sábado, 10 de fevereiro de 2024

Corações à prova


“Como fomos aprovados de Deus para que o Evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova nossos corações.” I Tess 2:4

Duas coisas indispensáveis para ministros da Palavra. Uma: A aprovação inicial deve ser de Deus; os frutos evidentes do futuro ministro serão uma demonstração inequívoca do que, O Eterno já fez na vida dele; caberá ao líder local, discernir e confirmar a escolha Divina, diante dos homens.

Outra: A função do novo ministro, embora tendo passado por confirmação diante da igreja, deve ter como escopo agradar a Deus, não aos homens, que, são volúveis; mudam ao sabor das circunstâncias. Em Deus, “... não há mudança nem sombra de variação.” Tg 1;17

Aconselhando Timóteo, Paulo deixou claro qual deveria ser seu foco; “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” II Tim 2:15

Claro que, viver de forma proba diante dos homes é essencial; como seria o guia espiritual, aquele cujo viver mostrasse uma existência sem disciplina, testemunho pífio? Além da Divina aprovação, pois, “Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e laço do diabo.” I Tim 3:7

O conflito entre agradar a Deus ou, aos homens sempre se estabelecerá, quando, interesses ímpios forem postos antes dos preceitos Divinos. Bem no início da história da Igreja, já havia quem se incomodava com a mensagem e sinais operados pelos apóstolos; o Sinédrio.

Qualquer coisa que colocasse O Senhor em evidência, também evidenciaria a crassa injustiça que patrocinaram. Então, não ficava bem que os apóstolos pregassem e operassem milagres em Nome de Jesus.

Como o “argumento” de quem não tem argumentos, geralmente é a força, coação, aqueles, assim tentaram fazer; os apóstolos questionaram: “... Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” Atos 4:19 e 20

Sempre que “modernismos” teológicos, rituais, assomam no seio da igreja, certamente em algum momento uma liderança inverteu os papéis; colocou a vontade humana na frente da Divina. Sai um “iluminado” e cria o culto disso, daquilo; a coisa “dá certo” e pronto; lá vai o obreiro “Mário vai com os outros” e ensina a mesma porcaria, patrocina a mesma comichão carnal, onde deveria preponderar a mensagem da cruz.

Para esses, cuja visão, é horizontal onde deveria ser vertical, aquilo que aglomera, diverte, entretém às pessoas, é o que “dá certo.” Para Deus, certo é que Sua Palavra seja comunicada com retidão, por quem vive segundo ela; pois, O Espírito Santo não rega flores de plástico.

Afinal, o Evangelho nunca foi entretenimento, clubinho humano para espairecer o estresse, ou similar. A mensagem que agrada a Deus, não agrada ao homem ímpio, uma vez que, o confronta, expõe seus caminhos deletérios como descaminhos rumo à perdição. O desafia ao arrependimento para salvação; aprendizado do Divino querer para edificação segundo a “Mente de Cristo”; e mudança de proceder, novidade de vida, para comunhão com O Redentor.

Paulo ensina: “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6:4

A queda humana se deu, justo, por ter o primeiro casal capitulado à sugestão de autonomia, de independência, decidindo e valorando as coisas como bem lhes parecesse. Assim, toda atitude, ensino, doutrina que ponha a vontade humana igual à do Altíssimo, ou acima, procede da mesma fonte aquela, do Éden.

O homem prudente regenerado, não desejará beber de mananciais rotos, fontes alternativas como tantas vezes aconteceu, para perda dos que assim fizeram: “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, manancial de águas vivas e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2:12 e 13

Sendo que Deus prova os corações, como vimos no início, eventuais encenações, invés de “quebrarem o galho”, quebram a comunhão com Ele, revelando nossa hipocrisia, numa busca pelos aplausos da Terra, quando deveríamos anelar a aprovação do Céu.

Cada vez que uma “facilidade” se exibe, contrapondo-se à verdade, nosso coração estará na “sala de testes”. Nossas escolhas aí, revelarão para nós, o que Deus já sabe ao nosso respeito. 

O Eterno não nos prova para saber quem somos; Ele já sabe. Permite que tropecemos em nossas misérias, para que as identifiquemos e busquemos a cura para elas.

Nem sempre o que é medicinal é agradável; mas, apenas isso remove das nossas almas, o que é doentio.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

O temor


“...porei Meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de Mim.” Jr 32:40

Promessa a Israel; é deles que o Senhor está falando mediante Jeremias. Porém, a “Nova Aliança”, que começou pelos judeus, se tornou tão abrangente quanto a promessa a Abraão. “Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gen 12:3

Deus prometeu abençoar às famílias, não, indivíduos; de modo que, cada um possa ir para um lado, arbitraria e insensatamente, como fez o filho pródigo, alheio às demandas e necessidades de outrem, e ser abençoado. Não é esse o projeto Divino.

Embora não sejamos do “povo eleito”, também formamos famílias, às quais, a promessa foi dirigida. Logo, é lícito tomarmos o texto que aponta para a Nova Aliança, e aplicá-lo também para com os gentios, que abraçam a fé no Salvador.

Interpretando o Pentecostes, Pedro descortinou a amplitude daquilo: “Porque a promessa diz respeito a vós, vossos filhos, todos os que estão longe, e, tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” Atos 2:39

Não há uma fronteira cultural, étnica, nacional, nada; incluía a todos quantos, Deus chamasse. Ao se despedir dos apóstolos e discípulos, O Senhor ordenou que o chamado à conversão fosse bem abrangente, inclusivo. “... Ide por todo mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas, quem não crer será condenado.” Mc 16:15 e 16

Não significa que as pessoas serão condenadas apenas por não crer; já estávamos todos condenados; descrer no Salvador fecha-nos a Única Porta que nos poderia conduzir à salvação; “quem não crer será condenado”, é apenas uma antítese verbal, em oposição aos que serão salvos por crer, e obedecer. Quem for incrédulo, seguirá como está, até colher os frutos de sua “fé”.

Salomão tipificou os dois tipos de reações possíveis à Palavra de Deus: “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1:32 e 33

Dada a imprestabilidade para habitat espiritual do ser humano após a queda, O Eterno figurou a conversão como sendo um transplante de órgãos; “Dar-vos-ei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o Meu Espírito, farei que andeis nos Meus Estatutos, guardeis os Meus juízos, os observeis.” Ez 36:26 e 27

O Salvador chamou de “nascer de novo”, condição indispensável para poder ver e entrar no Reino.
“... Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3:3 e 5

Voltando a Jeremias, vemos um “acessório” que O Eterno usa, o temor; embora, pareça ser um agravante que afasta, a rigor, aproxima; ao menos, esse é a ideia. “... porei Meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de Mim.”

Quando o povo começou a cultuar de modo relapso, oferecendo sacrifícios defeituosos, O Senhor inquiriu-os: “O filho honra o pai, e o servo, seu senhor; se Eu sou Pai, onde está Minha honra? Se Eu Sou Senhor, onde está Meu temor...” Mal 1:6

A sadia mensagem do Evangelho é um desafio a andarmos com o devido temor, não um convite à prosperidade, tampouco, a anexação de uma “força”, o Divino auxílio, para que os planos humanos deem certo, como acreditam alguns, e tantos ensinam. 

É lícito que façamos planos e oremos pela realização; contudo, há algo que devemos saber: “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor a resposta da língua.” Prov 16:1

Diz mais: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10:23

As mensagens de João Batista, Pedro, Paulo começavam com um soturno “arrependei-vos!” Nem citei as falas de Cristo, pois Ele requereu algo mais que mero arrependimento, que seria o primeiro passo; se alguém desejar seguir caminhando com Ele, carece fazer isso “para Ele”;

anulando o ego usurpador, mediante a renúncia de seus apelos, em prol do Senhorio de Cristo. “Chamando a Si a multidão, com Seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após Mim, negue a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me.” Mc 8:34

Enfim, temor do Senhor não é um medo que me distancia; antes um zelo santo que me faz íntimo do Pai. “Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher.” Sal 25:12

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Sê sábio, filho meu!


“O sábio de coração aceita os mandamentos, mas o insensato de lábios ficará transtornado.” Prov 10:8

“O sábio...”
Salomão foi feito o mais sábio de todos os homens; foi ele quem escreveu: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento...” Prov 1:7 Antes da sabedoria ser um contingente, pois, é um princípio, que nos permite contato com Sua Fonte.

Um sábio, não deve prezar circunstâncias, tampouco, o aplauso humano. Deve buscar aprender de Deus; seu patrimônio é oculto, como a energia elétrica, que, se faz visível pela luz que irradia. Sua busca será mais, pelo sentido, o ser das coisas, que, por reconhecimento, posses, seu tesouro reside além da matéria.

Vejamos o incidente de um sábio esquecido, ignorado por todos, que, numa situação de emergência fez valer seus predicados; “Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; veio contra ela um grande rei, cercou-a e levantou contra ela grandes baluartes; encontrou-se nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria; mas, ninguém se lembrava daquele pobre homem. Então disse eu: Melhor é a sabedoria que a força...” Ecl 9:14-16

Se, possuía algo melhor que a força, capaz de livrar uma cidade, o “pobre homem” não era tão pobre; apenas sua riqueza não saltava aos olhos.

“O sábio de coração...” A “sabedoria” do que usa seus meios para arrombar alheias defesas, seja, manipulando, trapaceando, mentindo, até pode vir dum “sábio de coração”; porém, com um coração ainda atrelado às coisas do inimigo. “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso...” Jr 17:9

Esse “saber”, pelos frutos que produz, não passa de astúcia, esperteza natural, velhacaria. Tiago adjetivou à sabedoria que não purga os vícios de nossas almas, de modo nada elogioso; “Se tendes amarga inveja, sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.” Tg 3:14 e 15

Paulo também separou a Sabedoria, dessas espertezas ímpias, rasteiras. “Falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2:7,8

O sábio de coração é um que recebeu novo coração, de Deus, na conversão. “... dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo...” Ez 36:26

“... aceita os mandamentos...”
um aspecto mui relevante da sabedoria é conhecer os próprios lapsos, a própria ignorância. “Tudo o que sei é que, nada sei”; dizia Sócrates, o mais sábio de Atenas.

Antes que, presunção buscando aplausos, o sábio em princípio, busca preencher suas lacunas mediante mais conhecimento. Invés de refratário ao aprendizado, se faz dócil, deseja-o; “Dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em entendimento.” Prov 9:9 “Porque o Senhor dá a sabedoria; da Sua Boca é que vem o conhecimento... Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos.” Prov 2:6 e 7 Assim, a necessidade dum coração transformado.

Ele aceita os mandamentos porque, consegue vê-los como são; cercas de proteção, não a castração dos direitos, como pensa o ímpio, avesso à obediência.

Certa vez O Eterno lamentou a desobediência de Israel, acenando com as consequências que a obediência teria trazido: “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus Mandamentos, então seria tua paz como o rio, tua justiça como as ondas do mar!” Is 48:18

“... mas o de insensatos lábios...”
Se, a sabedoria é peixe de águas profundas, do coração, só identificável quando as demandas requerem-na, a insensatez é gratuita, superficial, paroleira; saltita nos lábios.

Acaso os que rejeitam aos apelos de Sophia, o fazem depois de uma profunda reflexão, pesando com honestidade seus argumentos? Não. Presto se “defendem” com o que trazem nos lábios; incredulidade, escárnio, zombarias...

Enquanto a sabedoria nos convida a confiarmos em Deus, a presunção carnal arroga para si o direito de versar, mesmo sobre o que não entende. Se dissermos que isso atrai maldição, logo zombará, todavia, é fato; “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço; aparta seu coração do Senhor!” Jr 17:5

“... ficará transtornado.”
As palavras fúteis que o insensato lança ao vento, costumam se voltar contra ele. “Porque semearam vento, segarão tormenta...” Os 8:7

Quem, invés de se aliar com O Senhor, Dele buscar sabedoria, prefere buscar às fontes espúrias, faz aliança com a morte, acordo com o inferno; no juízo se verá a inutilidade disso; “Vossa aliança com a morte se anulará; vosso acordo com o inferno não subsistirá; quando o dilúvio do açoite passar, então sereis por ele pisados.” Is 28:18

O Juízo


“Bem-aventurados os que guardam o juízo, o que pratica justiça em todos os tempos.” Sal 106:3

Contrário aos que defendem a ideia da eleição incondicional, Deus “elege” quem opta por obedecê-lo. “muitos são chamados, poucos, escolhidos;” A esses predestinou. Predestinar é preparar de antemão um destino; para onde irão os que fizerem determinada escolha; não significa escolher antecipadamente, nos fazer títeres.

Embora, ninguém será salvo pelas obras, todas as escolhas trarão a devida colheita, como ensina Paulo: “... Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6:7 e 8

A diferença entre um e outro, o que semeia na carne e o que o faz, no espírito, é que a um restará a corrupção, a outro a vida eterna; mesmo as escolhas atinentes à salvação, também são nossas, e terão consequências.

A Graça fez o que não poderíamos, nem merecemos; agora somos convidados a aderir a ela. “Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11:28 e 29

“Bem aventurados os que guardam o juízo...”
claramente uma ventura prometida aos que fazem certa escolha. Mas, o juízo não será um tribunal universal que julgará todas as coisas no fim? Também. A cada escolha que fazemos em nosso cotidiano, exercemos um juízo, quer aprovando algo, quer, rejeitando-o. Devemos cotejá-las com os ensinos da Palavra de Deus, para que tenhamos a “Mente de Cristo”.

Quem pauta as ações diárias, segundo os valores do Eterno, esse guarda o juízo; se alguém pensa que a Doutrina de Cristo é apenas um ensino, um manual de conselhos práticos para que vivamos melhor, não a conhece deveras. Além de um convite a passarmos da morte pra vida, por ela o juízo será aplicado.

Como um tribunal humano julga a partir de seus códigos, A Palavra do Senhor será o parâmetro pelo qual seremos julgados. “Quem me rejeitar, não receber Minhas Palavras, já tem quem o julgue; a Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12:48

“... o que pratica a justiça...”
somos justificados pela fé; mas a fé traz anexas responsabilidades de agirmos conforme cremos. “Porque, assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras é morta.” Tg 2:26

Minhas boas obras não me salvam; mas, são necessárias como testemunho de que a salvação me alcançou. Se creio em Cristo, doravante convém que eu atue como Ele ensinou; essa atuação testificará da fé, através da qual, O Sangue de Cristo me salvou.

Praticar a justiça no escopo espiritual, em muito excede às demandas humanas, que se contentam com aparências, verossimilhanças.

Quem, após crer, teve vivificada a consciência, nela e por ela, a justiça de Deus atua; seja, acusando suas faltas, seja, aprovando suas escolhas. “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, naufragaram na fé.” I Tim 1:19

“... pratica a justiça em todos os tempos.”
Estamos acostumados, infelizmente, em nosso país, com o “duplo padrão”. A grande maioria da imprensa, que deveria fazer jornalismo faz militância, vive obscena venalidade, por cumplicidade com crimes governamentais. Esse zelo seletivo, que se for dos “nossos” não erra; e dos “deles” não acerta nunca, tão comum em nosso nebuloso horizonte, não combina com o paladar de quem foi chamado a ser justo em Cristo.

A justiça nem sempre estará ao meu favor. Eventualmente precisará me privar de algo para se estabelecer. Quão fácil é organizar passeatas, sair a turba pelas ruas aos berros demandando justiça, quando sua causa os faz parecer “injustiçados.”

Num homem justo, que mede seus direitos com a régua dos seus deveres, a justiça cobra-o, quanto à palavra que empenha, obedecer ao que deve; eventualmente também pleiteia contra alguma omissão.

Pois, a justiça não é um aguilhão treinado para cutucar as ancas desafetas segundo rasos interesses; antes, uma lei moral interna, como disse Kant, que “força-o” a ser decente, mesmo, quando a decência não lhe traz nenhuma vantagem, exceto, o silêncio da consciência.

Aquilo que aprovamos contra nossos opositores, será a “jurisprudência” pela qual seremos julgados, pois. 

Mas, não seríamos julgados segundo A Palavra de Cristo? Sim. Foi Ele que disse: “Como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei, também.” Luc 6:31

A Palavra Dele ensina que as nossas sentenças pesarão no dia do juízo; “Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12:37

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Alvorecer


“A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4:18

“A vereda...”
não é a escolha natural. Tendo um caminho amplo como possibilidade, outro estreito, improvável que esse último seja escolhido. Tendemos às facilidades, como a água aos lugares mais baixos, e os ar quente, aos mais altos.

Cristo desafiou os que quisessem segui-lo, a fazerem isso por uma vereda. “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7:13 e 14

O que a fé tem de belo é que seus hospedeiros “apostam todas as fichas” no que não veem, fiados “apenas” na Palavra de Deus. Acusação veemente do catolicismo contra nós, como se, devêssemos nos envergonhar disso.

Ontem ouvi um “especialista” dizendo que o protestantismo é a religião dos homens; o catolicismo, de Deus. Mas, quem acrescenta coisas além da Palavra, malgrado, seu veto? “Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam Nele. Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30:5,6

Ante os estreitamentos necessários por viver num mundo que jaz no maligno, os crentes seguem firmes, como Moisés ao deixar o Egito, sem carecer dogmas, tradições, canonizações... “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11:27

“A vereda dos justos”
; equivale a atribuir justiça a Deus, crer incondicionalmente no que Ele diz, em submissão a Cristo; isso justifica todos os que creem, malgrado, seus pecados pretéritos; “Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.” Gál 3:6 Uma justiça imputada, a justificação de quem agia de modo injusto.

Ademais, o descrer é blasfemo, por trazer em seu bojo a implicação de que Deus seria mentiroso; longe, algo assim, de todo o justo. “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5:10

Não podemos pretender ser filhos da sabedoria, duvidando do que a “mãe” diz: “a sabedoria é justificada por todos seus filhos.” Lc 7:35

“... é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais...”
a iluminação progressiva, no âmbito espiritual.

Platão dizia que a filosofia é um meio termo entre a ignorância e a sabedoria. O ignorante não filosofa porque não sabe; o sábio, porque não precisa. Assim, o que identifica sua necessidade de aprender, vai à escola; como tal, deve estar aberto ao aprendizado, bem como, a descartar o que pensava saber, se, convencido que a verdade reside noutro endereço.

Nesse mundo dual, parece que as pessoas já vêm prontas de fábrica; não precisam crescer. Nas redes sociais, ou você é seguidor, ou é hater. (aquele que odeia) Será que posso gostar de alguém, concordar com algo, sem me tornar, necessariamente, um seguidor? Ou, discordar de um ensino de certas práticas sem me transformar, por isso, um odiador? Dá licença!

Outro dia vimos certo “Plano de Educação” lançado e debatido “democraticamente” por umas quinze instituições, todas de esquerda. Assim, para a ditadura do pensamento único, não há um conhecimento a se buscar, tampouco cérebros a serem capacitados para pensar livremente conforme bem parecer; antes, a educação se faz arma de “Revolución” comunista; lavam os cérebros aos quais dominam, implantando uma ideologia perversa, que cega, invés de iluminar.

Para quem se contenta com autômatos a seu serviço, essa estratégia pode funcionar. Deus não vilipendia Seus filhos dessa forma.

Ilumina-os e confia neles responsabilizando-os a agir de acordo com a luz recebida.
Invés de vetar esse ou aquele livro, recusar contato com o contraditório, a Palavra desafia a escolhermos entre tudo isso, aquilo que a luz nos mostrou como o melhor. “Examinai tudo. Retende o bem.” I Tess 5:21 Li o Alcorão, Livro de Mórmon, O Grande Conflito, o Evangelho Segundo o Espiritismo... Nada disso apagou a Luz da Palavra implantada em mim.

“... até ser dia perfeito”. Metáfora para o pleno discernimento; capacidade de valorar as coisas como o nosso Pai as valora; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

Paulo usou a mesma figura desafiando os cristãos romanos, às escolhas virtuosas dali em diante: “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos as obras das trevas, vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13:12

A Glória de Deus


“Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que Me deste a fazer.” Jo 17:4

Fragmento da oração de Jesus. Muitos têm uma ideia diferente do que seja, glorificar a Deus. Pensam que é a mera expressão das palavras. Não que seja errado falar assim, desde que verta do coração.

Muitos pregadores inseguros, inclusive, constrangem quem os ouve a falar isso, mais como um selo de aprovação à sua mensagem, que um desejo veraz, que Deus seja glorificado.

Foi por não se mover dentro dos limites que lhes foi permitido, que o primeiro casal honrou mais ao inimigo que Deus, dando ouvidos a ele; assim, no outro lado da moeda, quem se restringe a andar dentro do que foi prescrito aos filhos de Deus, sem palavras, glorifica ao Senhor, pela obediência.

Quem andar sempre com um bom porte, segundo A Palavra, certamente, ao chegar no fim, poderá também falar como O Salvador: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste para fazer.”

Ainda, há uma “glória passiva”, um efeito colateral nos que observam o bom andar dos que são de Cristo; a admissão desses, também repercute no alto. “Não se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5:15 e 16

Quando a mudança é radical, o convertido sai das masmorras morais, onde errava em vícios vários, a “mensagem” que a conversão transmite se faz mais eloquente ainda. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40:2 e 3

Além de glorificar a Deus com os lábios, é possível fazê-lo pela obediência e pelo testemunho.

A respeito de testemunho, as próprias obras da criação se encarregam de glorificar a Deus, diante de quem consegue ver, os evidentes apontamentos de sabedoria, amor e poder, contidos nelas. “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus...” Rom 1:20 e 21

Não havia um lapso cognitivo impedindo de ver o evidente; “claramente se vê...” A barreira dos ímpios para tributarem louvores a Deus pelas Sua maravilhas observáveis, foi uma vontade perversa; “... tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus.”

O salmista tinha olhos melhores. Observando as obras criadas foi direto ao ponto. “Os céus declaram a Glória de Deus, o firmamento anuncia a obra das Suas mãos. Um dia faz declaração a outro, uma noite mostra sabedoria a outra. Não há linguagem nem fala; mas onde não se ouve sua voz? Sua linha se estende por toda a terra; suas palavras até ao fim do mundo.” Sal 19:1 a 4

A Glória de Deus, pois, vai muito além da articulação de meia dúzia de fonemas, como se fosse um mantra.

Paulo, ao terminar sua brilhante carreira, de certo modo, parafraseou O Salvador, dizendo que glorificou ao Senhor, pela obediência. “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4:7 “Glorifiquei-te na terra tendo consumado a obra que me deste para fazer.”

Quem conhece a disputa do inimigo contra O Eterno, sobre as razões da fidelidade de Jó, entende, o que glorifica a Deus, deveras; não há nenhum registro que Jó vivesse dizendo, “glória a Deus!” antes, que ele era um homem “reto, temente a Deus e que se desviava do mal.” Permaneceu assim até o fim, malgrado a severa tempestade que suportou; foi, por isso, grandemente recompensado, ainda sobre a terra.

O Salvador ensinou em quê, consiste, a desejada glória: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; assim sereis Meus discípulos.” Jo 15:8

O mesmo que O Criador desejou de uma “vinha” antiga que degenerou, espera agora da “Videira Verdadeira;” Daquela disse: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui, opressão; justiça, eis aqui, clamor.” 5:7

Jesus falou sobre a mudança que ocorria então, quando da Sua rejeição. O Dono da vinha “Dará afrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe deem os frutos.” Mat 21:41

Se, os relapsos de então, que não frutificaram foram rejeitados, como seremos aceitos, se não fizermos melhor?

sábado, 3 de fevereiro de 2024

A boa velha


“... não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais...” II Ped 1:12

Eventualmente, achamos enfadonho quando alguém decide “chover no molhado”; reiterar, lembrar coisas que bem sabemos.

Entretanto, em se tratando de valores eternos como o são os espirituais, é indispensável que o mensageiro seja "monótono", e diga sempre as mesmas coisas. Ainda que possa ser atual na forma de comunicar, tem que ser “antiquado” no teor do que comunica.

Desde dias idos foi assim: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6:16

Então, já havia quem não queria mais do mesmo. As veredas antigas lhes soavam muito “demodês;” eles desejavam novos caminhos.

O grande problema de muitos pregadores que um dia admiramos, e com os quais aprendemos, é que, hoje não dizem mais as mesmas coisas que outrora. Aí poderia assomar lídima dúvida em nossas mentes; qual fala a verdade? Esse, “atualizado, politicamente correto” alinhado às demandas da sociedade atual, ou, aqueloutro, apenas bíblico, inclinado a ser fiel ao Senhor? A resposta parece óbvia.

O constante progresso, os avanços tecnológicos, fazem com que, mudanças nos meios, nos métodos, ocorram todo o tempo, como incidentes inevitáveis. Porém, o canhoto aproveita esses “movimentos” necessários, para colar neles, alterações espúrias. Câmbios nos valores, na essência, nos fins, como se fossem necessidades a concorrer com as mudanças aquelas.

A ideia que “os tempos são outros” tem servido de cretina camuflagem, para o fato que os homens são outros, muito piores que os de antes.

Quanto à perenidade da Palavra, temos coisas grandes empenhadas, que passariam primeiro do que ela: “Passará o céu e a terra, mas Minhas Palavras não hão de passar.” Luc 21:33

Por, no Eterno não haver “mudança nem sombra de variação”, Tg 1;17 Sua Palavra não é biodegradável; não sofre a ação do tempo, de modo a ficar obsoleta, superada, ultrapassada.

Malgrado, Evangelho seja o aportuguesamento de “boas novas” em grego, sua mensagem só é nova no âmbito daquele que a desconhece. A comichão dos atenienses, (Todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade) Atos 17:21 deve ser contida, no espectro dos que conhecem à Palavra de Deus.

Ainda que faculte andar em novidade de vida, àqueles que a obedecem, A Palavra é soturna, perene, imutável. Embora textualmente seja sempre, mais do mesmo, espiritualmente se renova cada vez que a lemos, dadas as novas nuances de compreensão que O Espírito Santo descortina para nós.

Portanto, quem erra no arraial dos salvos, em busca de facilidades, só terá sua sede suprida, se, lhe forem servidas “novidades”; pois, reitero, a Palavra insiste em se manter imutável, terrivelmente sóbria. “Ensina-me, ó Senhor, o caminho dos Teus Estatutos e guardá-lo-ei até o fim.” Sal 119:33

Paulo advertiu do surgimento dos novos atenienses; “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4:3 e 4

Há muito, “Evangelho” deixou de ser um adjetivo qualificando um substantivo; “boa notícia;” tornou-se nome próprio, para a Doutrina de Cristo. Só é digno de usar esse nome, pregador do Evangelho, quem preserva sua pureza, ensinando à Santa Palavra como é; não, deturpando-a ao gosto do freguês.

No mundo atual não é mais, novidade, a vinda e o feito de Cristo em nosso favor. A reiteração da sua mensagem desafia a uma nova resposta, aqueles tantos que, tendo ouvido, não o fizeram com a devida seriedade.

Mesmo nos dias em foi anunciado, já mesclava seus ensinos com coisas antigas, dadas desde Moisés; “... Por isso, todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13:52

Certos itens são insubstituíveis; para matar a sede, ainda usamos água. Coisas perfeitas não comportam melhoramentos, nem carecem rasuras.

Alguns “teólogos” falam em “atualizar” À Palavra de Deus. Uma proeza que desafia os confins da lógica; o efêmero “aperfeiçoando” ao Eterno. “Ai daquele que contende com seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou à tua obra: Não tens mãos?” Is 45:9

Embora possam chamar de atualização, modernização ou outra blasfêmia afim, no fundo, é contenda contra Deus, desobediência.

A “chatice” Dele não mudar, que permite que ainda vivamos, embora, dignos de morte. “Porque Eu, O Senhor, não mudo; por isso vós... não sois consumidos.” Ml 3:6