quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Servir x servir-se


“Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, porém, profetizaram. Se estivessem no Meu Conselho teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

A livre iniciativa motiva bem mais que a obediência. Cheias estão as Escrituras de exemplos de gente que O Senhor mandou, e relutou obedecer. Moisés temeu voltar ao Egito; Gideão careceu um monte de sinais; o próprio Jeremias se disse ainda infante; entretanto, os que fizeram profetas a si mesmos, “foram correndo.”

Uma iniciativa não se toma num vácuo; alguma motivação interna nos acoroçoa; não sendo comissão Divina, óbvio que será uma intromissão, ou, coisa pior; uma imitação da oposição.

Não que não devamos ser criativos, ousados; o problema é quando colocamos o carro adiante dos bois; de outro modo: A carne em lugar do Espírito. 

Alguns, na Ásia, que estragavam o bom trabalho de Paulo eram desses descolados que saem por conta própria; “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a Lei, não lhes tendo nós dado mandamento.” Atos 15;24

Os que assim agiam, à época, foram classificados de anticristos. “... muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque se fossem, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” I Jo 2;18 e 19

Circulam nos ambientes cristãos até aprenderem uns cacoetes gospels, depois, saem e “montam suas empresas” apregoando frivolidades alheias ao Divino querer, embora rotulando-as como se, do Tal, derivassem. São múltiplos; “Não mandei ‘esses’ profetas...” Jeremias estava só.

Os regenerados por Cristo são homens livres; porém, na desejável edificação vinda pelo discipulado, devem atingir uma estatura que os faça livres de si mesmos; submissos ao Senhor. A liberdade em Cristo não equivale à autonomia; antes, à capacidade fomentada pelo Espírito Santo, de pautar o viver segundo Ele. “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Rom 8;8

Não que um escolhido deva ostentar títulos portentosos, ser precedido por carros de som, com pompa e circunstância. A Obra do Eterno serve-se de coisas simples; é avessa a ostentações. Não raro, um desses, habitado pelo Espírito Santo é levado a fazer a Divina Vontade, sem sequer o notar. Muitas vezes, bem depois de ter sido usado como instrumento Divino consegue perceber, que O Santo, assim o abençoou.

Como na vida cristã, “Pelos frutos se conhece as árvores”, igualmente, em se tratando de ministérios. Os frutos de um profeta idôneo o Próprio Senhor arrolou: “Se estivessem no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.”

Um profeta veraz confrontaria aos errados de espírito, mediante À Palavra e os desafiaria a voltarem pro bom caminho. Num cenário onde “curtidas, compartilhamentos e coraçõezinhos” valem mais que a verdade, fica fácil perceber de qual calibre são os “profetas” que pululam latindo “bênçãos” incondicionais. Basta “receber, curtir, compartilhar.”

Não se atrevem articular um escrito assim; afinal, são os depreciáveis “textões” que a galera não gosta; ora, a maioria não gosta da Palavra de Deus nem em drágeas; nosso trabalho é expor como ela é; o que cada um fará com isso é decisão particular.

A Obra do Eterno é séria demais, para soar atrativa à carne; ela deriva da Vontade de Deus, e, “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Por isso, geralmente os que têm chamada relutam, sabendo a seriedade do que está em jogo; o confronto para o qual estão designados não enseja aplausos, aceitação, honrarias; antes, tanto quanto mais fiéis forem, mais rejeitados e perseguidos serão; “... todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12

Sim, não bastou aos falsos daqueles dias se fazerem “alternativos” a Jeremias; perseguiram-no, prenderam, esbofetearam; quando o Jugo de setenta anos foi predito pelo profeta, um dos oponentes assegurou que seriam dois anos apenas. Era mais agradável essa predição do que aquela. Entretanto, era Jeremias que falava segundo O Senhor.

Preferir o fácil ao verdadeiro é uma doença que todos padecemos; todavia, quando as consequências vierem, e virão, as “espertezas” de agora se revelarão pecaminosas; “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39

A Palavra do Eterno prescinde de luzes, curtidas, coraçõezinhos; bastam ouvidos atentos; “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apoc 3;6

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