quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Os desobedientes


“... porquanto rejeitaste a Palavra do Senhor, já te rejeitou O Senhor, para que não sejas rei sobre Israel.” I Sam 15;26

Quando do êxodo, o povo de Amaleque cometera pilhagens várias, assassinatos, atacando velhos e doentes que marchavam na retaguarda. Essa covardia facilitara às pilhagens que cometiam, sem carecer um enfrentamento mais duro. O Senhor silenciara.

Porém, estabelecido o povo no seu lugar, ordenou a Saul que varresse aqueles latrocidas da face da terra. Humanos e animais todos deveriam ser extintos. Mas ao ver o viço dos rebanhos de Amaleque, alguns sucumbiram à cobiça, sob a permissão de Saul, e pouparam os animais para “oferecer ao Senhor”. Também ao rei Agague, trouxeram vivo, malgrado, a sentença de morte.

(a hipocrisia tenta mascarar a desobediência com alguma nuance virtuosa. Os animais que ofereceriam “ao Senhor”, seriam eles que comeriam) O Senhor diz: “Se Eu tivesse fome não te diria; pois, Meu é o mundo e toda sua plenitude. Comerei carne de touros ou beberei sangue de bodes?” Sal 50;12 e 13

Após o retorno de Saul com uma obediência parcial, que a rigor, foi desobediência, Samuel lhe disse as palavras aquelas. Porque rejeitaste a Palavra do Senhor, Ele te rejeitou para governar.

Não significa que os governantes da Terra sejam seguidores do Eterno. Embora presida sobre tudo, O Senhor permite as escolhas que aprouverem aos povos. Porém, no que tange estritamente ao Seu Reino, a Igreja, quem rejeitar Sua Palavra, ainda que, parcialmente, estará desqualificado.

Não apenas a aptidão para governar, os que rejeitam À Palavra, abdicam da sabedoria também. Jeremias apreciou uns que, escreviam muitas coisas “espirituais” tentando atrair o povo, invés de o conduzir pela Palavra. “Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a Lei do Senhor está conosco? Eis que, em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram À Palavra do Senhor, que sabedoria, pois, têm eles?” Jr 8;8 e 9

Salomão disse: “O temor do Senhor é princípio da sabedoria...” Prov 1;7 então, “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;5 Nós carecemos nos adequar À Palavra, não o contrário.

Existem muitas formas de rejeitá-la fingindo obedecer, como fizeram aqueles. Alguns parecem querer ajudar ao Eterno em Suas “fraquezas”, uma vez que “os tempos são outros” também a Palavra Dele careceria ser “atualizada”. O Eterno teria sido surpreendido pelo curso do tempo, careceria de ajuda. (?)

Paulo, que foi feito expoente de grande parte do Novo Testamento, tinha outra percepção: Se, aos gregos, amantes da filosofia, com sua mitologia eivada de deuses imortais, a ideia que O Deus Todo Poderoso ficasse ao alcance da mão humana, se deixando matar, era loucura, observou: “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus, é mais forte que eles.” I Cor 1;25 Disse mais: “Visto como na Sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar aos crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Aquele que “anuncia o fim desde o princípio”, seria surpreendido pelo desenrolar da maldade humana ao longo do tempo? Ou, O que É Perfeito em Sabedoria, seria suplementado por alguns melhoramentos vindos das nossas mãos?

Também os pretensos editores da Palavra da Vida têm seus “motivos nobres” para fazer isso. Invés de desobediência, o que pretendem é “atualizar” ao que estaria superado pela nova “moralidade”; não para pervertê-la, antes, para “incluir” um monte de “gente boa” que estaria ficando de fora, se a Palavra fosse observada nos moldes originais. Oportuna a pergunta de Abraão: “... Não faria justiça O Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

Pois é. Algumas percepções antiquadas careceriam ser modernizadas também; como a de Agur: “Toda A Palavra de Deus É Pura; escudo é para ao que confiam Nele; nada acrescentes, às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6

Enfim, a correção que coube ao teimoso Saul, achando que a desobediência poderia ser “compensada” pelos ímpios atalhos da mão humana, inda vale: “... tem, porventura, O Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, quanto, em se obedeça à Sua Palavra? Eis que o obedecer é melhor que o sacrificar, e atender é melhor que a gordura de carneiros.” I Sam 15;22

Ademais, se invés de obedecer aos Divinos preceitos, em tudo, inclusive na sexualidade, alguém pode ser “incluído” por ser gente boa, pelas demais coisas que faz, teríamos a doutrina da salvação pelas obras, invés de pela fé, em obediência à Palavra.

É pela fé. Essa remete ao “caminho estreito”; o resto, por bem intencionado que pareça, é desobediência.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

O espírito do Natal


Outro dia, deparei com uma frase espirituosa, que me fez pensar. Dizia: “A diferença entre o Halloween e o Natal é que naquele, fingimos ser maus; nesse, fingimos ser bons."

Entre um fingimento e outro, acho que quando nos paramentamos de maus, estamos mais próximos da verdade. A Palavra de Deus ensina: “Não há um justo sequer.” Os que se incomodam lendo isso são os que, mais rápido testificam que é verdade. Pois, atribuem à Palavra de Deus, erros; e a Ele, imperfeição. Pior que mau, isso é blasfemo.

A maioria dos cristãos ainda não entendeu que somos chamados para confrontar o mundo, não, nos alinharmos a ele. “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas porque não sois, antes, Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.” Jo 15;19 

Não que devamos ser mal educados, enxeridos, deselegantes; mas, podemos ser diferentes pelo exemplo, e saber expor os motivos, se inquiridos.

Alhures, a institucionalização da hipocrisia, saudações “amorosas” dos que se detestam, faz parte do pacote, do dito “Espírito do Natal”.

Os que levam Jesus Cristo a sério, mesmo dentro das suas casas encontram oposição. “Cuidais que vim trazer paz à Terra? Não vos digo, antes, dissenção. Porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa; três contra dois, e dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, o filho contra o pai, a mãe contra a filha, a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra sua sogra.” Luc 12;51 a 53

Portanto, essa história que o Natal é o tempo das famílias unidas requer, na maioria dos casos, a ausência do Senhor. Sob a batuta do Noel, toda falsidade é encorajada.

Jesus Cristo estando, deixa em maus lençóis aos que vivem em trevas; Ele é a Luz. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Um cristão autêntico acaba sendo o proverbial “soldadinho-do-passo-certo” onde o mundo marca sua cadência.

O máximo de “luz” que o Natal do Noel consegue são essas miríades chispantes “Made in China”, que obram o disfarce das trevas espirituais reinantes. A Luz de Cristo não fulge alguns dias apenas; brilha no caráter, nas ações, não nas fachadas.

Os “cristãos” natalinos, que se atiram sobre essa parafernália amoral, aos moldes do mundo, invés de estar contextualizando sua fé, como pretendem alguns que fazem certas ressalvas para ser iguais ao mundo, estão apenas se amoldando à hipocrisia reinante, por incapazes de suportar, inda que de forma tênue, o “vitupério de Cristo.”

Muitos gostariam de criticar severamente a um texto como esse, mas não farão; fazendo acabariam “assinando recibo” de que o mesmo é verdadeiro e os incomoda.

Estou perplexo por constatar que não somos capazes de resistir nem às seduções mínimas; como será quando o sedutor mor se levantar e praticar com “sabedoria”, na pele do Anticristo?

Quantos cartões com votos de “Feliz natal” serão enviados entre adúlteros, mentirosos, promíscuos, corruptos, ladrões, farsantes...
Cristo é mais seletivo em Seus “votos”; invés de um “Feliz Natal” indiscriminado, a qualquer um, para ser agradável, ele o faz de modo seletivo, por ser verdadeiro: “Felizes os pobres de espírito; (humildes) Felizes os limpos de coração, os que têm fome e sede de justiça, os perseguidos por causa do Meu Nome, os pacificadores...” Mateus cap 5ss

Desgraçadamente nessas épocas a morte usa tarrafas invés de anzóis; basta ver o acidente em Minas Gerais com mais de quarenta mortos, a avião em Gramado dos que foram em busca do “Natal”, a queda da ponte no Rio Tocantins, etc. Seria esse “avivamento” da morte um testemunho da atuação do “Espírito do Natal”?

Ora, fazer caridade socorrer aos desvalidos é virtuoso sempre, sobretudo se o fizermos sem chamar o aplauso humano, apenas diante de Deus. Essa tentativa de ficarmos “bonzinhos” por um dia e vivermos os demais às nossas ímpias maneiras, só piora nossa já ruim situação.

Não significa que as luzes dispostas nas praças e fachadas não formem coisas belas ante nossos olhos. Mas, quem crê em Jesus Cristo tem outro tipo de visão. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e aprova das coisas que não se vê;” Heb 11;1

Embora respeite aos que fazem decorações de Natal, só consigo admirar aos que deixam O Senhor, não o Menino Jesus, adornar suas almas para que, capacitados por Ele produzam, enfim, o fruto do Espírito, para a Glória de Deus, em todos os dias do ano. Assumindo cada um, as suas maldades e se arrependendo delas, aprendendo a bondade segundo O Senhor.

O lamaçal


“Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos.” Sal 40;2

Para alguém poder falar dessa forma, carece antes de mais nada, saber a diferença entre lodo e Rocha. Quem não sabe uma coisa assim tão elementar? Acontece que aqui, são figuras de linguagem, descrevendo uma situação moral, espiritual. Para tanto, quem não aprender a ver as coisas como O Santo vê, terá problemas em identificar corretamente, a cada uma.

Tendem as pessoas a ver e valorar às coisas a partir de si mesmas; “A moral do lobo é comer ovelhas, como a moral da ovelha é comer grama.” Escreveu Anatole France. A inversão de valores é o derivado natural, do vício humano de endeusar às próprias percepções, legitimar predileções, alheio ao Eterno.

A percepção particular da vida, acaba valorando ao ser, por inteiro. O Salvador ensinou: “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, teus olhos forem maus, teu corpo será tenebroso. Portanto, se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;22 e 23 Percepções segundo a natureza, não segundo Deus, colocam a mercê do príncipe das trevas que domina sobre a natureza caída.

Paulo descreveu a saga humana, como estando nós restritos a um limite de tempo e espaço, para buscar a Deus; “... se, porventura, tateando o pudermos achar...” Atos 17;27 A cegueira espiritual do homem alienado do Eterno.

“O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19 Em contraponto, os que são justificados em Cristo, pouco a pouco são capacitados a ver as realidades espirituais; “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito.” V 18 Esse ditoso pode deplorar o fato de ter estado na lama, porque a consegue identificar; passa a ser firmado nos valores Divinos, a Rocha.

Invés de ficar saudoso rebuscando o passado e contando as barbáries pretéritas, como os que se orgulham se ser ex isso, aquilo, um convertido deixa pra lá as coisas da lama e avança para outras melhores. “Que fruto tínheis então, das coisas que agora vos envergonhais?” Rom 6;21 O passado causa vergonha, não é motivo para ser rebuscado.

Não se trata a conversão, de mera mudança de habitat. Aquele que pretender sair do seu ambiente natural e vir a Cristo, sem uma mudança sobrenatural, o novo nascimento da água e do Espírito, até poderá figurar por um tempo, mercê de conveniências, ou patrocinado por habilidades teatrais. Mas, chegará uma crise, a prova, e nessa, a vera essência sairá à luz. Por isso, o salvo, além de evitar maus conselhos, ambientes, companhias, deve buscar a edificação no Senhor; “Tem seu prazer na Lei do Senhor e nela medita dia e noite.” Sal 1;2

Pedro aprecia uns que até saíram do lodo para a Rocha, mas continuaram acariciando a saudade da lama, invés de adotarem nova dieta, sóbria, espiritual; em dado momento, migraram de volta ao lixão do qual haviam saído.

“Porquanto, se depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o último estado, pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora, não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: o cão voltou ao próprio vômito, a porca lava ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

A não adoção da dieta ovina preservou a índole do cão. Embora alguns advoguem que não se pode perder a salvação, os que isso fazem sequer haviam se convertido, as reiterados exortações à perseverança apontam noutra direção.

Pois, os que vieram e fruíram de Cristo retrocedendo, valoraram à Rocha como inferior à lama; “Porque é impossível que os que já uma vez fora iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, assim, quanto a eles, de novo crucificam O Filho de Deus e O expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Antes que, de atitudes, a conversão requer mudança de mentalidade; “Deixe o homem ímpio seus caminhos, e homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor...porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

Antes de tirar os pés da lama, O Eterno tira a lama das mentes.
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Fés terceirizadas


“Ao terceiro dia, levantou Abraão seus olhos e viu o lugar de longe.” Gn 22;4

Deus ordenara que ele fosse a Moriá, a lá oferecesse seu filho Isaque em holocausto. Impressiona o quão lacônica a narrativa bíblica é; num verso ordena o inusitado e doloroso sacrifício; no seguinte mostra ele agindo, como se nada demais tivesse se passado durante a noite. “Então, levantou Abraão pela manhã, de madrugada, albardou seu jumento, tomou consigo dois dos seus moços, e Isaque, seu filho; cortou lenha para o holocausto, levantou-se e foi ao lugar que Deus lhe dissera.” V 3

Se fosse uma narrativa estritamente humana, a dura e insone noite do velho Abraão daria uns cinco capítulos de novela. Cogitações, altercações, confissões, quiçá, planos alternativos, temores, resmungos poderiam fazer parte de uma noite em claro, de quem colocaria os próprios sentimentos em contraponto à ordem recebida. Não foi assim.

Por certo, grande peso emocional abalou-o; mas fiel como era, levantou cedo e se dispôs a fazer o que fora ordenado. Pior que a dor emocional de sacrificar ao próprio filho, ainda concorria toda uma logística difícil; munir-se dos meios, cortar lenha e caminhar três dias até chegar ao local indicado. Isso, por si só bastaria para que muitos desistissem de um relacionamento com O Altíssimo, por achar duro demais. Nenhuma dificuldade o deteve; no terceiro dia chegou à base do monte, que ainda carecia ser galgado.

Eram homens de outra fibra. Lembro o incidente de Naamã, quando, tendo buscado por Eliseu desejando ser curado da lepra, se decepcionou porque, invés de ser recebido com honras, o profeta apenas enviou-lhe um moço servidor dizendo que ele mergulhasse sete vezes no Jordão, para ser curado.

Tal indiferença de Eliseu ante um militar tão graduado feriu seu orgulho; tencionava voltar para casa. Um dos seus servos, contudo, insistiu: “Se ele tivesse ordenado algo difícil, porventura não o farias?” Então, por que não mergulhar sete vezes, algo tão fácil? Ante a lógica do argumento ele cedeu, fez o que foi ordenado e acabou restabelecido em plena saúde.

Voltando à ideia dos homens de outra têmpera, (os raízes) eles tendiam a recuar ante o que parecia demasiado fácil, ou desonroso; não, diante do difícil. Como citou Dave Hunt, o que nos está preparado no devir é “glorioso demais para ser fácil.” Por isso os fujões ante as dificuldades desagradam a Deus. “O justo viverá pela fé; se ele recuar, a Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

O que foi demandado de Abraão, requeria uma renúncia extraordinária. Certamente sofreu os abalos naturais de uma saga tão pesada; todavia, não recuou. Quando estava prestes a consumar o ato, O Anjo do Senhor o impediu, provendo um cordeiro em lugar do menino. O Eterno não desejava o filho morto; apenas, que Abraão afirmasse sua fé e obediência às últimas consequências.

Muitos tentaram ancorar suas vidas erradas numa espécie de herança espiritual, como se bastasse ser descendente de Abraão, para possuir o valor dele. Jesus disse: “... se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.” Jo 8;39 deixando patente que não eram laços de sangue, mas identidade espiritual que contava.

João Batista fora além: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos, temos a Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Luc 3;8

Hoje, os “cristãos” de língua pretendem ancorar todos os seus anseios em “Nome de Jesus”, O Nobre “descendente” de Abraão.

Também não basta o Nome, como ensinou Paulo: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Essa coisa leviana de terceirizar o relacionamento com Deus, tipo, o pastor, o bispo, ou profeta, orará por mim, e tudo ficará bem, é um triste testemunho de uma geração sem valor, apegada ao comodismo reles, onde deveria primar pela honra, pelo valor excelso das coisas em jogo. 

Os “Naamãs” de hoje colocariam de cara sete fotos no “History” felizes por ter sido muito fácil. Apenas não fariam uma marcha da Síria a Israel. Mergulhariam na piscina de casa e mandariam vídeos ao profeta.

Depois de alistar aos heróis da fé que deram suas vidas por amor a Deus, o texto bíblico afirma: “Ainda não resististes até o sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

A Divina Graça pagou o que não podíamos; a necessária santificação requer que renunciemos o que podemos, capacitados pelo Espírito Santo.

Também foi provido um Cordeiro para nos poupar a vida; mas só a obediência irrestrita deixa evidentes os filhos de Abraão.

O tempo de Deus

“A Glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, chamou a Moisés do meio da nuvem.” Ex 24;16 Antes, dissera: “Sobe a Mim ao monte e fica lá; dar-te-ei as tábuas de pedra, a Lei...” v 12

A subida de Moisés não fora de sua iniciativa; antes, Deus ordenara que ele o fizesse. Natural à perspectiva humana, precipitada, considerar que Deus o estaria esperando; que lá chegando, O Eterno presto se poria a falar, sobre as instruções necessárias. Entretanto, o texto informa que, durante seis dias, apenas a nuvem o cobriu; somente ao sétimo dia, O Senhor o chamou.

Há uma diferença de tempo, entre o homem finito e O Eterno. Aquilo que nos parece moroso, para Ele não é. Quem tenciona se aproximar do Santo deve aprender, que isso só é possível nos Seus termos.

Por razões da Sua Sabedoria, O Altíssimo manifesta predileção pelo número sete. Quem ler o Apocalipse com atenção verá sobejas provas disso. Se Aquele que fez o mundo em seis dias e descansou ao sétimo, decidiu “assinar” assim Suas obras, mesmo o relacionamento com o povo eleito, quem poderia questionar Seus motivos?

Moisés viera da cultura egípcia onde crescera em meio ao politeísmo idólatra. Que mal havia se, O Criador desejara pintar naquele encontro, ainda, algumas nuances atinentes à criação?

Antes de receber a Lei, propriamente, o homem deve receber a noção de que as coisas atinentes a Deus, obedecem ao tempo Dele, não aos anseios nossos. “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes em teu próprio entendimento.” Prov 3;5

Além de marcar a necessária distância entre criatura e Criador, isso mostra que, mesmo a perfeita intimidade em obediência, ainda deve ser humilde, reverente, submissa.

Na maioria das vezes Ele que espera por nós, não obstante, isso. Não porque sejamos importantes; antes, porque Ele estabelece soberanamente, condições que, se não preenchidas tolhem que nos abençoe. De um desencontro assim, disse certa vez: “Dores de parto lhe sobrevirão, (a Efraim) ele é um filho insensato, porque é tempo, e não está no lugar em que deve vir à luz.” Os 13;13 Mesmo sendo chegado o tempo, Deus esperaria que o povo tomasse necessária posição, antes de o iluminar.

Não poucas vezes O Eterno espera pela mudança de atitude dos errados de espírito, pelo arrependimento dos que agem impiamente; “Irei e voltarei ao Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem à Minha Face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15 Angústias seriam poupadas, se tivéssemos melhor noção das coisas relativas ao Senhor.

Por Isaías, disse: “Por isso, O Senhor esperará para ter misericórdia de vós; por isso se levantará para se compadecer de vós porque O Senhor É um Deus de equidade, bem aventurados todos, os que Nele esperam.” Is 30;18

Agora temos uma espera mútua. O Senhor espera para ter misericórdia daqueles que, Nele esperam. Digamos que Ele dá tempo para a maturação da nossa fé. Se os resultados de crer fossem imediatos, nem mesmo fé seria; mas mera troca comercial. “A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das que se não vê.” Heb 11;1

O salmista contou um evento em que “madurou” seu crer em meio a um lamaçal, do qual, uma vez testada e aprovada sua fé, foi liberto enfim. “Esperei com paciência no Senhor, Ele se inclinou para mim e ouviu meu clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos; e pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40 1 a 3

Então, mesmo se, tendo feito tudo certo, em obediência aos Divinos mandados, ainda assim, parecer que Deus está distante, que não quer falar conosco, nos mantenhamos confiantes. No tempo que julgar oportuno Ele o fará. Como disse a Habacuque, “se tardar, espera.”

A Moisés dissera: “Sobe a Mim ao monte e fica lá...” até que uma nova instrução fosse dada, essa bastaria. Nele somos chamados à vida eterna. Porque sucumbiríamos aos açodos dos que têm pouco tempo? Para Ele, ensina Pedro, mil anos são como um dia, e um dia como mil anos. Se resolveu, como a Moisés, deixar a humanidade sob a “nuvem” por seis dias, já vislumbramos a aurora do sétimo, onde claramente falará.

Outrora, o fez para dar Sua Lei; breve o fará para tornar manifesto o Seu Juízo. “Então voltareis e vereis, a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serva Deus e o que não o serve.” Ml 3;18

domingo, 22 de dezembro de 2024

Falsos árbitros


“... Deus fez o homem reto; mas eles buscaram muitas astúcias.” Ecl 7;29 Algumas traduções alternam para, “buscaram muitas invenções”. Logo, temos o que O Criador fez, e o que o homem buscou.

A perfeição não comporta melhoramentos. Esses são lidos como “aperfeiçoamentos”, o que requer uma subida rumo à perfeição que lhes falta.

Quem galgou ao cume do Everest, já não pode subir mais; caso decida marchar, terá que fazê-lo para baixo. Assim, as coisas perfeitas, se sofrerem alteração serão avarias, não, melhorias. O homem foi criado reto significando, moral e espiritualmente perfeito; não carecendo nem podendo sofrer melhorias. A mudança tornou necessária, a queda, a perda da vida espiritual.

A sabedoria possui excelência tanto cognitiva, quanto essencial; a astúcia é um simulacro amoral, quando não, imoral. Permite tomar atalhos, forjar engenhos rumo a um fim, sem valorar, necessariamente, esse fim; apenas porque o deseja atingir. A astúcia pode urdir o como fazer? a sabedoria, além disso, considera o porquê. A nobreza de propósito, ou a falta dela, diferem uma coisa da outra.

É a ordem natural dos seres inteligentes, buscar às coisas que lhes falta, ou, que acreditam faltar. Se, mesmo tendo sido criado pleno, o homem ainda buscou algo mais, por certo, uma força interna ou externa o convenceu que precisava; senão, não buscaria.

Conhecemos a história da lábia do “profeta” do Éden, que fez o incauto homem crer que poderia ser melhor do que era, equiparando-se ao próprio Criador. Se, não tivesse sido convencido que isso era verdade, certamente, não teria buscado tal “upgrade”. Qual fato novo ensejou esse movimento para baixo?

As falácias do inimigo geraram dúvida; a promessa acendeu uma esperança, ainda que falsa; invés de ter A Palavra do Criador como norte, sentimentos e impressões gerados no coração humano tomaram para si a tarefa de decidir. “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, comeu, deu também ao seu marido e ele comeu com ela.” Gn 3;6

Por um momento, sob a batuta do maestro do engano, a morte se vestiu de adjetivos como, boa, agradável, desejável. Diferente das invenções práticas que produzem mediante técnica, algum aparato útil, as invenções meramente verbais, produzem, num primeiro momento, mentira; depois as consequências que podem levar à morte até.

Tiago esmiúça o processo da morte buscada; “Cada um é tentado quando é atraído e engodado pela sua própria concupiscência; depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado gera a morte.” Tg 1;14 e 15

Quando ouço algum pregador dizendo: “Só faça o que sentires no coração”, por cristão que se pretenda, o tal, não passa de uma extensão do “profeta aquele”, que arrostou À Palavra do Criador, colocando os móveis e manipuláveis sentimentos humanos, no lugar. “Enganoso é o coração, mais todas as coisas, e perverso, quem o conhecerá? Eu, O Senhor esquadrinho o coração...” Jr 17;9 e 10

Quem toma os sentimentos como aferidores onde deveria tomar A Palavra de Deus, abdica da luz, preferindo caminhar no escuro. “Lâmpada para meus pés é A Tua Palavra, e luz para meu caminho.” Sal 119;105

Enfim, quando o Senhor condiciona os que desejarem segui-lo ao soturno, “negue a si mesmo”, invés de nos tolher um direito como pode soar ao mais desavisado, nos está ordenando o despejar de um traidor; dar um pé na bunda daquele que, pela herança maldita em que o pecado o lançou, se tornou refém de uma madrasta que é inimiga do Criador. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

No estado de perfeita comunhão do homem reto com O Criador, tudo era permitido a ele, exceto, uma coisa, para manter patente que seu domínio era em submissão. Desviando-se da Palavra de Deus e escutando à oposição, deu no que deu; agora, como derivado da queda, tudo se fez impuro, maldito, exceto as coisas feitas em submissão a Cristo. “Sem Mim, nada podeis fazer.”

O homem que foi criado reto entortou em todos os sentidos. Por isso a regeneração em Cristo precisa atingir também, todos os aspectos da nossa vida; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Nossos sentimentos não são árbitros confiáveis; a quem nasceu de novo, foi dada a luz do Espírito Santo, para entender À Palavra que mostra o caminho.

Retidão foi um dom, e se perdeu; agora deve ser fruto de uma escolha; “... o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

O Reino dos Céus


“Arrependei-vos porque é chegado o Reino dos Céus!” Mat 3;2 Falas do arauto do Rei, João Batista.

Normalmente, uma mudança de reino ocorria após uma guerra. Determinado poder dominava, vinha outro superior e o derrotava; submetia os derrotados que restassem vivos, ao domínio do novo rei.

Assim, quando os caldeus derrotaram aos judeus levando-os cativos; quando foram derrotados pelos medos e persas, que por sua vez caíram para os gregos, etc. Sempre um novo reino surgia, conquistado em batalha. Em alguns casos, se evitava mortes inúteis; o reconhecidamente superior impunha-se, fazendo tributários os mais fracos.

Pois, O Reino de Deus, pela sua singularidade, “... O Meu Reino não é deste mundo...” Jo 18;36 busca por indivíduos, não por territórios, nem poder político; desafia cada um em particular, a deixar o domínio do “Príncipe deste mundo”, para pertencer ao Rei dos Reis. Vivendo ainda aqui, mas com valores procedentes dos Céus.

Não requer aptidão marcial, imposição bélica contra o semelhante; antes, rendição voluntária ao Rei. Como O Novo Reino firma-se em valores mui acima das melhores disposições dos melhores seres humanos, o primeiro passo para o ingresso nele é reconhecer nossa inépcia, nossa indignidade; “Arrependei-vos!”

“Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor; que se compadecerá dele; torne-se para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” Is 55;7

O Rei desse venturoso Reino, não quer meros súditos que o sirvam em troca de pão, ou movidos pelo medo. Ama e quer ser amado; requer dos Seus, que se assemelhem a Ele nos valores, no caráter. “... Amai aos vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz com que Seu sol se levante sobre maus e bons, a chuva desça sobre justos e injustos.” Mat 5;44 e 45

Ele deseja filhos, que se esforcem em parecer consigo, não, meros servos. Para tanto, carecem eles aprender os pensamentos do Rei, que em muito excedem às noções rasas, terrenas; “Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são os Meus caminhos mais altos que os vossos, e Meus pensamentos, mais altos que os vossos;” Is 55;9 ensina O Rei.

Tentara desde dias idos estabelecer Seu Reino mediante Israel; “Vós me sereis reino sacerdotal e povo santo...” Ex 19;6 ordenara. Por razões que não abordaremos agora, o ideal Divino ficou mui longe de ser atingido.

Mediante Isaías, disse: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das suas delícias; esperou que exercessem juízo, eis aqui, opressão; justiça, eis aqui o clamor!” Is 5;7 Comparara Seu Reino a uma vinha; as ações, a frutos.

O pretendido reino se tornara uma videira degenerada, que dera frutos indesejáveis. Invés de um suplemento àquele que falira, O Rei em pessoa trouxe algo novo; “Eu Sou A Videira Verdadeira, e Meu Pai é O Agricultor...” Jo 15;1 Afinal, o “arrependei-vos” foi apregoado aos do “Povo Eleito”, num primeiro momento.

Natural que os descendentes daquele projeto que falhara, vissem no pregoeiro do novo Reino, uma espécie de concorrência, rivalizando com eles. O Senhor do Reino não escondeu isso. Ensinou que Seus súditos deveriam superar em muito, aos que fracassaram em cumprir o intento Divino; “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder à dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” Mat 5;20

Na Parábola dos lavradores maus, vaticinou Sua rejeição e morte, e consequente transferência do Reino, não mais tendo como critério laços de sangue com os patriarcas, antes, frutos espirituais, segundo O Divino propósito. “Portanto, Eu vos digo que O Reino dos Céus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê seus frutos.” Mat 21;43

Atualmente não está diferente do que foi. Muitos que se dizem cristãos, caíram no mesmo erro de mera profissão verbal, sem os frutos que O Rei dos Reis deseja. Nossas ações testificam quem somos, não nossas falas; “não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça.” Rom 6;16

Alguns tentam maquiar desobediências pretendendo “editar” aos decretos do Reino, sem ter sido comissionados pelo Rei para isso.

Se, naqueles dias, dos ingressandos era requerido que excedessem aos religiosos de então, em justiça, atualmente, a situação se repete. Logo, a mensagem também carece ser repetida, justamente dentro dos locais que supostamente já pertencem ao Reino; “Arrependei-vos, pois, breve se fecham as portas, para O Reino dos Céus.”