quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

O Profeta e o tempo


“Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria.” Jo 4;44

Elias fora enviado a uma estrangeira para estar seguro; soubessem os judeus onde ele estava, presto, um “amigo do rei” o entregaria ao pusilânime do Acabe.

Eliseu, ignorado pelos muitos leprosos que havia em Israel; mas, um estrangeiro, o general Hamã veio desde a Síria para ser curado.

Tais nuances em dois que foram tidos como os maiores profetas do Antigo Testamento, o que dizer dos outros?

Por quê, somos refratários ao que conhecemos, enquanto, geralmente damos boas vidas ao desconhecido? Parece que somos uma espécie de cão ao contrário. Os cães recebem festivos aos que conhecem, enquanto, latem ameaçadores ao estranho.

As igrejas, mesmo tendo em seus quadros gente capaz no exercício da Palavra, geralmente trazem de longe, pregadores que implicam altos custos, para saciar à sede de “novidade” das ovelhas.

Aqueles que conhecemos por certo têm falhas. Mas, quem disse que os estranhos não as têm? É proverbial nossa alienação voluntária; “O que os olhos não veem, o coração não sente.” Ou, “me engana que eu gosto”.

Nos ministérios conhecidos, geralmente concorre a inveja dos que, trilharam caminhos semelhantes; por relapsos na obediência, na preparação, não cresceram o esperado no testemunho nem no ministério; então, preferem desfazer do próximo que atuou melhor, que reconhecer os talentos alheios, e tê-los como estímulos no exercício dos próprios.

As novidades desejáveis se verificam nos que, tendo vivido num “charco de lodo”, agora estão com os pés na “Rocha”. De outro modo: Os que dantes andaram de forma réproba, desprezível, confrontados com o Amor e Justiça de Cristo, encontraram arrependimento, perdão, e passaram a viver segundo Ele. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos em novidade de vida.” Rom 6;4

Se, o Evangelho é a aglutinação aportuguesada das palavras gregas para Boas Novas, refere-se à possibilidade de reconciliação com Deus, para quem estava em inimizade; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados, pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

As “novidades” não param, nas vidas que se deixam por Ele instruir; pois, “a vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18
Cada maneira rasteira de pensar e agir, uma vez ensinada segundo Deus, é desafiada a um “upgrade”; “... Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;8

Conversão é um processo contínuo que se convencionou chamar de santificação; a pregação da Palavra evidencia onde estamos aquém do esperado; os diligentes são ajudados pelo Espírito Santo, no praticar; até que, a regeneração seja plena; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

As novidades estão todas no comportamento do homem moldado segundo A Palavra de Deus. Em se tratando de ministros, novidades são inócuas, dispensáveis; no prisma da doutrina, vãs, desprezíveis. Nosso desafio é à perseverança, não à inovação. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

Sócrates, o filósofo dizia que, ao nos identificarmos com o que aplaudimos, no fundo, aplaudimos a nós mesmos. Desse modo, ao rejeitarmos pregadores porque conhecemos, talvez estejamos patenteando nosso hábito suicida de cauterizar à consciência; ignorar à luz que já temos. Não nos movermos para melhorar, naquilo que é necessário.

De qualquer forma, um profeta veraz não se gasta em busca de honras humanas. Sua vida se ocupa em honrar ao Todo Poderoso.

Os que balizam ministérios pelo barulho, por estarem “causando, bombando” como se diz, ainda medem coisas celestes com réguas terrenas. Para O Eterno, nossa perseverança na verdade conta, não, eventual “sucesso”. “Mas tu lhes dirás Minhas Palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes.” Ez 2;7

Ezequiel foi um conhecido ignorado, em seus dias. Bajulavam, mas não se deixavam moldar por sua profecia. O Eterno avisou: “Eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave e bem tange; porque ouvem tuas palavras, mas não as põem por obra. Mas, quando vier isto (eis que está para vir), então saberão que houve no meio deles um profeta.” Ez 33;32 e 33

Deus honra a um profeta que homens desprezam, fazendo cumprir o que mandou através dele. Pois, “Tudo tem seu tempo... tempo de semear, tempo de colher o que se plantou;”

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