domingo, 11 de julho de 2021

Nuvens de Luz


“Mas eles foram rebeldes, contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou inimigo; Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

O “Eles” aqui é a nação de Israel, no contexto do Antigo Testamento; todavia, nada leva a crer que, se nós, do Novo, agirmos do mesmo modo teremos um final diferente deles.

Disse certo pensador antigo: “Termina com má fama quem ousa duelar contra o mais forte.” Estobeu

Então, pelejar contra Deus não é opção. A menos que sejamos suicidas, como advertiu Ele: “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” Is 27;4

Dada a inexistência de um adversário à Altura do Eterno, restou um conselho no verso seguinte: “Que se apodere da Minha Força e faça paz Comigo; sim, que faça paz Comigo.” V 5

Entretanto, “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

Se para reconciliarmos com Deus, carecemos de justiça, e “não há um justo sequer”, como poderia ser? “... nossas justiças são como trapos de imundícia ...” Is 64;6

A dependência de Um Mediador Santo é gritante; não alguém comum, dotado de boas intenções; “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, Separado dos pecadores Feito mais sublime que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez Ele, (Jesus Cristo) uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;26 e 27

Portanto, todos os credos que pretenderem ser alternativas de salvação, que apresentem seus heróis. Para nós, os cristãos, “... há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5

Já ouvi padres querendo dar à Igreja uma autoridade que não possui; fazendo dela, medianeira, por ser “O Corpo de Cristo”. Daí, sua ousadia: “Fora da igreja Católica não há salvação.”

Ora, Corpo de Cristo é uma figura de linguagem que alude a todos os salvos da Terra; é algo místico, espiritual; consequência da salvação, não a causa. A Causa Bendita é “Jesus Cristo homem ...” Seu Sangue derramado por nós, não mera figura de linguagem malandramente torcida para que pareça dizer o que não diz. O Céu é para salvos, não para espertos.

Portanto, erram aqueles; não menos, tantos “Evangélicos” que pregam a Palavra de Deus como sendo um “Manual Divino de prosperidade”. Muito longe disso; é uma declaração de amor, um chamado ao arrependimento, condição inegociável para que haja reconciliação; só é possível segundo a Doutrina do Mediador. Ele disse: “... ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Os que aqui O representam de forma idônea não acenam com facilidades, o Céu na Terra, como se diz; antes, advertem das rejeições inerentes à salvação e aflições resultantes; ousam sofrer a “Vergonha alheia” como O Salvador Fez por nós. “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Nossa função não é maquiar defuntos; antes, em Cristo, chamar da morte para a vida; apelar aos que ainda estão em adversidade para com O Eterno, que se arrependam e reconciliem. “Tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. Então, somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Cor 5;18 a 20

Quando diz que Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não significa que todos estão, ou serão salvos; mas, que a possibilidade através do Mediador é para todos; daí, o “Pregai o Evangelho a toda criatura.”

Ele não quer meras criaturas; regenera mediante novo nascimento e faz filhos por adoção. “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que a criatura será libertada da servidão da corrupção, para liberdade da glória dos filhos de Deus.” Rom 8;20 e 21

Notemos que a situação da criatura é de servidão à corrupção, enquanto filhos são chamados à liberdade, à glória.

Alguns lutam contra Deus por ignorância, como Saulo; o “zelo sem entendimento”, que ele mesmo mencionou, depois de salvo. Têm mais apreço pela religião que pela verdade.

Porém, aos sinceros, O Eterno enviará um facho de luz, como fez com Cornélio.

Em tempos de estio são bem vindas as nuvens; poderá chover. Assim são as dúvidas acossando corações honestos. É a Luz pedindo uma fresta para entrar.

sábado, 10 de julho de 2021

A Cura do Câncer


“Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga minha causa... Tu lhes darás recompensa conforme a obra das suas mãos.” Lam 3;59 e 64

Jeremias rejeitado, ignorado e perseguido, ante as ruínas de uma cidade rebelde.

Pedia que sua causa fosse julgada. Isso é confiar no Senhor; não fazer da carne mortal o seu braço, como aconselhara. “... Maldito o homem que confia no homem; faz da carne seu braço e aparta seu coração do Senhor!” Cap 17;5

Devemos orar pelos que nos perseguem, vencer ao mal com o bem; isso tem a ver, sobretudo, com a saúde da nossa alma; a mágoa alimentada pode crescer sobre raízes de amargura, colocar a perder nossa salvação, ou, fazer danos à Obra, permitindo o nocivo “sentimento faccioso”, a popular “panelinha” que grassa como tumor no “Corpo de Cristo”, a Igreja.

Se, O Médico dos Médicos pode curar todas enfermidades, esse “câncer” às vezes carece de cirurgia, por ser impossível a cura. Quando uma “bênção” dessas é removida, os mais ingênuos lamentam sem perceber que O Médico operou; pois, “... os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;5

Desejar que os rebeldes se emendem, melhorem suas posturas à luz da Palavra é alimentar um anseio bom para ambas as partes e a Obra, como um todo; porém, quando a resiliência na maldade afronta O Espírito Santo, por amor aos que obedecem, alguns acabam sobrando.

Nosso mandamento de abençoar, orar, perdoar, não significa que aqueles que nos fazem mal, perseguem sem motivo, senão, suas próprias crises de inveja, sejam inocentes; ou, dadas nossas orações ao seu favor sejam livres do Divino juízo, a “recompensa segundo suas obras.”

Salvação é pela Graça, sem o concurso das obras; porém a recompensa deriva delas, sim. Seja em galardão, seja em punição; “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Mesmo que, não paguemos na mesma moeda, a maldade feita ou intentada contra nós não passa em branco; A Palavra ensina: “Porque bem conhecemos Aquele que disse: Minha é a vingança, Eu darei a recompensa, diz o Senhor ...” Heb 10;30

Uma coisa é sermos puros de intenções, desejando que os errados de espírito se arrependam; outra seria sermos ingênuos, fingindo não ver o que está patente, ou não entender o que O Espírito nos faz discernir.

Ao servo fiel O Senhor permite que veja tramas obscuras, bem como, ouça o que é dito na sua ausência, por aqueles que, na presença dissimulam, com “lábios ardentes e coração maligno”. A Prudência adverte: “Quando te suplicar com voz suave não te fies nele, porque abriga sete abominações no coração” Prov 26;25

Oportuno o dito de Voltaire: “Que Deus me livre dos meus amigos; dos inimigos eu me cuido.” Significando que é preferível a oposição honesta, a inimizade declarada, à falsidade que convive para armar laços, não pelo prazer de conviver.

Para O Senhor ser entregue sem alvoroço, em Seu lugar de retiro, foi necessária a informação de um dos Seus íntimos, Judas. Demonstração prática que o “amigo” foi mais perigoso que os inimigos que dependeram dele para seu intento homicida.

Tanto espaço para ímpios viverem impiamente como gostam; mas, cegados pelo Pai da mentira decidem envernizar suas impiedades e se misturar aos fiéis.

Ocorre-me uma frase de Spurgeon: “Ninguém é obrigado a se declarar cristão; mas, se o fizer, diga e se garanta.” Ou seja: Dê testemunho de vida coerente; viva como um.

Aos rebeldes dos dias de Jeremias coube em juízo um cativeiro de “apenas” 70 anos; sim, dá para dizer, apenas. Pois, aos rebeldes atuais, que em plena Era da Graça resistem ao Espírito Santo, se não se arrependerem em tempo rumam ao cativeiro eterno, à perdição.

Outrora o “Escapa por tua vida” foi deixar Sodoma e Gomorra e fugir; hoje, é deixar a falsidade, a duplicidade de coração, como advertiu Tiago: “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, Ele vos exaltará.” Tg 4;8 a 10

Todos dizem que não lutamos contra carne e sangue; mas, quem tem predicados malignos como inquilinos, acha que o canhoto está nos outros. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; fazem do amargo doce e do doce amargo!” Is 5;20

domingo, 4 de julho de 2021

Profanos Conselhos

“... há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu escave e esterque; se der fruto, ficará; se não, depois mandarás cortar.” Luc 13;7 a 9

Uma praga que tem feito muito estrago é a mescla das coisas santas com o “conselho dos ímpios”, o jeito mundano, amoral de se fazer as coisas sendo usado “Para a Glória do Senhor”.

Ontem deparei com um vídeo cujo teor prometia uma “revelação” se nosso Presidente concluiria seu mandato. Dada a importância, parei pra ver; a coisa se arrastou numa miscelânea de falas relativas à igreja local; terminou sem mencionar, sequer, o assunto do título.

O mundo costuma envernizar assim suas mentiras chamando-as de “estratégia de marketing”. Se, lograr o objetivo de ter audiência, pouco importa se ancorada na mentira. “Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão?” Is 41;8 Digo; tu que se diz cristão, usar conselhos ímpios para “Fazer a Obra de Deus?” Deixa de ser patife! Se diga cristão e viva como um, ou tenha decência de calar a boca!

Outro dia vi um “Bispo” desses metidos a pitonisa que “revelam” coisas às incautas vidas que os buscam; o preço para receber “revelação” era compartilhar sua Live. Duplamente canalha! Mentia e cobrava por isso. Mas, cheia de coraçõezinhos estava a coisa. Reflexo de uma geração adoecida, que foge a Palavra da Vida e busca enganos inconsequentes.

Outro “pregador” repetia à exaustão que em Cristo as pessoas têm “direito de ser felizes”; sempre subindo a tom até levar o hospício todo à histeria. Cáspita! Felicidade é prometida para o além, onde “Não haverá mais pranto nem dor...” aqui temos o concurso das aflições, em meios às quais pesa a responsabilidade de sermos santos. “Porquanto está escrito: Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16

Muitos desses “Obreiros” são como a figueira aquela, na qual, não encontrando frutos, o fruticultor pensava em cortar, para sua inútil presença não atrapalhar mais.

Talvez, por alguma intercessão, à Misericórdia Excelsa do Senhor, receba nova chance ainda; “Senhor, deixa-a este ano, até que eu escave e esterque; se der fruto, ficará; se não, depois mandarás cortar.”

Urge que entendamos o óbvio; nosso chamado em Cristo não é para que “nos demos bem”; é para que passemos da morte para a vida; feito isso “andemos em novidade de vida”, agora de um modo que agrade ao Senhor da Vinha.

Ele mesmo pontuou o objetivo do nosso chamado para junto de Si; “... Eu vos escolhi e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça ...” Jo 15;16

Quando O Senhor se disse “A Videira Verdadeira” indiretamente fez alusão a outra que se tornou falsa pelos frutos que produziu; “A vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; os homens de Judá são a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” Is 5;7

Se, mesmo sendo misericordioso, O Senhor julgou com rigor ao povo eleito, por quê, conosco, meros enxertados na “Videira” seria leniente e faria vistas grossas para com nossa impiedade?

A Palavra ensina: “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos é reprovada; perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6;7 e 8

Pois, no mesmo texto que encoraja a meditarmos dia e noite na Lei do Senhor, em desabono ao “conselho dos ímpios”, o Salmo primeiro, no encerramento evidencia o final daqueles; “... os ímpios são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” V 4 e 5

Nada contra os que usam tecnologia e fazem suas “Lives”, desde que as transmissões “ao vivo” sejam oriundas de coisas vivas; gente que nasceu de novo, e busca almas, não aplausos.

O Senhor da vinha Usa os meios possíveis para “adubar” suas plantas; mas, quando chegar a hora do machado, Sua Misericórdia estará em férias.

As facilidades tecnológicas têm dado asas à falsidade; sobram “Pastores” e faltam ovelhas. De longe, onde não se pode acompanhar o testemunho, qualquer biltre pode posar de santo; mas, tirar vida de coisas mortas como fez com a vara de Aarão, só O Eterno Pode.

Quem não tem compromisso com A Palavra, integralmente, honestamente interpretada, pode ter nome de vivo, mas está morto. “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

sábado, 3 de julho de 2021

Como não interpretar à Bíblia


“São justas todas as palavras da minha boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, justas para os que acham o conhecimento.” Prov 8; 8 e 9

Nos irritamos com razão, quando o que falamos é desvirtuado, mal versado, de modo que, o que dissemos, de fato, resulta esquecido e o que não quisemos dizer é posto como sendo nossa opinião. Não ponha palavras em minha boca! Reagimos.

Jesus sempre foi cauteloso, e não raro assentava: “Tu o disseste.”

Como seria colocar palavras na boca de Deus? A maneira mais comum é ignorar o contexto e a intenção, e usar um texto qualquer, para fins pessoais. Por exemplo: Pegar uma promessa específica a Abraão, Gideão, Ciro ou a outro qualquer, fazer parecer que a mesma é pra quem ouve e acrescentar: “... Viste bem; porque Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12

Claro que Deus cumpre o que promete, Ele É Fiel. Contudo, isso é diferente de ser manipulável. 

O Senhor chamara Jeremias para o ministério de profeta; ele teve medo se dizendo uma criança. Daí o Senhor mostrou-lhe certa visão e perguntou o que ele via; “uma vara de amendoeira” respondeu; então, O Senhor acrescentou o texto supra.

O que significava a referida vara? Houve um tempo nos dias de Moisés em que o sacerdócio de Aarão foi contestado como se fosse uma usurpação daquele, não uma escolha Divina.

O Criador ordenou que se pusessem os cajados de todos os líderes no tabernáculo perante Ele, prometendo que faria florescer a vara do seu escolhido. No dia seguinte a vara de Aarão tinha flores e amêndoas, como o selo da escolha de Deus.

De família sacerdotal, por certo, Jeremias sabia muito bem disso e entendeu o que o Senhor queria dizer. Assim como escolhi Aarão e confirmei ante oponentes, fazendo nascer vida em uma vara morta, do mesmo modo confirmo o ministério daqueles que escolho, e estou escolhendo você. Essa era a intenção do Senhor naquele texto, não mais.

Agora, escolher nossa “promessa” favorita e anexar a ela o texto de Jeremias 1;12, é subestimar a sabedoria de Deus que sonda os corações e conhece em oculto nossos pensamentos.

Contudo, isso e muito mais tem sido feito com muito sucesso em nossos dias. Já ouvi muitas pregações do, “o Senhor é contigo varão valoroso” sendo lançada sobre a igreja como “Palavra de Deus” e promessa para nós, quando o “valoroso” em questão era Gideão.

Não que o Senhor não seja com os Seus, mas segundo algumas condições: “... Porque, quanto ao Senhor, Seus Olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele;” II Cron 16;9

Enfatizar a algo que está escrito até o diabo fez; O Senhor o derrotou com o que “também está escrito”. A Palavra como um todo, não as porções convenientes às nossas inclinações.

O Eterno se queixou dos profetas alternativos, a Jeremias nesses termos: “... fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma e seus moradores como Gomorra.” Jr 23; 14

Se pintamos uma postura doentia como Vontade de Deus, o pecador que assim age se sente fortalecido, amparado e sequer cogita mudar, afinal, pensa que está bem.

Muitos, em nome da boa convivência, da popularidade, aceitação e outras enfermidades mais, sonegam a verdade, fogem às polêmicas e até condescendem com valores mundanos em nome de “evitar polêmicas”.

A missão de um profeta não é colher aplausos; é semear a verdade.

Não defendo o clericalismo onde só “ungidos” têm acesso ao Pai; porém, o oba-oba inconsequente faz muito dano.

A visão espiritual estabelece prioridades e mostra em qual front devemos combater. Há agressões sérias à sã doutrina em fartura; muitos laboram por futilidades e preferências, ao invés de rechaçar ao invasor de nosso meio.

É tempo de edificar sim; mas, estando atentos como os edificadores dos dias de Neemias. “Os que edificavam o muro, os que traziam as cargas, e os que carregavam, cada um com uma das mãos fazia a obra e na outra tinha as armas,” Ne 4;17

Fujamos pois, dos sofismas, quer seja, de cometê-los quer seja de neles crer, uma vez que, “... as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo.” II Cor 10; 4 e 5

"Os homens preferem geralmente o engano, que os tranquiliza, à incerteza, que os incomoda."
Marquês de Maricá

terça-feira, 29 de junho de 2021

O Amor


“Ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios, toda a ciência, tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria.” I Cor 13;2

Não que o conhecimento ou a fé nada valham; mas, que acabam em nada, se viçarem sem amor.
Segundo O Salvador, amar a Deus sobre tudo, e ao próximo como a si mesmo é o resumo de tudo.

Normalmente, quando se fala em poder, as ideias mais comuns são de “pisar serpentes e escorpiões”, ou, operar algum milagre; são nuances do poder que Deus dá. Entretanto, a primeira menção de poder no relato de João é diferente: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12 Poder de amar.

Demanda coisas que são estritas aos filhos do Novo nascimento; “... Amai vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus; porque faz que o sol se levante sobre maus e bons; chuva desça sobre justos e injustos.” Mat 5;44 e 45

Ser filhos de Deus requer que tenhamos traços do Caráter Santo do Pai. O que, necessariamente nos fará usarmos o poder recebido contra nós mesmos; digo, contra as más inclinações que na carne palpitam; “... os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito, vida e paz.” Rom 8;5 e 6

Portanto, essa balela do, “Deus é Pai não É Padrasto”, ou “Também sou filho de Deus” não é tão simples assim;

Esse tema foi debatido entre O Senhor e os religiosos da época, que acoroçoando ódio no íntimo ora, se diziam filhos de Abraão, outra de Deus. O Salvador que conhece todas as coisas denunciou: “Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, pai da mentira.” Jo 8;44

A dura previsão para esses dias é do esfriamento do amor, como efeito colateral do aumento da iniquidade. Resulta necessária a conclusão que o amor é uma atitude de equidade, ou, igualdade. O que, aliás, noutra parte o Mestre confirma; “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Embora esse preceito de amar ao próximo seja apresentado em forma de lei, do amor se espera mais que o mero cumprimento de uma ordem, algo que pode ser frio, impessoal. “Quando fizerdes tudo que vos foi mandado, dizei: Somos inúteis” ensinou Jesus.

Quem ama deveras vai além de mera religiosidade ritual; “anda a segunda milha”. Como Mateus que ouviu um convite: “segue-me”; tivesse feito isso apenas e teria obedecido; contudo, logo adiante vemos O Senhor num jantar com muitos outros publicanos; conclusão óbvia que Mateus fez mais que seguir; convidou O Senhor à sua mesa e levou seus colegas de profissão. Ver Mat 9;9 e 10

O amor nos constrange, sem precisar de Lei, de modo que, vivê-lo plenamente torna desnecessária a Lei; “Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Gál 5;14

Portanto, quem dizima, oferta, ou faz outro bem qualquer à Obra de Deus, esperando por algo material, ainda ama a si mesmo, mais que ao Senhor. 

Sendo o fundamento que determina o valor de uma casa, caso seja sobre areia ou rocha, o sentimento, ou a motivação correta aquilatam o valor do que fazemos para Deus; “Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3

Não que as coisas necessárias à vida aqui não tenham importância; apenas elas não devem ser nossa prioridade. A alegria dos salvos é em Deus, não em coisas, como lindamente cantou Davi. “Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.” Sal 4;7

Ou, como disse Habacuque: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia me alegrarei no Senhor...” Hc 3;17 e 18

domingo, 27 de junho de 2021

Posses; ter ou não?


“Não te fatigues para enriqueceres; não apliques nisso tua sabedoria.” Prov 23;4

Na introdução dos provérbios diz que os mesmos nos foram dados “Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem, as palavras da prudência.” Cap 1; v 2

Sempre pareceu prudente o que, podendo enriquece, guarda grandes porções para viver. No entanto, acima vemos o conselho para não aplicarmos nisso nosso saber; por quê?
No verso seguinte temos uma avaliação da “riqueza” e do que ela pode obrar; “Porventura fixarás teus olhos naquilo que não é nada? porque certamente criará asas ...” 23;5

A riqueza criar asas é mera figura de linguagem para dizer que se fará inútil em dado momento, como o rico da parábola do Salvador, que amontoou bens na Terra, e nada nos Céus; no auge de sua “prosperidade” se lhe disse: “Louco! Essa noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Assim, aquela fartura era nada.

Há duas possibilidades de aquilatarmos as coisas; aos nossos próprios olhos, “Vós mesmos sabereis o bem e o mal”; ou, segundo os pensamentos de Deus. “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

À essas duas possibilidades, A Palavra traz a escolha que nos convém; “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Cap 3;5 a 7

Assim, o homem prudente pode ser tido como “esbanjador” a uma análise meramente natural. Um “mão aberta” para as coisa Divinas; mas, O Senhor cuidará em manter e prosperar inda mais; “Ao que distribui mais se lhe acrescenta, o que retém mais do que é justo, é para a sua perda.” Prov 11;24

Não é que as posses sejam ruins; ruim é a falta delas em nossas necessidades; a vida se faz fácil ou difícil de acordo com a presença ou a ausência delas. Tê-las é bom. O problema da insanidade espiritual é quando atribuímos a elas sentimentos que não convêm e patrocinam ações mesquinhas.

“Acautelai-vos, guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer um não consiste na abundância do que possui.” Luc 12;15 Paulo disse mais: “Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé; traspassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6;10

Uma doença espraiada pela Terra é “lábios ardentes e coração maligno”. Digo; cheias estão as redes sociais das filosofias de botecos, que “caixão não tem gavetas”, “da vida nada se leva”, “aqui (no cemitério) findam tua arrogância, tua riqueza...” “vão-se os anéis ficam os dedos” etc. tudo isso encenando aparente desapego material, de uma geração mesquinha, que quase nada faz sem um interesse paralelo.

Se alguém, encontrando um bem valioso, que outrem perdeu, devolve, vira notícia; surpreende. Pois, ao fazer o que seria o dever de todo homem decente, posa de trouxa aos olhos da maioria do “filósofos” citados.

Os hipócritas usam tintas de desapego em suas fachadas, para ver se isso cola e outros desapegam em seu favor; pois, amiúde são ferrenhos amantes da matéria.

Sempre oportuno lembrar o poeta Drummond de Andrade: “Engana-se quem pensa que o cofre do banco possui riquezas; lá tem apenas dinheiro.”

Por outro lado, a sabedoria diz: “Riquezas e honra estão comigo; assim como os bens duráveis e justiça. Melhor é o meu fruto que o ouro, que o ouro refinado; meus ganhos mais que a prata escolhida.” Prov 8;18 e 19

Não se trata de ter ou não, posses; coisas que acontecem com qualquer um, sobretudo, quem trabalha; mas de como se portar, tendo, e não. “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Quando o sábio aconselha a não nos fatigarmos para enriquecer, o faz sabendo que a vera riqueza não demanda fadiga; é dom de Deus; “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata buscares e como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá sabedoria; da Sua Boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos ...” Prov 2;3 a 7

sábado, 26 de junho de 2021

O Bom Combate


“... combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus;” Rom 15;30

Combate, grosso modo, vislumbra batalhas, tiros, explosões, mortandades; se possível, a vitória.

Entretanto, Paulo, no texto supra está convocando irmãos a combater com ele em oração.

Quando, na iminência do seu martírio, despedindo-se de Timóteo diz: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;7

Se, vencer o bom combate foi guardar determinado tesouro, lícito seja concluir que, foi mais um defensor de algo, que um conquistador; ainda que tenha sido célebre ganhador de almas. Em sua figura vemos alguém entrincheirado na casamata da perseverança, onde entrega-se à defesa da fé, mesmo em face à morte.

Invés de ver as oposições como barreiras intransponíveis via oportunidades; “Porque uma porta grande e eficaz se me abriu; e há muitos adversários.” I Cor 16;9 É preciso estar cheio da Divina Graça para ver portas nas adversidades.

Quando figurou a armadura dos cristãos mencionou valores como verdade, justiça, salvação, fé, preparação do Evangelho. Ver Ef 6;10 ss

Se o bom combate se trava em oração e a primeira arma é a verdade, como somos pecadores, falhos, devemos voltar nossa artilharia contra nós mesmos. Digo; assumirmos nossos pecados, deles tratarmos à sombra da Justiça de Cristo, antes de nos incomodarmos com erros alheios. Como O Salvador venceu ao tentador no deserto em Si mesmo, antes de expulsá-lo de terceiros.

E começar por si mesmo, ensinou Paulo, também; “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6 Corrigir aos errados apenas, depois de andar certo.

O contexto também é de combate espiritual, tendo como arma a verdade, para destruir com ela, os conselhos da mentira; vejamos: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” vs 4 e 5

Esse “cativeiro da obediência” para o entendimento é nosso aprisco; nele contamos com os cuidados seguros do Sumo Pastor. Pois, os “dardos inflamados do inimigo” tentam-nos para que duvidemos do Seu amor zeloso, em momentos difíceis; o “escudo da fé” nos arma para podermos evitar tais ataques.

Se, nos convém que “A paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine vossos corações ...” Col 3;15 Essa paz nos coloca em combate constante contra aquele que nos deseja separar do “caminho estreito”. Paz é patrimônio dos justificados; “... o efeito da justiça será paz ...” Is 32;17 “Mas os ímpios não têm paz, diz o Senhor.” Is 48;22

Diferente da “paz” ecumênica onde todos concordam em não discordar, a Paz de Cristo nos reconcilia com Deus, a despeito das reações adversas do mundo e oposição do inimigo. O Mestre ensinou: “Deixo-vos a paz, Minha paz vos Dou; não a Dou como o mundo dá ...” Jo 14;27

Sendo nosso ponto-de-partida o apreço pelo verdade, depois, somos instados a pôr o “colete-à-prova-de-balas" espiritual; a “couraça da justiça”.

Isso não nos faz guerreiros espirituais a “tomar territórios do inimigo” como devaneiam alguns incautos pregoeiros da dita “Batalha Espiritual”;

Para efeito do que conta aos Olhos da Divina Justiça, o necessário está feito desde o “Está Consumado” do Salvador. Agora, cada um em particular precisa empreender esforços ajudado pelo Espírito Santo, para defender em Cristo, o tesouro da Graça recebido.

Assim, mais que tomar bens alhures, carecemos submeter nossas inclinações más ao Senhorio de Cristo, para que Nele, tomando Seu Jugo, a obediência irrestrita À Palavra do Eterno, possamos vencer a insistente e obstinada voz aquela que, segue apregoando suposta autonomia humana; “Vós mesmos sabereis o bem e o mal”.

Se O Salvador requer: “Negue a si mesmo!” O usurpador propõe: Afirme a si mesmo, “liberte-se”! Contudo, essa “liberdade”, como as demais coisas que vertem com as digitais do “Pai da mentira” é apenas a maquiagem fajuta da eterna perdição. Cheias estão as clínicas de recuperação dos “libertos” do inimigo que, finamente, começam a conhecer a Liberdade de Cristo.

O “Cativeiro da obediência” ao Sumo Pastor é nossa segurança eterna, no aprisco de pastos verdejantes e águas tranquilas.

Não que nossa batalha e nossas orações devam ser egoístas; apenas por nós; mas, antes de levarmos outros ao Médico precisamos gozar de saúde para isso, como ensinou o mesmo Paulo; “Subjugo meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;27

Como na tomada de Jericó, a vereda da salvação, posto que graciosa, requer combate; “... quem estiver armado, passe adiante da Arca do Senhor.” Js 6;7