sábado, 23 de março de 2024

Em Cristo, podemos


“Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4:13

Esse texto, se mal compreendido acabará dando azo a grandes heresias.

Suponhamos que, alguém acrescente a ele o verbo de sua predileção; o materialista gosta de conquistar bens materiais; assim, ficaria: “Posso ‘conquistar’ todas as coisas, em Cristo que me fortalece.” Não poucas vezes escutei gente usando dessa forma.

Agora, outro mais modesto, que se disponha a sofrer pelo Reino de Deus, se for necessário. Estaria, esse suposto virtuoso, propenso a suportar o que viesse; teríamos então: “Posso 'suportar' todas as coisas em Cristo, que me fortalece.” Qual das construções citadas seria verdadeira?

Em si, ambas estariam corretas. Entretanto, um intérprete idôneo não se dará às possíveis “construções verbais” de um texto; antes, buscará a intenção do autor.

Geralmente, o contexto imediato basta. Se olharmos o verso anterior, encontraremos o seguinte: “Sei estar abatido, e também ter abundância; em toda maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade.” V 12

Fácil perceber que o apóstolo está dizendo que pode sofrer, suportar o que vier, se mantendo fiel. Qualquer construção diversa disso será falaciosa, divorciada da intenção de quem escreveu.

Deus É Todo Poderoso; entretanto, alguns confundem o poder Dele com o querer. Digo, por saber que pode nos livrar de nossas aflições, supõem que Ele deva fazer isso, desde que nós creiamos que fará.

Se, como a Paulo, também a nós deu O Espírito Santo, foi para nos capacitar a suportar todas as coisas, necessárias. Mesmo nas adversidades espera que nos mantenhamos fiéis. A salvação, mais que nos tirar de situações desconfortáveis, visa tirar de nós, hábitos pecaminosos, “fermento” do velho homem; “Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor;” Prov 25:4

Invés de nos desviar das adversidades, O Senhor nos ampara nelas; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43:2

Promessa aos 
servos da Antiga Aliança, que Jesus reiterou aos da Nova; “... eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” Mat 28:20

Esse processo traz consigo, necessariamente, dores. Como certas enfermidades requerem cirurgias, também, maus hábitos precisam intervenções dolorosas, para que a cura das nossas almas aconteça.

Uma coisa é a justificação para salvação; algo imediato à conversão; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5:24

Outra é o aperfeiçoamento, a santificação; um processo que começa na conversão e segue burilando nossas almas até nos regenerar plenamente.

Como nosso parâmetro é muito elevado, “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4:13 O trabalho em nós não para; “... aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1:6

O sofrimento por Cristo não é uma escolha; antes, uma necessidade.

O concurso das duas naturezas em quem se converte, a carnal, inclinada ao pecado, e a espiritual que se atém às coisas de Deus, sempre trará uma disputa íntima, onde parte de nós desejará ao erro, outra, a obediência. Seremos submissos a uma ou outra; nossa escolha definirá quem somos. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6:16

Em Cristo podemos obedecer, fomos capacitados para isso; para agir, quais filhos de Deus; “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

Acontece que ser capacitado a algo, requer ainda o consórcio da vontade; que queiramos aquilo que passamos a poder. Suportemos todas as coisas necessárias aqui, para que na nossa eternidade não sejam necessárias mais; “... Deus limpará de seus olhos toda a lágrima.” Apoc 7:17

Enfim, não é a Bíblia um livro mágico que “aceita” todo tipo de interpretação, como dizem os céticos; “cada um interpreta como quer.” Antes, é um compêndio Santo, cuja única interpretação honesta revela ao ser humano como ele está; propõe um tratamento duro, dada a disseminação do câncer do pecado, na sua alma.

Se é certo que podemos todas as coisas em Cristo, também é que, Nele, não haveremos de desejar coisas sujas; “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5:17

sexta-feira, 22 de março de 2024

O dízimo ainda vale?


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, juízo, misericórdia e fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.” Mat 23:23

Dízimos têm sido combatidos de forma recorrente por “mestres” que, invés de extraírem o real sentido da revelação bíblica, como requer a boa exegese, usam exemplos de gente que malversa o dinheiro, ou, apenas advogam que a prática era da lei, e que vivemos na “Era da Graça”; a Lei teria sido abolida por Cristo.

Cristo aboliu a lei dos sacrifícios expiatórios do sacerdócio levítico. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7:12

Os Dez Mandamentos, O Salvador resumiu a dois, tendo seu princípio espiritual ainda vigente; “... Amarás O Senhor teu Deus de todo teu coração, toda a tua alma e todo teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat 22:37 a 40

Os que advogam que o dízimo era coisa da Lei, poderiam dizer em qual dos dez mandamentos ele está? Existia nos dias de Abrão, alguns séculos antes de Moisés. “Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” Gn 14:20 Abrão deu a Melquisedeque, sacerdote de Salém.

O Sacerdócio de Cristo é dessa ordem. “Porque ele assim testifica: Tu És Sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.” Heb 7:17 Então, “Por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.” Heb 7:9 e 10

A lei cerimonial apenas regulamentou uma prática existente, de que, os que semeiam as coisas espirituais, recebam as temporais. O sustento para a manutenção da obra é o sentido bíblico do dízimo. “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?” I Cor 9:11

Acima vimos que, os fariseus eram ciosos com os dízimos até das ervas que produziam; entretanto, desleixados com as coisas mais importantes. Invés de seletivos escolhendo qual parte obedecer, O Salvador censurou-lhes a hipocrisia e sentenciou: “... deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.”

Foi no contexto dos impostos demandados pelos romanos que O Senhor disse a clássica sentença: “Dai a César o que é de César; e a Deus o que é de Deus.” O que é de Deus, no prisma de “impostos”, é o dízimo.

Mas e os mercenários da fé, os marajás espirituais que malversam o dinheiro da igreja? A desonestidade desses não justifica a impiedade dos cristãos, assim como, o fato de sermos presididos por um notório ladrão, não legitima que todos se façam sonegadores de impostos; são assuntos separados.

O foco é deixar patente que o dízimo é mandamento ainda em vigor. Não uma condição para salvação; essa deriva dos méritos de Jesus. Mas, é um convite à participação eficaz na Obra Divina, uma possibilidade honrosa, pela qual, O Eterno se responsabiliza em abençoar aos fiéis.

Quem direciona sua capacidade de amar, ao dinheiro invés de a Deus, deixa uma ventura recompensadora, e toma para si uma missão impossível; correr atrás da sombra. “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda...” Ecl 5:10 “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7:12

Há muitos “teólogos” defendendo o amor ao dinheiro com argumentos tão rasos, que, uma formiga passaria andando sobre, não precisaria nadar em tais águas. Ninguém é obrigado a nada; cada um é mordomo das próprias finanças.

Todavia, a interpretação honesta da Palavra, é o mínimo que se espera de um intérprete. Trabalhamos cinco meses por ano para pagar impostos extorsivos para corruptos, que laboram pela destruição da família, disseminação das drogas, perversões sexuais, e vida que segue.

Agora dez por cento do líquido para um trabalho que se esmera na reverão dessa destruição de valores que grassa gera gritaria? Arde um quê de vergonha alheia.
Confesso certa preguiça intelectual de evidenciar o óbvio.

Não há problemas doutrinários com o dízimo. Apenas os que levantam esses supostos problemas, o fazem como camuflagem de seus problemas sentimentais; “Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas...” 6:10 e 11

Os "bons" e os salvos


“Jesus lhe disse: Por que Me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.” Mc 10:18

O Salvador não estava dizendo que não era bom; antes, demandando pelos motivos desse adjetivo. Se, apenas Deus é bom, acaso reconheces quem Sou? Não expressou essas palavras, mas estavam implícitas na pergunta.

Deparei com: “Se você precisa de uma religião para ser bom, você não é bom; é apenas um cão amestrado.” Essa “pérola” estava coberta de glórias nos comentários.

Dizer que os seres humanos não são basicamente bons, ofende aos brios de muita gente má. Talvez essa seja a principal razão pela qual, A Palavra de Deus é tão odiada. Ela chama aos maus pelo devido nome.

Tendo deixado a Justiça Divina pela insubmissão, caído da bendita comunhão com O Criador, restou ao caído sem noção, a pretensão de justiça própria. Como essa depende de “padrões” encontráveis em si mesmo, o sujeito pode ser um crápula, um patife e ainda assim, sentir-se “do bem”, vendendo saúde espiritual. Não significa que é. Apenas, que a submissão ao mal tolheu também a noção desse míope espiritual. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos...” II Cor 4:4

A falta de absolutos, como seria um mundo alienado de Deus, criaria uma pluralidade inumerável de “deuses”, cada um legislando, valorando às coisas a partir da própria falta de noção. “vós mesmos sabereis o bem e o mal.” Prometera o tentador.

“Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30:12 Porcos na lama invocando sobre si o rótulo de puros. Em Porcópolis, talvez; não, onde deveriam habitar os filhos de Deus.

Isaías foi usado para mensurar o valor da “justiça” dos pecadores; “Todos nós somos como o imundo, todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64:6

Mesmo ele, grande profeta se incluiu entre os impuros. Por ocasião da sua chamada dissera: “... Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” Is 6:5

A Palavra diz: “Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, sequer um.” Sal 53:2 e 3

Deus não adestra cães; antes, transforma lobos em ovelhas. Sabedor dos “predicados” da carne, na qual os lobos atuam, sentencia: “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

Então, apresenta Sua solução, nascer de novo, de origem espiritual na conversão; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” João 3:3 e 5

O novo nascimento vivifica a consciência, antes, cauterizada, morta. O sem noção que desejava, pensava e fazia tantas coisas más, “sem culpa” após a conversão tem as “escamas” removidas dos seus olhos, e finalmente consegue ver o quão mau é, quanto necessita do Salvador.

Embora pareça irônico, contraditório, os que vão sendo tornados bons, pela imersão nos Méritos de Cristo, se percebem maus; os maus que ainda acrescentam às maldades corriqueiras a da presunção, se sentem bons e postam ou aplaudem estultices como a que estou apreciando.

“Os melhores homens que conheci - disse Spurgeon – estavam inquietos, descontentes consigo mesmos, desejando aperfeiçoamento, buscando alguma forma de ainda ser melhores.” A noção real das coisas restabelecida, faz algo assim em nossas almas.

“Bondade se aprende.” Ensinava Demócrito. A Maldade também; faz ver, A Palavra de Deus. “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13:23

Qual o problema, pois, de ser alguém adestrado para as coisas virtuosas, na senda do dever? “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22:6

Enfim, quem vocifera arrotando bondade aos quatro ventos, além da ruindade ordinária, deixa patente também, o lapso da visão obtusa onde deveria habitar o discernimento; dom que só exercitados em Deus podemos desenvolver. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

Não são as religiões que transformam o homem. Todo mundo tem a sua, e a maldade campeia. Jesus Cristo, apenas Ele, regenera a Obra de Deus.

quinta-feira, 21 de março de 2024

O engano


“Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” Ef 5:6

Essa característica do engano dá o que pensar. Quem se deixa enganar, de certa forma estende sua mão à desobediência. Ou seja: A pessoa sabe o que deve ser feito; mas, seduzido por algum arranjo alternativo, ou, eventual negação das consequências, capitula traindo a si mesmo. Opta pelo caminho fácil, onde deveria escolher o verdadeiro.

Não importa se as palavras que moveram ao tal, rumo à desobediência são vãs; se, der a elas um peso de verdade, o dano será inevitável. O que é vão no prisma da virtude, acaba eficaz na perspectiva do vício.

O inimigo precisa de um consórcio com a vontade humana, para lograr êxito, mesmo no seu labor favorito de cegar suas presas. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4

O ímpio oferece a “cabeça-de-ponte” para desembarque do arsenal do canhoto, pela incredulidade; o que, de certa forma é um aspecto de desobediência; pois, a fé sempre nos desafia a andarmos conforme cremos, uma vez que, a mesma, sem obras seria morta.

A incredulidade traz anexa uma blasfêmia, por atribuir mentiras ao Santo: “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5:10

O engano, não raro, se estabelece por um lapso de vontade, não de entendimento. Os que, ouvindo ao Salvador, preferiram se manter à distância, o fizeram conscientes; bem sabiam as implicações de se aproximarem do Senhor; “... os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3:19 a 21

O engano é voluntário; a decisão de se manter longe da luz, para poder ficar “seguros” perto dos seus pecados. Basta a esses os rótulos piedosos, dado que estimam certa reputação, mas se afastam da piedade, pois, seu exercício demanda uma renúncia que não é para covardes.

Certamente, o pior tipo de perfídia é do que trai a si mesmo, cegado pela própria hipocrisia.

Assim, quando um produtor de enganos se aproxima de um pérfido assim, não o está violentando, desviando-o à força de um alvo que esse esteja buscando; antes, está suprindo um “nicho de mercado”, oferecendo a esse amante das aparências, os rótulos piedosos que ele precisa, para camuflagem da sua apostasia.

Os de consciência cauterizada buscam pela aceitação mais que pela verdade, se tornam “seletivos” num sentido negativo; visam cercar-se de gente que jamais lhes colocará numa “saia justa” de confronto; antes, acalentará suas preferências, fazendo parecer que essas doenças são alinhadas à vontade Divina.

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições...” II Tim 4:3 a 5

Se, a primeira advertência quanto aos cuidados necessários nos últimos dias, foi: “Vede que ninguém vos engane.” O melhor antídoto, é a obediência irrestrita do que, sabemos ser a vontade de Deus. 

O primeiro agente de engano coabita com cada um de nós, a vontade natural, a carne; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

Sempre que a verdade for resistida, algum tipo de engano, de injustiça estarão concorrendo para essa resistência. Enquanto a obediência enseja comunhão, a impiedade, não importa quão rebuscada seja sua camuflagem, resulta em Ira Divina, contra os inimigos da doutrina. “Do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou.” Rom 1:18 e 19

Quando A Palavra assevera que não será possível o inimigo enganar aos “escolhidos”, não significa que haja uma elite espiritual, que Deus guindou acima das tentações. Antes, que Ele escolheu aos que escolheram obedecer; a esses, o inimigo não consegue enganar, pois, O Espírito Santo guarda-os. “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.” Ecl 8:5

A redenção


“Eis que nós subimos a Jerusalém, o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas; O condenarão à morte e O entregarão aos gentios.” Mc 10:33

Textos como esse refutam a ideia de que Cristo tenha sido mero mártir; alguém que defendeu um ideal às últimas consequências e foi surpreendido por uma rejeição violenta, que O entregou à morte.

Sempre soube o que lhe aconteceria, e resoluto foi ao encontro. A Obra que tinha a fazer O movia, a despeito das dores envolvidas nela. Chegou a dizer, eventualmente, que tinha pressa que aquilo acontecesse; desejou que seu “batismo de sangue” se cumprisse de uma vez. “Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; como Me angustio até que venha a cumprir-se!” Luc 12:50

Embora, a multidão tenha sido manipulada para pedir Sua Crucificação, O Senhor bem sabia quem estava por trás; “os príncipes dos sacerdotes e os escribas.” Em geral, quem se furta ao peso do próprio dever, usa a energia “economizada” para ser zeloso contra “deveres” alheios.

Na igreja acontece assim; os menos em paz com as próprias consciências, tentam abafar o barulho interno, fazendo barulho contra outros, que não lhes cumpre gerir, como disse Paulo: “Quem és tu, que julgas servo alheio? Para seu próprio Senhor ele está em pé ou cai...” Rom 14:4

Invés de apenas ensinar Apalavra de Deus, que coloca todos sob o mesmo jugo, anexam doutrinas humanas, para posarem de melhores que outros que as não têm; “Eles têm zelo por vós, - disse Paulo dos legalistas da época - não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles.” Gál 4:17

A função do casulo é gerar a borboleta; no devido tempo, deve ser rompido, abandonado. Cristo era o fim da Lei; eles deveriam saber. “De maneira que a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3:24

Não significa que Ele fosse um fora-da-lei. Antes, que Ele a cumpriu e deixou novas diretrizes; “...fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado...” Mat 28:19 e 20

Mas, e Moisés? “Ele é tido por digno de tanto maior glória que Moisés, quanto, maior honra que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3:3 Quem dera a Lei a Moisés fora Ele; só Ele poderia mudar o que fizera.

Os sacerdotes tinham a função de ser uma ponte entre Deus e os homens; mediadores a restabelecer o relacionamento com Ele, quando, rompido. Além disso deveriam ser mestres da doutrina de Deus; “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Ml 2:7

Aos escribas cabia a missão de serem copistas fidedignos das Leis Divinas, transmitindo-as de modo idôneo, sem acréscimos nem supressões. Não raro, esses “saiam da casinha” por escritos alternativos, para prejuízo próprio e de quem os seguia; “... em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que rejeitaram a Palavra do Senhor; que sabedoria têm eles?” Jr 8:8 e 9

Cristo trouxe por Seu próprio Sangue e méritos, um novo sacerdócio superando o antigo; “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7:26,27

Fez alterações que julgou necessárias; “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da Lei.” Heb 7:12

Embora todos os ministros idôneos sejam representantes do Eterno Sumo sacerdote, Ele É O Único, e suficiente; “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2:5

Quanto aos novos escribas, também circunscreveu a atuação desses à Sua Palavra; “... se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras... Deus tirará sua parte do livro da vida, e da cidade santa...” Apoc 22:18 e 19

Cristo foi entregue aos gentios, os romanos, para execução. João interpretou: “Veio para o que era seu, os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1:11 e 12

Nossa redenção, potencialmente, desde a cruz, está consumada; o que fará diferença será recebermos, ou não.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Escolher o presente



“Que darei ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?” Sal 116:12

Quando um de nossas relações está de aniversário, muitas vezes compramos algum regalo, uma lembrança que deixe patente nosso bem querer. O cuidado que nos ocorre nesses casos, é dar algo segundo o gosto desse. Coisa, nem sempre fácil.

Além de acertar nisso, concorre também o estado de espírito da pessoa, em face ao momento que está vivendo; o risco de ela já possuir o que tencionamos lhe dar, etc. Arreglar a coisa certa na hora certa é como que, uma arte.

O salmista cogitou “dar um presente a Deus”, como sinal de gratidão por tantos recebidos; então se viu diante do problema; “Que darei ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?”

O mesmo Senhor arrola Suas “posses;” “Conheço todas as aves dos montes; Minhas são todas as feras do campo. Se Eu tivesse fome, não te diria; pois, Meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50:11 e 12

Como poderia alguém, dar ao Eterno, algo que Ele ainda não possua e deseje?

Embora pareça contraditório, há algo que Ele não tem e quer; como colocou nos lábios de quem recebeu de Sua Sabedoria, Salomão: “Dá-me, filho Meu, o teu coração; os teus olhos observem os Meus caminhos.” Prov 23:26 Ele deseja de nós, uma entrega sentimental, o coração, e um espírito de discípulo, de quem aprende observando o Divino agir; “... teus olhos observem Meus caminhos.”

Imagino que, quem entregou o coração ao Santo, e Dele aprendeu observando-o, certamente terá algum tipo de reação condizente; no mesmo texto onde O Poderoso se declara dono de tudo o que há, Ele pontua o que gostaria de receber dos Seus filhos: “Oferece a Deus sacrifício de louvor, e paga ao Altíssimo os teus votos. Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu Me glorificarás.” Sal 50:14 e 15

Como o amor vero é via de mão dupla, antes de ser louvado como deseja, O Eterno promete livrar aos que recorrem a Ele, nas horas de angústias.

Assim como, num relacionamento humano, esse só será saudável se, ambas as partes estiverem afetivamente comprometidas, também O Eterno, só se mostra acessível a quem O Teme, vivendo de modo a honrá-lo, nas escolhas que faz.

Isso de, nas horas cruciais, agir ao bel prazer, e eventualmente citar, recitar, ou escrever algum texto bíblico, para encenar um compromisso com O Eterno, quando a consciência deixar evidente o próprio egoísmo, não cola. “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com Quem temos de tratar.” Heb 4:13

Ele mesmo adverte contra essa hipocrisia, com uma pergunta retórica: “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus estatutos; tomar Minha Aliança na tua boca?” Sal 50:16

Vulgarmente se diz que, “o papel aceita tudo”; pois, a boca também pode versar sobre tudo, não tendo veraz compromisso com o que diz. O Criador pode ver nossos corações e nem precisa, uma vez que nossas obras os mostram.

Daquele vetado de tomar a Divina Aliança nos lábios foi dito: “... odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, a tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Eu te arguirei e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50:17 a 21

O salmista que fez a pergunta inicial decidiu pelo presente que lhe pareceu conveniente; “Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o Nome do Senhor. Pagarei meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo Seu povo.” Sal 116:13 e 14

Os mercenários que apregoam uma relação comercial “com Deus”, exaltam a beleza de dar, e entram na fila para receber.

Os que, confrontados pela Palavra do Santo, se quebrantam arrependidos, certamente fazem melhor que os que pretendem negociar com O Eterno; “Pois, não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” Sal 51:16 e 17

Enfim, se alguém almejar um encontro com Deus, e estiver em dúvida sobre um presente, ou as vestes adequadas, uma sugestão: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; que é o que o Senhor pede de ti, senão que, pratiques a justiça, ames a benignidade e andes humildemente com o teu Deus?” Miq 6:8

terça-feira, 19 de março de 2024

Quem julga


“Zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também dos homens.” II Cor 8:21

O homem é refém das aparências; Deus sonda os corações; nem sempre, o que soa probo, idôneo, aos nossos olhos, é assim diante do Eterno.
Seremos julgados por Ele, não pelos homens; isso tranquiliza aos de bom proceder, que, eventualmente não são vistos assim, nos ambientes vulgares.

O lapso de alcance da visão humana não deve ser usado como “escape” pelos que dão mau testemunho, fazem escolhas opostas aos Divinos preceitos. “Quem me julga é O Senhor”, dizem; como se isso fosse uma atenuante, quando, é agravante contra os de mau proceder. Agem como se, Cristo os guindasse a uma dimensão sobre-humana; “julgasse”, tendo toda “jurisprudência” derivada do amor, trazendo anexa a aceitação incondicional dos pecadores.

Quem me julga é O Senhor, mas a partir de meu desempenho entre meus semelhantes, e minha relação, obediente ou não, com Sua Palavra, o “código civil” celeste. “Se alguém ouvir Minhas Palavras e não crer, não o julgo; porque vim, não para julgar o mundo, mas para salvar. Quem Me rejeitar e não receber Minhas Palavras, já tem quem o julgue; A Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12:47 e 48

Ele veio para salvar; nos deu Sua Palavra para isso; porém, no devido tempo, a mesma Palavra, deixará seu labor salvífico e terá função jurídica.

O “não vos façais servos dos homens” deve ser contextualizado; pois, o fato de pertencermos a Cristo não nos tira dos ambientes humanos; nossa “cidadania celeste”, se a possuímos, deve ser visível aqui, no proceder digno de quem invoca O Santo Nome do Senhor. “O fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2:19

“Ninguém é obrigado a se declarar um cristão, - dizia Spurgeon - mas, se o fizer, diga e se garanta.”

Nossa capacitação para ser sal da terra e luz do mundo vem de Cristo; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

Os reflexos de Cristo em nós, devem ser visíveis às pessoas que nos observam. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5:16

Há muitos que se negam a ver as coisas como são; outros, caluniam movidos por inveja; nesses casos, quem nos julga é O Senhor e isso nos basta. Todavia, devemos, como Paulo, zelar pelo que é honesto, tanto diante de Deus, quanto, dos homens.

As ações daqui refletem nos Céus; como efeito de salvação: “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Luc 15:10

Como testemunho registrado nas escolhas de valores que fazemos; “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram o Senhor, e para os que se lembraram do Seu Nome.” Mal 3:16

Ainda, a atuação dos fiéis na terra, serve como didática nos Céus; “Para que agora, pela igreja, a multiforme Sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos Céus.” Ef 3:10

Para efeito de condenação ou absolvição, que julga a todos é O Senhor; no entanto, no prisma dos valores, aprovação ou reprovação de certas atitudes, discernimento, a todo instante devemos julgar, e podemos ser julgados. Como poderia alguém exortar a outrem que se emende, sem saber em quê, consiste a emenda à qual, chamaria? “Não sabeis julgar as coisas mínimas?” I Cor 6;2 Perguntou Paulo.

Se muitos olham com olhos maus, aos que procedem de modo idôneo, salta aos olhos de quem se atreve a ver, a transformação que Cristo opera, nos que O recebem e seguem; “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40:2 e 3

Eventualmente ouvimos: “Fulano faz isso, aquilo e aquilo outro; mas, no fundo, é boa pessoa”. Que raio de lugar tão fundo é esse que, guarda para sai as virtudes, enquanto deixa toda sorte de vícios vir à tona? Ora, o que está no fundo são as “raízes;” o que vem à luz são os “frutos”. “Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações...” Prov 20:11

Quem, “no fundo” alberga à Palavra de Deus, nos meandros da vida, agirá necessariamente, como servo dele.