domingo, 24 de outubro de 2021

A Pressa da Vingança


“Minha é a vingança, a recompensa; ao tempo que resvalar seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar.” Deut 32;35

Aos Olhos Divinos, recompensa ou punição, são coisas que “se apressam a chegar”. Entretanto, aos nossos com seus açodos imediatistas, a impressão é que essas coisas demoram.

Agir alguém de modo flagrantemente ímpio e posar de abençoado fere nosso parco senso de justiça, como escreveu Agur: “Eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios. Porque não há apertos na sua morte, mas firme está sua força. Não se acham em trabalhos, nem são afligidos como outros homens.” Sal 73;3 a 5

“Prósperos” até à morte; mas, no santuário ele viu além; “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição.” Vs 17 e 18

Quando O Eterno ordena que não nos vinguemos, está cuidando da nossa saúde espiritual, não de quem nos feriu; eventual alvo de nossa revanche.

Ao perdoarmos as dívidas para conosco sedimentamos o caminho pelo qual Ele perdoará as nossas; criamos um precedente de “isonomia” em graça. “Perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos nossos devedores...”

Do ponto-de-vista dos nossos perdoados, a intenção Divina é que O Amor de Cristo em nós os constranja; quiçá, se arrependam! Assim, preceitua: “Não vos vingueis amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; Eu recompensarei, diz O Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;19 a 21

Aquilo que, aos olhos naturais poderia ser lido como, “dar o braço a torcer” aos Divinos será uma vitória.

Não que essa vitória seja fácil. Geralmente, nosso sangue quente tenta arbitrar; gostaríamos que, aqueles que nos decepcionaram colhessem na mesma moeda de modo imediato. “Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; em alguns manifestam-se depois.” I Tim 5;24

Tendemos a ver a Longanimidade Divina como conivência. Contudo, não é assim. Ele mesmo desnuda ao que agiu impiamente lendo o silêncio Divino como aprovação. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Nos provérbios lemos: “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

Nossa estrutura, também pó, nos acossa com o horizonte da finitude e lidamos mal com a morosa paciência do tempo; gostaríamos das coisas para ontem.

Porém, somos exortados a transcender isso, mais de uma vez; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19 então, “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado...” I Tim 6;12

Pois, nem sempre a recompensa dos feitos pode ser vista no nosso existenciário terreno. Há justos que terminam em grandes privações e ímpios que adormecem na fartura.

Quando Paulo aconselhou a Timóteo o “exercício em piedade” ensinou que isso “prepararia seus músculos” para o porvir; “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;8

Tendemos a tratar as coisas no “varejo” querendo punições pontuais para picuinhas que nos incomodam. Quantas vezes essas coisas têm um papel didático? Feridas que sofremos nos ensinam a não fazermos o mesmo ao semelhante? “Observando erros alheios o homem prudente corrige os seus.” Oswaldo Cruz

Quando Deus fecha uma vida para balanço olha para o saldo, malgrado, lapsos tantos; de Moisés diz: “... Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo...” Heb 3;5 Cometeu muitos erros, mas o resumo é que foi fiel. “A misericórdia triunfa do juízo.”

As recompensas repousam mais no Macro, que em eventuais detalhes “... Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Se as coisas não acontecerem como esperamos, os que falharam conosco não pareçam ser punidos, lembremos que, também falhamos, e o Perdão Divino nos achou. Em caso de dúvidas, que tal a reflexão de Abraão? “... que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

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