sábado, 20 de março de 2021

A vereda da vida


“O caminho do justo é todo plano; tu retamente pesas o andar do justo.” Is 26;7

“... Porque os caminhos do Senhor são retos; os justos andarão neles, mas os transgressores cairão.” Os 14;9

Figuras fiéis da Integridade Divina; ora, Seus Caminhos são planos; sem acidentes verticais; ora, são retos; sem desvios laterais.

Quando se diz que Deus escreve certo por linhas tortas, significa que Ele interagiu conosco; Sua Escrita segue fiel; as linhas são por nossa conta.

Por isso quando da Sua busca pela humanidade para regeneração, Seu precursor começou a abordagem justo pelo “relevo” acidentado. “... Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.” Mat 3;3

Não significa que então, ou agora, se possa fazer tal proeza sem auxílio Dele; o desafio de João era antes um convite ao arrependimento para que, desde então, os arrependidos fossem conduzidos mediante O Caminho, por veredas de justiça.

Mais ou menos como se deu com Ezequiel; O Senhor deu-lhe uma ordem; Seu Próprio Espírito ajudou a cumpri-la; “Disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando Ele falava comigo, me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Ez 2;1 e 2

Nosso desafio é como certo preceito que está nos Provérbios: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

O combate se intensifica cada dia, pois, como aqueles coevos do Salvador que “amaram mais as trevas que a luz,” assim segue o mundo cada vez mais alienado da retidão, em busca de emoções fortes na “montanha-russa” dos desejos da natureza perversa.

A inversão de valores tão cara ao príncipe desse mundo e aos seus faz parecer que os caminhos tortos são retos, e vice-versa. Quem não guardar em si porções significativas do “bom depósito” corre risco de naufragar no mar de lama que cobre a terra.

Cada dia fluem mais céleres as águas dos vícios que, mediante tecnologia têm seus meios acelerados; a inversão de valores se ocupa de justificar seus fins.

Dias sombrios antevistos por Isaías; “... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece; quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59;14 e 15

A gente acaba se cansando de protestar contra injustiças pontuais, ao constatar que as mesmas parecem regra; os “grandes” da terra estão cada vez menores; os pequenos, em ampla maioria embasam os feitos dos maus, legítimos representantes dos que esposam os mesmos valores. “... enfraquecem os mais altos do povo da Terra. Na verdade a Terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna.” Is 24;4 e 5

A “mudança de estatutos” não é uma coisa tênue, de difícil percepção; antes, Francisco, o argentino “representante de Deus” tem viajado pelo mundo validando todos os credos, por avessos que sejam À Palavra de Deus. Se, O Salvador ensinou que devemos trilhar pelo “Caminho estreito” agora em nome do ecumenismo ele está ampliando tal caminho e deixando semelhante à Avenida Nove de Julho de Buenos Aires.

Nesse balaio de gatos tenciona cruzar pombo com crocodilo; falam até em “Crislam” que seria uma religião mundial fundindo cristianismo e islamismo numa só tendo as menores como satélites.

Não importa a quais desdobramentos isso nos leve; no fundo, trata-se do mesmo incidente inicial de quando se deu a queda; Deus facultou liberdade ao primeiro casal, com limites, reponsabilidade; a oposição pregou seu vale tudo e prometeu bens que não possui.

Como o homem natural se apega aos esportes radicais, essa coisa de caminho plano, reto, parece sem atrativos; seu negócio é ousar. Suas proezas consistem e buscar novidades; a nossa, exibir traços do novo homem, em Cristo, não importa se soa antiquado a eles; importa que brilhe; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Aas mesmas coisas que parecem velharias aos que correm atrás das sombras têm sabor de pão novo, aos que conhecem a vereda da vida. “... todo escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52

Não adrenalina que turva a vista; carecemos da paz de Cristo que alumia. “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

quinta-feira, 18 de março de 2021

O inimigo mais duro


“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas também a todos que amarem sua vinda.” II Tim 4;7 e 8

Um dos textos favoritos em autos fúnebres, sobretudo, quando parte um que serviu a Cristo. Assim, grosso modo subentende-se que o tal combate adjetivado como bom, é o mero fato de alguém professar fé cristã. Contudo, ouso propor que não é tão simples assim.

A qual combate somos desafiados? É comum vermos pessoas com austeras diatribes contra o inimigo, alguns se atrevem contra a miséria, desemprego, enfermidade... seu modo de atuar, reflexo do crer, deixa entrever que esse tipo de combate ocupa seus esforços.

Paulo usou como figura daqueles que erram o alvo do devido embate, o “dar golpes no ar”. Esforçar-se sem propósito, ou com o propósito equivocado.

Lembro um incidente de outrora; um culto no qual eu deveria pregar; o dirigente abriu o mesmo numa “oração” que parecia um ato de exorcismo; expulsou todo tipo de demônios, ordenou que os tais saíssem, “soltassem às mentes” dos presentes então, etc.

Quando me coube falar procurei as palavras para não ferir; mas, adverti que nosso culto é Ao Senhor; a Ele devemos orar; o inimigo não é convidado; mas, se vier será desmascarado; O Senhor tratará com ele.

Lembrei disso a propósito da figura do que dá golpes no ar; dez minutos de oração que poderia ser dirigida ao Senhor em adoração, confissão, súplicas que foram perdidos falando indevidamente com quem sequer deveria estar ali.

De igual modo, combatermos vicissitudes cotidianas, ou mesmo dirigir impropérios ao inimigo, invés de encetarmos o “bom combate” que A Palavra de Deus ensina.

Quando os grandes combatentes pretéritos são expostos numa galeria que usamos chamar de, “Heróis da fé”, seus feitos, martírios até, são expostos como o preço que pagaram por serem santos, fiéis ao Eterno em meio a oposições; “homens dos quais o mundo não era digno.” Heb 11;38

Cotejando suas tribulações violentas com as nossas, o autor faz ver que nosso combate anda não é tão intenso quanto foi o deles; se bem que, devemos lutar na mesma arena; contra o mesmo adversário, digo. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 

Dizer a Herodes que não era lícito possuir sua cunhada, por exemplo, custou a cabeça a João Batista. Às vezes a chamada de um homem íntegro requer que o mesmo se perca, para que a verdade, não.

Quando disse que buscava o devido alvo para seus golpes, Paulo também fez ver que a má inclinação humana, a nossa tendência pecaminosa carnal deve ser combatida, mortificada, por quem desejar um cristianismo genuíno; no caso dele, um ministério probo também. “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, eu assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar; antes, subjugo meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo, não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

Quando os exércitos humanos preparam seus combatentes treinam-nos em batalhas imaginárias munição de festim e exercícios o mais próximo da realidade possível; ainda assim, é uma guerra de mentirinha; sisuda é a realidade quando, os corpos dos colegas começam a cair despedaçados ao seu lado num combate à vera.

Assim, nossa formação espiritual tem seu “festim” no aprendizado teórico das virtudes que devemos desenvolver; porém, sãos as provas do dia a dia as calúnias, perseguições, violências, maledicências, mortes, que nos imergem no calor das batalhas reais, dentro das quais devemos vencer o bom combate contra o pecado, mesmo em circunstâncias tão adversas.

Não é nos púlpitos, como nos apresentamos nas igrejas que exibe nossa essência; antes, como nos saímos na prova de fogo das tentações, cotidianas, que mensura com qual matéria prima nosso “templo” é feito; “Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é obra de cada um.” I Cor 3;12 e 13

Quando A Palavra ensina que cada um dará conta de si mesmo a Deus, Rom 14;12, tem a ver com termos lutado o bom combate ou não, pois é às nossas más inclinações que somos desafiados a vencer em Cristo. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

quarta-feira, 17 de março de 2021

Atrasos da pressa

“... Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que sucedeu.” Êx 32;1

Esse fragmento poderia ser emoldurado e colocado em realce numa parede, se, alguém desejasse “honrar” devidamente à estupidez humana.

Ilusão sobre as coisas; desconhecimento da história recente; futuro projetado à partir da ignorância. Perece nossos políticos “cuidando” de nós, na pandemia.

“Faze-nos deuses...” O que pode ser feito pela mão do homem, necessariamente será produto desse; portanto, menor que ele.

A fé sempre foi um “recurso” para as coisas transcendentes; as que estão além das nossas possibilidades. Por quê oraria alguém a uma Divindade clamando por algo que está já em seu poder fazer? Ou pior: Rogando a algo feito por ele?

Não pedimos a Deus que faça-nos as coisas cotidianas; antes, que nos Dê saúde, meios para que as façamos. “Faze-nos deuses” pode ser lido, sem nenhuma barra forçada, como, produza enganos para nós; forje-nos ilusões que nos sejam drogas psíquicas.

“Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito...” Ora, embora tenha sido um instrumento, Moisés nunca pretendeu agir por conta própria; disse que Deus o enviara; fez os sinais miraculosos que testificavam disso; as pragas precursoras do livramento, nenhuma poderia ser derivada de mão humana. Sempre se colocou como servo Daquele que o instruía sobre o que fazer/falar e confirmava à Palavra.

Portanto, a história recente do fantástico livramento que receberam já estava maculada por narrativas falaciosas, meias verdades, omissões.

A sofreguidão crente, apressada com que saíram do cativeiro, ao primeiro teste, esperar alguns dias, estava transformando-se em incredulidade. Mesmo tendo visto milagres como jamais se viu na história, em curto período, estavam fazendo vistas grossas àquilo; dispostos a um recomeço autônomo. Não precisavam mais do Deus de Milagres. Fariam seu próprio deus.

Se, Moisés, homem de fé ficou “firme como vendo o invisível”, a incredulidade dos que assediaram Aarão para que fizesse o bezerro de ouro abalou-os, não obstantes, tantos sinais visíveis. Então, a fé apela antes, aos ouvidos espirituais, que aos olhos; “A fé vem pelo ouvir; e ouvir da Palavra de Deus.”

Fé nos “deuses” que se pode fazer, ver, apalpar no fundo, é um testemunho de incredulidade, ignorância espiritual, como denunciou Isaías: “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Cap 45;20

Antes, o Próprio Eterno dissera que não permitia que Seus Feitos fossem atribuídos aos simulacros pobres de humana criação; “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Cap 42;8

“... porque (a Moisés) não sabemos o que sucedeu.”
Eis a “base” das novas decisões deles. Deveriam fazer algo, porque não sabiam o que acontecera. Desde quando que o não saber patrocina decisões? Acaso não foram um coluna de fogo à noite e um nuvem de dia que os conduziram em marcha até então? Sempre andaram sabendo em qual direção Deus apontara.

Mas, se de repente O Eterno parar de colocar “sinais de trânsito” como fica? “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Se O Eterno ordenara mediante Moisés que esperassem sua volta com Suas instruções, era só isso que deveriam fazer.

Lembro que congreguei numa igreja onde alguns obreiros eram “pentecostalistas;” adeptos de barulho, línguas, vigílias, campanhas para dar asas aos retetés da vida; outros, entre os quais eu, achavam mais importante o ensino a edificação.

À noite sonhei que marchávamos em fila indiana. O obreiros “avivados” estavam no meio da fila; jogavam-se ao chão falavam línguas profetizavam; deles para trás eram imitados pelas pessoas; eu olhava aquilo e ouvia uma voz que dizia: “Apenas marchem”. Contei o sonho ao Pastor que decidiu como seria, então.

Assim é em nossa caminhada; não precisamos artifícios, incrementos espetaculosos, e doenças afins derivadas das humanas inquietações. Não raro a quietude é o “movimento” mais adequado; “... No estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; Ele Levantará, para Se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

A escolha afoita e profana dos que não souberam esperar o retorno de Moisés redundou em milhares de mortes.

Os olhos da fé servem não somente para que creiamos; mas para que possamos ver nuances da Divina perspectiva; pois, “O Senhor não retarda Sua Promessa...” II Ped 3;9

terça-feira, 16 de março de 2021

Orações sem noção


“Se o Meu povo, que se chama pelo Meu Nome, se humilhar, orar, buscar Minha Face e se converter dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, Perdoarei seus pecados e Sararei sua terra.” I Cron 7;14

Tenho deparado com esse verso repetidamente nas redes sociais, como se fosse uma receita para nos evadirmos à pandemia que grassa; alguns publicam essa “receita”; outros “oram” de modo, no mínimo temerário. “Senhor visita aos hospitais, socorre aos que estão com dificuldade de respirar, sara todos; livra-nos da pandemia, amém”.

Anda que tal “piedoso” dissesse palavras melhores, o simples fato de dizer ao público invés de, a Deus, já seria grotesco erro de alvo. Lembra os fariseus que oravam nas esquinas das ruas com o fim de serem vistos pelos homens.

A condição demandada pelo Eterno seria humilhação contrita, busca pela Sua Face e mudança de caminhos mediante conversão; me pergunto em quê, se parece com isso, tais “orações” que invés do prescrito dão ordens expressas sobre o que O Todo Poderoso deve fazer.

Basta um mínimo de noção para reconhecer que Daniel, foi um homem espiritualmente muito melhor que o mais santo dos nossos dias; entretanto, Ele evitava falar arrogantemente com Deus como o fazem os “servos” em apreço.

 Vejamos um fragmento duma oração dele:
“Pecamos, cometemos iniquidades, procedemos impiamente; fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos;” Dn 9;5

Alguns confundem relacionamento com religiosidade; essa não passa de um amontoado de desejos humanos envernizado com algumas expressões bíblicas. Como se O Santo olhasse para bajulações mais que para a sinceridade dos corações.

Se, mera oração divorciada de um caráter probo tivesse eficácia estariam certos os que fazem tais coisas;

entretanto, a Bíblia tem instruções precisas sobre isso. Do ímpio diz: “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9 Ainda, “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros.” Sal 50;16 a 18

Por outro lado, “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Isso aprenderam também os amigos de Jó que tendo falado temerariamente desagradaram O Santo de tal modo, que só a intercessão de Jó foi aceitável. “... oferecei holocaustos por vós, e Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que Eu não vos trate conforme vossa loucura;” Jó 42;8

Entretanto, quando for uma questão de juízo, e até a Santa Paciência Divina se tiver esgotado, mesmo um homem idôneo, aceitável, não terá deferida sua oração.

Por isso algumas vezes O Eterno preveniu a Jeremias que nem tentasse, pois não seria ouvido. “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem Me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16 “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não ouvirei no tempo em que clamarem a mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14

Portanto, mais prudente que mantermos nossa impiedade intacta enquanto apresentamos uma listinha de tarefas para Deus cumprir seria, nos humilharmos deveras, reconhecendo nossas misérias, pelas quais o Juízo Divino é justo; feito isso clamarmos a Ele, não à torcida por misericórdia. “... porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo, vos exalte;” I Ped 5;5 e 6

Se a oração de Daniel não nos ensinar, que tal a de Neemias? “Tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque Tu tens agido fielmente e nós temos agido impiamente.” Ne 9;33

Se nem numa dolorosas crise como essa, sequer orar como convém sabemos, isso não deixa de ser um triste retrato do “cristianismo” que vivemos. 

Nossa “fé” em linhas gerais não passa de um pretexto abstrato, nos domínios do qual, fazemos a pose de gente espiritualmente engajada, quando, nada nos importamos em saber sobre Deus e Sua Vontade.

Uma “fé que “joga pra torcida” invés de buscar relacionamento sadio com O Eterno denuncia que, o aplauso humano nos é mais caro que a aprovação Divina.

Pois, O Deus Santo e o mundo ímpio são coisas excludentes; carecemos abdicar de um para termos o outro; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

segunda-feira, 15 de março de 2021

O poder que não pode


“... De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe Pilatos: Não falas a mim? Não sabes que tenho poder para te crucificar e para te soltar?” Jo 19;9 e 10

Nem sempre devemos responder porque alguém nos perguntou. Às vezes o silêncio é a melhor resposta. Pilatos achara que seu poder como regente o fazia mui digno de atenção; tudo que desejasse se lhe deveria responder. Jesus silenciou.

Quanto ao poder que jactou-se de ter, o qual pensava derivar de César, O Salvador sabia que a origem era mais elevada. “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” V 11

Os postos altos na Terra são ocupados por permissão ou Vontade Divina. “Ele muda tempos e estações; remove reis e estabelece reis; Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.” Dn 2;21

Embora o escopo humano atinasse a quem teria mais poder, o Salvador observava quem tinha maior culpa. “Quem me entregou a ti maior pecado tem.”

Duas nuances da natureza humana caída que sempre assomam nas vicissitudes da vida. Todo homem deseja ter poder, mesmo sendo indigno para o exercício; raramente assume ter culpa, mesmo o discurso dos fatos sendo tonitruante em demonstrar isso. Quem pensou no príncipe dos ladrões evocou um bom exemplo, pois.

O poder em mãos indignas geralmente acaba mal; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O “poder” eventual de Pilatos sobre Cristo não foi exercido para honra ou de alguma forma meritória. Como todo o político carreirista que atua mais para a torcida que, para valores da consciência; ele jactara-se de ter poder tanto para condenar, quanto para absolver; e invés de uma decisão cabal sobre isso se deixou levar “democraticamente” soltando um ladrão e entregando um inocente.

Depois lavou as mãos cinicamente, alegando inocência ante o crime em curso; sujou a alma tendo dito categoricamente que nada pesava contra o réu, permitiu que a vontade do sinédrio nos lábios dos seus fantoches prevalecesse.

Quem é investido de poder no âmbito humano deveria fazer outra leitura; uma vez que esse é delegado, no fundo é um dever de atuar de modo condigno com o anseio de quem delegou.

Por isso no Velho Testamento além dos Sacerdotes os reis deveriam ter um exemplar da Lei, para atuar conforme a Vontade do Reis dos Reis, que delegara o trono. “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar teu caminho, e serás bem sucedido.” Js 1;8

Embora o vulgo veja nas Leis Divinas certa castração, restrição de “direitos”, o texto que prescreveu sua observância apontou como consequência, prosperar, ser bem sucedido.

Todavia, essa “Teologia da Prosperidade” que demanda obediência à Palavra, não é ensinada. Antes, outra que requer oferendas, votos, dinheiro; quando um homem fala a outro, pretextando fazê-lo em Nome de Deus, mesmo que o faça divorciado da Palavra Dele, se, lograr ser obedecido, não passa do exercício do poder de um homem sobre outro;

O Nome do Eterno é apenas blasfemado; não participa das coisas espúrias à Sua Vontade. “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, contudo eles profetizaram. Mas, se estivessem estado no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras...” Jr 23;21 e 22

Ora, o poder que a Sabedoria Eterna nos tenciona dar visa capacitar-nos a um modo de vida que nos assemelhe ao Pai; “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Pois, embora vulgarmente qualquer um diga: “Também sou filho de Deus; Deus é Pai e não padrasto.” Na verdade a coisa não é bem assim.

O homem natural não pode obedecer às coisas do Reino; sequer pode vê-las sem o nascimento espiritual; “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3

Afinal, o nascimento carnal nos lança na esfera da desobediência “natural”, fazemos isso sem esforço nenhum; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e, nem pode ser.” Rom 8;7

Enfim, se o “poderoso” Pilatos se achou, tendo autoridade sobre Jesus, aos pequenos que tomam Seu Jugo e O Seguem, Jesus dá poder sobre a própria má inclinação, para invés de lavarem as mãos justificando-se, deixem que O Senhor Justiça Nossa lave às almas, regenerando-as.

domingo, 14 de março de 2021

Obras e juízo


“O Senhor é conhecido pelo juízo que fez; enlaçado foi o ímpio nas obras das suas mãos.” Sal 9;16

A origem do juízo é do Senhor; a “dosimetria” da pena deriva dos próprios feitos do réu; “enlaçado nas obras das suas mãos.”

A Justiça Divina permite que cada plantio frutifique fielmente: “Dizei ao justo que bem lhe irá; porque comerá do fruto das suas obras. Ai do ímpio! Mal lhe irá; porque se lhe fará o que suas mãos fizeram.” Is 3;10 e 11

O Salvador ensinou a isonomia como modo de viver; pois, esse seria o alvo de toda Palavra dada, até então. “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Quem, nesse escopo cogita salvação mediante obras mostra ignorância bíblica, ou má vontade. A retribuição aos feitos de cada um atina à justiça; a Salvação, deriva do Amor Divino; estritamente da Graça mediante a fé em Cristo.

Sempre oportuno realçar: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Num contexto em que se apresentou como O Pão do Céu que dá Vida, aos que se “voluntariaram” para obras Jesus demandou fé; “Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29

Bons atos do justo hão de contar para efeito de galardão; bem como os maus do ímpio, justificarão sua perdição; assim cumpre-se a sentença “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;8

E as boas obras dos maus? Digo; que nem sejam maus no sentido humano, (ante Deus não há um justo sequer) os que creem em doutrinas espúrias, humanismo, espiritismo etc. e de acordo com seus credos socorrem desvalidos, como ficam?

Como O Eterno Ama à justiça, jamais chamaria a uma boa obra de má. Entretanto, como “Deus não é Deus de mortos”, antes das coisas 
periféricas trata da vida. Por isso O Senhor disse aos “voluntários” aqueles que A Obra de Deus demandava crer Nele. As obras herdam a condição dos “obreiros.”

“... não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas...” Heb 6;1 “... O Sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14

A Palavra não entra no mérito da qualidade das obras; de serem boas ou más; antes, denuncia sua condição de mortas enquanto seu agente ainda não é regenerado em Cristo.

Acontece que não crer não é uma coisa de pouca monta, como se, fruto de uma dúvida honesta. Uma vez que O Eterno se revelou em Sua Santa Palavra, se expôs ao ridículo e à violência na “loucura da cruz” o descrer abarca uma decisão moral, cuja consequência é blasfema; “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porque não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5;10

Desse modo uma boa ação divorciada da relação com Deus mediante Sua Palavra acaba patenteando um atuar no princípio satânico; foi ele que disse que o homem poderia, autônomo, decidir por si mesmo sobre bem e mal.

É ilusória a valoração de alguém estritamente pelas obras; fulano é ateu, outrem é espírita, mas só fazem o bem.

Quem disse que é bem aquilo que O Eterno conceituou como mal? Do que não crê, malgrado a revelação da Palavra e das obras Divinas diz: “... Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

Dos que, invés da ressurreição e salvação mediante O Sangue Remidor, devaneiam com ilusórias reencarnações purgatórias, acreditam em obscuros médiuns mais que na Palavra, também ela versa: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-ão aos mortos? À lei e ao testemunho! Se não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” Is 8;19 e 20

Enfim, façamos boas obras; Deus deseja; o semelhante necessita. Só não devaneemos em encontrar O Senhor da Vida, onde Ele não está. “... Por que buscais O Vivente entre os mortos?” Luc 24;5

sábado, 13 de março de 2021

Escolhe por tua vida


“Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer; tempo de plantar e de arrancar o que se plantou;” Ecl 3;1 e 2

Isso atinge a todos indistintamente. Quando se diz que certa medida de tempo está “determinada” para tais coisas, óbvio que há um Ser Inteligente, Proposital por detrás que a determina. O Criador.

Entretanto, isso nem de longe corrobora a visão fatalista que as coisas acontecem, (sobretudo, mortes) de gente que atua imprudentemente, porque “chegou sua hora”.

Muito do nosso agir acontece em desacordo com o tempo ideal, por nossa precipitação, imprudência, egoísmo, miopia, etc.

Mesmo o falar, muitas vezes perde sua preciosidade eficaz, por acontecer antes do que deveria. Por isso a observação: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita ao seu tempo.” Prov 25;11

Cada espécie criada, para reproduzir-se demanda certo tempo; dias, meses, mais de ano, até; nada pode alterar isso. Faz parte do projeto original.

O determinismo biológico deriva da Sabedoria de Quem tudo criou; “reproduza conforme sua espécie”; não pode nem precisa ser alterado. Cumpre fielmente o propósito para o qual foi estabelecido.

Entretanto, homens e anjos foram criados arbitrários. Se, os demais aspectos da natureza atendem à necessidade, neles concorre a possibilidade; a arte de fazer escolhas.

Essas, necessariamente serão consequentes. Pois, pesa certo “determinismo” sobre eles também. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7

Sabedor das punções de nossa natureza caída, O Eterno, invés de uma ceifa imediata dos nossos plantios destrambelhados traz à baila Sua Longanimidade. Antes das consequências dos nossos erros visita-nos com um desafio ao arrependimento; mudança de rumos, que, uma vez atendido cancela a “colheita” da má semeadura por “decreto” do perdão.

Alguém disse: “Primeiro você faz escolhas; depois, as escolhas fazem você.” Na nossa prerrogativa de arbitrários as fazemos; na visita das consequências, elas nos fazem colher do que plantamos.

Não poucas vezes ouvi o questionamento: Por quê O Criador colocou no Paraíso certa árvore proibida? Isso com algum ressentimento auto indulgente, como se, a culpa por nossas escolhas fosse Dele.

Ora a própria descrição do “projeto”, “Façamos o homem à Nossa Imagem, conforme Nossa Semelhança”; já demonstra o porquê daquilo. Fomos criados livres, não robôs. Necessária a possibilidade de desobediência, para que a obediência derivasse de escolha, não da falta de opções. Não façamos do Senhor da Vida, mero programador de sistemas.

Por quê a salvação derivaria do Evangelho, se fosse de outra forma? Bastaria determinar quem seria salvo e quem não e estaria feito.

Contudo O Senhor do Universo preferiu “Enlouquecer” em Seu amor pela liberdade, que decretar as coisas à revelia das vontades livres. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte do que eles.” I Cor 1;21 e 25

Dentre as coisas com tempo determinado debaixo do céu, está uma preciosa; nossa vida. Dado o concurso das fatalidades várias, consequências do mal disseminado num mundo regido per certo príncipe espúrio, a incerteza concorre também, quanto ao tempo de duração.

Por isso a mensagem de reconciliação sempre é apresentada com urgência; a ser recebida de modo imediato para pôr em segurança nosso bem mais precioso, a vida. “... Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” II Cor 6;2

Tiago cotejando nossos breves dias com a eternidade foi meio “pessimista”; “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois desvanece.” Tg 4;14

Aos que creem está reservada uma sorte que extrapola os limites “debaixo do céu”. O teatro de existência terrena, “espetáculo” que dura menos de um século nos mais longevos tem um propósito eterno em seu bojo; a redoma de tempo espaço foi dada, “Para que buscassem ao Senhor...” Atos 17;27

O que dificulta nosso encontro é que estamos “no lugar” Dele. Como se não houvessem restrições; todos os desejos francos, os atos inconsequentes, afinal seríamos “como Deus”.

A Fonte da Água da Vida está logo ali, acessível a todos que ousarem enfrentar a miragem voluntária proposta pelo traidor. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”

Assim fazendo “Tomam posse da vida eterna”; por ser dessa estirpe em Cristo, não prende-se mais às limitações de tempo e ocorrências meramente terrenas. “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo, o juízo.” Ecl 8;5