domingo, 4 de abril de 2021

Profundezas rasas


“... Se queres, bem podes limpar-me.” Mc 1;40
“... se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima...” Col 3;1

O quê esses fragmentos têm em comum? Um caso refere-se a um rogo por cura; outro, um ensino. Temos um cuidado com o corpo, outro com a alma.

Ambas as orações trazem o “se” funcionando como condicionante de alguma coisa.

Nas afirmações que demandam fé, estritamente, isso, soaria como negação. Sendo a fé o “firme fundamento” não comporta “rachaduras” como seria essa palavrinha de precursora. Um dos ladrões da cruz que disse: “Se és O Filho de Deus salva a ti mesmo e a nós.” Implica que ele não cria; pois, o outro que acreditava apenas disse: “Senhor, lembra-te de mim...”

Porém, o se, do leproso acima não derivava de alguma dúvida quanto ao Ser de Jesus; mas, à Sua vontade; “Se quiseres...”

O outro; se já ressuscitastes com Cristo agi assim, visa um exercício lógico alinhando profissão de fé e modo de vida; se entrastes deveras no Reino estejam nele vossas prioridades; buscai as coisas que são de cima.
Agir conforme, as obras da fé, sem as quais, a mesma é morta.

A novidade de vida ali, temos como preceito, diretriz aos convertidos. Noutra parte encontramos como consequência necessária. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Eis nosso “se” outra vez!

Não obstante ser abstrata a fé produz resultados concretos nos que a abraçam deveras; daí, o desafio ousado de Tiago: “... mostra-me tua fé sem obras e te mostrarei a minha pelas minhas obras.” Tg 2;18

Não existe cristianismo teórico! Spurgeon afirmava: “Ninguém é obrigado a se dizer cristão; mas, se o fizer, diga e se garanta.” Atue como um.

Infelizmente, pelas coisas que muitos partilham nas redes sociais claramente se percebe que não sabem a diferença entre tolerância e aquiescência.

Tolerar é uma coisa boa, necessária; conviver com o que é diferente em sua crença; aquiescer é concordar com ensinos da fé alheia, que se opõem à nossa.

Quem se diz cristão e comemora “Natal”, “Páscoa” como o mundo não entendeu nada.
Outros, partilham textos de mestres espíritas.

Ora, o espiritismo pode ser qualquer coisa, menos cristão. Nega a suficiência de Cristo e Seu Sangue Remidor; apregoa purificação mediante obras e múltiplas reencarnações. Não duvido da sinceridade dos que nisso creem; mas à luz da Bíblia é erro crasso.

Não há reencarnações! Uma vida; morte e depois juízo. “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo...” Heb 9;27

Como estamos na casa do “se”, abusemos de sua hospitalidade: Se, “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3 e se, “... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;5 Se, isso significa reencarnação, por quê O Salvador apresenta nascer da carne e do espírito como coisas distintas? “O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito.” V 6

Porque o “nascer de novo” é uma figura de linguagem para a conversão; ouvir a Voz do Espírito Santo e segui-la. Ezequiel figurou isso como mudança de coração; “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne.” Ez 36;26

Isaías, por sua vez, com uma mentalidade nova, segundo Deus; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Enfim, se invés de rever conceitos e atitudes à luz da Luz, preferirmos a velha e assassina resiliência no erro, não seremos um milímetro melhores que os que rejeitaram a Cristo pessoalmente; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Em muitos casos as pessoas até creem, mas com coração duplo; incapaz de uma ruptura radical com o erro como quem evita a companhia de um assassino.

Sendo O Eterno, “Tão puro de Olhos que não pode contemplar o mal” Hc 1;13 demanda purificação do que hão de vê-lo; “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

Se lhe dermos ouvidos, um dia O Veremos; “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Mat 5;8

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