domingo, 3 de setembro de 2023

O juiz sem juízo



“Sucedeu que, fazendo ele menção da Arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado da porta; quebrou-se lhe o pescoço e morreu; porquanto o homem era velho e pesado; tinha ele julgado Israel quarenta anos.” I Sam 4;18

O relapso sacerdote Eli sentindo o predito juízo Divino. “... ele tinha Julgado a Israel quarenta anos.”

Acontece que, julgou as questões alheias apenas; nas atinentes à sua casa, aos seus rebeldes filhos, fizera vistas grossas, como denunciara um profeta do Senhor. “Por que pisastes Meu sacrifício e Minha oferta de alimentos, que ordenei na Minha morada; honras teus filhos mais do que a Mim, para vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo de Israel?” Cap 2;29

“... honras teus filhos mais do que a Mim...”
Os superpais e supermães pipocam nas redes; fazem questão de deixar patente suas febres; “Experimenta tocar em meu/minha filho/filha, para ver o que acontece.” “Onde meus filhos não são bem-vindos, também eu não vou.” etc. Sempre uma defesa incondicional dos rebentos, sem se ocupar em analisar se, eventual aversão, não tem lá seus motivos. “Sendo meu filho, estando certo ou não, está certo”; parece ser a “filosofia” comum.

Muitos pais, pregadores, que reverberaram contra a imoralidade, ao terem em suas casas, filhos, netos, que adotaram a perversão sexual como modo de vida, aos poucos foram “mudando” atenuando suas solenes mensagens; na escolha necessária entre amar mais a Deus que aos seus, optaram por perder-se, compactuando com os erros dos mais jovens, invés de manter a necessária firmeza, amando aos errados, sem pactuar com seus erros.

Para onde volverão esses, caso se arrependam, se, invés de, como o pródigo, vislumbrarem segurança e amparo na casa paterna, agora veem seus pais igualmente à deriva? A falta dos devidos referenciais, enlouquece a “bússola” dos que perderam o norte.

Alguém tentou recolocar os pingos nos is, sobre a febre filiólatra, dizendo: “Invés de pensar em que mundo deixaremos para nossos filhos, deveríamos pensar em que filhos, deixaremos para o mundo.”

A Palavra encoraja cada um, ao juízo contra si mesmo; e deixarmos as motivações alheias ao Juízo Divino. Quem ensina estritamente A Palavra, não julga; apresenta de modo idôneo, o Divino julgamento. Quando ao cuidado consigo mesmo, Paulo ensina: “Porque, se julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” I Cor 11;31

Como podemos julgar a nós mesmos? Como um juiz qualquer que tem ainda, compromisso com a justiça; conhece os fatos e compara-os com os códigos legais. À luz disso, sentencia. Assim nós, devemos avaliar nosso comportamento, à luz da Palavra. No que estivermos de acordo, paz; no que ficarmos aquém, arrependimento, confissão, mudança.

“Tu julgarás a ti mesmo – respondeu-lhe o rei. – É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegue fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio. (...) É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.” Antoine de Saint-Exupèry

Na sociedade atual, todo o pensamento, toda fala, precisam ser esterilizados, dedetizados, antes de saírem por aí, dado o risco das patrulhas “politicamente corretas”, descobrirem alguma “fobia” em nossas almas; danem-se!

Geração apodrecida, da pós-verdade, onde, fatos, siso, lógica e verdade erram, sem pai nem mãe; ideologias, febres engenhosamente orquestradas para destruição dos valores, narrativas fajutas é que têm vez.

Os mesmos veganos que deploram a “violência” dos “predadores” que matam para se alimentar, fazem estrondoso silêncio quando nascem pleitos em defesa do aborto. Matar um animal lhes soa a crime; matar um humano inocente lhes é um “direito”.

Ou, os que acusam nossas “fobias”, gritando em defesa dos seus direitos, dão uma banana ao nosso direito de crermos no que nos convier.

É absolutamente necessária a existência do Absoluto: Deus. Se, cada um fizer escolhas ao bel prazer, e todas forem igualmente válidas, então se cumprirá ao dito de Satanás; “Vós sereis como Deus, decidireis o bem e o mal.”

Não pretendemos tolher ninguém; apenas preservar nosso direito de crer e ensinar o que cremos. Se, as Divinas advertências, como a Eli, não lhes bastam para mudar o pensar e o agir, quando o juízo vier, estaremos inocentes por ter avisado.

Foi ao ouvir sobre a perda da Arca da Aliança, onde estava a Lei do Senhor, que o “pesado” juiz caiu para trás e quebrou seu pescoço. A mesma fora parar nas mãos dos filisteus.

Tratarmos com negligência, coisas que deveriam despertar nosso zelo, é buscar um peso que trabalhará contra nós.

O direito de fazer escolhas é inalienável; cada um, o tem. Porém, consequências pertencem ao Senhor. “... Minha é a vingança, Eu darei a recompensa, diz O Senhor...” Heb 10;30

sábado, 2 de setembro de 2023

Convite aos mortos


“... por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Rom 5;12

Os que não lidam bem com as consequências do mau uso da liberdade, ora, culpam Deus, (por que colocar no jardim uma árvore proibida) outra, ao inimigo; (por que a serpente seduziu Eva?) entretanto, a sentença bíblica segue sóbria, veraz: “Por um homem, entrou o pecado no mundo...” Deus deixou a possibilidade, para liberdade de escolha, e advertiu das consequências; o inimigo sugeriu a necessidade, para crescimento espiritual, e blasfemou contra O Santo, atribuindo a Ele, mentira; (a imprensa já dava notícias) mas, a escolha foi humana.

Não importa que tenha sido a mulher a primeira seduzida; a responsabilidade fora dada a Adão. Ele deveria ter se mantido em obediência, não, seguido a esposa. Embora, o genérico, ‘homem’ refira-se ao ser humano, então, foi um juízo específico contra o vero culpado.

Quando da sentença, malgrado, cada um tenha tentado transferir sua culpa, o homem foi punido pelo seu feito de modo cabal; “... maldita é a terra por tua causa!” Gn 3;17 Transferir culpas, diluir responsabilidades, não cola onde impera a verdade.

Eventualmente, ao nos queixarmos das mazelas de estarmos vivendo “na idade do condor” algum gaiato observa: “A idade não vem sozinha.” Pois, o pecado também não. Ao ver aberta a porta da expressão, trouxe junto sua consorte. “... pelo pecado (entrou) a morte.”

A ceifeira estendeu seu alcance a todos os descendentes do primeiro casal. “... a morte passou a todos os homens ‘por isso’ que todos pecaram.” Partindo da inocência e pureza, o primeiro casal morreu porque pecou, depois, toda descendência pecou, porque estava morta. Migrou da inocência em liberdade, para a escravidão. “Sois servos daquele a quem obedeceis.” Rom 6;16

A ideia de uma existência pujante, embora, espiritualmente morta, nem sempre é entendida, tampouco, aceita pelos mortos que a ouvem. O máximo que acatam é que, como todos, também eles são pecadores; podem melhorar aqui ou ali, mas basicamente são gente boa.

Pode ser confortável ouvir; porém, é mentira. Deus não vê a morte como algo bom, e sentencia: “... Ninguém há bom senão Um, que É Deus.” Mc 10;18 Ainda: “... vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos...” Luc 11;13 “... Não há um justo, nem um sequer.” etc.

A abordagem do Evangelho começa por aí; não é um desafio a melhorar; antes, a renascer; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida... vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;24 e 25

Instruindo Nicodemos O Salvador deixou patente essa necessidade: “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3;3, 5 e 6

Abordar no âmbito natural as coisas espirituais escapa ao senso lógico, e turba a compreensão. Paulo ensina: “Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2;12 e 13

A vida espiritual, pela regeneração em Cristo, possibilita a habitação do Santo em nosso espírito vivificado. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual...” I Ped 2;5 “... Se alguém me ama, guardará Minha Palavra; Meu Pai o amará, viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Por ser Ele O “Habitante”, natural que a escolha dos “móveis dos cômodos, acabamento, cor...” pertençam ao Dono da casa; “Se O Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam...” Sal 127;1

Sempre estará em derredor, o “profeta alternativo” para contrapor ao Criador. A escolha entre crer em Deus ou nele continua sendo humana; isso não mudou.

Como todos os convertidos têm duas naturezas, carnal e espiritual, segundo uma ou outra, farão escolhas. Sabendo que, “... a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7 por outro lado, “todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

O pai do pródigo


“O pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; vesti-lhe; ponham um anel na mão, alparcas nos pés; trazei o bezerro cevado, matai-o, comamos e alegremo-nos;” Luc 15;22 e 23

Eloquente demonstração de amor do pai do pródigo. Vestes dignas a quem tomara atitudes indignas; mesa farta e alegria, pela volta do que se perdera buscando anseios fúteis.

O Salvador colocou o pródigo como um tipo de todos nós, os pecadores; que, no anelo por prazeres deixamos a casa do pai, como se ela fosse coisa de pequena monta, parco valor. O pai do aventureiro é um tipo do Eterno, que ama incondicionalmente, e “... É Grandioso em perdoar”, como disse Isaías. Cap 55;7

Decidido a sair de casa, o filho requereu sua herança antecipadamente, com o pai inda vivo, (A herança que no princípio é adquirida às pressas, no fim não será abençoada.) Prov 20;21 não houve uma tentativa de negociar, oferecer alguma vantagem para que o filho voltasse atrás. Mesmo entristecido, contrariado, (coisas que se pode ver pela alegria demonstrada quando do regresso) o pai concedeu o que o filho pedira.

Ao ver seu rebento maltrapilho e humilhado pela ceifa das escolhas que fizera, voltando arrependido, o pai enternecido, restaurou a dignidade do mesmo, com alegria.

Certamente, quando o filho errava entre bêbados e meretrizes, seu amor não deixara de existir, por um momento sequer. O vero amor passa por momentos de correspondência, deleite, bem como, frustração, ausências, sem deixar de ser o que é.

Convive com ele, certo grau de impotência; tanto que, mesmo vendo seu alvo extraviar-se, nada pode opor a isso, exceto, sofrer; “O amor é sofredor, benigno; não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” I Cor 13;4 a 7

Entendido isso, podemos pensar nos que vivem suas perversões antinaturais, avessas às Escrituras; os tais, mesmo agindo assim, pretendem associar às suas vidas um verniz religioso, tudo porque “Deus É Amor”.

Não sabem nada sobre isso; ou, pior; sabendo se portam com desonestidade intelectual. O adágio do pior cego se aplica a esses, que, dispondo de luz suficiente para desfazer enganos, posam de toupeiras, acoroçoando o que Deus abomina, ao abraçar eventuais conveniências malsãs. O aplauso humano lhes pesa mais que a Divina aprovação. O juízo será demasiado sério, solene, pra dar espaço a futilidades, como aplausos.

O fato inegável de o pai do pródigo amá-lo, não o levou a compactuar com os desalinhos morais, impuros ambientes sociais, tampouco, o deserto espiritual onde aquele errava. Tem situações e ambientes, dos quais o amor se mantém a distância. Deus sempre amou Seu povo; porém, nem sempre andou junto; “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am 3;3

Teve momentos que se afastou profundamente contrariado; “Irei e voltarei ao Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem Minha Face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15 

Felizes os que, mesmo em face da angústia inda podem buscar a Deus em condições de O Achar! Virá um tempo em que não será mais possível. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;7

Noutra parte Ele diz: “Entretanto, porque clamei e recusastes; estendi a Minha mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo o Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão, também de Minha parte eu Me rirei na vossa perdição e zombarei, em vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Ao pródigo, o normal pareceu enfadonho, cansativo, sem atração; assim, convencido por esses amuos de fabricação própria, desejou alegrias que a realidade se ocupou de mostrar que eram falsas e efêmeras. Quando o que temos não recebe nosso apreço e gratidão, possivelmente, seremos induzidos a buscar o que nem precisamos. 

Tivesse ouvido a prudência no momento oportuno, e não teria se matriculado na escola da angústia, para aprender depois, a duras penas. “Tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!” v 17

O pão que parecera outrora, ordinário, sem apelo ante os prazeres devaneados, então, se mostrava vital.

Enfim, se alguém despreza a vida sóbria e ousa após suas doentias expectativas “ganhar o mundo” deixando o Pai, tem tudo para, como aquele, acabar entre os porcos.

O amor do Pai permanece no mesmo lugar; cabe a quem o desprezou, repensar e refazer os rumos; pois, o amor do Eterno, mesmo verdadeiro, não é fiador de caminhos de perdição. O amor é sofredor, não assassino.

domingo, 27 de agosto de 2023

A verdade assusta


“... Que é a verdade? ... Não acho Nele crime algum.” Jo 18;38
“... Eis aqui vos trago fora, para que saibais que não acho Nele crime algum.” Jo 19;4 “Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho Nele.” v 6

A pergunta “O que é a verdade?” não era propriamente uma pergunta. Antes, um desdém; como se dissesse: Não percamos tempo com isso, pois, a verdade é mui profunda, que não nos está ao alcance. Tanto é assim que, depois de falar aquilo, Pilatos seguiu sua saga sem esperar resposta.

Entretanto, nas suas afirmações, três vezes falou a verdade sobre O Salvador. “Não acho Nele crime algum!”

O “problema” da verdade não é que ela teste nossa percepção e exija grande perspicácia; antes, ela testa nossa disposição para agirmos conforme vemos, pois, quase nunca estamos dispostos a isso. Pilatos entregou o inocente à morte mesmo convencido disso; “Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho Nele”. A conveniência política de não se indispor com as lideranças judaicas pesava mais que a verdade, na relapsa decisão dele.

Sobre o conhecimento de Deus, A Palavra ensina: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;19 e 20

Estavam de posse da verdade, sobre Deus; no entanto, “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. Mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, aves, quadrúpedes, e répteis.” v 21 a 23 Não gostaram do que viram e “criaram” algo parecido com seus paladares. Ainda é assim. Editam À Palavra da Vida, para deixá-la segundo seus gostos, doentios e suicidas.

Uma vez mais, o conhecimento da verdade ao alcance, porém a ousadia de agir conforme ela, ausente. O Salvador denunciara essa covardia fugaz antes de estar perante Pilatos; dissera: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Houve uma escolha arbitrária; “... amaram mais as trevas que a luz...” A verdade requer mais que mero conhecimento; praticar. “... quem pratica a verdade vem para a luz...”

Por isso, O Salvador colocou o conhecimento da verdade um degrau além do mero exercício intelectual; permanecer na Sua Palavra. “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Se, Deus ocultasse nossos corpos e mostrasse as almas, poucos sairiam às ruas, de vergonha. A verdade é um espelho que deixa patente a íntima sujeira ante quem ouve. O tal, fica num dilema; lavar-se ou quebrar o espelho; na verdade, a maioria o ignora.

“Se alguém é ouvinte da Palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.” Tg 1;23 a 25

A encenação do dever perante a “torcida”, como fez Pilatos, pode apaziguar ao barulho social. Porém, apenas seguindo a verdade no íntimo, podemos “ouvir” o silêncio de uma consciência inocente.

Cada vez menos a verdade tem trânsito nesse mar de mentiras, que se tornou o mundo moderno. Todas as doenças são reputadas medicinais, dado que, O Único remédio que cura é amargo ao ímpio Paladar: Jesus Cristo. “... Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

Mesmo entre os “fiéis” há muita verdade nos lábios, pouca consistência nas obras. O amor ao dinheiro é o motor; O Santo Nome profanado, a “cera” que usam para dar brilho ao veículo de suas cobiças terrenas.

Nosso compromisso com O Senhor não fica patente pelas palavras, mas, pelas atitudes; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

sábado, 26 de agosto de 2023

Vidas com fundamento


“Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” Sal 11;3

Fundamento é a base que sustenta a uma construção; normalmente chamamos fundação, alicerce. No sentido figurado, evoca certa coerência argumentativa, discursiva, dissertativa; quando o falar de alguém apresenta coerência, nexo com a realidade; tanto que, o oposto disso é falar coisas sem fundamento.

No prisma espiritual, a pessoa de Cristo é a “Pedra Angular” do edifício da salvação.

“Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3;11 “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, edificadores, a qual, foi posta por cabeça de esquina.” Atos 4;11

Os que vêm a Ele com coração arrependido são perdoados, redimidos, reputados “justos”; apesar dos seus muitos pecados; porque pertencendo-lhe, herdam Sua justiça. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Cristo figurou Suas Palavras como fundamento; diferenciou o mero ouvir, do praticar; “Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha... aquele que ouve Minhas Palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia.” Mat 7;24 e 26 Expostas aos testes, naturalmente, a diferença das edificações ficaria visível.

Dito isso, fica fácil entender que, o fundamento em apreço é o espiritual, cuja destruição poderia deixar órfãos, aos “justos”.

Vimos, no exemplo acima, que é a própria atitude relapsa de quem ouve a Palavra e não cumpre, que despreza ao fundamento na rocha; porém, a liberdade de ouvir genuinamente o que Deus Falou vem sendo paulatinamente tolhida. Mesmo os de boa vontade para arrependimento, em parte são privados da verdade, pelo sistemático ataque a que a mesma está exposta nesses dias tenebrosos.

Até entre os “Cristãos” há vasta súcia de patifes enganadores, que, quais vampiros que vivem do sangue alheio, distribuem cavalares doses de mentiras, sempre prefaciadas pelo profano, “O Senhor me diz”, ou similar, para disfarçar sua aversão pelo que O Senhor Diz em Sua Palavra escrita, com a qual, nenhuma intimidade, têm, esses traficantes de drogas psíquicas.

“Não mandei esses profetas, contudo, eles foram correndo; não lhes falei, porém, eles profetizaram. Mas, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Isaías denunciou primeiro a inversão de valores; “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, e da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” Cap 5;20 

Depois, mostrou a verdade ridicularizada errante no ostracismo moral, de um mundo sem valores; “... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado...” Cap 59;14 e 15

A destruição dos ensinos de Cristo, o fundamento da salvação não é uma consequência natural da “mudança dos tempos,” como diz o vulgo. Antes, da grotesca apostasia que grassa, junto a um projeto de governo ímpio e global; primeiro pretendem reescrever À Palavra de Deus banindo porções “inconvenientes” ao gosto da impiedade disseminada; depois, a proibirão de um todo.

Tendo rompido o antemuro da imutabilidade, em seguida abaterão também a muralha da necessidade. Destruirão de modo cabal, os fundamentos. “Os reis da terra se levantam, os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Não significa que essa guinada rumo às trevas derrotará ao Eterno: “Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.” Sal 2;4

Entretanto, o homem que abraçou à justiça como modo de vida, baseado no que aprendeu da Lei do Senhor, quando essa for banida, ridicularizada, não estará sem fundamento; “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?”

Por isso, urge, enquanto ainda é possível, que armazenemos em nós a porção necessária para bem andarmos; pois, em breve, esse andar será reputado como um mal social; em parte já o é. “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;11

As almas humanas tendem a certa volatilidade; a amoldar-se às circunstâncias mercê das facilidades, mais que, confrontá-las em defesa de valores. Todavia, as treinadas por Cristo, afeitas a Ele, não oscilam como coisas sem fundamento. “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Deus; como se pode achar?


“Ah, se eu soubesse onde o poderia achar...” Jó 23;3

Então, não se tinha o manancial de revelações acerca de Deus que temos agora. No auge da aflição, o patriarca desejou saber onde poderia encontrá-lo.

Mediante Jeremias O Senhor disse: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja? diz O Senhor. Porventura não encho os céus e a terra? diz O Senhor.” Jr 23;24

Davi escreveu algo semelhante: “Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua Face? Se subir ao céu, lá Tu estás; se fizer no inferno minha cama, Tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua mão me guiará, Tua Destra me susterá.” Sal 139;7 a 10

Como sabia que O Eterno estava nesses lugares todos, não tendo estado lá para comprovar “in loco”? Porque O Espírito de Deus estava nele; assim, aonde fosse, O Santo iria; pensar em fugir seria uma coisa inglória, impossível.

Paulo discursando aos filósofos em Atenas, não colocou o “problema de Deus” como algo a ser alcançado por reflexões; antes, disse que O Criador, de uma “matriz” humana fez todos, e deu um limite de tempo e espaço para que o homem O buscasse. “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

A própria vida e suas características eram já sinais da presença Divina; “Porque Nele vivemos, nos movemos, existimos...” v 28 Não significa que, basta alguém estar vivo para estar “em Deus”; em comunhão com Ele. Antes, que a vida é impossível sem Ele.

Também Suas obras testificam do Seu saber, bondade e poder; “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

Entretanto, o que o entendimento capta, e o que a vontade patrocina, nem sempre são as mesmas coisas. Tendo entendido A Majestade do Criador, o que fizeram os homens? “... não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. Mudaram a Glória do Deus Incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis.” Rom 1;21 a 23

Quando o coração se escurece, os olhos da fé perdem seu alcance; resta, quiçá, o tato; “... se porventura, tateando, o pudessem achar...”

A mesma correção endereçada aos romanos contra a inutilidade da idolatria, foi posta diante dos pensadores atenienses: “Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, prata, ou pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam;” Atos 17;29 e 30

Mesmo os filósofos, homens que se ocupavam na tentativa de entender as coisas metafísicas estavam no mesmo barco dos homens comuns, no tocante às coisas espirituais; na ignorância.

Quando Jó desejou saber “onde” encontrar O Santo para expor perante Ele sua causa, já estava diante do Eterno; embora, não o soubesse, nem entendesse os motivos pelos quais sua sorte era tão avessa.

Nossa carência não é de locomoção, para chegarmos em tempo, onde Deus está; mas, de bom uso do tempo e do entendimento, pois, esse nos é limitado, como vimos; “Buscai ao Senhor ‘enquanto’ se pode achar, invocai-o ‘enquanto’ está perto.” Is 55;6

Nossa busca, pois, não é atinente a locais, mas, à postura correta; “Porque Minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz O Senhor; mas para esse olharei, para o pobre, abatido de espírito, que treme da Minha Palavra.” Is 66;2

Através da difusão da Sua Palavra, é O Senhor que busca a quem lhe der ouvidos; “A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz. Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras.” Prov 1;20 e 21

Não é que os homens não possam encontrar a Deus; antes que eles se recusam a ser encontrados, na única forma possível; nos termos Dele. Tanto a aceitação, quanto a aversão, terão consequências.

“Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Inimigos da luz


“Pois, meus olhos viram Tua salvação, qual Tu preparaste perante a face de todos os povos; luz para iluminar as nações...” Luc 2;30 e 31

Simeão, quando da apresentação de Jesus no templo; entre outras qualidades, ele citou a “... luz para iluminar às nações.”

Frequentemente deparo com postagens de cristãos, que dão certa preguiça; algumas ignoro, mas, quando a coisa é repetitiva, insistente, careço dar alguns pitacos.
A mais recente diz: “Teologia forma teólogos; o que faz um pastor é o chamado de Deus.” Como será que eles descobriram isso?

O chamado Divino pode despertar o desejo na alma daquele que Deus chama; tal anseio o levará a buscar o complemento dos predicados necessários, como prescreve A Palavra; “... se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, ‘apto para ensinar’...” I Tim 3;1 e 2 Me pergunto como se tornaria apto para ensinar, aquele que se preocupa mais em mostrar sua aversão ao conhecimento, que a buscá-lo?

O problema não é uma obviedade dessas sendo apresentada como se fosse a descoberta da pólvora; mas, uma ideia implícita nessa distorção que coloca as coisas como se fossem excludentes; como se, aquele que estuda não pudesse ser chamado, e o que é chamado, como se isso bastasse, carecendo, ele, apenas “viver em santidade”, nome que dão para o excessivo zelo em usos e costumes.

Esses zelosos que, não se furtam de atacar aos que pensam diferente, deveriam, por exemplo, assistir ao filme “Policarpo” (está no youtube) para ver quão grande testemunho tinha esse valente de Cristo, que deu sua vida pela fé, mesmo estando totalmente fora do que esses novos fariseus chamam de “santidade” apenas por preferir determinadas vestes.

Santificação requer andar em espírito, é muito mais que ser zeloso com as aparências o que qualquer hipócrita consegue. O conhecimento é desejável na vida do ministro, desde os dias do Antigo testamento; “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento; da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Ml 2;7 “... O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de Mim;” Os 4;6 a ideia que basta se “santificar” sem buscar o conhecimento é bem antiga, como vemos.

Se, O Salvador foi antevisto, desde infante, como sendo “Luz para iluminar às nações...” nos dias do Seu ministério já teve problemas com os avessos à luz. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

“Que teologia tinha Pedro?” perguntam os defensores da escuridão teológica. Bem, era mero pescador, mas fez um “Curso teológico” de três anos e meio com O Mestre dos Mestres; não era nenhum tapado acerca das Escrituras; interpretando atos 2. citou o profeta Joel; mencionou Moisés: “Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” I Ped 1;16 ainda, Isaías: “Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa...” I ped 2;6 etc.

Ele mesmo alistou uma série de virtudes necessárias, entre as quais, “ciência” dizendo que a presença das mesmas nas vidas dos cristãos os livraria da esterilidade e do ócio (desocupação) no conhecimento do Mestre. “Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” II Ped 1;8

Tinha suas limitações, não era um letrado como Paulo. Mas, admitia-as, invés de desfazer do conhecimento alheio. “... nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.” II Ped 3;15 e 16

Enfim, vivam os pastores santos com chamado! Vivam os estudiosos que aclaram a verdade aos outros! Quanto aos que têm preguiça de aprender, o conselho de Salomão: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para seus caminhos e sê sábio.” Prov 6;6

Se, usarem a força que usam desfazendo do trabalho alheio, na coisa certa, breve, invés de cheios de razão, terão um pouco mais de luz. Assim seja!