sexta-feira, 27 de setembro de 2024

A Face Divina


“Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça; e me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Salm 17;15

A “Face Divina”, não deve ser entendido literalmente. A bênção sacerdotal mencionava-a duas vezes, sem significar que a Mesma se tornaria visível. “O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer Seu Rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante Seu rosto e te dê paz.” Nm 6;24 a 26

A Face Divina voltada ao povo significava a boa vontade do Eterno, Seu cuidado Amoroso, Sua bênção. O povo também deveria ter seu “rosto” voltado para O Senhor, em dependência, comunhão, fidelidade. Quando não foi assim, O Santo denunciou: “Viraram-me as costas, não o rosto; ainda que Eu os ensinava, madrugando e ensinando-os, contudo, não deram ouvidos, para receber o ensino.” Jr 32;33

Também as Obras do Criador são testemunhas a evidenciar a Santa Face pra quem quiser ver. “... o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;19 e 20

“eles” são os que, tendo visto isso tudo, preferiram subterfúgios à obediência; “ Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” V 21

Contemplar À Face de Deus na justiça, significa agir em justiça, que Deus ama, e fruir a paz derivada desse proceder.

Poderia essa expressão abarcar um sentido mais amplo, de enxergar deveras, O Senhor, na eternidade, quando O Justo Juiz, justificará uns e condenará outros, segundo as escolhas feitas na terra.

Qualquer pessoa minimamente esclarecida nas coisas espirituais sabe, que, nossa salvação deriva do Divino Amor e Graça, não de nos dar o que merecemos, como requereria a justiça. Em Cristo somos justificados, considerados justos; pelo Feito Dele; “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” Tt 3;5

Então, busquemos ter paz de consciência quando agimos em justiça; a aprovação do Espírito Santo em nosso espírito, é a “Face de Deus” que nos é possível contemplar em nossa peregrinação.

A regeneração final, quando a presença do pecado não mais será nossa inquilina como agora, nos levará de regresso à posição original em que o homem foi criado; Imagem e Semelhança. “... me satisfarei da Tua Semelhança, quando acordar.”

Se, as obras justas não bastam para nos salvar, a ventura de termos sido salvos requer que nosso proceder seja diferente. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;4

Cada possibilidade de cometer injustiça que nos assedia, deriva do “Pai da mentira”; toda a vez que atuarmos segundo O “Pai do Espíritos aperfeiçoados,” estaremos de rostos voltados para Ele, que certamente manifestará Sua aprovação em nosso espírito, confirmando que pertencemos a Ele; “O mesmo Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus.” Rom 8;16

A inclinação à injustiça permeia a natureza do homem caído, que é egoísta, parcial, incapaz de agir segundo Deus, sem ser capacitado pelo Senhor. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7 Por isso, “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Mais do que um Nome Santo, Jesus Cristo é A Face de Deus que se deixou ver, aos olhos humanos; “O qual, sendo o resplendor da Sua glória, a Expressa Imagem da Sua Pessoa, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu Poder, havendo feito por Si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas;” Heb 1;3

Se queremos atingir a semelhança com Deus quando acordarmos, precisamos empreender esforços em santificação e edificação, para alcançarmos esse estágio antes de dormirmos.

Os mestres espirituais nos foram dados pelo Senhor, “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura Completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Deus É Espírito. Sua Face se deixa ver nos valores que abraçamos. “Julgou a causa do aflito e necessitado; então lhe sucedeu bem; porventura não é isto conhecer-me? diz o Senhor.” Jr 22;16

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Gravando!!


“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons; por ela, depois de morto, ainda fala.” Heb 11;4

A capacidade de falar depois de morto não é derivada da fé; antes, as obras são; elas se fazem eloquentes, mesmo depois que alguém parte pro além.

Como ensina Tiago, “a fé sem obras é morta”; a viva produz um atuar consoante, e mesmo a morte não pode calar sua voz. Como, depois que o sol se põe, inda resta aproximadamente uma hora de luz residual, quando a vida de alguém “se põe” no horizonte do tempo, sua luz inda segue viva, pelo impacto do testemunho deixado.

“... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz O Espírito, para que descansem dos seus trabalhos; suas obras os seguem.” Apo 14;13

Óbvio que estamos nos referindo a obras meritórias, de quem viveu como se estivesse morto, crucificando más inclinações, e tendo morrido é como se seguisse vivo, desafiando-nos a imitar seu proceder.

Quem vive de modo réprobo, já produz trevas antes mesmo da “noite” chegar; sai da vida, tristemente, deixando um suspiro de alívio após si, dos que acham que o tal, já foi tarde. De Jeoacaz, a Bíblia fala em termos nada elogiosos, na sua morte; “Era da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar; reinou oito anos em Jerusalém; e foi sem deixar de si saudades; sepultaram-no na cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis.” II Cron 21;20

Os meios dos quais dispomos, permitem a qualquer um, “falar” após sua partida, deixando gravada sua voz; contudo, não é esse o falar em apreço. A eloquência do exemplo, pelo modo de vida abraçado, é a “fala” à qual A Palavra de Deus se refere.

Alguns ensinos pretendem que os mortos “voltem” nas asas dos “médiuns” e ditem pelos lábios desses, supostas instruções, palavras de alento e coisas afins. O Juiz dos vivos e dos mortos veta essas coisas por duas razões.

1) o que carecemos saber sobre o além, está contido na Divina revelação, A Palavra de Deus; quando um morto pediu algo assim, foi dito que era impossível e desnecessário. “... Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Luc 16;29 Hoje temos ainda, Jesus Cristo.

2) se os mortos não têm mais parte com esse lado, quem fala se passando por eles, certamente é uma fraude; “Seu amor, seu ódio, sua inveja já pereceram; já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Ecl 9;6 Por isso, o veto categórico a que se faça isso: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” Is 8;19 e 20

Contudo não confundirmos o que as pessoas falam do morto, no velório, com o que o morto “fala”, pelo exemplo deixado. Nesses momentos, até invejosos se rasgam em elogios, não temem mais que, o que disserem venha a ser usado contra eles no “tribunal da vida”. “Podemos elogiar à vontade; está morto.” Machado de Assis.

Desse cinismo nasceu o dito que as pessoas ficam boas quando morrem. Na verdade, as más guardam suas armas, ao verem morto o “inimigo”.

Quando, quem parte é uma pessoa de viver exemplar, que deixará vasta lacuna sua ausência, pela grande capacidade que tem essa austera oradora, a morte, a partida desse que deveria ter ainda permanecido conosco, acaba ampliando o alcance dos seus feitos.

O que é motivo de dores, lamento, angústia entre os que veem da perspectiva terrena, é diverso quando valorado pelo apreço dos Céus; “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos.” Sal 116;15

Foi justo pelo teor filosófico que faz nos percebermos também, na fila da finitude, que o sábio considerou o dia da morte, mais eloquente que o do nascimento. “Melhor é a boa fama que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento de alguém. Melhor é ir à casa onde há luto, que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;1 e 2

Enfim, nossas ações, escolhas, enquanto vivos, “gravam” o que falaremos depois. Não importa o que tenhamos protagonizado até hoje, se, coisas más; o arrependimento e mudança de vida em Cristo, “deleta” nossos maus passos, e capacita a palmilharmos, novos.

O tão falado, amor


“Tenho, porém, contra ti que deixaste teu primeiro amor.” Apoc 2;4

Fragmento, enviado mediante João, à igreja de Éfeso.

“deixar o primeiro amor”, não significava deixar a Deus colocando outro no lugar; antes, abandonar o zelo com o qual servia, permitir que a relação esfriasse. “sofreste, tens paciência; trabalhaste pelo Meu Nome, não te cansaste.” V 3

Notemos que os verbos que arrolam as virtudes estão todos no pretérito; sofreste, trabalhaste, cansaste... conclusão necessária que não fazia as mesmas coisas. Ainda diz: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e pratica as primeiras obras...” v 5

O abandono do amor a Deus era o desleixo com as coisas espirituais, como se, as tivesse feito por alguma recompensa imediata; não a tendo recebido, o interesse tivesse esfriado. Paulo ensinou: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Há um barateamento do amor, nas relações interpessoais, que não o diminuem, no que ele é; antes, evidencia o mau uso daquele excelso nome, rotulando paixões egoístas, como se o produto fosse o mesmo.

Alguns ostentam número de casamentos na casa de dois dígitos, segundo eles, sempre, porque o “amor acabou”. A Palavra de Deus ensina diferente: “O amor nunca falha...” I Cor 13;8 Tanto que, ao se firmar um compromisso de amor entre dois cônjuges, o ministrante diz; “Até que a morte os separe,” invés de, até que o amor acabe.

Que seja mera chama, “eterno enquanto dure” como disse Vinícius de Morais, pode ter sua beleza poética; mas, falta vínculo com a verdade. Descreve à efêmera paixão, colocando na mesma, as vestes nobres do amor.

Quando inquiriam ao Salvador sobre o mais importante da Lei, Ele resumiu os Dez Mandamentos a dois, tendo o amor como traço comum. “... Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, toda tua alma e todo teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Mat 22;37 a 39

Acontece que o vero amor é uma decisão moral, não um sentimento inconstante. Se fosse reles sentimento, sequer poderia ser um mandamento. Deus nos mandaria sentir algo, Invés de agir conforme determinado princípio? Não temos controle sobre nossos sentires.

O amor que “não busca os próprios interesses, não folga com a justiça, mas, com a verdade”, envolve ter como caro a nós, aquilo que apraz ao Amado; “Se Me amais, guardai os Meus Mandamentos.” “Aquele que tem Meus Mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; aquele que Me ama será amado de Meu Pai; Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” Jo 14;15 e 21 Claro que esse amor correspondido produz um sentimento de paz, harmonia. Mas, como derivado, não como a causa.

O amor a Deus deve moldar nosso agir conforme os Santos preceitos; nada tem a ver com loquacidade vazia, tampouco, com mero sentimentos que geralmente têm um viés egoísta. Dos marqueteiros do amor sem o produto, O Salvador disse: “Este povo se aproxima de Mim com a sua boca e Me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de Mim.” Mat 15;8

Enquanto não conseguirmos ver beleza em Deus, dificilmente O amaremos; precisamos conhecê-lo em Seus Benditos predicados, para entendermos o quão amável É; “Dai ao Senhor a glória devida ao Seu Nome, adorai O Senhor na beleza da santidade.” Sal 29;2 “Tributai ao Senhor a glória de Seu Nome; trazei presentes, e vinde perante Ele; adorai ao Senhor na beleza da Sua Santidade.” I Cron 16;29 etc.

A dissonância entre o que ama a Deus, e o que se engana, amando a si mesmo, acreditando amar ao Santo, é que aquele, busca ao Senhor; esse, busca coisas do Senhor, apenas. A Palavra ensina: “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

A diferença entre requerer coisas do Senhor, e buscar a Ele é muito grande. Se, busco coisas viso minha vontade, meu deleite; se busco a Ele, espero aprender sobre Sua vontade ao meu respeito, à qual, procurarei me adequar, para que fique manifesto o meu amor.

O que mais nos incomoda? As coisas que pensamos que nos faltam, ou a adoração, reverência e respeito que esse mundo mau, blasfemo, nega ao Eterno? Dependendo de qual for nossa reposta, saberemos se amamos a Deus, ou apenas a nós mesmos. “... as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.” Sal 69;9

Quem precisa de um escândalo “gospel” para justificar-se na impiedade, ama aos lugares sujos, como os porcos, e folga quando encontra um.
Gosto
Comentar
Enviar
Partilhar

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Os sedentos

“Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma que salte para a vida eterna.” Jo 4;14

O Senhor usou uma metáfora, para ilustrar Sua Doutrina, comparando-a com uma água que saciaria a sede espiritual, de uma vez por todas.

Assim, aquele que cumprir e guardar suas Palavras, nunca mais terá carências de ordem espiritual. Contudo, os fatos que observamos sugerem que alguns teriam bebido da referida água e continuado com sede; por quê?

Primeiro, vamos aos indícios de que a sede espiritual permanece depois da “conversão”. Muitos “cristãos” aos quais foi ensinado a devida ordem de coisas segundo a escala dos Céus, “Buscai primeiro O Reino de Deus e a Sua Justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33 andam na contramão da Água da Fonte do Salvador.

Suas prioridades são materialistas; até onde deveriam viver e ensinar estritamente O Evangelho, poluem com seu amor ao vil metal, ocupando a primazia nas saídas das suas vidas. Ao menor escândalo no seio cristão, as pessoas se apressam a dizer seu, ainda bem que o tal, não é da “minha igreja”, denominação; mostrando mais cuidado com a própria reputação, que com a de Cristo. Por que inda tem sede dessas coisas? Quem bebe de Cristo não carece antes, negar a si mesmo?

A Palavra ensina: “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério.” Heb 13;13 Quem professa pertencer a Cristo, se entristece mas, não foge quando alguém envergonha ao Seu Nome. Se amamos aos Senhor, devemos ser partícipes da Sua humilhação. Levar Seu vitupério.

Muitos que se dizem de Cristo inda jogam em loterias sonhando com grandes “boladas”; outros, consultam horóscopos, citam autores espíritas sem a menor noção do que significa. Todas essas coisas e muitas similares evidenciam sede espiritual; um viver mal resolvido nesse âmbito.

Será que O Senhor se enganou ao valorar a Água que trazia? “nunca mais terá sede...” Pela Divina Graça ter me encontrado em ocasião oportuna, bebi dessa água, e, nunca mais tive sede espiritual.

Quando leio algum ensino diverso, antagônico, o faço por dever ministerial, de buscar o devido preparo, conhecer os motivos dos que bebem de outras fontes. Tudo o que há de válido na filosofia, ou nalgum credo paralelo, só será visto por esse prisma, à medida que se alinhar aos Ensinos do Mestre. Afinal, não busco essas fontes alternativas por estar com sede; antes para entender por que, outros buscam.

Todo dia somos testados. Sempre tem um “Indiana Jones” espiritual que excursiona às cavernas da terra em busca de algum “tesouro” escondido, o qual, uma vez encontrado toca trombetas anunciando-o. Um, concluiu que o preterismo anula a esperança dos cristãos; outro, “descobriu O Evangelho de Tomé” ou de “Maria Madalena” o Livro de Enoque, uma EQM onde algum anjo, finalmente lhe mostrou a verdade, etc. Todos esses tipos de excursões à terra do nunca são sintomas de sede.

Forçosa a conclusão que, malgrado o sedento em foco tenha usado o rótulo de cristão, eventualmente, nunca bebeu, deveras, de Jesus Cristo. Se o tivesse feito, teria encontrado descanso para a alma, invés de errar num ativismo inquieto, a buscar peixes onde só existem cobras. “... Por que buscais O Vivente entre os mortos?” Luc 24;5

Termos bebido do Senhor, não nos faz hermeticamente fechados, refratários a outras formas de conhecimento. Mas, sacia-nos de tal forma, que supera ao que conhecemos antes, relegando-o à insignificância; desde então, nossa busca acaba sendo por mais de Cristo, não de fontes espúrias.

Li muitas coisas antes da conversão, buscando preencher um vazio interior; cada novo ensino parecia superar ao outro; não sei se, pelo mero sabor de novidade, ou porque o antes aprendido era mais pobre mesmo. Chegando À Palavra de Deus, todos os outros livros, “Poder da mente”, “Poder do pensamento positivo”, astrologia, numerologia, espiritismo, nada disso parecia ter algum apelo, desde então.

Quem encontrou o “Manancial de águas vivas” carece ser muito estúpido para buscar fontes mortas. Como os hebreus fizeram um dia; “Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o Manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;23

Beber do Senhor não é tomar para si um rótulo; antes, uma cruz. Identificar-se com Ele em obediência. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Por um pouco, O Senhor inda chama aos sedentos oferecendo da Sua Água; “O Espírito e a esposa dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da Água da Vida.” Apoc 22;17

domingo, 22 de setembro de 2024

Os escândalos


“Ai do mundo, por causa dos escândalos; é inevitável que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!” Mat 18;7

Há dois aspectos nos escândalos: um, social, outro, particular. Ambos, estão advertidos com um lamento. “Ai do mundo... ai daquele...”

O que é escândalo? “fato ou acontecimento que contraria e ofende sentimentos, crenças ou convenções morais, sociais ou religiosas, estabelecidas; indignação, perplexidade ou sentimento de revolta provocados por ato que viola convenções morais e regras de decoro; aquilo que pode levar a erro, mau procedimento ou, pecado.”

O potencial de induzir ao erro pela imitação, é o viés mais nocivo. O mau exemplo e seus desdobramentos. “Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.” Albert Schwitzer. Quem escandaliza acaba sendo um “pregador” da maldade.

Quem age segundo Cristo se faz um ponto de luz, cujo fulgor resulta na Glória de Deus, “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16 um escândalo, um mau exemplo se torna um elogio às trevas, justificador da maldade, indutor à rebeldia, para “glória” do trevoso mor.

Desgraçadamente, a natureza humana caída tem mais olhos para o mal que, para as coisas virtuosas. Basta ver de que são feitos nossos jornais; assassinatos, roubos, acidentes, corrupção, traições, etc. invés de perdão, regeneração, abandono de vícios, conversão, mudança de vida, reconciliação e similares. Se aqueles fatos deixassem de figurar, e esses últimos ficassem em evidência, o referido veículo perderia seu apelo junto ao público.

Se, numa congregação de cem pessoas, 90 andarem bem, e dez saírem para o outro lado, será esse “dízimo” infiel que receberá as maiores atenções, estará na boca do povo; sua infidelidade em ambientes onde se espera o contrário, como que, “justifica” aos que, mesmo convidados, se recusam a entrar.

Para efeito de melhor compreensão, cogitemos o venturoso milagre de termos uma congregação totalmente avessa à maldade, cujas vidas seguem cabalmente a Doutrina do Senhor, bebendo apenas da Água da Vida, levando um viver exemplar.

A mera existência desse venturoso rebanho seria uma “pregação”, uma denúncia eloquente contra a maldade dos ímpios, que, ou se deixariam atrair, abandonando à impiedade, ou, pelo menos se manteriam a uma “distância segura”, daquela sucursal dos Céus sobre a Terra, daquele oásis de virtude no vasto deserto dos vícios;

Não teriam coragem de falar mal de tão convictos santos, que deixaram os caminhos tortos, e escolheram para si um lugar onde a retidão impera. Pois, o que escandaliza é um que se misturaria a esse ambiente santo, sem deixar de lado seus hábitos tortos. “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, não atenta para a Majestade do Senhor.” Is 26;10

Não que a igreja seja esse ambiente dedetizado, onde nenhum inseto possa voar. Toda sorte de males e vícios estão em nosso meio. Assim como um hospital não existe em função de pessoas saudáveis, antes das doentes, também onde se ensina a virtude, ocorre em contraponto aos vícios que permeiam as vidas dos que carecem aprendê-la.

Mas, levei a obediência e a santificação ao superlativo, em meu hipotético exemplo, para, pelo contraste, expor a grandeza da maldade daquele que não se importa em causar escândalos, onde o modo oposto de viver é ensinado. 

Não deveríamos ter apenas os exemplos circunstantes como motivos para nossos passos.
Como vimos naquele que não se importa de entortar na “Terra da retidão”, ele “... não atenta para a Majestade do Senhor.” Pois, em última análise, não importa o que façam as pessoas de meu convívio, meu alvo é a santificação; ser imitador do Santo, não dos ímpios. “como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;15 e 16

Diuturnamente, temos escândalos para todos os gostos; financeiros, sexuais, perfídias, mentiras, invejas, corrupção, abuso de poder... quem desejar “se lavar com lama” terá farta matéria-prima.

Mas, qual o proveito de eu fazer mal à minha própria alma, perder a salvação, apenas, porque outrem, assim o faz? Teria inveja porque ele estaria “curtindo” enquanto me esforço pela santificação? “Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles.” Prov 24;1 Pedro pergunta: “Se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio, o pecador?” I Ped 4;18

Enfim, escândalos são inevitáveis; como reagiremos a eles, depende de nós. “Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se pegará a mim.” Sal 101;3

sábado, 21 de setembro de 2024

O Supremo no STF?


“Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma porei Minha Face, e a extirparei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue; pelo que, vos tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.” Lev 17;10 e 11

A proibição de comer sangue vem desde o Antigo Testamento, e foi reiterada no Novo. “... se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue.” Atos 15;20

As Testemunhas de Jeová, com sua interpretação peculiar das Escrituras, acrescentaram a prática medicinal da transfusão de sangue. Isso, segundo creem, estaria contrariando à Lei de Deus. 

O mandado entregue nos dias iniciais da caminhada do “Povo Eleito” com O Senhor, foi reiterado nos últimos dias de Moisés. “Somente esforça-te para que não comas sangue; pois, o sangue é vida; pelo que não comerás a vida com a carne;” Deut 12;23

Qualquer intérprete honesto das Escrituras entenderá que essa é a Vontade de Deus. Mas, já comemos morcilha, que leva sangue; como fica? Eu já o fiz, em dias que era estranho à Lei do Senhor. A Palavra ensina: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam;” Atos 17;30

Ignorarmos que algo contraria à Lei de Deus, não muda o fato que é um erro. Mas, por ser erro sem dolo, a Graça Divina tolera. Uma vez inteirados dele, se persistirmos, aí seremos responsabilizados.

Porém, nem carecemos de uma exegese mais aprofundada para entender que, o motivo do veto Divino, é que, a vida que está no sangue do animal abatido não se torne comida, alimento.

Há duas variáveis que os intérpretes da referida religião deixaram de considerar. Uma; o sangue pelo processo intravenoso não é alimento, estritamente; sua função orgânica, embora vital, é de oxigenar ao organismo, levar o “sopro da vida” a todas as células. Outra; a doação de sangue é feita voluntariamente por alguém que está vivo; de modo que, nenhuma violência, supressão de direitos ocorre.

Dois casos repercutem, de modo que o famigerado STF foi chamado a julgar sobre o direito de se portarem assim, os referidos religiosos.

O simples fato de carecer ser julgados por alguém “estrangeiro” à fé, é já um sinal de inépcia em interpretar o que está expresso claramente.

Paulo censurou aos cristãos coríntios, pois, levavam pleitos que poderiam ser resolvidos entre eles, ante juízes ímpios. “Mas o irmão vai a juízo com o irmão, isto perante infiéis. Na verdade, é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes, a injustiça? Por que não sofreis antes, o dano? Mas, vós mesmos fazeis injustiça, fazeis o dano, e isto aos irmãos.” I Cor 6;6 a 8

Se não fosse a interpretação “sui generis” deles, tais pleitos seriam desnecessários. Aqueles que deveriam ser a luz do mundo, acabam batendo em portas escuras a mendigar, quando poderiam servir farta mesa.

Embora o “amor” difuso por aí tenha seus olhos sequiosos pelo querer, o amor ensinado pela Palavra de Deus, tem consórcio firmado com o verbo “dar”.

“O amor é sofredor, benigno; não é invejoso; não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses...” I Cor 13;4 e 5

O Salvador deplorou a esse “amor” pródigo em palavras, e ermo de coração; “Este povo se aproxima de Mim com sua boca, Me honra com seus lábios, mas seu coração está longe de Mim.” Mat 15;8

Quando quis manifestar Seu Amor, O Eterno o fez de modo inefável. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que ‘deu Seu Filho’ Unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.” Jo 3;16

Noutra parte, tendo o mesmo verbo como protagonista O Salvador assegurou: “Ninguém tem maior amor do que este; dar alguém a Sua vida pelos Seus amigos.” Jo 15;13

Logo, se o veto para comer sangue decorre de ser ele, a vida, e dar a vida é a maior demonstração de amor, possível, quem precisa do STF para decidir sobre isso?

É próprio de toda seita ter intepretações peculiares da Bíblia, coisa que ela veta, aliás. “... nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1;20 e 21

A Pessoa Bendita do Espírito Santo, a referida seita desconhece também; é dádiva de Outro Supremo, O Verdadeiro, O Único.

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Os escravos


“Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

Um dos aspectos do “Fruto do Espírito” é domínio próprio. Na Antiga Aliança, o agir do Espírito Santo era mais estrito; Sua operação não era tão conhecida. Invés de um fruto espiritual, certa atitude era valorada como uma escolha filosófica pelo melhor.

O domínio sobre outrem foi posto como indesejável, enquanto, o que regia a própria vontade era quem escolhia a virtude. Do poder sobre outrem, foi dito: “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Infelizmente isso sempre aconteceu. Os egípcios dominaram mais de quatro séculos, nos últimos tempos, escravizaram aos hebreus. Quando da Divina intervenção, a libertação do povo e as dez pragas, restou um país arrasado, como punição. Os Babilônios escravizaram ao mesmo povo por setenta anos; depois, foram subjugados pelos medos e persas. Em geral, quem plantou opressão, acabou colhendo os devidos frutos.

A escravidão sempre foi um flagelo, com males para ambos os lados. Os escravos, por razões óbvias, não carecemos descrever suas dores. Os escravistas, inda que pudessem fruir aqui, frutos da sua perversidade, diante de Deus, os que não foram justiçados, lá o serão. “Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; em alguns manifestam-se depois.” I Tim 5;24

Essa vergonhosa chaga também nos maculou. Felizmente, nos dias atuais, já não há espaço. Um ou outro incidente, pontual, acaba punido pela lei, se descoberto.

Por interesses ideológicos, muitos fundiram a escravatura ao racismo, como se fossem, necessariamente, frutos do mesmo baraço. Inclusive, movimentos antirracismo, chegaram a pleitear a remoção de certa frase do hino riograndense, pois, seria racista. “Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo.” Diz.

Pelo menos três objeções me ocorrem, à ideia de alterarmos a letra do nosso consagrado hino. a) a escravidão não aconteceu somente em prejuízo dos negros. Vimos dois exemplos dos judeus; nepaleses sob domínio chinês, hindus de castas inferiores submissos às “superiores”, hititas, cananeus, sob o domínio dos hebreus, foram escravos, povos dominados pelos romanos, mongóis, também; etc.

b) os países que abasteciam aos navios negreiros eram governados por negros, com populações majoritariamente negras. Assim, como vendiam seus concidadãos aos escravistas brancos de outras nações, eram também culpados pela nefasta prática;

c) por fim, se a antítese da virtude é a escravidão, por certo, o autor não tencionava atingir à que tolhe a soberania e castra direitos civis. A escravidão da qual a virtude liberta é a dos vícios. Seja o escravo, quem for.

Há escravos da pornografia, mentira, lascívia, corrupção, do amor ao dinheiro, dos jogos de azar, das drogas, etc. Entre todas as cores e raças. O que é a conversão desejada pelo Salvador, Jesus Cristo, senão, uma libertação desse feitor impiedoso, o pecado?

Paulo ilustrou como esse tirano domina: “Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero, não faço, mas o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17

Nossa inclinação natural precisa ser mortificada, e carecemos de uma injeção que nos “turbine”, para deixarmos a avenida costumeira da rebelião, (Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser. Rom 8;7) e sermos capacitados a abraçar a virtude em Cristo, como novo modo de vida. “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Não é algo que ganhamos pronto, pré-fabricado; antes, somos potencializados, com a regeneração espiritual, e chamados às escolhas que se coadunam com a necessária santificação.

Paulo esmiúça: “quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. Por isso deixai a mentira, falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Irai-vos, mas, não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4;22 a 27 etc.

Em Cristo nossa virtude não é estritamente nossa; foi nos dada a bendita “chave” que abre nossas “algemas”; cada tentação é uma oportunidade. De liberdade, ou escravidão. Então é vero o dito: “Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo.”