sexta-feira, 7 de maio de 2021

O Segredo da Vida


“Aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?” Mat 19;16

“... que bem farei ...?” A ideia vulgar é de que a vida eterna seja algo que se possa adquirir de uma vez por todas; como se, alguém encontrasse a lendária fonte da eterna juventude; de posse dela, fruísse a vida ao seu bel prazer.

A pretensão de fazer algo em troca deriva de uma concepção errônea do quê, a dádiva significa. Antes que, uma posse estanque é um fluir no rio do viver, abdicando das próprias inclinações para andar pós a “Mente de Cristo.”

Embora o ingresso não se adquira por obras, uma vez tendo entrado, isso demanda um modo de viver específico, coerente com os valores do Rei Eterno. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Daí, “Resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Então, não fazemos boas obras para entrar; antes, a elas somos constrangidos porque entramos.

Eduardo Galeano via no inatingível, no utópico, a motivação necessária para nosso andar; disse: “A utopia fica mais pra lá, no horizonte; se, me aproximo dez passos ela se afasta outros dez. Então, para quê serve? Para isso; para caminhar”.

Outrem definiu que a meta comum é “chegar lá;” mas, “lá” é um alvo móvel que sempre avança um tiquinho à medida que andamos, como na utopia de Galeano. Assim, seríamos meros hamsters nas rodas exercitando-se no engano de caminhar.

Não obstante nosso “lá” também seja móvel e nos preceda de longe, donde podemos dizer como Paulo: “Esquecendo das coisas que para trás ficam prosseguimos para o alvo,” os que abraçam o chamado à vida eterna, têm objetivos a atingir; e são alcançáveis.

Inicialmente, edificação e santificação. Não que possamos lograr isso de nós mesmos; carecemos do Espírito Santo a nos edificar; “... aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp1;6

Para isso há uma “academia” onde Ele nos leva a “malhar” com vistas ao porvir; “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Tal exercício nos aperfeiçoa e enriquece com discernimento. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Ciente desses objetivos que Paulo, em Corinto, cidade sede dos “Jogos Istmicos”, provavelmente, após ver um boxeador treinado ilustrou a diferença usando essa figura. “Pois eu corro, não como a coisa incerta; e combato, não como batendo no ar.” I Cor 9;26

Se, a fé sem as devidas obras é morta, como ensinou Tiago, as necessárias a quem espera conviver eternamente com um Senhor Santo se voltam contra aquilo que tende a nos fazer profanos, as obras da carne. Então, invés de bater no ar, - disse Paulo - “Subjugo meu corpo; o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;27

Aqueles para os quais O Senhor multiplicara pães e peixes, no calor da excitação natural também se dispuseram a “fazer” algo, mas O Salvador os desafiou a crer primeiro. “... Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29

Claro que crer Naquele que desafiou a tomar Seu Jugo demanda renúncia; isso de modo tão intenso que Paulo figurou como “Sacrifício vivo.” “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

Como vige uma concomitância temporal entre a vida finita e a eterna, temos a mortificação de um aspecto, o pecaminoso, na cruz, para herdarmos o santo, vivo e eterno. Daí, o contraditório “sacrifício vivo.”

Não há meio medalhão mágico que Indiana Jones possa encontrar numa remota caverna e resolver o enigma duma vez por todas. Trata-se de uma escolha moral, de quem abdica de si pela Vontade de Deus.

A vida será eterna quanto à duração, depois, e deve ser eterna quanto à qualidade dos valores abraçados desde já; como aconselhou Paulo a Timóteo: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para qual também foste chamado ...” I Tim 6;12

Se, deixarmos os ensinos do Salvador nos conduzir enquanto estamos cá, certamente, com Ele chegaremos lá.
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