domingo, 16 de maio de 2021

A Majestosa Herança

“Por isso Levi não tem parte nem herança com seus irmãos; o Senhor é sua herança, como o Senhor teu Deus lhe tem falado.” Dt 10;9

A tribo de Levi não receberia um território exclusivo, como as demais; antes, seu cuidado seria com as coisas espirituais; o serviço no Tabernáculo, depois no Templo; uma espécie de Igreja entre os hebreus.

Não significa que, por não terem herança convencional, como seus irmãos, sendo “apenas” O Senhor sua herança, não teriam, por isso, posses materiais. Estariam espalhados entre todas as tribos; quatro cidades em cada, sendo seis delas, cidades de refúgio, abrigos para eventuais devedores de crime culposo. Ver Núm 35 ss “Não tendo nada” estariam por tudo.

Embora as coisas espirituais fossem o alvo primeiro, as materiais necessárias lhes eram prescritas pelo Senhor. Figuravam, na prática, o que O Salvador ensinou depois: “Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

A eles cumpria buscar O Reino; às outras tribos o cuidado com as demais coisas; prover meios necessários ao sacerdócio.

Às outras tribos era facultado prosperar na terra, enriquecer; aos Levitas se dava o necessário para que enriquecessem aos demais, nas coisas do alto. Como disse Paulo: “Como pobres mas, enriquecendo a muitos.”

Bem que os “Levitas” modernos, que constroem impérios terrenos, outros, que cobram vultosos cachês para pregar ou cantar poderiam meditar sobre isso.

Sucesso ministerial e posse de bens, ainda que tenham seu valor, empalidecem, ante a sorte de ter O Senhor como herança. Ocorre-me um dito de Spurgeon; “... não trocamos nossos lugares com reis em seus tronos, se eles não conhecerem ao Senhor ...”

Aquele serviço era frágil sombra, tipo, do que seria depois, em Cristo; figurava o desapego que convém aos que “ajuntam tesouro no Céu”, antes que, riquezas da Terra. 

Infelizmente muitos “levitas”, como o irmão do Pródigo, nem conseguem mensurar direito o que têm, por terem Ao Senhor como Pai. Sofrem a “privação de um cabrito” na posse de um rebanho.

A cegueira em ver o que se possui, pode dar azo a que se busque o desnecessário. Daí, por falta de disciplina, domínio próprio em duas coisas lícitas, dentro dos seus limites, sexo e posses materiais, estão trocando a Nova Jerusalém pelas masmorras de Satã.

A imensa maioria dos escândalos que nos envergonham brotam daí. De um líder que adulterou, usou sua influência para aliciar; outro elaborou “projetos” grandiosos como pretextos para arrecadar fortunas, depois meteu a mão. Desceram do bendito estado aquele, onde “O Senhor é sua herança”, para outro, como o Pródigo entre porcos, onde, seu ganha-pão fede.

Erram a vereda por se dedicarem a uma parte apenas, do que foi prescrito; “Não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores nem se assenta na roda dos escarnecedores...” Isto é, aprendem que devem se apartar do mal que está nos outros.
Porém o mal que está em nós, dele só nos livramos na posse da Bendita Graça; pois, sendo “O Senhor a nossa herança”, devemos possuir a mesma, não apenas observar à distância.

O bem aventurado, além de evitar o mal alhures deve, “Ter seu prazer na Lei do Senhor; nela meditar dia e noite.” Se assim fizer, esse exercício além de lhe aproximar mais do Senhor, verá cada vez menos atrativos nas coisas más, às quais, a natureza caída se inclina. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito, vida e paz.” Rom 8;6

Não devemos confundir costume religioso com um relacionamento espiritual. Na hora de resistirmos às tentações, meros costumes não têm força para nos livrar, apenas, demandam o verniz da hipocrisia para seguirem luzindo, quando a luz da comunhão com O Senhor não brilha mais.

Nos tornamos como Sansão após a ruptura da consagração. Ainda vamos à luta cheios de confiança infundada, pois, “O Senhor já se retirou.”

Trocamos o privilégio bendito de não ter parte, para ter O Todo, pelo engano que priva do Senhor Todo Poderoso, e não leva a parte nenhuma. Como Esaú, abdicamos da bênção eterna por um prato efêmero.

Alguns pavoneiam-se: “Não sou dono do mundo, mas sou filho do Dono.”

Bem, isso está ao alcance de todos em Cristo; entretanto, O Senhor não exerce um senhorio oco, onde Ele conta para abençoar apenas, não para corrigir, disciplinar; “O filho honra o pai, o servo o seu senhor; se Sou Pai, onde está Minha honra?” Ml 1;6 Pois, “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” Heb 12;7

Não esqueçamos pois, que antes de ser “Nossa herança” Ele É Senhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário