segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Jesus Cristo, ou Deus?


“Aquele que Me odeia, odeia também ao Meu Pai.” Jo 15;23

Os que fazem distinção moral, espiritual, entre o Antigo e o Novo Testamentos, também a fazem, entre O Criador, e Jesus Cristo. Ele ensinou o amor, dizem; na Antiga Aliança, se encorajava guerras, condenava à pena de morte, ordenava a destruição de rebeldes...

“Jeová era um deus tribal, invocado pelos israelitas quando iam aos seus combates”. (li isso de um autor espírita) Jesus Cristo, pela abrangência do que ensinou, não pertence a uma tribo apenas, mas a todos os povos. “... em ti serão benditas todas as famílias da Terra” Gn 12;3 disse Jeová a Abraão. O que desmente a falácia do deus tribal.

Jesus jamais pretendeu ser um Upgrade de Deus; ou, alternativa ao Criador; Associou-se a Ele afetivamente chamando-o de Pai; “Aquele que Me odeia, odeia também ao Meu Pai.” Essencialmente, dizendo serem iguais; “Eu e O Pai, Somos Um.” Jo 10;30 manifestamente, mostrando-se iguais; “... quem vê a Mim vê ao Pai...” Jo 14;9 Afinal, Jesus Cristo É “... O resplendor da Sua Glória, a Expressa Imagem da Sua Pessoa...” Heb 1;3 etc.

Então, gostar de Jesus, achando-o o Mestre Supremo do amor, mas ter reservas contra O Pai, por não concordar com o Velho Testamento, não é derivado de nenhum lapso no Eterno, nenhuma superioridade de Cristo, ou divisão na Divindade. Não há texto que embase isso.

Antes, trata-se de crassa ignorância sobre O Senhor, e Seu relacionamento com o homem. Em muitos casos, é por hipocrisia mesmo, dos que fingem não entender o que não lhes convém; concorre a desonestidade intelectual, ousando com meias verdades, mantendo pretensa pose espiritual, enquanto camuflam as próprias incredulidades.

O Eterno escolheu a um povo, prometendo-lhe uma terra. Povo inculto, rudimentar, ao qual, teve que ensinar.

Como fazemos com uma criança, ante algo perigoso, uma chaleira quente, por exemplo; reduzimos a linguagem ao mínimo necessário; dizemos: Não toque aí! Caca! Assim, O Eterno vetou muitas coisas atinentes à higiene, como “imundas”; em atenção à limitada capacidade de compreensão deles; não porque tivesse algum peso espiritual.

Grassava o desconhecimento sobre fungos, vírus, bactérias, coisas que poderiam transmitir males como lepra e outras doenças contagiosas. Assim, as práticas de risco nesse sentido foram vetadas por “imundas.” Não façamos porque Deus reprova. Era a forma Dele proteger às “crianças”.

Eram os “rudimentos do mundo”, como A Palavra ensina. Assim, aplicar àquele contexto, valores e ética da civilização atual é um anacronismo doentio. Não foi Deus que mudou, cresceu; antes, o ser humano adquiriu melhor compreensão das coisas, embora tenha piorado moralmente.

Antes que algum “desentendido” já mencionado venha a defender o “supremo valor da vida” como uma conquista do homem civilizado contra os excessos do “Deus violento” daqueles dias, lembre-se que a maioria dos “civilizados” defende o aborto, contra a vontade do Eterno. Se tiver espelho, pois, use.

Na Nova Aliança, O Salvador desafiou a todos, convidando-os a um Reino muito superior; “Arrependei-vos porque é chegado O Reino dos Céus.” Os contágios ameaçadores agora, são de outra estirpe, espirituais, não, de saúde.

Quando Sua “Embaixada” era de carne, havia o risco que outra, tribo mais feroz, a pudesse destruir; então, O Eterno pelejou por ela, pagando na mesma moeda aos que tentavam matar aos do povo escolhido.

Cumprida a “plenitude dos tempos” com o advento e a Vitória de Cristo, O Reino foi estabelecido espiritual, universal; por cada um que nele ingressa O Eterno peleja, pelo Espírito Santo, capacitando ao servo, Nele, para os embates necessários.

“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas contra principados, potestades, príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Ef 6;12 É Ele, nas nossas consciências vivificadas, que adverte das “cacas”, cada vez que corremos o risco de nos queimarmos.

A sina de receber, cada um, seus feitos na mesma moeda, permanece. “Com a medida com que medirdes, mediarão a vós;” “Tudo o que o homem semear, isso ceifará” etc. a diferença é que a longanimidade Divina retarda o merecido juízo; desafia ao arrependimento que Ele deseja; “... não tenho prazer na morte do ímpio; mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva...” Ez 33;11

Então, vemos o Deus “violento” da Antiga Aliança, manifestando Seu Prazer em salvar; os que resistiram ao Seu convite em Cristo, “Diziam aos montes e rochedos: Caí sobre nós; escondei-nos daquele que está assentado sobre o trono, e da Ira do Cordeiro.” Agora, O Salvador amoroso, julgando aos ímpios da Terra, que estremecerão ao terror da Sua Ira. 

“Eu e O Pai Somos Um.”
“Portanto, o que Deus ajuntou, não separe o homem.” Mc 10;9

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

No lugar santo


“Quando eu ocupar o lugar determinado, julgarei retamente.” Sal 75;2

Duas coisas podemos deduzir lendo esse verso. Seu autor não estava ainda, no lugar que fora determinado para ele; esse, seria uma posição de autoridade, onde teria, também, a incumbência de julgar.

Sabendo da Saga de Davi, que mesmo ungido para ser rei peregrinou errante por muito tempo, fugitivo dos intentos injustos de Saul, que atentou contra sua vida, podemos inferir, em qual contexto aquele cântico foi escrito.

Nada melhor para saber o valor da justiça, que ser, eventualmente, vítima de injustiças. Davi planejar, uma vez estando no lugar reservado para ele, em fazer as coisas melhores do que contemplara e sofrera, sendo feitas, era melhor que sonhar com vingança, acalentar anseios revanchistas. “Quando eu ocupar o lugar determinado, julgarei retamente.”

A Fidelidade Divina sempre cumpre o que promete. O lugar que fora prometido ao jovem pastor, de governante do povo de Deus, no devido tempo foi fielmente cumprido, como o próprio Davi, testificou. “Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me porque tinha prazer em mim.” Sal 18;19

Antes de ser guindado ao “lugar espaçoso” precisou muitos livramentos, pelos riscos que correu.

O fato do anseio dele, pelo lugar determinado estar no salmo 75, e o testemunho do cumprimento, no 18, é irrelevante. A numeração dos hinos foi uma atitude aleatória de quem os compilou, sem obedecer, necessariamente, a ordem cronológica.

Os cânticos que retratam perseguições, livramentos, esperanças, em geral são filhos da peregrinação errante do poeta; os que exaltam a fidelidade Divina, cumprimento das Suas promessas, provavelmente são gerados no palácio; a lógica supõe assim.

A virtude teórica sempre foi mais fácil que a prática, porque as boas intenções podem ser emolduradas com meras falas, enquanto as boas ações demandam mais que isso.

Quantos disfarçam seus desejos por comodidades, e a ilusão de alcançar isso, ganhando em loterias! O fazem com “promessas” que, se ganharem ajudarão aos pobres. Dizem isso para emprestar respeitabilidade às suas cobiças; se um desses chegar a ganhar, como disse Joelmir Betting, “Na prática a teoria é outra.” Vai que, os pobres nem careçam mais de ajuda.

Não estou advogando que Davi, quando Rei, não julgou retamente aos pleitos de terceiros que chegaram a ele. Não há razões para duvidarmos que tenha feito assim. A Palavra o define como “um homem segundo o coração de Deus.”

Porém, uma coisa é julgarmos situações distantes, com as quais nenhum envolvimento emocional nos atrela; outra, as que nos são caras de alguma forma, com as quais temos alguma ligação mais estreita.

Pois, Davi falhou grotescamente no caso atinente a Urias e Batseba; julgou oportuno um direito, onde lhe cabia um dever; também no trato com seus filhos; sobretudo, Amnon quando forçou sua meia-irmã; e Absalão que, cansado de esperar justiça contra o que violara sua irmã, vingou-se. Depois, acabou se levantando contra o próprio Pai.

As boas intenções acabam tendo oportunidade de se expressar, pelas ações. A rigor, a sentença de Tiago que a fé sem as obras é morta, pode ser ressignificada como: Mera intenção, divorciada da ação correspondente, não tem nenhum valor.

As coisas virtuosas convencem mais rapidamente aos nossos intelectos que às nossas vontades, patrocinadoras das ações.

Por isso, O Salvador requereu que fôssemos fiéis aos nossos ditos, “Seja vosso sim, sim; vosso não, não; porque o que passar disso é de procedência maligna.” Mat 5;37

O mesmo Davi descrevera características do “Cidadão dos Céus” e entre outras, é “... aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4

Na verdade Davi julgou retamente ao próprio adultério, condenando-se à morte, porque o profeta Natã, envolveu a coisa de forma tal, que fez o descuidado rei pensar que julgava a outro, quando o fazia em relação a si mesmo.

Fácil a conclusão “cronológica” que o salmo 51 foi escrito no palácio, pois; “Cria em mim ó Deus, um coração puro, renova em mim, um espírito reto; não me lances fora da Tua presença, não retires de mim, Teu Espírito Santo; torna a dar-me a alegria da Tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.” Sal 51;10 a 12

Precisou de um “atalho” para julgar retamente, pois na hora da tentação, permitiu que o desejo o cegasse, de modo a entortar o necessário juízo. “É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.” Saint Exupéry

Aos Seus O Salvador disse: “Vou preparar-vos lugar.” Jo 14;2 Devemos agir como se já estivéssemos lá. “Nos ressuscitou juntamente com Ele, (conversão) nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus (santificação).” Ef 2;6
Pela santidade do lugar recebido, pois, procedamos justamente.

Os ateus


“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis nas suas obras, não há ninguém que faça o bem.” Sal 14;1

A primeira coisa que devemos entender é que, crer o homem em Deus, ou não, muda as coisas para ele; não, para O Eterno. Se alguém começar enxergar melhor à realidade, serão os olhos dele que progredirão. Aquilo que é, independentemente de ser visto, entendido, ou não, apenas continua a ser.

O Eterno não espera que creiamos na Existência Dele, como se isso aumentasse Sua popularidade. Antes, porque nos ama, se revelou, ansiando que tenhamos clara compreensão das coisas. Isso muda tudo para nós.

Embora o ateísmo arraste após si, a fajuta ideia de superioridade intelectual, porque seu promotor infiltrou títeres em faculdades, universidades, nas funções de professores e reitores, aos olhos Divinos, invés de um upgrade intelectual, não surgem mais que anfíbios em carapaças obtusas. Néscios.

Não são, anfíbios, seres que têm duas formas de vida? Que passam pela metamorfose? Sim. Também esses.

Quando, na bonança usufruem de todas as dádivas do Criador, invés de gratidão a Ele, atribuem a origem das coisas, ao acaso; se, uma catástrofe atinge determinado lugar, presto inquirem: “Onde estava Deus”. Para trabalhar pra eles onde desejam, Ele existiria; onde trabalha gratuito legando bens e chamando o homem a certas responsabilidades, aí não existe.

No potencial cognitivo, também veem o que está manifesto. “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê, pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” Rom 1;20

O problema é que, vendo as realidades espirituais, e não gostando do que veem, passam a ao “plano B”, a negação; a outra forma de “vida”, que prefere o escuro à luz; acabam por forjar imagens, aos próprios gostos, invés de se deixarem ser regenerados segundo o desejo de Deus. 

‘Mas ateus não são idólatras’. Colocam ao próprio “Saber” em lugar de Deus, “Fazem da carne seus braços e apartam seus corações do Senhor.” Jr 17;5 O pior dos ídolos é o ego usurpando a Deus. Os de menos potencial acadêmico e eufêmico, forjam mesmo, coisas toscas para “substituir” ao Criador.

“A condenação é esta: Que a Luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal, odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Não foi, pois, a incapacidade de ver as coisas como são, que patrocinou a saga desses fugitivos; antes, a indisposição de servir a Deus, e glorificá-lo como merece, que os levou à fuga. Como restou pulsando o potencial de adoradores, os mais simples forjaram simulacros físicos e os colocaram onde seria o legítimo assento do Altíssimo; “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus; nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, seu coração insensato se obscureceu; dizendo-se sábios, tornaram-se loucos; mudaram a Glória do Deus Incorruptível, em semelhança de imagem corruptível; de aves, quadrúpedes e répteis.” Rom 1;21 a 23

Assim, esses seres de duplas vidas migraram do “Não há Deus!” para o, Não! a Deus.
Uma escolha moral, invés de uma constatação intelectual, como os mais escrupulosos tentam fazer parecer. 

Sempre oportuno lembrar a disputa do ateu falecido, Stephen Howkins com um pastor americano. “A fé é um brinquedo de crianças com medo do escuro”; Disse; ao que o pastor respondeu: “O ateísmo é um brinquedo de adultos, com medo da luz.”

Se a visão obtusa pensa que é luz de neon, natural que tente desfazer de outras luzes “menores”. Contudo, quem se levanta contra O Criador, compra uma briga inglória, cujo resultado é conhecido de antemão. “Não há sabedoria, inteligência nem conselho contra O Senhor.” Prov 21;30

Afinal, foi em plagas onde a filosofia grega campeava, como na cidade de Corinto, que Paulo lançou o desafio aos “sábios” que ousariam contra Deus; “Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus, louca, a sabedoria deste mundo? Visto que, na Sabedoria de Deus o mundo não o conheceu pela Sua sabedoria, aprouve a Ele, salvar aos crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;20 e 21

Invés do suprassumo intelectual como se pretendem os mais vaidosos, não passam de néscios que são superados, no que é vital, por muitos de saber limitado, que, apenas ousam não negar o que lhes é evidente.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Santo relacionamento


“... O Senhor o deu, O Senhor tomou: Bendito seja O Nome do Senhor.” Jó 1;21

Jó, quando informado que, todos seus bens foram consumidos e seus filhos, mortos.
Ah, se todos tivessem entendimento que, nada acontece, senão, pela vontade ou permissão do Senhor! No caso, fora a Divina permissão que autorizara ao canhoto, para que fizesse seu trabalho sujo.

Infelizmente, invés de um Ser, Sábio, Santo, Justo, Proposital, Soberano, Moral, além de Amoroso, a maioria costuma ter O Todo Poderoso como se fosse uma espécie de Papai Noel; festeiro, amoral, pródigo, inconsequente, sentimental, que validaria a tudo; acataria todos, em nome do “amor”.

Coisas “boas” são atribuídas a Ele, enquanto, os reveses seriam, necessariamente, burlas da oposição. Dessa abordagem surgem ditos como, “Mais tem Deus para dar, que o diabo para tirar.” Assim, Deus seria sempre Aquele que nos dá as coisas, o inimigo quem as tira; será?

O endeusamento das conveniências naturais evidencia crassa ignorância sobre O Altíssimo, e as próprias necessidades, na miserável condição de caídos. Suponhamos que alguém erre, tome o descaminho; algo que requeira severa correção; mas, invés disso o sujeito seja cumulado de bens. Qual a implicação disso? Estaria sendo abençoado, malgrado, suas perversões?

Os que não consideram a Santidade do Senhor, antes de outras coisas, podem ceifar nocivas implicações e severas disciplinas. A correção não busca aos estranhos, antes, aos filhos; “Porque O Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho; se suportais a correção, Deus vos trata como filhos. Porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então, bastardos, não filhos.” Heb 12;6 a 8

Quem faz tudo errado, na contramão dos Divinos preceitos e prospera, ou está na esfera da Divina permissão, onde O Eterno tenta lhe falar, para o iluminar; ou recebe suas “bênçãos” de outro deus.

Nos dias de Malaquias, O Profeta denunciara um culto profano, com sacrifícios desprezíveis, vontade sonolenta, preguiçosa. O mensageiro fez seus ouvintes verem o que significaria, eventual aceitação daquilo: “Vós O profanais quando dizeis: A mesa do Senhor é impura; seu produto, isto é sua comida é desprezível. E dizeis ainda: Eis aqui que canseira! O lançastes ao desprezo, diz O Senhor dos Exércitos. Vós ofereceis o que foi roubado, o coxo, o enfermo; assim trazeis a oferta. Aceitaria Eu, isso das vossas mãos? Diz O Senhor.” Ml 1;12 e 13

Tais profanações, se aceitas, significariam: “... qualquer que faz o mal passa por bom ao Olhos do Senhor; desses que Ele se agrada; ou, onde está o Deus do juízo?” Mal 2;17

Assim, não apenas pela correção dos profanos, mas, também pela separação do Santo Nome daquilo, O Eterno tinha que rejeitar, e foi o que fez. “Quem há também entre vós que feche as portas por nada, não acenda debalde o fogo do Meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz O Senhor dos Exércitos, nem aceitarei a oferta da vossa mão.” Mal 1;10

Do endeusamento das ímpias inclinações, e a necessidade hipócrita de adorná-las com um verniz religioso, a fortuna dos falsos profetas que, em demanda de aplausos, aceitação, falam segundo os desejos de quem os ouve, não, de quem, supostamente os teria comissionado. “Porque virá o tempo em que não suportarão à Sã Doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si, doutores segundo as próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

Os filhos de Jó se preocupavam com diversões apenas; Jó com a lisura espiritual e comunhão com Deus; “...decorrido o turno dos dias dos seus banquetes, enviava Jó e os santificava; se levantava de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia: Porventura, pecaram meus filhos. Amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia, continuamente.” Jó 1;5

Na hora que o invejoso mor pediu ao Eterno permissão para testar a fé de Jó, foi vetado que o inimigo tocasse na vida dele apenas, não na dos filhos. Quem acha que a vida é mero convite para festa, e, são coisas irrelevantes, as renúncias e santificação ensinadas, poderia aprender algo aqui.

Estar abençoado por habitar na sombra de alguém que honra a Deus, é bom; mas ser abençoado por manter um relacionamento saudável e reto com Ele, em qualquer circunstância, é vital.

Certo que O Pai tenciona nos enviar apenas coisas boas; mas Ele decide o que é bom para nós. Se vir como necessárias algumas perdas de relevância menor, para que o mais importante seja preservado, Ele permitirá. “A calmaria que nos faz dormir, pode ser mais fatal que a tempestade que nos mantém acordados.”

Reconciliados


“Naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, estranhos às Alianças da promessa, não tendo esperança, seu Deus no mundo.” Ef 2;12

“... sem Cristo...”
estar sem Ele, não significa apenas isso; como se o homem fosse um ente autônomo. Pela nossa condição de criaturas, feitas com inclinação para adoração, e um lapso que apenas O Criador pode preencher, quem estiver ausente dele, acabará refém do traidor que, usurpa ao lugar do Divino, sempre que pode.


Ouçamos Paulo: “... andaste segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, que agora opera nos filhos da desobediência.” Ef 2;2

Não há neutralidade; nossas atitudes fatalmente denunciarão as escolhas; “... a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; do pecado para morte, ou da obediência para justiça.” Rom 6;16
Gostando ou não, se não estivermos com Cristo, estaremos ao alcance do “Príncipe das potestades do ar...”

“... separados da comunidade de Israel...”
O Salvador disse: “... a salvação vem dos judeus.” Jo 4;22 havia uma separação de origem espiritual, entre o “povo eleito”, que deveria ser representante de Deus, e os gentios. Estar alienado do povo da promessa, também deixava distante do Salvador. Tendo Ele vindo, a divisão entre os povos deixou de existir; “porque Ele é a nossa paz, o qual, de ambos os povos fez um, derrubando a parede da separação que estava no meio.” Ef 2;14

“... estranhos às Alianças da promessa.”
A primeira Aliança respeitava a Abraão e sua descendência. “... em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gn 12;3 Embora a abrangência global da promessa, “todas as famílias da terra”, essa difusão não foi alcançada pelo judaísmo. Paulo ensinou que o vínculo era espiritual, não, sanguíneo: “Sabei, pois, que os que são da fé, são filhos de Abraão.” Gál 3;7

Depois, explicou: “As promessas foram feitas a Abraão e sua descendência, não diz: às descendências, como falando de muitas; mas como de uma só. À tua descendência, que É Cristo.” Gál 3;16 Antes, dissera: “Os que são da fé são benditos, com o crente Abraão.” Gál 3;9

A segunda Aliança, em Cristo, tinha o mesmo objetivo da primeira; abençoar aos fiéis; como os termos da primeira Aliança nunca foram plenamente obedecidos, pela incapacidade do homem caído, Deus radicalizou: “... sacrifícios, ofertas, holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram; então, (Cristo) disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, tua vontade. Tira o primeiro para estabelecer o segundo. Na qual vontade, temos sido santificados, pela oblação do Corpo de Cristo, feita uma vez.” Heb 10;8 a 10

Quando fazemos o santo memorial da Ceia do Senhor, evocamos o “Sangue da Nova Aliança”, pela qual, a promessa da bênção chega aos que creem.

“... não tendo esperança...” A esperança é um daqueles bens que se nota mais pela ausência, que pela presença. Como água e energia elétrica; na sua incidência nem notamos; caso faltem é que perceberemos melhor a utilidade que têm. Assim a esperança. Em seu curso normal nos faculta viver, planejar o devir, galgarmos degraus evolutivos no conhecimento, fazermos projetos, sonharmos, crermos.
Caso seus verdes ramos venham a murchar, a depressão, o pânico, e outras doenças psicossomáticas poderão encontrar brechas em nossas almas. Assim, além de um acessório precioso à fé, a esperança é um “insumo” valioso até para o exercício nas coisas ordinárias. Quem jamais ouviu que o desespero de fulano, deu azo a grandes males?

Mesmo a salvação, cujo vínculo primeiro é com a fé, que nos faculta certezas do que não vemos, enquanto não se manifesta, tem seu assento na esperança, como ensinou Paulo: “Porque em esperança fomos salvos; ora, a esperança que se vê, não é esperança. Porque, o que alguém vê, como esperará.” Rom 8;24

O fato dela ser invisível, como a fé, não elimina sua substância; antes, se evidencia nas atitudes que promove. “Qualquer que Nele tem esta esperança, purifica a si mesmo, assim como Ele É Puro.” I Jo 3;3

“...sem Deus no mundo.”
O Salvador ensinou: “Meu Reino não é deste mundo.” Assim, estar sem Deus em ambiente adverso, é estar desprotegido, a mercê do inimigo. Diferente do ecumenismo que, no afã de domínio político valida todas as religiões, a salvação demanda um relacionamento com Deus, mediante Jesus Cristo. Os termos são expressos na Sua Palavra.

Na verdade, o príncipe do mundo só se mostra nosso inimigo quando, reconciliamos com Deus. Antes, manipulava fingindo ser amigo. “... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo...” II Cor 5;19

Sermos amigos do Mais Forte é um luxo; mesmo em terreno adverso, somos abençoados; “Prepara-me uma mesa na presença dos meus inimigos...” Sal 23;5

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

O novo


“Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no próprio entendimento. Reconhece -o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Em mudanças de calendário, como agora, a maioria das pessoas estipula metas que pretende atingir no ano vindouro; conquistas materiais, não reiteração de ingenuidades cometidas, abandono de vícios, adoção de melhores práticas atinentes à saúde, às finanças, à vida espiritual, etc.

Grande parte dos “propósitos” perde-se, sem sequer serem tentados. Os quais, serão renovados na próxima troca de ano. Paralelo a essas atitudes, a também repetitiva observação que, não adianta fazer planos virtuosos, se não houver atitudes correspondentes; e, não mudando isso, malgrado, a data, nada mudará, etc.

Por que essas coisas ocorrem? Primeiro, pela ingenuidade conveniente à cumplicidade coletiva, a qual, plasmou no imaginário social, que, mudanças de calendário são boas oportunidades para mudanças de atitudes. Não são. Mudanças de atitudes demandam em primeiro plano, uma mudança de mentalidade. “Deixe o homem ímpio seus caminhos, e o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor...” Is 55;7

Pessoas que levam essa ideia muito a sério, acabam como que traindo a si mesmas, “planejando” o que, sabem que não cumprirão, por se importar mais com a perspectiva externa, de figurar coisas “pertinentes” ante o social, que, com uma resolução interna, de mudar deveras, o que sabem que deveriam, mas não querem. O tetro da vida não é feito com script; antes, as atuações costumam ser de improviso tendo o querer, como diretor.

A humana vontade é prisioneira; lhe é permitido fazer planos de fuga por detrás das grades; fugir seria uma empresa, bem mais difícil.

Paulo expôs o conflito de um que, cheio de boas intenções, não obstantes essas, acaba coagido a realizar apenas coisas más. “Porque o que faço, não aprovo; o que quero, não faço, mas o que aborreço, faço; se faço o que não quero, consinto com a Lei que é boa. De maneira que, agora, já não sou eu que faço isso, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17

Invés de homem livre, pois, apenas um locador, tendo o pecado como inquilino e feitor. Além do “Madruga” em apreço não pagar o aluguel, inda perverte as atitudes do dono da "casa" coagindo-o a fazer o que não quer.

Confrontado, se dirá livre; pois, a presunção de autonomia é o móvel básico da sua prisão.

Assim prossegue a sina dos portadores de bons planos para o ano novo, em apreço; cheios de boas vontades, porém, incapazes de as colocar em prática. Isso se verifica de modo mais intenso, sobretudo, nas resoluções que demandam uma mudança moral, espiritual.

Intimamente convencidas que carecem disso, as pessoas com suas vontades presas nos maus hábitos enraizados em suas naturezas, olham por entre as grades, para cenários que gostariam de visitar, mas, não tanto, ao ponto de pagar o preço para ser livres. Ficam “indo a Paris” sem saírem das suas celas.

A verdadeira liberdade, ensinou O Salvador, requer permanência na Sua Palavra. Carecemos ousadia santa para palmilhar na “Cidade Luz”. “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Sabedor O Senhor, da nossa escravidão e incapacidade para nos libertarmos, “turbinou” aos que lhe deram crédito assistidos pelo Espírito Santo, de modo que se possam comportar à altura da honraria que receberam mediante o novo nascimento; “A todos que O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

“Deu-lhes, poder...”
As coisas virtuosas, em Cristo, não são mais um devaneio distante, uma espécie de “quem me dera”; Cristo Deu poder aos que Lhe deram ouvidos; os fez renascer da Água (palavra) e do Espírito (Santo).

Não carecemos uma lista de maus hábitos a abandonar, na nova vida que acontece após a conversão, a despeito do calendário. Pós o Novo nascimento, nosso espírito é vivificado e dirigido por santo caminho, pela Voz Bendita do Espírito Santo. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita, nem para a esquerda.” Is 30;21

Quem deseja uma mudança veraz, deve ousar mais que ficar decorando a roda do tempo, para que ela gire cheia de brilhos artificiais.

Tem, o ser humano, mais facilidade de arrostar o mundo, que enfrentar a si mesmo. Quem desejar sinceramente, ousar nessa direção, será ajudado pelo Senhor, que lhe dará a vida eterna, para que não careça mais, se importar tanto com a marcha do calendário terreno. Aos que se atreverem, enfim, feliz nascimento novo!!

Deus e o mal


“Porventura, da Boca do Altíssimo não sai, tanto o mal, quanto o bem? De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos próprios pecados.” Lam 3;38 e 39

Esse “mal” procedente do Altíssimo é um daqueles textos para deleite dos que sentem prazer em atribuir imperfeições ao Eterno.

Os filósofos antigos faziam distinção entre o “Númeno” e o “Fenômeno”. Aquele primeiro refere-se ao ser, à essência das coisas, e o fenômeno, à aparência, a manifestação.

Do ponto-de-vista do fenômeno, dizemos que o sol nasce e se põe todos os dias; pois, assim nos parece. Entretanto o ser é diferente; é a terra que gira sobre si mesma, produzindo essa sensação.

Um exemplo mais, e basta; quando nossos abdomens adquirem certa protuberância, de modo que algumas roupas não nos servem mais, dizemos que elas ficaram pequenas, embora permaneçam do mesmo tamanho. A mudança se deu em nós.

Porque A Palavra de Deus fala mediante homens, aos homens, natural que use o modo antropomórfico (forma humana) de falar, para facilitar a compreensão. Assim, aquilo que soa como um mal, aos nossos olhos, aos Dele, nem sempre é assim.

A relação do Eterno com o mal em si, com a essência do mesmo é absolutamente impossível. Abraão dissera: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; longe de Ti; não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

Por Habacuque, disse: “Tu És tão puro de olhos que não podes ver o mal; a opressão não podes contemplar...” Hac 1;13

Tiago pontuou a absoluta aversão do Santo, para com o mal; “Ninguém, sendo tentado diga: Por Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um é tentado, quando é atraído e engodado pela própria cobiça.” Tg 1;13 e 14

A rigor, nem o pecador é atraído pelo mal; carece de um “engodo”, alguma nuance de bem, de prazer, vantagens, revanche, algo que, como uma isca, esconda o anzol da maldade, para que esse incauto o abocanhe.

O Eterno, É Santo e Onisciente. Assim, além da aversão pelo mal, dada a Sua Essência, também não pode, como nós, ser enganado por desejos doentios, em consórcio com o logro dos fenômenos.

Jeremias profetizara por mais de duas décadas, advertindo do juízo vindouro, se não houvesse arrependimento e mudança, na sociedade daqueles dias. Foi rejeitado, perseguido, agredido, preso.

A resiliência, mormente dos líderes, na maldade, tornara o juízo, o cativeiro, inevitáveis.

Num contexto de terra arrasada, o povo cativo em Babilônia, a cidade e o templo destruídos que Jeremias escreveu suas lamentações. Ele, pela demora do julgamento anunciado, fora testemunha da longanimidade Divina, da espera pelo arrependimento, para não carecer o julgamento.

Então, o “mal” em apreço só o era, do ponto-de-vista humano; do Divino era apenas justiça. O mesmo profeta testificara da difícil necessidade do Eterno; “Ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão, segundo a grandeza das Suas misericórdias; porque não aflige nem entristece de bom grado, aos filhos dos homens.” Lam 3;32 e 33

Não é algo que apraz ao Todo Poderoso, mas eventualmente, vê como necessário.
Quanto à Sua Essência e bondade, o simples fato de enviar sol e chuva, sobre justos e injustos já deixa ver nuances.

Logo, quando Ele Diz: “Eu formo a luz e crio as trevas, faço a paz e crio o mal, Eu, O Senhor faço todas essas coisas;” Is 45;7 Está O Santo reivindicando Seu direito Soberano de julgar às coisas como lhe aprouver, sem dar satisfação às criaturas; não, evidenciando alguma relação Sua, com o mal em si.

O contexto imediato do verso inicial das lamentações, nesse apreço, deixa ver o tipo do “mal” que era referido; também a causa do mesmo. “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos próprios pecados.”

Quando o homem tiver consciência que, em geral, seus “males” são consequências, e eventuais limitações inatas serão recompensadas no porvir, invés de queixar-se contra Deus, colocará limites em si mesmo, será parcimonioso na semeadura. “Não erreis; Deus não se deixa escarnecer; tudo que o homem semear, isso ceifará; o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; o que semeia no espírito, ceifará a vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Enfim, os caçadores de “contradições bíblicas”, que procuram erros na Palavra de Deus, já deixam, por essa escolha, patente sua preferência pelo mal. Quando o ceifarem terão que culpar a si mesmos.

Felizes os que leem À Palavra de Deus! mas que o façam como quem aprende, não, como quem julga ao Eterno. “Lendo A Palavra de Deus, encontrei muitos erros; todos, em mim.” Agostinho
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