sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Dias melhores


“Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.” Ecl 7;10

Embora digam que estamos evoluindo, A Palavra de Deus apresenta em caracteres soturnos, a derrocada moral humana, onde, os “dias maus” se tornam cada vez piores.

O esperável, para quem tem olhos capazes de ir além das aparências, com algum entendimento. Tanto que, como vimos no verso acima, estranhar que a humanidade esteja descendo a ladeira e piorando cada vez mais a vida, seria tolice. “... não provém da sabedoria essa pergunta.”

Imaginemos um projétil apontado a um alvo no infinito, cujo aponte esteja correto; porém, no momento do disparo, o “sniper” estremece um milímetro. Quanto mais esse projétil andar, mais se afastará do alvo que deveria atingir.

Pois, o “projétil” é o homem; o alvo rumo ao infinito do tempo seria seguir espelhando a Imagem de Deus, na qual foi criado. O estremecimento que o desviou do curso foi ter dado ouvidos à oposição.

Quanto mais o homem avança no tempo, mais se perde, afastando-se um pouco a cada dia, do Criador. Logo, estranhar isso é que seria o estranho; enquanto, esperar a incidência da apostasia, é o “normal”; está predito na Palavra de Deus. “... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. Destes afasta-te.” II Tim 3;1 a 5

Os proponentes da teologia liberal, que defendem “atualizações de Deus”, segundo o insano curso do mundo, não passam de reflexos religiosos desse desvio, dos que, tendo aparência de piedade, negam sua eficácia. Usam ainda rótulos religiosos, para a “legitimação” daquilo que A Palavra declara ilegítimo, infame, abominável.

Se, do ponto-de-vista do desenvolvimento tecnológico a humanidade voa, no prisma moral e espiritual, cada vez se torna mais réptil.

Os meios modernos de comunicação são bem vindos, e qualquer um pode voar nas suas asas. Todavia, A Perfeição Divina não comporta mudanças, melhoramentos; dada a imutabilidade do Eterno. De Cristo está dito que Ele veio “... sendo o resplendor da Sua glória, a Expressa Imagem da Sua Pessoa..." Heb 1;3 diz mais: “Jesus Cristo É O Mesmo, ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8

Assim, quem desejar, como o filho pródigo, o caminho de volta para casa, deverá olhar para trás, para identificar onde deixou a vereda direita seduzido por algum simulacro de luz, que cega invés de iluminar; “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6;16

Descanso para as almas parece algo módico, para uma geração irrequieta, que deseja prazeres de toda ordem, e adrenalina. A maioria não sonha com descansar; antes, “curtir.”

Essa corrida atrás das sombras, que A Palavra chama de fuga do medo da morte sob a servidão ao pecado, (visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão. Heb 2;14 e 15) recebe de um espúrio combustível para o motor dos dias maus girar velozmente, colocando apenas pressa, onde o homem deveria vislumbrar um objetivo.

O Salvador segue, “no passo do gado”, oferecendo as mesmas, coisas, sem nenhum apreço pelos açodos do modernismo; “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve.” Mat 11;28 a 30

Nele, mediante o novo nascimento que faculta, é possível uma “inversão” pontual, nas vidas que se lhe submetem. Os tais, passam a viver dias melhores que os passados, onde e quando, eram escravos do pecado, fugitivos da sombra da morte, errantes ignorando os próprios tropeços. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Entendermos que os dias presentes e futuros podem ser melhores é o primeiro passo; nos rendermos a Cristo que nos leva a isso, é voltar para a rota, mediante regeneração e santificação, retornarmos ao centro do alvo Divino. “O que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal.” Prov 1;33
Todas as reações:
João Carlos Pereira da Silva e a Mari Santos

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Os nãos, de Deus


“... se pedirmos alguma coisa, segundo Sua vontade, Ele nos ouve.” I Jo 5;14

Alguns entendem mal o ensino para perseverar em oração. O “pedi, pedi...” não encerra o assunto. É um conselho atinente à perseverança.

O Mestre ensinou a submissão ao querer do Eterno, quando os discípulos pediram: “ensina-nos a orar.” Entre outras coisas, disse: “... seja feita a Tua vontade, na Terra, como é feita nos Céus.”

Devemos ter consciência que nossas petições não se opõem ao Divino propósito. Tiago explicou: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;3 e 4

O Eterno não gosta tanto assim de oração, a ponto de “amolecer” e dar o que alguém deseja, apenas porque esse orou. Podemos pecar orando. Basta pedir coisas segundo o mundo; na linguagem de Tiago, adultério espiritual. “O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor, mas a oração dos retos é Seu contentamento.” Prov 15;8

Mais que a oração, um culto, onde o ímpio ofereceria sacrifícios, se fazia abominável ao Senhor; portanto, antes do predicado da oração, entra o sujeito e seu caráter. Sendo ímpio, tem coisas a consertar antes de pretender acessar O Santo. “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Assim como a oração depende sua eficácia, de um alinhamento com Deus, tanto quanto ao que está sendo pedido, quanto à comunhão do que ora, de igual modo, o exercício dos dons espirituais. Não são arbitrários podendo ser usados ao bel prazer de quem os recebe.

Por ocasião da pandemia, muitos desafiaram aos que supostamente têm o dom de curar, para que fossem nos hospitais e curassem aos atingidos. Ora, um desafio assim poderia ser feito em qualquer tempo; sempre os hospitais estão repletos de enfermos, não carecemos “ajuda” duma pandemia.

Certo que há muitos charlatães, “agitando águas” que não curam, por “testemunhos” de abalados emocionais, onde nada além disso, de um abalo aconteceu. Entretanto, supor, por causa disso que não haja dons autênticos, seria como parar de crer no ensino das Escrituras, porque há muitos farsantes nesse meio.

A Palavra ensina: “... havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos, em parte profetizamos; mas, quando vier O que É Perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.” I Cor 13;8 a 10

O próprio texto deixa ver, que a cessação dessas coisas acontecerá, mediante um “upgrade” espiritual, um aperfeiçoamento que, tornará essas nuances imperfeitas, desnecessárias. “Quando vier O que É Perfeito; (Jesus) o que é em parte, será aniquilado".

Dons espirituais seguem vigentes, segundo o propósito do Espírito Santo, que se manifesta mediante eles.

Alguns cessacionistas interpretam a vinda do “que é perfeito”, como sendo o Cânon Sagrado; os dons seriam necessários apenas quando A Palavra estava incompleta. Porém, cessaria também o conhecimento, ou a ciência. Assim, todas as exortações para estudarmos à Palavra, meditarmos na Lei do Senhor não fariam sentido, ante a impossibilidade de crescermos em conhecimento.

Menos sentido ainda, a perdição dos que perecem pela ignorância espiritual. “Meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de Mim; visto que te esqueceste da Lei do teu Deus, também Me esquecerei de teus filhos.” Os 4;6

Mais importante que o júbilo de vermos enfermidades curadas, podermos operar isso ou aquilo, mediante um dom do Espírito em nós, devemos buscar a alegria de estarmos em comunhão como Senhor; pertencermos a Ele. “Não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes, por estarem vossos nomes escritos nos Céus.” Luc 10;20

Quanto mais estreita for nossa intimidade com O Pai, mais facilmente entenderemos as coisas pelas quais orar, e outras pelas quais, não.

Eventualmente O Eterno prefere passar conosco por alguma dificuldade, da qual nos ensinará lições, que nos livrar dela sob o risco de alimentar em nós a presunção. Então, diz: “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti.” Is 43;2

Muitas vezes, recebemos coisas pela quais nem oramos; sequer, pedimos. Outras tantas, pedimos e não recebemos. Dizemos que Deus não as respondeu, quando, na verdade respondeu, não!

Quem tenciona com O Santo algum relacionamento mercantil, ainda não O conhece. “Deus É Amor.” “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam.” Can 8;7

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Íntimos de Deus


“Servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.” Atos 13;2

Interessante o relato! não menciona nenhum apóstolo, ou profeta como o veículo usado para manifestação; “disse O Espírito Santo.” Óbvio que o fez mediante alguém! Mas a comunhão era tão intensa, que não havia lugar para partidarismos, egoísmos, essas doenças tão comuns, onde pessoas superficiais visam para si a Glória que pertence ao Eterno.

Muitas “Igrejas” têm um proprietário humano, quando não, uma convenção, que, periodicamente mexe os pauzinhos, atentando a politicagens, nepotismos e conveniências humanas, invés da necessária consulta a quem os rebanhos pertencem.

Apadrinhados sem preparo, sem uma vida digna, ocupam lugares altos. Não poucos de vidas consagradas, testemunho probo e almas preparadas são preteridos, pois, o “Espírito Santo” não os vê.

Na igreja infante já havia voluntarismo de gente que Deus não chamara, que se punha a estragar o trabalho alheio. Hoje a proporção é assustadora.

Paulo sofreu muito com isso; certa vez algumas questões tiveram que ser tratadas num concílio apostólico. A resolução descartava aos voluntários e seus ensinos; dizia: “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a Lei, não lhes tendo nós dado mandamento, pareceu-nos bem, reunidos em acordo, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que já expuseram suas vidas pelo Nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas.” Atos 15;24 a 27

Como sabiam que Paulo, Barnabé, Judas e Silas anunciariam as mesmas coisas? Serviam no mesmo Espírito estavam imbuídos do mesmo propósito, participaram todos da decisão comum. É o modo do Espírito Santo agir; diversidade de dons e pessoas, unidade de propósito.

Disputas periféricas de igreja a x b, de fulano que passou daqui para a acolá; beltrano migrou da lá para cá, são tristes recortes do egoísmo e insubmissão a Deus, não algum progresso da Igreja do Senhor, que não se prende às predileções particulares.

Há mais “despregadores” do Evangelho, que pregadores. Sempre tem um ateu que conhece grego e hebraico, com seus “argumentos” fundados sobre a areia movediça da própria incredulidade; outro que “descobre” livros que a “Igreja escondeu” e claro, ensinariam coisas totalmente desconexas com A Palavra; não poucos, que testemunham decepções que viveram no meio cristão; portanto, se tornaram “desigrejados;” os que passaram a consumir porções de “Teologia liberal” invés da Pura Palavra de Deus e se fizeram expoentes das aberrações que consumiram; deixaram a Sã doutrina e se desencaminharam, etc.

O que todos têm em comum, é que nenhum foi chamado pelo Espírito Santo; se foi, um dia, separou-se e perdeu o rumo; isso os “frutos” produzidos, deixam ver.

Os dons espirituais não são brinquedos aleatórios, antes, ferramentas para laborar com um propósito específico; “Há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” I Cor 12;6 e 7

A comunhão necessária com Deus, nos permite uma identidade afetiva até; pouco a pouco aprendemos a amar o que Ele ama, e desprezar o que O Santo despreza. Essa identidade “atrai” O Espírito Santo, de modo a se expressar mais vivamente por nosso intermédio; “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o Teu Deus, Te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros.” Sal 45;7

Objetaria um intérprete qualquer: Mas esse texto se refere a Jesus; certo. Mas, não fomos chamados para sermos imitadores Dele?

Os que prezam estar com O Santo, vivendo em temor e obediência, se fazem íntimos Dele, a ponto de receber revelações especiais. “O segredo do Senhor é com aqueles que O temem; Ele lhes mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14

No caso de um assim, estar em posição influente na Obra de Deus, acaso não lhe diria O Espírito Santo, a quem teria escolhido e para fazer o quê? Não foi O Espírito que perdeu a aptidão para dirigir, ou a condição de falar; mas muitos “líderes”, não O conseguem ouvir mais.

Infelizmente, muito do que se pretende igreja, se institucionalizou e virou empresa, assunto de homens apenas.

Graças a Deus as coisas nem sempre são tão ruins como nos parecem; quando Elias se sentiu só, O Senhor garantiu que havia mais sete mil fiéis.

Como são preciosos aqueles que, nessa ou naquela denominação, temem a Deus e nada acrescentam à Sua Palavra. O Espírito Santo os pode enviar onde aprouver, e falarão todos, as mesmas coisas.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

A loucura de crer


“Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

A revelação deveria ser tratada como uma joia de ímpar valor. O povo se deixaria moldar pelos Divinos Estatutos, e certamente seria admirado. Relações interpessoais seriam sadias; com Deus, puras e santas.

Depois de entregar Seus preceitos mediante Moisés, pelo mesmo expoente, Deus ensinou sobre as consequências da fidelidade; “Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será vossa sabedoria e entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida. Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como O Senhor nosso Deus, todas as vezes que O invocamos?” Deut 4;6 e 7 Sábios, entendidos e íntimos do Eterno, era o propósito.

Lhes foi facultado conhecer a Deus pela Sua Sabedoria. O problema é que o conhecimento espiritual não é a mesma coisa que o intelectual. Mais que saber algo, como bastaria ao intelecto, requer andar, viver conforme. Um homem inteligente e conhecedor sabe que está escrito: “Ficarão de fora os mentirosos;” um sábio não mente.

Quando algo valioso nos é dado, certamente demanda zelo à altura, pela preservação; se alguém achar que a vigilância para conservação desse bem superior é demasiado custosa, pela sua falta de apreço, fatalmente deixará coisas de rara incidência e ímpar valor, e buscará simulacros; a preguiça de cuidar do que é precioso, necessariamente lançará os relapsos a alternativas mais fáceis, malgrado, fúteis.

Infelizmente o “povo eleito” incorreu nesse grave erro: “Espantai-vos disto, ó Céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz O Senhor. Porque Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;12 e 13

O conhecimento do Santo não seria patenteado na capacidade de alguém recitar os Estatutos dados por Ele; antes, em viver o povo, de modo a produzir os frutos que evidenciariam isso.

Isaías explica: “Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? Por que, esperando que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? Agora, pois, vos farei saber o que hei de fazer à Minha vinha: tirarei sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei sua parede, para que seja pisada; a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela. Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das Suas delícias; esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.” Is 5;4 a 7

A vide degenerada, incapaz dos frutos tencionados pelo Eterno agricultor resultou de serem relapsos ante os Divinos Ensinamentos. Por isso, para contraponto a essa “vinha” que se tornara falsa pelos frutos produzidos O Salvador disse: “Eu Sou a Videira Verdadeira, Meu Pai É O Lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, tira; limpa toda aquela que dá fruto, para que dê ainda mais.” Jo 15;1 e 2

O intelecto com suas noções “lógicas” tem tudo para pôr os pés pelas patas, pois suas cogitações são, como disse Tiago, “terrenas animais e diabólicas.” Tg 3;15 Há muitos de cérebros privilegiados que são ateus. Sua luz mostra muitas direções, exceto, a da vida.

Por isso Paulo fez distinção entre a Sabedoria de Deus e a pretensão mundana; disse: “Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;6 a 8

A “loucura da pregação” é refinada ironia; o modo retórico do apóstolo dizer aos “sábios” daqueles dias; aquilo que avaliais como loucura, é a Sabedoria Divina que vos escapa, por estardes presos numa “lógica” maligna, que veda coisas que são de outro âmbito; a fé.

“Mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos a Cristo, Poder de Deus, e Sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” I Cor 1;24 e 25

Não carecemos ser gigantes intelectuais; nos basta sermos como crianças, e crer; depois, pouco a pouco somos iluminados. “A vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A mesmas coisas


“Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas; é segurança para vós.” Fp 3;1

Estranhas alegrias, até quando a vida insiste em semear razões para tristezas. O Salvador preveniu: “No mundo tereis aflições...”
Então, alguém se regozijar parece improvável; contudo, é desse modo. Assim como há dois tipos de tristeza, uma segundo Deus, outra segundo o mundo, ver II Cor 7;10, há também dois tipos de alegria, conforme as mesmas fontes.

Muitas coisas que trazem um peso pela sua incidência, ensejam leveza pelas consequências espirituais, em quem as pode avaliar corretamente. Pedro ensina: “Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da Sua Glória vos regozijeis e alegreis.” I Ped 4;13

Gozo pode verter desde a esperança, antes mesmo de se fruir na plenitude. “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” Rom 12;12

No auge das aflições O Senhor preveniu aos Seus sobre a tristeza, que daria espaço a uma alegria permanente; “A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e vosso coração se alegrará, a vossa alegria ninguém tirará.” Jo 16;21 e 22 Alegria de sabermos que Ele venceu à morte e nos fará vencedores com Ele, quem poderá tirar?

O regozijo espiritual podemos fruir mesmo quando todas as circunstâncias insistem em falar de tristeza. Se, as alegrias mundanas têm a ver com coisas tangíveis, conquistas, que acabam em bebedices e portentosos banquetes, as espirituais prescindem dessas coisas; “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” Rm 14;17

“... as mesmas coisas...”
alguém definiu a celeridade com que as coisas mudam, pela tecnologia avançada, e “valores” voláteis, como “mundo líquido”. Raul Seixas já cantava: “Se hoje sou estrela amanhã já se apagou...” essa metamorfose que soou atrevida naqueles dias, agora reflete a realidade.

A resiliência dos poucos, refratários a mudanças de cunho espiritual, moral, soa como um radicalismo, saudosismo jurássico, uma resistência indevida, às modernidades “necessárias” do novo mundo que se descortina. Para Deus, inversão de valores; “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo, doce, e do doce, amargo!” Is 5;20

O Senhor foi bastante “primitivo” em Sua pretensão; disse: “Passará o Céu e a Terra, mas Minhas Palavras não hão de passar.” Luc 21;33

Figurou a prática dos Seus Ensinos, com “edificar a casa na rocha”, apta a resistir as fúrias líquidas que a testariam. “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha; desceu a chuva, correram rios, assopraram ventos, combateram aquela casa e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” Mat 7;24 e 25

As mesmas coisas faladas há dois milênios, não serem biodegradáveis evidenciam que sua origem é eterna. Nossa segurança nos convida ao retrovisor, não à amplitude ímpia que se descortina diante de nós. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

“... é segurança para vós.”
Como buscarão segurança nas “mesmas coisas” aqueles, que, recusando-se a abraçá-las no devido tempo, se deixaram seduzir por outras, “novas” e aparentemente mais fáceis?

Tudo aquilo que derivar do engano, que carecer o acessório da mentira, por novas que sejam as roupagens com as quais se apresente, tem a idade da humanidade. Essas velharias já estragam a relação do homem com Deus desde o Jardim do Éden.

A presente geração se contenta com coisas “virtuais”; simulacros da verdade já bastam para muitos. Entretanto, salvação ou perdição que decorrem das nossas escolhas são coisas muito reais, e de peso eterno. Tendemos a nos deixar influenciar pelo que a maioria deixa; porém, somos desafiados pelo Mestre a ousar ser minoria; “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Mat 22;14

O que há de sisudo no Evangelho da Graça de Deus, é que somos convidados ao arrependimento e desafiados às renúncias para sermos regenerados segundo Deus; e o que há doentio e suicida nesse lamaçal mundano, é que pessoas ímpias se atrevem a “Mudar Deus” segundo suas insanas inclinações, pela recusa em se converter. A escolha pelo mais difícil significa mais; uma cruz que se tornará coroa.

O Espírito em nós


“Em todo o tempo sejam alvas tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8

“Em todo o tempo...”
Hoje tudo é fragmentário, se pode fazer “cortes” selecionando as partes prediletas disso ou daquilo; aumenta o risco de ancorarmos nosso cristianismo em performances pontuais, invés de vivermos a probidade integral, como convém.

Um filtro para remover uma imperfeição aqui, um ajuste ali, e fácil se pode fazer boa figura no reino das aparências. Somos de outro Reino.

O Espírito Santo é nossa “plateia” perene; Ele vê nosso desempenho. Artifícios pontuais que maquiam problemas invés de os solver, pioram nossa situação ante Ele, que está sempre pronto a ajudar, se decidirmos pelas veredas da justiça.

Ter problemas, todos os têm. O que se torna vital é como lidamos com eles. Não é possível fazermos “cortes” em nossas almas, priorizando apenas os bons momentos. Ante Deus, somos como somos, em todo o tempo.

Via arrependimento e mudança de atitude, quem identifica seus maus passos pode mudar; esquecer as coisas que para trás ficam, podemos abraçar a novidade de vida em Cristo. Carecemos honestidade ante a voz interior, que valora corretamente nossas escolhas.

Nossa caminhada deve ser dirigida por Deus, não pelos semelhantes. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23

“... sejam alvas tuas vestes...”
não se trata de outrem escolher a cor das roupas para nós. Antes, de uma figura de linguagem; as vestes limpas tipificam atitudes retas, vida em harmonia com o semelhante, no que depender de nós, e em harmonia com Deus.

Até nos ditos populares, as desavenças são tidas como sujeiras, donde verteu o dito: “Roupa suja se lava em casa.” Significando que essas coisas não devem ser tratadas em público. Mesmo na Palavra de Deus, roupas excelentes apontam para caracteres excelentes, alinhados à Justiça Divina. “Foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.” Apoc 19;8

Assim, quando alguém torna impura sua alma, por más escolhas que faz, figuradamente se diz que o tal “manchou as vestes.” Mesmo a infidelidade conjugal é valorada sob essa figura; aquele que assim o faz, mancha o próprio leito; daí, o preceito: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus julgará.” Heb 13;4

“... nunca falte o óleo...”
uma vez mais, não devemos entender literalmente a linguagem poética. Óleo era usado para unção de reis, profetas e sacerdotes na Antiga Aliança. Depois desse rito, O Espírito de Deus atuava junto àqueles tentando conduzi-los segundo O Divino Querer. Não significa que um ungido não errava; mas quando fazia isso, certamente deixava de escutar ao Espírito que o animava, agindo de moto próprio.

Na Nova Aliança em Cristo, O Espírito Santo é dado a todos os que se convertem; independente de um ritual com óleo; os que creem são “selados” pelo Espírito Santo, recebem Sua unção. “Vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas.” I Jo 2;20

Como os da Antiga Aliança, os da Nova também erram após a unção; pelo mesmo motivo. Um atuar independente da direção que recebem. Por isso a certeza de “inocência plena” apenas é dada aos que se submetem integralmente às diretrizes espirituais. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

Os submissos ao Espírito em todo o tempo, deles, figuradamente se diz que “andam no óleo.”

“... sobre a tua cabeça.” Embora eventualmente se chame ao núcleo da personalidade, o centro das decisões e afetos humanos de “coração”, sabemos que esse coração tem muito de cabeça, entendimento. Todos os membros do corpo devem submissão às diretrizes da cabeça. Tanto, que a Igreja é chamada de “Corpo de Cristo”, sendo Ele a Cabeça, a origem de todas as diretrizes que convêm ao nosso andar.

Assim, termos o “Óleo” sobre nossas cabeças significa, entendermos que os rumos que nós devemos abraçar, precisam passar antes pelo crivo do Espírito Santo.

Invés de sobre a cabeça, alguns agem como se O tivessem à mão; pudessem ordenar isso, decretar aquilo, profetizar, e deixar a Ele o papel de obedecer. Blasfema e suicida atitude!

Não foi O Espírito Santo que nos foi dado; nós fomos dados a Ele como habitats, e servos. “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” I Cor 3;16

Logo, integralmente andemos em retidão, e jamais coloquemos nossos anseios onde convém atentar à diretriz do Espírito Santo.

domingo, 13 de outubro de 2024

A Sabedoria


“Porém, onde se achará a sabedoria, onde está o lugar da inteligência?” Jó 28;12

Antes de pensarmos onde encontrar esses bens, cabe considerar o valor deles, para entender se vale à pena empreender esforços pelos tais. Por acostumados a avaliarmos coisas tangíveis apenas, essas que escapam ao toque, tendem a receber uma valoração ínfima, como se fossem coisas comuns. “O homem não conhece o seu valor; nem ela se acha na terra dos viventes.” V 13

Lugares remotos, amplos, se apressam a dizer que não a conhecem, que não habita com eles; “O abismo diz: Não está em mim; o mar fala: Ela não está comigo.” V 14

Entretanto, seu valor não é superficial como pode parecer aos mais desavisados; “Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em troca dela. Não se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira. Com ela não se pode comparar o ouro nem o cristal; nem se trocará por joia de ouro fino.” Vs 15 a 17

Quanto mais nossa investigação avança, mais compreendemos seu valor, e menos vislumbramos seu lugar.

“Não se fará menção de coral nem de pérolas; porque o valor da sabedoria é melhor que o dos rubis. Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode avaliar por ouro puro.” Vs 18 e 19

Ela própria, nos lábios de Salomão, com quem viveu, disse: “Aceitai minha correção, não a prata; o conhecimento, mais que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria que os rubis; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela.” Prov 8;10 e 11

Valendo isso tudo, por que tão poucos se esforçam por encontrá-la? Por estar atrelada a bens de valor eterno, e ser o homem caído um refém do pecado, ter o entendimento obtuso pela ação do canhoto, “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo...” II Cor 4;4 acaba esse cego agindo como reles jumentos, para os quais, a palha vale mais que o ouro.

As “riquezas” terrenas, no fundo apenas permitem comprar mais palha, o que emoldurará a morte dos ímpios com nuances de comodismo, conforto terreno, não indo um centímetro além daí.

O engano das riquezas, que O Salvador equacionou a espinhos, na Parábola do Semeador, foi também denunciado pelo poeta: “Engana-se quem pensa que os cofres dos bancos possuem riquezas, - disse – eles têm apenas dinheiro.” Carlos Drummond de Andrade

A vera riqueza não tem efeitos colaterais, como a enganosa que qualquer ladrão a pode dilapidar num momento. “A bênção do Senhor é que enriquece e não traz consigo dores.” Prov 10;22

A um que estava assentado sobre muitas posses terrenas, sem nenhum depósito no banco celeste foi dito: “... Louco! esta noite pedirão a tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

Não somos capazes de valorar devidamente uma alma; porém, Aquele que É, disse: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” Mat 16;26

Se, preciosidades materiais como ouro, prata, rubis, topázio, empalidecem ante o valor da sabedoria, é porque essa “compra” coisas que aquelas não conseguem. “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12

O valor da vida torna ínfimos os outros bens. Até o vulgo sabe disso, quando filosofa nos botecos da existência; “vão-se os anéis, ficam os dedos;” diz. A problema é que os “dedos” na visão do tal, é a mera existência terrena; aos Olhos Divinos o valor inestimável está na vida eterna. “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele.” Sal 49;6 e 7

Então, voltando à nossa investigação inicial, a saga de Jó ilustra de modo exemplar, a postura de quem conhece a vera riqueza. Ele perdeu tudo; bens, família, saúde; resiliente, mal aconselhado, acusado até; porém, se recusou a perder sua comunhão com Deus. “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.” Jó 19;25

Esse, pois, tinha moral para versar sobre a verdadeira sabedoria; ele a conhecia, e fez isso notório com seu agir; não sem antes, desenhar o mapa, para que também a possamos encontrar, caso a desejemos; “... Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.” Jó 28;28