quinta-feira, 6 de abril de 2023

Os peregrinos


“... Bendito sejas tu, meu filho Davi; pois grandes coisas farás e também prevalecerás. Então Davi se foi pelo seu caminho e Saul voltou para o seu lugar.” I Sam 26;25

A segunda vez que Davi poupara a vida de Saul, o invejoso soberano que o caçava como a um animal feroz. Davi tentou chamar o rei de volta à razão, de que não havia motivos para que fosse punido, tampouco, tinha animosidades contra seu rei.

“O Senhor pague cada um segundo sua justiça e lealdade...” v 23 disse Davi; quiçá, contando ainda, com alguma centelha de temor na alma do rei.

Pessoas de caracteres volúveis são como pêndulos, oscilando de um extremo ao outro. Ora, Davi era caçado para morte, como sendo um maldito; outra, “... bendito sejas tu, meu filho, Davi!” Não apenas bendito; então, se tornara “filho.”

Uma nuance bastante reveladora das almas inconstantes; pelo lapso de base ética, moral, de uma personalidade temperada que as manteria circunscritas a determinado modo se ser e agir, fiéis ao amor pela verdade; essas, reféns do interesse, tributárias do sabor do momento, oscilam do ódio ao amor, das imprecações às bênçãos, bajulações até, pela falta de “chão” onde estariam firmadas.

“... grandes coisas farás e prevalecerás...” pequena “violência” da verdade, brotando de lábios falsos, acostumados à mentira. Sim, Davi fora escolhido para grandes coisas; já tinha feito algumas, outras ainda viriam.

Finda, ante seus súditos, a encenação que Saul imaginava, oportuna, “... Davi se foi pelo seu caminho e Saul voltou para seu lugar.” I Sam 26;25”

Quem tem apenas um caminho está em trânsito, é um peregrino. Saul tinha seu lugar; estava estabelecido num palácio.

O chamado dos cristãos é para um caminho, inicialmente. “... Eu Sou O Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6 Embora aponte para um “lugar”, vir ao Pai, O Salvador desafia a um caminho, um modo de andar.

Nossa sina de peregrinos está expressa: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma;” I Ped 2;11

Dos heróis da fé diz: “Todos estes morreram na fé, sem ter recebido as promessas; mas vendo-as de longe, crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.” Heb 11;13

Quem está regiamente estabelecido, em seu palácio de comodidades, fama, riquezas, tem mais dificuldade de voltar os olhos para o alto, onde Está O Rei dos Reis. “O homem que está em honra não permanece; antes é como os animais, que perecem. Este caminho deles é sua loucura...” Sal 49;12 e 13

Os regenerados pelo Salvador são desafiados à busca de coisas mais excelsas; “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, não nas que são da terra;” Col 3;1 e 2

Se, tivermos nossos olhos nas coisas horizontais, invés de laboramos em busca de santificação, melhorarmos a nós mesmos, como fazem os que olham para o alto, seremos meros competidores com nossos semelhantes; como Saul, perseguindo de forma inglória ao fiel Davi, apenas acoroçoado pela inveja.

As redes sociais estão cheias de demonstrações de presumido brilho, conquistas, lobbys de aluguel, em busca de aplausos terrenos que nada valem. Nulidades tratadas como celebridades.

Distrações deletérias das engrenagens da “máquina de entortar homens” que freme macerando tempo e valores, entre as rodas dentadas das futilidades, para que as pessoas desviem seus olhos do Único Caminho, enquanto, ainda é possível vê-lo: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;6

Muitos que se atrevem “sair do palácio” indo após “O Caminho”, deixam patente um caráter semelhante ao de Saul, movediço, circunstancial, velhaco. Tiago se ocupa de mostrar a natureza da fé; “... o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, lançada de uma para outra parte. Não pense, tal homem, que receberá do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre, inconstante em todos os seus caminhos.” Tg 1;6 a 8

A fé genuína nos desafia à perseverança, até, quando tudo parece se opor; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A sina de fugitivo, peregrino, não fez Davi agir de modo desleal, mesmo, ante à deslealdade de Saul.

Quem justifica maus passos pela existência de maus referenciais, apenas evidencia, com quais, sua alma se identifica. “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Benditos frutos


“Deus reina sobre os gentios; Deus se assenta sobre o trono da Sua Santidade. Os príncipes do povo se ajuntam, o povo do Deus de Abraão; porque os escudos da terra são de Deus. Ele está muito elevado!” Sal 47;8 e 9

Sempre houve uma divisão entre os judeus e gentios, os povos pertencentes às outras nações; isso que nem sempre foi bem compreendido, pelo próprio povo eleito.

Sua escolha lhes dava maior honra e responsabilidade no trato das coisas Divinas, não, exclusividade. Como vimos nos fragmentos do salmo citado, “O Deus de Abraão reina sobre os gentios, os escudos da terra são Dele.” Sua abrangência é global.

Quando da chamada do Patriarca, O Eterno disse-lhe: “Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gn 12;3

Se, cada povo tinha seu “deus” segundo crendices e misticismos, inerentes àquela cultura, diferente de ser, O Senhor, mais um deus tribal, como já li acusações defendendo essa ideia, O Criador escolheu um povo, para, mediante esse, ser conhecido de todos.

“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes Minha voz e guardardes a Minha Aliança, então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é Minha. Vós Me sereis um reino sacerdotal e povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Ex 19;5 e 6

O Senhor reiterou Sua abrangência global, “toda a terra é Minha”; desejava uma nação sacerdotal, um povo separado, cujos frutos e leis excelentes fossem estímulo aos demais povos, para atraí-los a Deus também. “Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isso será vossa sabedoria e vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida. Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que O invocamos?” Deut 4;6 e 7

Infelizmente, eles não entenderam essa honra e responsabilidade como um chamado representativo, perante os povos; achavam apenas, que tal separação os fazia superiores aos gentios. “Israel é uma vide estéril que dá fruto para si mesmo...” Os 10;1 Estéril ao Senhor; pra si mesma, frutificava.

O Eterno figurou sua libertação do cativeiro e consequente condução à Terra Prometida, como, trazer uma videira de longe e plantar em boa terra, esperando os devidos frutos. “Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? Por que, esperando Eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas... Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das Suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” Is 5;4 e 7

O que legitima nossa posição, mesmo agora, em Cristo, é produzir os frutos esperados pelo “Agricultor”, senão, malgrado nossa profissão de fé, seguiremos estranhos ao Divino propósito.

A videira foi reputada por falsa, pelos frutos que produziu; então, O Nobre descendente de Abraão, Cristo, ao vir falou: “Eu Sou a videira verdadeira, Meu Pai É O Lavrador. Toda vara em mim que não dá fruto, tira; limpa toda aquela que dá para que dê ainda mais.” Jo 15;13 Não mais problemas com a “videira”, pode haver, com as “varas”.

A Fidelidade do Eterno priorizou o povo eleito, Ele veio judeu, a maioria dos Seus não o quiseram; a abrangência global do Amor seguiu manifesta Nele: “Veio para o que era Seu, os Seus não O receberam. Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;11 e 12

Distinção entre judeus e gentios, Nele, acabou; “Porque Ele é nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em Si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.” Ef 2;14 a 16

Paulo situa Cristo, como o cumprimento da promessa: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e sua descendência. Não diz: Às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: À tua descendência, que é Cristo.” Gál 3;16

Em suma, invés de descansarmos observando erros alheios, cabe sermos zelosos quanto aos nossos; pois, se Deus foi severo com quem devia e não frutificou, também o será conosco, caso cometamos o mesmo erro; “... Eu vos escolhi e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça...” Jo 15;16

sábado, 1 de abril de 2023

O Reino


“Meu Reino não é deste mundo; se fosse, pelejariam Meus servos, para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas agora Meu Reino não é daqui.” Jo 18;36

“... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

Sendo o Reino de caráter espiritual, apenas, nascendo alguém do espírito, poderá ter contato com ele. Por isso as restrições que vimos acima.

Porém, O Salvador não é um ET que levará os Seus a outra dimensão enquanto as coisas explodem. Ele Criou tudo o que há; “Todas as coisas foram feitas por Ele; sem Ele nada do que foi feito se fez.” Jo 1;3 Quando pontuou: “agora” Meu Reino não é daqui, referia-se ao âmbito do que estava operando então. Pagando com Seu Sangue, pela remissão dos Seus.

Governa sobre tudo o que há, embora, permita à oposição breve triunfo, para que o traidor mor mostre seus argumentos, deixe patentes as afirmações com as quais, comerciou com anjos para que o seguissem em sua rebelião. “Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor...” Ez 28;16

Somos desafiados a investir nas coisas do espírito, não nas enganosas e efêmeras posses da terra. “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, não nas que são da terra; porque já estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.” Col 3;1 a 4

A busca correta foi figurada como “Tesouro no Céu”; aos que perseverarem na escala de valores Dele, o suprimento das necessidades básicas. “Buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Se, na iminência da cruz, o domínio em realce era o espiritual, depois da vitória, O Rei dos Reis assumiu pleno governo sobre tudo o que há. “... É Me dado todo poder, no Céu e na terra.” Mat 28;18

Se, acontecem tantas coisas contrárias à justiça e verdade, é porque em Sua permissão, concede certo tempo à oposição ainda; coisa que, breve findará. Desafia cada a um a marcar posição, pois, o juízo se apressa; “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; quem é santo, seja santificado ainda. Eis que cedo venho, Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo sua obra.” Apoc 22;11 e 12

Notemos que fala com todos; os sujos e injustos, os justos e os santos; pois todos estão sob domínio de Seu Reino. Se, naquele instante do diálogo com Pilatos, o Reino não era daqui, agora incide sobre todos.

Quando promete novos céus e nova terra, após o juízo, não devemos entender isso como uma migração sideral rumo a outro planeta. A Palavra ensina: “A voz do qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a terra, senão também o céu. Esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneçam. Por isso, tendo recebido um Reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade;” Heb 12;26 a 28

“... a mudança das coisas móveis como coisas feitas...”
, todas as obras humanas, feitas em consórcio com a impiedade serão desfeitas, para que as imóveis, “... um reino que não pode ser abalado...” permaneçam.

Os cataclismas previstos no juízo abalarão a superfície do planeta, desfarão a poluição deixada pela mão do homem, armas de guerra, obras da impiedade... as mudanças serão de abrangência tal, que a mesma terra será reputada, “nova terra.” Assim como, alguém que se submete a Cristo é “nova criatura”.

Pois, A Palavra de Deus apresenta O Senhor retornando sobre essa terra, com Seus Santos.

O banimento da poluição física, bem como a espiritual, as legiões de demônios que infestam os ares, engenhos de comunicação colocados lá pela mão do homem, tudo isso removido, também fará desses céus envelhecidos, nos céus. “Vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram...” Apoc 21;1

Quem pode ver na dimensão do Espírito, sabe bem para onde olhar. “O céu e a terra passarão, mas Minhas Palavras não hão de passar.” Mat 24;35

quinta-feira, 30 de março de 2023

Olhar para trás


“No Senhor Deus de Israel confiou, de maneira que depois dele não houve quem lhe fosse semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.” II Rs 18;5

Ezequias empossado aos 25 anos tomou medidas que, veteranos, antes dele, não ousaram. Despedaçou ídolos, desfez bosques usados como lugares de culto; até mesmo a serpente de metal, que Moisés fizera nos dias dos murmuradores, a qual, também se tornara um ídolo.

É próprio do homem, buscar referências horizontais para justificar suas escolhas. Das feitas, defende-se: Eu fiz, mas fulano também o fez; das desejadas: Também quero, todo mundo tem, só eu que não.

Contudo, nossa peleja por “isonomia” geralmente se dá na questão dos direitos; não, dos deveres, do custo de algo. Até anelamos os bens alheios; nunca, o custo, as responsabilidades.

Ezequias não olhou para os feitos de reis pretéritos, como justificativa aos seus. Agiu por suas próprias motivações e foi além; “não houve quem lhe fosse semelhante, nem entre os que foram antes dele.”

Felizes os que, invés de dependerem da mediocridade adjacente como parâmetros, olham para Deus, tendo na Sua Expressa Pessoa, Jesus Cristo, como exemplo a seguir, a imitar. “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.” Fp 2;5 Sentimento, e consequente modo de agir.

O risco de nos satisfazermos com os míseros degraus que ascendemos é atrofiarmos nossos “músculos” pela falta de movimento. “... exercita a ti mesmo em piedade...” I Tim 4;7

As aflições têm um efeito colateral positivo, se, delas lograrmos algum aprendizado; por outro lado, a ausência delas poderia ser deletéria, em prejuízo da têmpera já infundida em nossas almas; como disse alguém: “A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tempestade que te mantém acordado.”

Olharmos horizontalmente, tendo eventual semelhante como parâmetro pode ser uma inspiração, dependendo de nossa estatura em relação ao tal; ou, mero comodismo, se nos presumirmos estar no lugar de repouso, no topo da escalada.

A Palavra de Deus colocou um Parâmetro inatingível, para que não nos conformemos com rasas conquistas. Devemos crescer, “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes...” Ef 4;13 e 14

Tanto, o que uns estão fazendo, num sentido positivo, não deve ser nosso teto, quanto, o que outros desfazem em detrimento dos próprios ministérios e da Obra, deve nos desanimar. “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.” Oswaldo Cruz.

Quando O Salvador “encorajou” a se dizerem inúteis os que fizessem apenas o ordenado, ou, desafiou a andar duas milhas quando a demanda fosse por uma, tinha em mente isso: Ir além do lugar comum, dar asas à criatividade; ousar em direção ao alto.

O bom exemplo é vital, mais eloquente que a mais completa das pregações! Não se trata de negar isso; é indispensável para quem é infante, ou adolescente espiritual, o estímulo de bons referenciais. Algo visível também desperta fé; “... muitos verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40;3

Porém, o alvo desse escrito são os obreiros, para que, não se deem à acomodação, olhem para o alto e ousem segundo O Espírito Santo os inspirar.

Embora a ousadia normalmente aponte para a frente, nos tempos presentes, onde, tanto o modernismo, quanto, o liberalismo solaparam à sã doutrina, corajosos são os que olham para trás; para um tempo em que dormiram os que deveriam vigiar, e infiltrados da oposição disseminaram seu joio doutrinário. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Se, quanto à forma e os meios, todas as novidades podem ser úteis, no que tange ao conteúdo, à essência, não há espaço para “melhoramentos”, muito menos, para aberrações “inclusivas” onde se presume que, pintando a coruja de verde, a mesma se tornará papagaio.

Que a máquina do tempo mova suas engrenagens! Quem lida com valores eternos deve ter como meta permanecer, perseverar, não “evoluir”. Afinal, “Jesus Cristo É O Mesmo, ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8

A Ló e sua família foi ordenado não olhar para trás, porque o juízo estava em curso (sua mulher desobedeceu e pereceu); na inversão de valores que grassa, o que vem pela frente porá a perder quem se deixar persuadir.

Não é questão estrita de tempo; mas, de quem ensina, e o quê. “Olhai para Mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque Eu Sou Deus, não há outro.” Is 45;22

A oposição


“Eles estão entre os que se opõem à luz; não conhecem seus caminhos, não permanecem nas suas veredas.” Jó 24;13

Após descrever feitos dos ímpios, Jó sintetizou com essas palavras os mesmos; oponentes da luz, ignorantes sobre seus caminhos, avessos às suas veredas.

Adiante, prosseguiu: “De madrugada se levanta o homicida, mata o pobre e necessitado, de noite é como o ladrão. O adúltero aguarda o crepúsculo, dizendo: Não me verá olho nenhum; oculta o rosto, nas trevas minam as casas, que de dia marcaram; não conhecem a luz.” vs 14 a 16

Seu negócio é com a noite, ainda que, de madrugada, já às barras de um novo dia. O escuro lhes é um sócio, um estímulo a fortalecer as mãos, “não conhecem a luz.”

Somos exortados pela Palavra de Deus, a andar na luz. Não termos nada a esconder, nem mesmo, nossos erros; “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Os renascidos em Cristo devem deixar o antigo habitat, rumando ao novo. “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13;12

A conversão é uma migração de um reino para outro; “Para lhes abrires os olhos, das trevas os converteres à luz, do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em Mim.” At 26;18 Disse O Salvador

A idônea mensagem evangélica não flui para que os homens se sintam bem, ouvindo-a; antes, se sintam mal. “Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?” Atos 2;37

Ouvir que andou errado o tempo todo, está espiritualmente morto e se prosseguir assim, irá à perdição, não traz alento nenhum a ninguém. Por isso, os que ouviram o “chaveiro abrindo as portas do Céu” compungiram-se; sentiram aflição moral, pesar, arrependimento.

A vinda do Salvador foi descrita assim: “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” Jo 1;5

Entenderam que a luz significava a revelação de seus descaminhos, e a rejeitaram. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Porque, o homem anseia por aprovação, mesmo vivendo de modo réprobo. Como a luz insiste em reprovar seus passos, torna-se avesso à mesma. “Trocaram a noite em dia; a luz está perto do fim, por causa das trevas.” Jó 17;12

A inversão de valores, a profanação das coisas sagradas, se dá, porque os poderes aqui estão nas mãos dos maus. Assim, pouco a pouco “ganham terreno” na rejeição global Àquele que É a Luz do Mundo, Cristo. “Os reis da terra se levantam, governos consultam juntamente contra O Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

O mundo, em sua adesão suicida ao pai da mentira consegue viver e promover, total inversão de valores. Mas, com quais argumentos dobrará, aos que, chamados por Cristo, deixaram o reino das trevas onde viviam e passaram a andar com Ele? Chamam de “discursos de ódio” às pregações da Justiça Divina, que, junto ao amor que perdoa, desafiam a um novo modo de vida, os que foram perdoados.

Tal pecha deixa patente o que eles chamam de “amor”. Se, a correção em justiça lhes equivale ao ódio, naturalmente, dar asas a toda sorte de perversões, e libertinagens, ao gosto de cada um, seria o amor. Não o de Deus. Ele diz: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque o Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12;5 e 6

Pois, “se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não filhos.” v 8

Se fossem apenas inclinações humanas a incentivar suas ações, tenderiam, os ímpios, a manter “distância segura” da luz, como Adão fez: “Ouvi Tua voz e me escondi, porque estava nu.”

Porém, há um espírito por detrás disso, que pretende o lugar de Deus. Esse, detentor do poder sobre a impiedade, mais que fugirem dela, faz seus títeres se oporem à luz.

Pregadores até; gente que trocou a verdade pela mentira, agora trabalha para novo pai. Desprezam os Divinos Juízos em nome do “amor” de Deus. Vimos acima, a que tipo de amor se referem.

O que se fez, de novo se fará, nada novo debaixo do sol. “Viu Deus que era boa a luz; e Fez separação entre luz e trevas.” Gn 1;4

quarta-feira, 29 de março de 2023

Religiosidade vã


“O sacrifício dos ímpios já é abominação; quanto mais oferecendo-o com má intenção!” Prov 21;27

O caráter dos ofertantes, ímpios; e a intenção má. Não raro, a impiedade também se manifestava na qualidade do que seria sacrificado.

Malaquias denunciou uns que pecavam religiosamente, em seus dias: “Ofereceis sobre Meu altar pão imundo, e dizeis: Em que Te havemos profanado... Porque, quando ofereceis animal cego para o sacrifício, isso não é mau? Quando ofereceis o coxo ou enfermo, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? aceitará a tua pessoa? diz o Senhor dos Exércitos.” Mal 1;7 e 8

Então, o caráter do ofertante, a intenção da oferta, bem como, a qualidade da mesma eram aspectos relevantes.

Porém, vivemos nos dias da Nova Aliança, isso não tem a ver conosco; será? “Jesus Cristo é O Mesmo, ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8 Aquilo que é errado diante Dele, o é, em qualquer tempo.

O que mudou entre um e outro pactos, é que, após O Sacrifício Perfeito e Eterno de Cristo, já não há espaço nem necessidade de outro. “... porque permanece eternamente tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” Heb 7;24 e 25

O ministério dos “sacerdotes” que anunciam Cristo, foi figurado como se, estivessem aplicando sobre as pessoas, a eficácia do Seu Sangue, oferecido de uma vez por todas. Pedro, escrevendo aos judeus crentes, na dispersão, os chamou de “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para obediência e aspersão do Sangue de Jesus Cristo...” I Ped 1;2

Santificação pelo Espírito, “obediência”, depois, convidar outros a entrarem na Nova Aliança, “aspergindo o Sangue de Cristo.”

Quando reiteramos nossos pecados, não carecemos sacrificar outro animal, como na Antiga Aliança. Nosso arrependimento e confissão ao Senhor, evocam outra vez, a eficácia do Redentor, se, nosso ato contrito é sincero. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, O Justo.” I Jo 2;1

Impiedade, má intenção ou sacrifício defeituoso eram motivos para rejeição; na Nova Aliança, ainda é assim. A graça não tornou as coisas mais fáceis, “apenas” fez possível o que, antes dela não era.

Da má intenção quando alguém ora, por exemplo, Tiago advertiu que dará em nada; “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3 O Salvador ensinara qual deve ser a prioridade dos Seus: “buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Quando os samaritanos rejeitaram a Jesus, mesmo os que andavam com Ele se deixaram seduzir por um mau intento; “Seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias fez?” Luc 9;54

Nos dias de Elias o rei mandara soldados para que o “buscassem”, o que significava, prender; Jesus, apenas não fora aceito; eram momentos e circunstâncias distintas, no prisma da Vontade Divina. “... Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las...” Luc 9;55 e 56 Muitas vezes, a ignorância acerca do querer de Deus “patrocina” maus passos.

Quanto aos ímpios, mesmo que façam muitos milagres no Nome do Senhor, sua sorte não mudará; “... Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;23

Esses que enganam com pretensos dons, manipulações e profetadas, estão enganados pelo inimigo, que os convenceu que isso é esperteza. “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.” II Tim 3;13

A “prosperidade dos ímpios” não resiste a um breve escrutínio da luz. “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição.” Sal 73;17 e 18

Sacrifícios defeituosos são possíveis ainda, embora, o de Cristo seja Perfeito, Eficaz e Eterno. Quando, os maus motivos ou a impiedade ainda se abrigam naqueles que invocam ao Santo Nome, invés da “Aspersão do Sangue de Cristo”, como ilustrou Pedro, ocorre, a profanação do Mesmo, por gente que ignora a distância que deve separar o santo do profano. “... o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Enfim, o sacrifício aceitável proposto é: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

segunda-feira, 27 de março de 2023

Escarnecedores


“O escarnecedor busca sabedoria e não acha, para o prudente, porém, o conhecimento é fácil.” Prov 14;6

Um provérbio antitético, onde, a segunda parte se opõe à primeira. O que busca pela sabedoria e não a encontra, e outro que, a descobre fácil. Embora o tradutor tenha posto “conhecimento” a estrutura mostra tratar-se da mesma coisa, sabedoria.

Conhecimento é uma posse amoral, que pode muito bem habitar no ímpio ou, no justo; a sabedoria não é tão pródiga assim.

Os dois sujeitos em apreço são opostos por razões morais, não intelectuais; escarnecedor e prudente. O primeiro causa aversão tal, no Eterno, que há uma bênção prometida aos que evitam sua companhia; “Bem-aventurado o homem que... não se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Atitudes réprobas aos Divinos Olhos, O Santo espera que sejam também assim, aos nossos; “Senhor, quem habitará no Teu tabernáculo? Aquele... a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra aos que temem O Senhor...” Sal 15;1 e 4

A falácia que, por Deus Ser Amor aceita tudo, não chega nem perto da verdade. Corresponder ao Seu Amor requer obediência; “... Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23 Essa bendita habitação nos responsabiliza de tal forma, que devemos manter larga distância, de posturas e ambientes, que esse mundo imoral e “inclusivo” glamouriza.

Honrar alguém pela manifestação de sua fé, está longe de ser um feito dos escarnecedores. Esses, mais facilmente tacharão nossa crença de “discursos de ódio”, ou coisa pior.

Todavia, o prudente leva sua vida de outra forma; “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; o conhecimento do Santo a prudência.” Prov 9;10

Em nome da prudência, aliás, O Salvador ensinou a nem se pregar Sua Palavra onde o nível moral fosse demasiado baixo; “Não deis aos cães as coisas santas, nem lanceis aos porcos vossas pérolas, não aconteça que as pisem e, voltando-se, vos despedacem.” Mat 7;6

Embora, na forma e meios, o Evangelho possa desfilar mediante gente de pouco conhecimento, expressão não mui esmerada, lábios de pecadores como somos, na essência, seus ensinos tratam de coisas santas, com as quais, os escarnecedores não têm menor intimidade.

Dadas as nuances do caráter desses, nasce uma estranheza a perguntar: Por que, os tais, buscariam sabedoria? Para melhor escarnecer? Praticar essa baixaria em “alto nível”?

A sabedoria, por sua essência, recusa-se a atuar como ferramenta de destruição. Mantém distância segura dos habitats da má índole.

O prudente garimpa pelo saber com motivos melhores; a esse Sophia facilita o trabalho; “Se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria; da Sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, a equidade e todas as boas veredas. Pois, quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará, a inteligência te conservará;” Prov 2;4 a 11

Notemos que, antes de se haurir a sabedoria, precisamos conhecer sua fonte; “... entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus.” O Eterno É cuidadoso ao escolher para quem a lega; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos...”

Os que o mundo reputa sábios, muitas vezes não passam de astutos, velhacos. Há uma diferença diametral entre a “Sabedoria do Alto” e as artimanhas rasas dos espertalhões da terra.

Paulo pontuou essa discrepância: “Mas falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;7 e 8

Tiago ampliou: “A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade nem hipocrisia.” Tg 3;17

Se nenhum dos príncipes do mundo conheceu, foi por Divina escolha; “... Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e revelaste aos pequeninos.” Mat 11;25

Paulo reitera e anexa o motivo: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas para confundir as fortes... Para que... Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.” I Cor 1;27 e 31

O escarnecedor procura sabedoria e não acha, porque “... Deus não se deixa escarnecer...” Gál 6;7