domingo, 29 de novembro de 2020

As Asas da Morte

Essas “maravilhas” da tecnologia que permitem ao “homo sapiens” (mulher também, diria a Dilma) dominar amplos meios antes de avaliar fins; digo, que facultam ir ao Japão antes de ir ao banheiro, embora aparentando trazer facilidades, atrofiam almas, aprisionam espíritos, e, no final as asas se revelarão grilhões irreversíveis.

Ao longo do tempo duas correntes filosóficas disputaram sobre aquisição do conhecimento; Empirismo e Racionalismo.

Para os primeiros, nossas almas vêm à vida “em branco”; mediante experiências de vida e ensino vão sendo moldadas, conforme os valores inerentes ao meio em que vivem.

Para os Racionalistas, como Platão, trazemos “moldes” racionais ainda não apreendidos pela experiência, que nos facultam o conhecimento do belo, do justo, da “coisa em si” como eles chamam, a despeito de as termos vivenciado; meramente no exercício da razão.

Ao meu ver, sem pretender agradar ambas as correntes, como faz um demagogo, há uma parcela significativa de verdade em cada uma.

Como negar que as experiências, os ensinos, enfim, as nuances pertinentes ao nosso existenciário nos influenciam e moldam? Entretanto, quem jamais “soube” que determinado passo era a coisa certa a fazer, ou não, sem identificar direito a fonte de tal conhecimento? Uma situação é empírica, a outra, racional.

Confúcio propunha três meios para o aprendizado; “A imitação, o mais fácil; a reflexão, o mais nobre; e a experiência, o mais doloroso.” Se, imitação e experiência são métodos empíricos, reflexão é racional. Então, o filósofo chinês mesclava ambas também.

Acontece que, além de corpo, somos alma e espírito; coisa que os pensadores nem sempre diferiram de modo satisfatório.

As faculdades da alma, Mente, Emoção e Vontade, podem se exercitar em ambos os métodos; já as do Espírito, Intuição, Comunhão (com Deus) e Consciência, embora, exercitadas produzam experiência, inicialmente atuam pelo meio racional.

Quando sabemos que não devemos fazer algo, sem entender o porquê, intuímos; se, após um passo errado algo pesa-nos, ouvimos à consciência; quando, nosso agir desfila com o silêncio da consciência praticamos a comunhão com Deus; todos esses passos geram aprendizado “à posteriori”, mas podem ser exercitados antes mesmo do conhecimento experimental.

Assim, (os convertidos) crescem mediante as experiências, mas trazem junto “ferramentas” que lhes permitem lidar com coisas que escapam aos demais. Se para os filósofos tais fontes eram racionais, para nós são mais altas ainda, espirituais. “O que é espiritual discerne bem tudo e ele de ninguém é discernido.”

A conversão a Cristo é um “descarte empírico”, por uma “aquisição” espiritual. De outra forma: Somos desafiados a desaprender para reaprender. Abrir mão de todo um cabedal que pensávamos ter, para, em lugar desses colocar bens mais valiosos.

“Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para Nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos do que a Terra, são Meus caminhos mais altos do que os vossos; e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;7 a 9

As paixões doentias obram em nós insatisfações sem motivos reais para as mesmas; “reclamamos de barriga cheia”. Então, como o Filho Pródigo, carecemos experiências “para baixo” antes de perceber que é bom onde estamos.

Depois de uma excursão assim, na terra do “Eu era feliz e não sabia”, resulta uma aquisição experimental onde o conhecimento racional não foi ouvido.

Uma vez que dotou nossos crânios de cérebros, O Pai gostaria de guiar-nos mediante eles; nem sempre pode, dada a nossa resiliente veia obtusa, e vontade rebelde; “Instruir-te-ei, ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio...” Sal 32;8 e 9

Então, independentemente do método de aquisição, a sabedoria deveria ser nossa busca; “Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela.” Prov 8;11

Contudo, (voltando aos efeitos das asas da tecnologia precoce) cheguemos a um infante desses que, estão viciados em tecnologia com seus memes, fotos, caras e bocas, jogos, e sei lá o quê mais; peçamos para que abra mão disso por um pouco, para que falemos sobre sabedoria espiritual, Deus, disciplina, bom siso, respeito, autoridade... se, conseguir desviar olhos e ouvidos da tela por um pouco e nos dar atenção, quedará estupefato como se estivesse na ilha do Jurassic Park.

Nós, adultos, lemos com espanto que pais sacrificavam filhos aos ídolos; muitos, sem perceber fazem o mesmo. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4;6

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