domingo, 12 de novembro de 2023

Os despenseiros e as fábulas



“Desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre teu ministério. Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo.” II Tim 4;4 a 6

É uma parte da constituição humana a esfera espiritual; ninguém pode se evadir. Disse certo pensador cristão que temos dentro de nós um vazio com o formato de Deus; só Ele pode preencher. Tendo O Eterno nos criado para a comunhão consigo, é de se esperar que seja assim.

Muitas vezes nos questionam: Se, Deus é Um só, por que tantas religiões? Porque acossados por esse vazio interior, homens que não conhecem a Deus e Sua palavra tentam preenchê-lo com um simulacro qualquer; inventam ídolos, ritos, crenças.

Desse modo, a neutralidade plena como pretendem alguns é impossível. Os que se dizem ateus, sem crença, fazem disso sua crença e defendem com unhas e dentes; de modo que, se endeusam prenhes de si mesmo; precisam mais esforços para negar, que os crentes para confiar em Deus. Pois, nesses, o “encaixe” é melhor, dada a adesão perfeita entre continente e contingente. Digo; o espaço neles, reservado para Deus, é preenchido, justo, por Deus.

Logo, quando alguém abdica da fé, fatalmente colocará algo no lugar de modo a não sentir-se vazio, espiritualmente. Os denunciados por Paulo no texto inicial deixaram a verdade e passaram a crer em fábulas. Trocaram o precioso pelo vil, ficaram com algo falso no lugar.

Assim fazem todos os que abdicam da fiel interpretação da Palavra e dão espaço às conveniências humanas.

Israel no Velho Testamento, não raro, deixava de obedecer a Deus e cultuava ídolos; aliás, desde o início da relação temos essa distorção; vide, o grotesco e blasfemo bezerro de ouro.

Nos dias de Jeremias o Eterno reiterou a denúncia do “mau negócio” que insistiam em fazer. “Espantai-vos disto, ó Céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, manancial de águas vivas; e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2; 12 e 13

Se, há alegria nos Céus por um pecador que se arrepende, causa horror, espanto, outro que, tendo conhecido ao Eterno, troca-O por algo vil.

Podemos inferir da exortação, que o apóstolo considerou esses “negociantes” como embriagados, pois, disse; “Mas, tu, sê sóbrio...” Assim como a embriagues deriva da ingestão excessiva de álcool, os sentidos espirituais entorpecem paulatinamente se ouvimos com frequência pregadores “liberais” que, com o fito de agradar aos ouvintes fazem concessões que a Palavra não faz.

Do obreiro não se espera que seja “legal”, antes, fiel. “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” I Cor 4;1 e 2

Claro que a fidelidade a Deus gera rejeição no mundo e até, dentro da igreja. No entanto, Paulo foi enfático. “...sofre as aflições, faz a obra de um evangelista, cumpre teu ministério.”

O apóstolo deixou instruções graves, precisas, como que, passando o bastão a outro numa corrida de revezamento 4 x 100. Seus cem metros foram cumpridos com fidelidade, e, era a vez de Timóteo correr. “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo.” V 6
Queria ele, pois, comunicar o mesmo que recebera, sem espaço pra mistificações, inserções, fábulas...

Uma brincadeira que, acredito, muitos conhecem chamada telefone sem fio, serve para ilustrar isso. Ela consistia no que segue: Um aluno, o primeiro da fila, dizia uma palavra qualquer ao que estava atrás, de forma rápida, quase inaudível; aquele se voltava para o seguinte e dizia o que pensava ter ouvido; assim sucessivamente até ao último. As distorções eram enormes. Começava “andorinha” e terminava “martelo”.

Tal qual essa diversão são as opiniões humanas. Naquela, cada um repetia o que pensava ter ouvido; nas opiniões, cada qual defende o que pensa ter entendido, mas, nem sempre entendeu, deveras.

Se a Bíblia fosse mero livro humano, como acusam uns, aliás, já a teríamos vertido igualzinha às nossas paixões mercê do “telefone sem fio” do tempo.

Claro que, um despenseiro só pode dispor do que possui em depósito; se alguém o fizer de fábulas, será isso que servirá. Contudo, de seu discípulo Paulo esperava coisas melhores. “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos, profanos; e às oposições da falsamente chamada ciência,” I Tim 6;20

Em suma, o bom depósito, tanto nos mantém sóbrios contra a sedução das fábulas, quanto, fortes em face à falsa ciência. Guardemos bem o nosso, pois!

sábado, 11 de novembro de 2023

As guerras



“Toda guerra é um sintoma do fracasso do homem, como animal pensante.” John Steinbeck

Presto, meu “animal pensante” se pôs a ruminar. Será isso mesmo? Como o autor colocou as guerras como “um sintoma” de fracasso intelectual, apenas um sintoma, não a causa, acho que posso concordar. A coisa é mesmo desinteligente.

Acontece que, inteligência é uma virtude amoral, bem como, conhecimento. Um e outro podem ser usados, tanto para salvar vidas, quanto, para destruí-las; construindo equipamentos hospitalares, ou bombas.

Se, a inteligência deveria avaliar o “porquê”, evitando a peleja; a mesma inteligência poderá estar a serviço do “como”, fazer a guerra, estando convencida que isso convém.

Assim, algo que pode estar a serviço de ambos os lados, tanto da guerra, quanto, da paz, forçosamente é neutro; não, a causa. Pois, as guerras derivam de um fracasso moral, espiritual, dos que as patrocinam. Têm a ver com a vontade, mais do que, com a inteligência.

Tiago pontuou: “De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, sois invejosos, nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para... vossos deleites.” Tiago 4:1-3

Cobiça, egoísmo, invejas, “matéria-prima” fartamente encontrável nos corações humanos, são as causas das guerras; Cristo ensinou: “Porque do coração procedem maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” Mat 15:19

Pretextos libertários e de soberania são meros vernizes sobre as reais causas das guerras, para distração, dos opacos olhares da opinião pública.

Por isso, a conversão foi figurada como um transplante de coração: “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.” Ez 36:26

As guerras pela Terra Prometida ordenadas por Deus têm outro escopo; O Criador deixou que Seu povo fosse escravo por 430 anos, antes de ordenar a destruição dos cananeus, até que se enchesse a “medida da iniquidade deles”; ou, que seu juízo fosse pleno de justiça.

Praticavam adultério, assassinatos, zoofilia, incesto, homossexualismo; O Dono da Terra os baniu por isso; “Com nenhuma destas coisas vos contamineis; porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que expulso de diante de vós.” Lev 18:24

Tratava-se então, de Juízo Divino; quem poderá questionar o direito do Eterno de agir assim? “Eu fiz a terra, o homem, os animais que estão sobre a face da terra, com Meu Grande Poder, e com Meu Braço estendido, e dou a quem é reto aos Meus Olhos.” Jr 27:5

Não falo disso, pois, em meu apreço das guerras. Mas, das que nascem das doenças do coração humano, como tanto acontece, infelizmente.

Em geral os “pacifistas” falam contra os conflitos bélicos como se fossem de corações dedetizados e olhassem “de fora” o desenrolar da maldade humana; em muitos casos, em seus relacionamentos particulares, também dão mostras pujantes de trazer em seus corações os mesmos insumos que depreciam alhures.

Como disse alguém, “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.” É fácil acalentar o desejo pela virtude, quando, quem a deve praticar são os outros.

A propósito, coloquei na letra de um cântico que escrevi: “Eu prefiro o silêncio, a clamar pela paz, ocultando no peito, as sementes da guerra.” Silêncio Paulo Waller - YouTube

A incapacidade humana de ser feliz com o que possui, ou, de suportar que outrem seja, com as coisas que ele “não merece”, acabam patrocinando a desinteligência que, invés de buscar o que lhe convém mediante trabalho, empreendedorismo e outros meios, prefere o “atalho” da pilhagem, da imposição violenta; ou, acoroçoado pela inveja, a mera destruição basta; numa “moral”, tipo: “Se não posso ter, que ele/s também não tenha/m.

Sabemos que duas forças espirituais opostas pelejam pela conquista da vontade humana. Deus tenta a persuasão mediante ensino, iluminação, cuidados amorosos. O Canhoto vai na marra mesmo; veta, se possível, o conhecimento de Deus; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho...” II Cor 4:4 

Sem um argumento mais do que o ódio; como os terroristas saem matando quem nada deve, pois, sua “causa” justificaria tudo.

Quem decide andar segundo Deus, convencido do Seu Amor, aprende carrear suas energias para outro “front”; “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12:4

Devemos combater contra o pecado, mal que está em nós, não o que está alhures. Assim, a desinteligência resulta de empreendermos esforços contra o que não podemos nem devemos, enquanto nos omitimos, sobre o que está ao nosso alcance.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

A opinião dos números


“Mais de dez milhões de CDs vendidos!” Diz uma chamada publicitária que realça determinado músico. A TV exibe diariamente vídeos que tiveram milhões de acessos. Estão bombado na NET! o que os credencia a serem veiculados.

O “influencer” tal conta com x milhões de seguidores. Pouco importa em direção ao quê, o tal, influencie quem o segue. “Cinquenta milhões de pessoas não podem estar erradas.” Frase do excelente filme, “Náufrago” com Tom Hanks. No caso, em se tratando das músicas do Elvis, de fato, estavam certas. Mas, nem de perto a “aferição” dos números significa selo de qualidade, de algo.

Pois, nesse mundo de moedas como “valores”, essas, qualificam às produções “artísticas” mais estapafúrdias. O sucesso do, “caneta azul, da Ludmilla, Pablo Vittar, et caterva, não é um aferidor da qualidade da “arte” deles; antes, do emburrecimento da sua geração. Os mesmos números que podem arrolar estrelas, também servem para contar uma imensa criação de jericos.

Dia desses apareceu na TV, uma jovem “especialista” em arroto, (?) foi para um programa de auditório mostrar seu “talento” graças aos milhões de acessos que teve no youtube. Um estouro!

As produções modernas são mensuradas pelo “senso crítico” das massas. Mas, a multidão tem lá algum senso? Antes, instintos, paixões, inclinações naturais...

A multidão é uma besta acéfala, um monstro sem cabeça, segundo os gregos; quem não segue um berrante como ela, fatalmente ficará só; "Você não se sente sozinha aqui no deserto?"
"No meio da multidão também nos sentimos sozinhos."
Saint Exupéry

Em um estádio de futebol, por exemplo, assentam-se lado a lado, um advogado, um drogado, um traficante, quiçá, um policial; de repente todos se abraçam festejando um gol. Mesmo que, individualmente nada tenham em comum, quando massificados por uma paixão, igualam-se.

Nicolas Berdiaev, o filósofo, sentenciou: “Se nos estados puramente emocionais da massa, o eu, não sente a solidão, não é porque se comunique com um tu, mas porque perde-se; sua consciência e vontade são abolidas.”

Nesse aspecto, o de conquistar às massas Jesus foi um fracasso. Até teve seus cinco minutos de fama quando multiplicou o pão pra galera; mas, quando falou sobre o significado de Sua obra ficaram somente doze; dúbios, quem sabe, pensando no exemplo dos que se foram. “Muitos, pois, dos seus discípulos ouvindo isso disseram: Duro é esse discurso quem o pode ouvir?” Jo 6;60

Após aquela debandada coletiva, Jesus indagou: “Quereis vós também retirar-vos? - Pedro até cogitou fazer isso, mas, tinha um problema - “para quem iremos nós? Tu tens as Palavras de vida eterna.” Vs 67 e 68

Pilatos também avaliou as coisas ao sabor da multidão; “Quereis que eu vos solte o Rei dos judeus?” Democratizou a decisão. Como a turba escolheu crucificar ao Senhor, ele lavou as suas mãos; seria inocente? Ele mesmo havia se vangloriado: “..tenho poder para te crucificar, tenho poder para te soltar.” Jo 19;10 Mas, no final, foi no conveniente embalo da massa.

A passeata de uma multidão de evangélicos, tipo, "Marcha pra Jesus" tem lá seu impacto político; mas, não maior que uma passeata do orgulho gay, por exemplo. Mostra volume à sociedade, nada além disso. É fácil nos mostrarmos “em Cristo”, basta desfilar gritando palavras de ordem; agora, mostrar Cristo em nós, demanda uma renúncia que desconsidera a aprovação humana. Quem nasceu de novo não segue aplausos, nem teme, vaias.

Essas igrejas superficiais, dos números, mais que da verdade, revelam tanto teor espiritual, quanto os acessos de tolos transformam arroto em “arte”. Jesus foi cauteloso com a quantidade. “...muitos são chamados, poucos escolhidos.”

Sabemos que é saudável a igreja buscar o crescimento; mas, se enchermos nossos campos de cabritos jamais produziremos lã.

Quando vemos as imensas catedrais do “pare de sofrer” lotadas, ou aqueloutro padre cantando com “um milhão de vozes”, percebemos de modo categórico a besta acéfala domesticada.

Todavia, basta conviver meia hora com um santo, no qual Jesus habita, para perceber claramente o que isso significa. Vida e valores, segundo Deus.

Continuarão claro, os números, “canonizando” arrotos. Entretanto, no “you tube” do Deus Provedor, desde o primeiro “nauta” Abraão, todos sabem a senha: Renúncia. Lá não são postados vídeos, “a fé é o firme fundamento do que não se vê.” Heb 11;1 mas, é possível acessar áudios de alta fidelidade. “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apoc 2;29

Não que Deus seja de minorias, pois, diante do trono João viu uma multidão de todas as tribos, nações e línguas, que ninguém podia contar, diz na Revelação. No entanto, O Eterno não alargará um centímetro a porta, para aumentar os seus “acessos”, pois, o Seu site não tem contador de visitas; apenas, um antivírus eficaz.

O processo


“No dia da prosperidade goza do bem, no da adversidade, considera; porque Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7:14

Os dois lados da moeda. O dia da prosperidade e o da adversidade. Mudanças “climáticas” às quais todos estamos sujeitos.

Como a Palavra de Deus foi dada para trazer riquezas, essencialmente, espirituais, mesmo os mais fiéis, estão sujeitos a essas coisas: “... aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4:11-13

Esse “posso todas as coisas” tem sido usado para encorajar cobiças, invés de, para ensinar suportar as agruras necessárias, como seu teor, tenciona.

Paulo disse isso a um povo que se preocupara com suas necessidades; “... nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e receber, senão vós;” Fp 4:15 Manifestou maior alegria pelo carinho e cuidado deles, que, pelas ofertas enviadas.

Infelizmente, a perversão do Evangelho chegou a proporções tais, que, o, não podeis servir a Deus e a Mamom, ou, ao Senhor e ao dinheiro, tem saído dos nossos púlpitos; muitos por aí conseguem a “proeza” de profanar ao Nome do Santo, enquanto se esbaldam em seu insano culto ao dinheiro. Servem a Mamom, “em Nome de Jesus”.

Ele mencionou os que fizeram muitas coisas em Nome Dele, aos quais dirá: “Não vos conheço; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.”

“Os que querem ser ricos caem em tentação, laço, e muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e traspassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6:9,10

O desejo por riquezas é mais pujante que o anseio por serem santos; mais que, o propósito de serem frutíferos.

Invés de ensinar a necessidade de fidelidade incondicional, na fartura ou nas privações, como viveram Jó e Paulo, por exemplo, os “paladinos da fé” atuais, não raro, equacionam um momento adverso como um aferidor de incredulidade, um testemunho de descrença; bastaria crer e “sacrificar” algo em prol da “Obra do Senhor” para que as coisas mudassem.

Nossos momentos de adversidade, são aqueles nos quais mais aprendemos, nos vemos dependentes do Senhor. Como disse Davi: “... na angústia me destes largueza...” Sal 4:1 O próprio Senhor testifica sobre o Seu amargo, mas necessário processo de purificação das nossas almas: “... te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48:10

Alguém disse com propriedade que, quando as tribulações nos levam a orar, já nos estão fazendo mais bem do que mal.

A vida farta, com alma torta, de inclinações perversas, mais que submissão ao Eterno, fatalmente levará o presumido “marajá” sem cercas, rumo aos vícios, à busca de prazeres egoístas, alienado das dores e necessidades que o cercam.

“A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tempestade que te mantém acordado.” Desconhecido.

Feliz o “homem de dores”, que, mesmo tendo passado pelo vale das sombras da morte, não fugiu da consagração necessária, seguro que O Divino Pastor estava com ele, mesmo naqueles momentos adversos.

Aos mesmos filipenses, aos quais Paulo agradeceu pela solicitude, ele lembrou do concurso dos materialistas infiltrados, já naqueles dias; “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e repito, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e a glória é para confusão deles; só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3:18,19

Não importa de qual lado da vida estás nesse momento, na questão das posses; quer, na fartura, quer, na privação. Se, no âmbito espiritual, estás do lado do Senhor Jesus, nada a temer.

Assim como, numa competição esportiva é mais honroso triunfar contra um grande adversário, na maratona da vida, vencer grandes privações se mantendo fiel, há de emprestar um brilho extra à tua coroa, reservada no além.

Jó por curto período foi privado de tudo; manteve-se fiel apesar dos amigos molestos, e de sua esposa. No fim pode dizer a Deus: “Eu Te conhecia de ouvir falar; agora Te vejo...” Teve suas posses em dobro, e ainda pode dialogar com Deus.

Então, antes de lutar contra o que atribula, confie em Deus; peça discernimento sobre o que deves aprender antes de sair da fornalha. Certamente há uma necessidade; pois, Deus “não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.” Lam 3:33

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Aquietai-vos


“Sucedeu no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele; eu peguei o vinho e dei ao rei; porém, nunca estivera triste diante dele.” Ne 2:1

Neemias, então, copeiro do rei da Pérsia, triste no trabalho, o que era perigoso para a função dele. Tinha missão de provar as comidas e bebidas do rei antes de servi-las, precaução comum dos soberanos, temendo envenenamento.

Neemias soubera por seus parentes da situação catastrófica de Jerusalém e orara a Deus, pedindo que O Santo lhe fosse favorável, quando expusesse sua causa ao rei.

À uma leitura superficial, poderá parecer que Neemias recebeu a dura notícia, se entristeceu e orou, e no dia seguinte obteve resposta favorável do rei; permissão para ir reparar as muralhas e os portões de Jerusalém.

Não foi tão simples, nem tão rápido. Ele foi econômico, modesto, quando disse: “... por alguns dias estive jejuando e orando perante o Deus dos Céus.” 1:4

Por alguns dias; quantos? Leiamos com atenção: “... sucedeu no mês de Quislev, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza,
que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; perguntei-lhes pelos judeus que escaparam, que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém.” Ne1:1,2

Ele recebeu a notícia no mês de Quislev; mês nove no calendário hebraico; sua entrevista com o rei, quando triste, expôs seus motivos e rogou permissão para ir a Jerusalém reparar a cidade, foi o mês primeiro. “... no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele; peguei o vinho e o dei ao rei; porém, nunca estivera triste diante dele.” Ne 2:1

Recebera informação no mês nove; jejuara e orara, para se entrevistar com o rei a propósito do assunto, apenas no mês primeiro.

Como se, no nosso calendário, fosse informado em setembro, e orasse e jejuasse sobre aquilo, até meados de Janeiro. Aproximadamente, quatro meses; quando, então, obteve resposta favorável.

Que importância isso tem para nós? Para essa geração de tecnologia alta, e espiritualidade baixa, a ideia de jejuar e orar quatro meses por um objetivo não chega nem perto de suposta aceitação. A maioria é viciada em “profecias” agradáveis, e céleres, não importa, se, mentirosas.

Como um incauto que acredita em horóscopo, e vai ouvindo-o, até que “seu signo esteja num dia bom”, assim esses viciados, vão de “profeta em profeta”, na ilusão que as “bondades-iscas” com as quais, os vigaristas pescam descuidados, um dia, ludibriem à realidade.

Ainda temos a favor de Neemias, que sua oração fora totalmente altruísta, atinente à Obra de Deus, não, egoísta e rasteira, pleiteando facilidades para si. Na verdade, aquela conquista trouxe trabalho, aflições e grandes responsabilidades para ele, invés de vantagens.

O egoísmo, aliás, é uma das coisas que embaça, nosso relacionamento com Deus, como ensina Tiago; olhamos com admiração e desejo para coisas que Deus reprova; não raro, oramos em demanda de matéria, quando deveríamos ter aprendido a andar em espírito.

“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4:3,4

Por isso, antes do pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á, carecemos renunciar ao modo mundano de ser, e buscar conhecer a vontade Divina; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:1,2

Neemias conhecia pelas profecias que era vontade Divina restaurar à santa cidade; mesmo assim, orou e jejuou por largo período, como vimos.

No monólogo de Davi com sua alma, registrado nos salmos 42 e 43 ele mesmo encontrou as razões pelas quais, estava ela, abatida; a pressa. O que, subentende-se pelo conselho que deu à própria alma: “Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda O louvarei pela salvação da Sua Face.” Sal 42;5

Então, mesmo quando oramos segundo Deus, é preciso que saibamos esperar no tempo Dele. Neemias orou quatro meses, pela autorização para uma obra que foi feita em menos da metade desse tempo; “Acabou-se o muro aos vinte e cinco do mês de Elul; em cinquenta e dois dias.” Ne 6:15

Enfim, se estamos em obediência e buscamos coisas segundo Deus, descansemos Nele, mesmo que pareça tardar. Há uma força na quietude confiante, da qual Ele se agrada. “... No estarem quietos será sua força.” Is 30:7

domingo, 5 de novembro de 2023

O Halloween e a ignorância



“Melhor é ouvir a repreensão do sábio, que a canção do tolo.” Ecl 7;5

Uma repreensão, melhor que uma canção, parece contraditório; mas, entrando em cena os “intérpretes”, sábio e tolo, a coisa começa a fazer sentido.

Deparei com a repreensão de uma mulher chamada Isabel Staudt, com o título, “Não à ignorância, sim ao Haloween”.

Deplorou às postagens que combatem isso como derivadas de religiões ignorantes. Ensinou (sem citar fontes) que isso veio dos costumes antigos dos nórdicos, que, acreditavam que muitas coisas, inclusive o frio do inverno era obra de espíritos malignos, contra os quais, se fantasiavam ou colocavam espantalhos diante das casas, visando afastá-los.

Folclore, tradição do povo, ensinou. Por fim, sua diatribe contra as religiões: “as guerras existem, em sua maioria, por causa das religiões. Em nome delas é que se matam pessoas.”

Não fiz nenhuma postagem, mas, concordei com muitas que vi, desaconselhando coisas, como fantasiar crianças de bruxinhas e diabinhos, de modo que, o chapéu me serviu.

Comecemos pelo que estamos de acordo. A ignorância, sobretudo, em questões espirituais, é grave. Tanto que, Deus adverte: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4:6

De quem ensina também: “Os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Mal 2:7

Quando Sua Luz chega aos ignorantes, se dispõe a apagar erros cometidos, quando, no escuro, desde que haja arrependimento; “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam;” Atos 17:30

Se, os antigos pensavam que, estações do ano eram obras de maus espíritos, e, se podia espantar aos mesmos com fantasias “assustadoras”, de onde derivam essas práticas, senão, da ignorância?

O Evangelho nunca foi, “algo mais”, que cada um acresce às suas vidas, enquanto continua com suas práticas errôneas, tradições obtusas. Sempre foi um desafio transformador, onde a pessoa “perde-se”, pela “Pérola de Grande Valor”, Jesus Cristo. Nele, ensina Pedro, “... fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais...” I Ped 1:18

Se parecer lúdico, probo, digno de aplausos, que alguém use fantasias bizarras, incluindo diabinhos, faça chantagem em busca de “gostosuras”, depois de gravar essas coisas no “HD” do cérebro infante, como ensinar que certas entidades estão a serviço do mal? O aprendido na infância tende a se prolongar à velhice. “Educa a criança no caminho que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22:6

Por Jeremias Deus ensina que a prática reiterada do mal, se torna parte da alma da pessoa, como é parte do corpo a cor da pele; “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jer 13:23

Por fim, as religiões. 99,99% delas são apenas crendices, folclore, tradição de povos ignorantes. Se a articulista criticada é contra religiões, mas, favorável às tradições dos pagãos, temos uma contradição abrupta.

O Único Caminho que salva é Jesus Cristo, que não é estritamente uma religião, mas, uma Pessoa. Se, tivermos “religião” no sentido etimológico do latim “religare” O Único que religa o pecador com O Criador É Ele; “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Dizer que guerras são derivadas das religiões tem um quê de verdade. Atualmente muitos pretendem “destruir aos infiéis” em nome de Alá.

Agora, lançar tudo o que se acredita no âmbito espiritual na vala comum das “religiões” é ignorância deliberada, desonestidade intelectual.

Jesus nunca mandou matar; antes, perdoar, orar pelos inimigos, abençoar quem nos amaldiçoa. Se alguém cometeu barbáries usando O Santo Nome Dele, o fez por ignorância acerca dos Seus Ensinos e Sua Pessoa, ou, de novo desonestidade intelectual e moral, tentando envernizar sua maldade, para que essa tivesse uma aparência “aceitável”.

Antes de combater genericamente às religiões, colocar no mesmo rol coisas distintas, que tal se informar primeiro? Aristóteles dizia: “A pior forma de desigualdade é considerar iguais, coisas que são diferentes.”

Os únicos refratários ao Halloween e similares são os cristãos. Nossa “ignorância” também pretende ser contra a mentira, o adultério, o roubo, o homossexualismo, a violência, e tantas coisas “normais” por aí.

Fomos desafiados a deixar nossos pensamentos rasos pelos Divinos, “Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55:8

Quem puder nos enriquecer suprindo-nos do que ignoramos será bem-vindo. Agora, se pretender iluminado andando no escuro... “... Se a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6:23

sábado, 4 de novembro de 2023

A direção Divina


“Passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. Quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lhes permitiu.” Atos 16:6,7

A direção de Deus. Normalmente pensamos nela num sentido afirmativo, sobre o que fazer; entretanto, envolve também o que não fazer, como vimos acima. Dois intentos de Paulo e Silas negados pelo Espírito Santo.

À noite, um chamado em visão, pela qual, eram enviados à Macedônia. Antes do sim, de Deus, muitas vezes carecemos estar atentos aos nãos! A adoção como diretriz de um preceito geral, não exclui a existência de objeções pontuais, segundo bem parecer ao Espírito Santo.

O “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” está em pleno vigor; porém, quem tem o hábito de andar em comunhão com O Espírito, está sujeito a contraordens pontuais, pois, quem dirige a Obra É Ele.

Em Filipos, na Macedônia, tivemos a conversão de Lídia; depois, o incidente com o exorcismo do espírito da pitonisa, pelo qual, eles acabaram presos; a intervenção Divina na prisão, redundou na conversão do carcereiro e toda sua família.

Felizes os que podem ouvir a santa diretriz, como vaticinou Isaías; “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30:21

Não significa que ouviremos essas palavras, literalmente; mas, que, quem tem comunhão com o Espírito, certamente identificará Seus apontamentos, como disse alguém: “Na direção que o Dedo de Deus aponta, Sua Mão abre a porta.” Essa porta é interior, sutil, a paz de Cristo confirmando em nosso espírito, ou, vetando a direção anelada. “... o que é espiritual discerne bem tudo...” I Cor 2:15

Não que seja ilícito fazermos planos, termos ambições projetos de vida; porém, quem tem um chamado ministerial, eventualmente, terá que abdicar dos seus planos em prol dos Divinos; “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3:5,6

A Palavra ensina: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor...” Sal 37:23 O risco é cometermos uma inversão de interpretação aqui, supondo que haja alguém tão bom, que, faça esse o que fizer, Deus será com ele confirmando sua caminhada; não.

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria...” Prov 1;7 O homem “bom” não o é por si mesmo; antes, porque foi transformado após o novo nascimento; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5:17 Faz parte de sua “bondade”, ser obediente, se deixar conduzir; assim, aquele que caminha pelas veredas que O Eterno prescreve, pode contar com a Bendita presença, quando necessitar.

“Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43:2 Promessa dada aos servos da Antiga Aliança, Israel.

Lícito, porém, concluir que também valha para os da Nova, em Cristo, uma vez que a Fidelidade Divina não muda. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a si mesmo.” II Tim 2:13 Ele disse: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em Meu Nome, aí estou, no meio deles.” Mat 18:20

Certa vez alguém me aconselhou, sobre uma empresa que eu tinha dúvidas; “vai e faz; se não for de Deus, Ele fechará a porta.” Pensei; se nosso Deus É Vivo, e nos dirige, por que não, consultá-lo antes? “Instruir-te-ei, ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com Meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti.” Sal 32:8,9

Se, podemos ser conduzidos pelo conselho, porque sairíamos indômitos, autônomos, carecendo ser contidos por “cabrestos”?

Antes de sermos conduzidos, para dar frutos, precisamos sê-lo para santificação; precedendo às ordens para o que fazer, teremos muitas, sobre o que não fazer; ouvidas essas, então seremos guiados pela Mão Divina; “Eis que Deus não rejeitará ao reto; nem toma pela mão aos malfeitores;” Jó 8:20

Num mundo de tantas vozes fúteis e perversas, felizes os que logram ouvir ainda, à Voz de Deus, e seguir após!

Em tempos tenebrosos, quando se fala em “atualizar” À Palavra, removendo porções que mais incomodam aos ímpios, pois, essas conteriam “discursos de ódio”, carecemos mais do que nunca, da Divina direção, para não nos extraviarmos.

“Companheiro sou de todos os que Te temem e dos que guardam Teus preceitos.” Sal 119:63