terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Verdade; a ilha


“... amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.” Deut 10;19

O amor como mandamento elimina a ideia vulgar de que seja um sentimento. Antes, é uma decisão que, eventualmente, contraria sentimentos, até.

O precedente que demandava que os judeus amassem aos estrangeiros fora terem sido, eles, estrangeiros no Egito. Acaso foram amados, lá? Não. Antes, escravizados, humilhados, explorados. Então, por quê?

Porque tendo provado tais amarguras deveriam ter aprendido que são inconvenientes; e, aquilo que não convém a nós, igualmente é indesejável aos semelhantes; se devemos amar ao próximo como a nós mesmos, óbvio, devemos querer para ele as mesmas coisas que para nós.

Como ensinou a história do bom samaritano, nosso próximo não é aquele que tem comuns laços religiosos, ou, étnicos; mas, o que se aproxima durante as necessidades, para ajudar.

Assim, bem pode ser alguém que vive distante; quiçá, um estrangeiro. Ou, à luz do mandamento em apreço, nós devemos ser o próximo, deles.

A ideia rasteira de “Pagar na mesma moeda” nem de longe é um ato preceituado para nós. Nossas carências e sofrimentos devem fomentar empatia para com as agruras do semelhante, não, ensejar um endurecimento de coração de modo a desejar que ele “coma do ruim” que comemos.

Mais de uma vez depreciei o uso por presumidos cristãos, da frase: “Que Deus te dê em dobro tudo o que desejares para mim.” Ora, isso pode parecer um “fechamento de corpo” estilo macumba; uma ameaça de vingança; uma esperteza comercial; mas, em nada se parece com o amor cristão, ao qual somos desafiados.

Esse, invés de uma igualdade no amargo, nos desafia a cobrir o mal com algo mais doce; “Não vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; Eu Recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;19 a 21

Quantas vezes somos convidados para os tais “Cultos da vitória”? O que será que o cristão comum conceitua como vitória? Para a Bíblia, cobrir uma ofensa com um gesto de amor é vencer o mal. Será que fazem ou, ensinam essas coisas nos referidos cultos?

Infelizmente, sabemos que não é assim. Um desejo mui acalentado no coração, a despeito de ser a Vontade Divina ou, não; alcançar esse, na maioria dos casos é a “vitória” cantada em prosa e verso.

Não obstante, lermos e ensaiarmos uma teatralidade conveniente, sobre o preceito: “Entrega teu caminho ao Senhor, confia Nele e o mais Ele fará.” usualmente entregamos a Ele nossos “boletos” aos quais clamamos que pague. Nesses casos, embora tenhamos nossas Bíblias conosco, o ensino que está moldando-nos é o do inimigo que disse: “Vós mesmos sabereis o bem e o mal.”

Ora, a vitória que O Eterno anseia nos dar, vence aos maus hábitos mundanos, os quais, somos relutantes em abandonar. Vem da confiança irrestrita na Palavra Dele, não, dos sopros da oposição. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4

Mas, se temos dificuldade de convívio com certos “irmãos”, não seríamos hipócritas escrevendo algo assim, que preceitua amar aos inimigos, aos estrangeiros? Recordei ao acaso uma frase de Voltaire; “Deus me livre dos meus amigos; dos inimigos eu me cuido.”

A mesma Palavra que manda amar aos inimigos, ordena que se mantenha distância dos falsos irmãos; “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão ou roubador; com o tal nem ainda comais.” I Cor 5;11

Necessária a conclusão que a falsidade é mais perniciosa que a inimizade. Pois, a inimizade mesmo montada num sentimento avesso é honesta; enquanto a falsidade nos pode fazer danos maiores, por ter o presumido amigo/irmão, acesso a espaços que inimigos não teriam.

Na inversão de valores que grassa, e apostasia da igreja que, cada vez mais busca ser aceita pelo mundo, invés de confrontar pela Palavra, a insensatez suicida desse, tendem, os que amam à verdade, a um isolamento e rejeição cada vez maiores.

Contudo, aos judeus foi ordenado que amassem aos estrangeiros, por terem conhecido as dificuldades deles, sendo tais; a nós que vivemos a escravidão da mentira e fomos libertos pela verdade, se ordena que amemos à verdade, mesmo que isso nos isole. Afinal, “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15

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