sábado, 3 de julho de 2021

Como não interpretar à Bíblia


“São justas todas as palavras da minha boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, justas para os que acham o conhecimento.” Prov 8; 8 e 9

Nos irritamos com razão, quando o que falamos é desvirtuado, mal versado, de modo que, o que dissemos, de fato, resulta esquecido e o que não quisemos dizer é posto como sendo nossa opinião. Não ponha palavras em minha boca! Reagimos.

Jesus sempre foi cauteloso, e não raro assentava: “Tu o disseste.”

Como seria colocar palavras na boca de Deus? A maneira mais comum é ignorar o contexto e a intenção, e usar um texto qualquer, para fins pessoais. Por exemplo: Pegar uma promessa específica a Abraão, Gideão, Ciro ou a outro qualquer, fazer parecer que a mesma é pra quem ouve e acrescentar: “... Viste bem; porque Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12

Claro que Deus cumpre o que promete, Ele É Fiel. Contudo, isso é diferente de ser manipulável. 

O Senhor chamara Jeremias para o ministério de profeta; ele teve medo se dizendo uma criança. Daí o Senhor mostrou-lhe certa visão e perguntou o que ele via; “uma vara de amendoeira” respondeu; então, O Senhor acrescentou o texto supra.

O que significava a referida vara? Houve um tempo nos dias de Moisés em que o sacerdócio de Aarão foi contestado como se fosse uma usurpação daquele, não uma escolha Divina.

O Criador ordenou que se pusessem os cajados de todos os líderes no tabernáculo perante Ele, prometendo que faria florescer a vara do seu escolhido. No dia seguinte a vara de Aarão tinha flores e amêndoas, como o selo da escolha de Deus.

De família sacerdotal, por certo, Jeremias sabia muito bem disso e entendeu o que o Senhor queria dizer. Assim como escolhi Aarão e confirmei ante oponentes, fazendo nascer vida em uma vara morta, do mesmo modo confirmo o ministério daqueles que escolho, e estou escolhendo você. Essa era a intenção do Senhor naquele texto, não mais.

Agora, escolher nossa “promessa” favorita e anexar a ela o texto de Jeremias 1;12, é subestimar a sabedoria de Deus que sonda os corações e conhece em oculto nossos pensamentos.

Contudo, isso e muito mais tem sido feito com muito sucesso em nossos dias. Já ouvi muitas pregações do, “o Senhor é contigo varão valoroso” sendo lançada sobre a igreja como “Palavra de Deus” e promessa para nós, quando o “valoroso” em questão era Gideão.

Não que o Senhor não seja com os Seus, mas segundo algumas condições: “... Porque, quanto ao Senhor, Seus Olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele;” II Cron 16;9

Enfatizar a algo que está escrito até o diabo fez; O Senhor o derrotou com o que “também está escrito”. A Palavra como um todo, não as porções convenientes às nossas inclinações.

O Eterno se queixou dos profetas alternativos, a Jeremias nesses termos: “... fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma e seus moradores como Gomorra.” Jr 23; 14

Se pintamos uma postura doentia como Vontade de Deus, o pecador que assim age se sente fortalecido, amparado e sequer cogita mudar, afinal, pensa que está bem.

Muitos, em nome da boa convivência, da popularidade, aceitação e outras enfermidades mais, sonegam a verdade, fogem às polêmicas e até condescendem com valores mundanos em nome de “evitar polêmicas”.

A missão de um profeta não é colher aplausos; é semear a verdade.

Não defendo o clericalismo onde só “ungidos” têm acesso ao Pai; porém, o oba-oba inconsequente faz muito dano.

A visão espiritual estabelece prioridades e mostra em qual front devemos combater. Há agressões sérias à sã doutrina em fartura; muitos laboram por futilidades e preferências, ao invés de rechaçar ao invasor de nosso meio.

É tempo de edificar sim; mas, estando atentos como os edificadores dos dias de Neemias. “Os que edificavam o muro, os que traziam as cargas, e os que carregavam, cada um com uma das mãos fazia a obra e na outra tinha as armas,” Ne 4;17

Fujamos pois, dos sofismas, quer seja, de cometê-los quer seja de neles crer, uma vez que, “... as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo.” II Cor 10; 4 e 5

"Os homens preferem geralmente o engano, que os tranquiliza, à incerteza, que os incomoda."
Marquês de Maricá

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