Zac 13;9

Em Malaquias, alude ao “modus operandi” do “Anjo do concerto;" “Assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi, os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão ofertas em justiça.” Mal 3;3

A predição feita por Zacarias é genérica; refere-se à santificação de todo aquele que pretende ser tido como povo de Deus. A de Malaquias é pontual; atina aos ministros do Santuário; então, “filhos de Levi”; hoje, obreiros na Casa de Deus.

A meta Divina é santificar todos os que Lhe pertencem; “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor;” Heb 12;14 Ou, “Porquanto está escrito: Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16 Porém, a santificação começa pelos que escolhe como instrumentos para difusão da Sua vontade, os obreiros.

Paulo, aliás, condiciona a aplicação de eventual disciplina somente a pessoas que têm intimidade com ela, conhecendo e vivenciando os seus benefícios. Noutras palavras, que desafiem ouvintes à purificação, estando vivendo nessa. “Estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” II Cor 10;6

Quando o Senhor pôs em relevo a vigilância, Pedro cogitou estarem, os discípulos, acima disso; que tais coisas se refeririam apenas ao povo comum. “Disse-lhe Pedro: Senhor, Dizes essa parábola a nós, ou também a todos? E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem O Senhor pôs sobre os Seus Servos, para lhes dar, a tempo, a ração?” Luc 12;41 e 42

Claro que cada um é responsável ante Deus por suas escolhas. Entretanto, quem foi posto na condição de atalaia, leva responsabilidades extras; a segurança de muitos está atrelada a si. Carece o tal, advertir de modo inequívoco sobre a aproximação do inimigo. 

Cabe emprestada uma figura que Paulo usou noutro contexto: “Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar.” I Cor 14;8 e 9

Ele aludia ao uso disciplinado do dom de línguas; mas, o que disse resulta veraz também no que tange à exortação contra infiltrações malignas na Doutrina da Salvação.

Então, as palavras inteligíveis e inequívocas advertirão conta ventos de doutrinas soprando; e só elas não bastam. Carece todo o líder espiritual o aval do testemunho coerente, que resulta sempre mais loquaz que palavras.

Infelizmente, muitos acenam com “prata” nos lábios mesmo cheios de escórias no coração. Esse é o modo de ser dos hipócritas que tanto vicejam por aí.

O pai de todos os hipócritas, aliás, é assim descrito: “As palavras do intrigante são como doces bocados; elas descem ao mais íntimo do ventre. Como o caco de vaso coberto de escórias de prata, assim são os lábios ardentes com o coração maligno. Aquele que odeia dissimula com seus lábios, mas no seu íntimo encobre o engano; quando te suplicar com voz suave não te fies nele, porque abriga sete abominações no seu coração, seu ódio se encobre com engano; mas, sua maldade será exposta perante a congregação.” Prov 26; 22 a 26

A exposição da maldade não é outra coisa senão a pregação fiel da verdade; A Palavra de Deus. Ela é pura em si mesma. A prata é que precisa ser reiteradamente refinada, para, enfim, assemelhar-se a Ela: “As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Sal 12;6

Em suma, para comungar ritualmente com o “Corpo de Cristo” somos exortados a um exame de consciência; “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.” I Cor 11;28 e 29

De igual modo devemos, ao ensinar ministerialmente, avaliar a fundo os nossos motivos, bem como a coerência entre vida e mensagem. Se ainda restam escórias em nossos caracteres, que a sã doutrina nos derreta primeiro.

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