sábado, 20 de setembro de 2014

Andando sobre as águas

“E o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo o lavor.” Ex 31; 3 “Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cor 12; 8
Se a Bíblia apresenta ciência e sabedoria como coisas diversas forçoso nos é admitir que seja assim. Contudo, são como gêmeos que nascem unidos e é preciso uma delicada cirurgia para separar.


Mesmo o mais hábil “cirurgião” não ousaria algo tão nobre sem “tirar as sandálias” como Moisés. Embora sem jeito com o bisturi, ficar descalço eu posso, antes de me atrever.
A ciência está ao alcance de qualquer ser humano e pode ser galgada mediante estudo, pesquisa, experiências. É um contingente; como tal, pode ser aumentado a cada passo na busca da aquisição. Seu produto é amoral, tanto que pode servir para a medicina hightec ou para armas de destruição em massa, por exemplo. Assim, a árvore da ciência faz conhecer o bem e o mal.

A sabedoria, dado que gêmea da ciência, traz discrepâncias notáveis. Mais ou menos como certo filme que trouxe Arnold Schwarzenegger e Dany De Vitto como gêmeos. Posto que houvesse semelhança genética, o fenótipo, ( manifestação, aparência ) não tinha nada a ver.

A sabedoria é absoluta, não pode ser ampliada; o fato novo não a enriquece, antes, manifesta. Claro que o Sujeito de tal predicado só pode ser Deus. Assim, tem conteúdo moral, excelso, santo. “…a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.” Tg 3; 17

Tiago opõe a Sabedoria a outra que chamou de, “Terrena, animal e diabólica”. Sua abrangência: Terrena, não toca as coisas do céu; seu espectro, animal; atua na alma, não no espírito humano; seu inspirador, quem propôs desobedecer a Deus e comer da árvore da ciência, o diabo. A sabedoria do alto atina a outra árvore que ficou meio esquecida no Jardim. A Árvore da Vida que mantém próximo ao Criador.

Não pode ser buscada noutra fonte, senão Nele; como fez o mais sábio dos homens, Salomão. “Eis que fiz segundo as tuas palavras; eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará.” I Rs 3; 12

João ilustrou as multidões como águas, no Apocalipse. De carona nisso podemos dizer que, a sabedoria Divina personificada, Jesus Cristo, anda sobre as águas. “E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.” Jo 8; 23 e 24

Notemos que o upgrade proposto não é mediante a ciência, mas, a fé. “Se não crerdes…morrereis…” A sabedoria não é posta como enriquecedora do portador, antes, como fonte de vida. “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas, a excelência da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7; 12

O existenciário no qual estamos inseridos demanda respostas que fogem em muito aos domínios da ciência; aí, os que refratários à fé em Deus criam fés alternativas e nomeiam de teorias. Quanto à fé proposta no Senhor chamam-na de cega, pois, lhes soa melhor isso que admitir que a ciência é limitada.

Não se entenda com isso uma eventual aversão à ciência, como se tal fosse o intento desse breve ensaio. O progresso da ciência também pode ser tributário a certos dons de Deus como versam os textos introdutórios. 


Mas, como o vínculo ao Divino não é necessário em seus domínios, o mau uso do conhecimento dá azo a coisas diversas que embora ditas científicas não passam de simulacros, que Paulo aconselhou a evitar. “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência,” I Tim 6; 20 A classificada como falsa, pois, não se atém ao seu objeto, mas, ousa além, fazendo oposição à fé.
Em suma, onde os ateus classificam a fé como cega encontram os limites de sua própria visão. Afinal, caminhar sobre as águas requer certa ousadia incomum, como teve por alguns instantes, Pedro. Ele só se atreveu a tanto porque viu o Mestre fazendo e tentou imitar.

Como quem fecha a porta à fé não “vê” ao Senhor, fica sem parâmetro. Náufragos na ilha da incredulidade, os ateus até fazem suas rústicas jangadas teóricas no mar da existência; mas, os ventos nunca lhes são favoráveis.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A fraude dos debates políticos




Embora os medos, adulto e infantil cotejados na frase do filósofo pareçam antagônicos, são facetas do mesmo drama. Uma criança teme o escuro por sentir-se sozinha, desprotegida; depende da informação visual sua segurança. Um adulto teme à luz, pois, essa também o põe inseguro, dado que rasga a máscara do teatro comum que encena. 

O “escuro” de sua dissimulação que o protege. A criança quer companhia, cumplicidade; o adulto também. Aquela depende de ver; esse, de não ser visto como realmente é. 

A visão que conta, em última análise, ao curso do tempo prescinde dos olhos; abriga-se nos domínios do entendimento, compreensão. Daí se diz que “O pior cego é o que não quer ver”. Noutras palavras, o que voluntariamente priva-se do que lhe está ao alcance, por temer às consequências da luz. 

Cristo acusou seus coevos de uma fuga dessas. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3; 19 e 20 

Assim como a solidão de um infante seria sentir-se isolado em ambiente espacial, a solidão adulta se dá do mesmo modo em “ambiente” moral, espiritual. 

Essas inquietações “luminosas” me assaltam nesse tempo, dado que, está em curso a propaganda eleitoral,  eventualmente, se promovem debates; e recuso terminantemente assistir tanto aquela, quanto esses. 

Não sei se um anjo, capetinha, ou, alter ego me acusou de evitar à luz, de fugir ao conhecimento por recusar ouvir o que os postulantes têm a dizer. Assim, como desconheço quem é o que me acusa, dirijo minha diatribe ao que servir o chapéu.

Primeiro: Não acho que uma pessoa vale pelo que diz; antes, pelo que é. O seu ser demonstra-se mediante ações, não, palavras. Como 99% dos postulantes já são pessoas públicas, sei o que fizeram;  isso me vale muito mais que o que dizem. 

Segundo: Um debate demonstra apenas que se dá melhor na retórica, no uso das palavras. Quem é mais hábil tanto em urdir, quanto, evadir-se a uma saia justa. Não há concessões à verdade; antes, erística pura e simples, com fito de puxar o tapete alheio. 

Quem for mais hábil nisso, a meu ver, é o mais velhaco; mais capaz de enganar ao povo, uma vez que triunfa publicamente a um oponente de nível semelhante. Desse modo, o “vencedor” num debate pode ser o pior para a sociedade. Capaz das mais grandiloquentes promessas e das mais esmeradas escusas para justificar-se por não tê-las cumprido, ao seu tempo. 

Um homem público, digo, um homem qualquer, vale por seu caráter, não,  sua lábia.  Se acreditasse deveras, que seu compromisso é com a luz, seja, a verdade, não me furtaria a ver tais coisas. 

Mas, quando “en passant” ouço Dilma apregoando sua “tolerância zero” à corrupção; Lula em ato de “desagravo” à Petrobrás, acho que minha criança perde o medo do escuro e rapidamente fujo dessa “luz”. 

Lembrei certo espanto manifestado por Isaías referente à Jerusalém de seus dias; “Como se fez prostituta a cidade fiel!” Como baixou o nível nossa sociedade na arte, esportes, política, costumes, valores... 

O humorista “Batoré” usava um bordão que me ocorre: “Pensa que é bonito ser feio?” Pois, é precisamente o que parece em nosso tempo. Quanto mais safado, corrupto, sem vergonha for, mais chances de triunfar nesse balaio de gatos onde conta o berro,  marketing, a cara de pau e os frutos somem nas brumas da mentira. 

Não sei o quê Ruy Barbosa viu quando escreveu sua célebre frase em que o triunfo das nulidades, mentira, maldade, ensejavam vergonha de ser honesto. Mas, é precisamente o cenário que assoma nesse tempo; talvez o mesmo daquele do Ruy, porém, no superlativo.

Pra meu gosto, aliás, sequer deveria existir propaganda política. Nos moldes em que é feita, além de custos elevadíssimos, alimento certo da corrupção, seu fim é enganar, não, iluminar. Bastaria que o próprio Tribunal Eleitoral desse número e currículo dos postulantes. A gente escolheria quem votar baseado nisso; em fatos, não, mirabolâncias utópicas e safadas mentiras. 

A divulgação sistemática de pesquisas também presta desserviço à democracia. Induz candidatos a mentirem mais se estão desagradando, e eleitores incautos a votarem em quem está melhor. 

A sociedade acaba traindo a si mesma refém de tais meios. "O povo não tem discernimento, apenas repete o que seus dirigentes julgam conveniente dizer-lhe." Platão

Ecumenismo: O inferno na Torre



“E o Senhor disse: Eis que o povo é um,  todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer;  agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.” Gên 11; 6 

Os que veem na união um fim, deveriam reler e interpretar bem esse texto. O cenário mostrava uma unidade divorciada da Vontade Divina, de modo que, Deus confundiu para desunir. 

Assim, a separação derivada de idiossincrasias é doentia, como versa Salomão: “Busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; ele se insurge contra toda sabedoria.” Prov 18; 1 Porém, quando procede de Deus é medicinal. “Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei e estarás diante de mim;  se apartares o precioso do vil serás como a minha boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.” Jr 15; 19 

Nenhuma concessão temos aqui, antes, uma firmeza radical. “...tornem eles para ti, mas, não voltes tu para eles.”  Nesses dias difíceis, de linguagem ambígua e canonização do erro coletivo em nome da união dos povos, qualquer que ousar defender estritamente os preceitos Divinos fala uma língua diferente; acaba separando, como em Babel. 

Acontece que o Reino de Deus e a globalização são coisas mui distintas, quando não, opostas. Essa visa amalgamar diferenças culturais e religiosas vencendo inclinações meramente locais em nome do “bem comum”; ainda que seja, em clara oposição à Palavra de Deus. 

O Reino tem cá peregrinos, embaixadores com a missão de reconciliar quantos puderem antes do julgamento do Grande Rei. Isso se faz nos termos Dele; fora dos tais, não importa a intenção, ostentação, não passa de transportar tijolos para a torre da desobediência. 

Afinal, o reverso da confusão de línguas onde ninguém mais se entendia foi feito durante o Pentecostes, sendo o motor da unidade o Espírito Santo; o fim, a exaltação de Deus.
“Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,  Frígia, Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene,  forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus. E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer? Outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.” Atos 2; 9 a 13   

Então, se em Babel as coisas fluíram do uno para o múltiplo dado que estavam se opondo ao querer de Deus, em Pentecostes vemos uma vasta multiplicidade de nações convergindo para o UM, movidos pelo Espírito Santo para reconhecerem e exaltarem a grandeza de Deus.

Embora uns gaiatos tivessem dito que os “batizandos” estavam cheios de vinho, a pergunta anterior convém responder. “O que isto quer dizer?” Quer dizer que, os que se reúnem em torno de Cristo e Sua Palavra, além de Salvos recebem o Espírito Santo;  Nesse já está plasmada a unidade de todos os servos do Reino, não importando sua origem, idioma, cultura. 

Quer dizer mais: Que os que estão de fora, meramente curiosos, não conseguem crer, tampouco entender o agir Divino. Onde jorra fartamente a Água da Vida, não podem ver mais que droga, álcool. Nesses, como naqueles dias ainda é assim. 

Os que são de Deus já estão unidos em Um Espírito, não dependem de arranjos humanos, tipo, ecumenismo. Os que olham de fora seguem vendo como droga nossa firmeza, que tacham de fundamentalismo, radicalismo, fanatismo, etc.

Então, apesar dos “bons ventos” pela globalização econômico-cultural, da unidade religiosa em avançada construção, isso tudo não passa de motim global contra o Santo. Ele não tenciona que a gente se una mesmo com divergências espirituais graves; antes, que a separação fique bem patente. 

Desafia a um upgrade nesses dias, tanto aos justos, quanto, injustos; para que as posições sejam visíveis. “Quem é injusto, faça injustiça ainda;  quem está sujo, suje-se ainda;  quem é justo, faça justiça ainda;  quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22; 11 

Em suma, se estão na moda os pregadores liberais, os “flexíveis” a fazer concessões que a Palavra não faz, com fito de evitar polêmica, aos servos de Deus ainda valem os conselhos dados a Jeremias. “...se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.”  

Claro que em dias de igrejas empresas, quantidade acaba equacionada com qualidade. Todavia, o Eterno nunca se impressionou com isso; antes, exaltou a oferta mixuruca da viúva pobre que deu duas moedas, e disse que uma alma salva vale mais que o mundo inteiro perdido. 

Afinal, flutuar água à baixo até bosta consegue. Pra ousar contra a corrente, como salmões, antes de tudo, precisamos estar vivos.

O aplauso da Terra

“Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.” Rom 5; 14 
  
Esses dois eventos pontuais, tanto do primeiro quanto do “segundo Adão” têm reflexos universais. A diferença fundamental é que a herança da queda é necessária; todo descendente de Adão recebe seu quinhão; enquanto a salvação pelos méritos de Cristo é arbitrária; as pessoas podem recebê-la ou não, ainda que disponível a todos.

A mensagem da cruz pode ser difusa entre multidões, mas, a resposta será sempre individual. Mesmo na rejeição do Salvador, Pilatos usou o “argumento” da multidão como que legitimando Sua prisão; “A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?” Jo 18; 35  Depois de explicar a natureza de Seu Reino, o Senhor ensinou: “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” V 37

Por que exponho isso? Porque vivemos a ditadura do “politicamente correto”, onde qualquer expoente espiritual é escrutinado com rigor quando fala, para ver se os ouvintes, leitores ou telespectadores são incluídos, de certo modo, nas respostas que o entrevistado dá. Ora, o Reino dos Céus prima por valores, não aplausos; por mudança de atitudes, não de palavras. 

É extremamente radical, exclusivista, uma vez que recusa outro fundamento que não Cristo; “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3; 11 É igualmente conservador, uma vez que; “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente”. Heb 13; 8
 
Criterioso com o material de construção empregado; “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.” I Cor 3; 11 e 12

Então, se algum líder ficar procurando palavras da moda, segundo o espírito do mundo para “ficar bem na foto”, tal, já não representa o Reino; foi seduzido, como Esaú, por um prato de lentilhas.

O Senhor fez questão de deixar clara nossa separação; “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.” Jo 17; 14  Tiago foi além: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Então, apesar do Reino de Deus ser inclusivo, ter lugar para todos que se arrependem, não significa que Deus aceite tudo; ou, queira parecer “lógico” ante as mentes ímpias.

Afinal, nosso labor como igreja além de ser um convite à salvação, deve ser expressão viva do juízo de Deus. A igreja sadia convida à salvação, mas, também denuncia a insensatez do mundo com seu testemunho e sua mensagem.

Do jeito que temos visto, o mundo tem examinado a igreja e achado meio retrógrada, radical, de modo que está pleiteando mais “abertura” tolerância. Pior está conseguindo.

Muitos descuidados associam as mudanças tecnológicas com valores morais, como se esses pudessem “evoluir” também. Se assim for, um “Deus” que evolui em seus valores deve ser produto da mente humana. Se Ele existe e é Eterno não pode sofrer ação do tempo. 

Certo, Sua revelação foi progressiva em vista da nossa limitação, mas, nunca mudando Seu Ser ou Seus valores.

Então, um expoente espiritual autêntico não deve se importar com as críticas do mundo, nem com a patrulha politicamente correta; antes, sua preocupação deve ser transmitir valores espiritualmente sadios. Nada valem concessões conceituais genéricas; devemos tratar com indivíduos, pessoalmente.

Cada um tem suas dores, erros, temores. Ou o amaremos dando o remédio amargo que cura; ou, douraremos a pílula enganando ao enfermo e a nós mesmos por covardia, medo da crítica. É vergonhoso saber que, muitos, depois de aceitarem o desafio de tomar a cruz, preferem crucificar outra vez ao Senhor, a crucificar seu desejo de aceitação terrena, aplausos fúteis.

Ora, a crítica humana é o aplauso celeste. “…porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16; 15
 
Quanto mais de Cristo houver em nós, menos pó da terra;  Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3; 1 a 3

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Fé, ou burrice emocional?

“E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”  “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” Jo 1; 5 e 11
 
Na introdução de sua narrativa evangélica, João apresenta dois problemas quando do advento do Verbo feito carne; um intelectual, “não compreenderam”; outro, volitivo; “não receberam”.

 Embora seja possível crer sem compreender, instintivamente, não parece ser esse tipo de fé que o Senhor busca. “Porque o coração deste povo está endurecido; ouviram de mau grado…  fecharam seus olhos; Para que não vejam…, ouçam … compreendam com o coração,  se convertam, e eu os cure.” Mat 13; 15
 Outra vez, o problema intelectual, compreender antes da conversão.

Muitos agem como se possuir determinada receita curasse sua enfermidade, mesmo sem provar o remédio. Seguido ouço a citação do “conhecereis a verdade e a verdade os libertará” dos lábios de gente que, notadamente não a conhece. 

Acontece que, antes dessas palavras, tem mais algumas que convém considerar; “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos;” Jo 8; 31. Mesmo os que criam, deveriam permanecer na Palavra, para serem aprendizes, e, aprendendo, se tornariam livres. É possível, pois, crer, e seguir amarrado à ignorância.

Em seus dias, o filósofo Sócrates já depreciava a arte dos sofistas, pois, produz crença sem ciência; os políticos são legítimos representantes daquela classe; mas, infelizmente, muito do que circula no meio dito evangélico, se enquadra nesse perfil.

Gente que crê num líder que idolatra, numa heresia que aprendeu amar, ou numa denominação com a qual acostumou. Ao invés de peregrinar no meio cristão como aprendiz dedicado da sã doutrina, traz “na ponta da língua” coisas que ouviu alhures, decorou sem compreender.

Os ministérios alistados em Efésios não foram preceituados para ensinar idiossincrasias, formar imitadores de ídolos humanos, mas, para um fim nobre, sublime; “… o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguem à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4; 12 a 14
 
Precisamos acostumar com o óbvio; verdade é verdade, mesmo em lábios ímpios; sofisma segue sendo o que é, até em ambientes “góspeis”. 

Infelizmente, quem está em apreço conta mais do que o quê está sendo apreciado. Assim, o ídolo é defendido, não a verdade. Paulo ensinou diferente: Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1; 8 Para ele, mais importante que anjo ou apóstolo ser o mensageiro, era o teor da mensagem.
 
Certa vez ouvi de um cretino que era “pregador” o seguinte: “Quando estiveres sem mensagem basta dizer que está vendo um anjo, que a igreja se empolga”.  Ora, anjo é mensageiro; e, mensageiro é para se ouvir, não para ver. Quem está incumbido do púlpito é o “anjo” da vez, para ajudar a “ver” melhor a Vontade de Deus expressa em Sua Palavra.

Vontade que tem sido vilipendiada por interesses mesquinhos. Não poucos deixam seus rebanhos atraídos pelas luzes de Brasília, e ainda “espiritualizam” suas escolhas dizendo aos seus seguidores que foram lá combater às “potestades espirituais” que dominam a nação.


Ora, quando alguém se rebela contra o propósito de Deus para sua vida, não combate contra uma potestade, acaba lutando contra o Todo Poderoso.  “Mas eles foram rebeldes, e contristaram o seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63; 10 

Deus já tinha falado, não! Mas, Balaão orou de novo como que, pedindo “licença para pecar”… O Eterno “concedeu” que ele fosse profetizar maldições por ouro; aí a extrema humilhação; quem rejeitou a instrução de Deus, acabou tendo que aceitar de uma mula; ela viu o anjo, mas, o anjo da morte.
 
Não carecemos de novos Messias; mas, melhores expoentes do Único. Afinal, desde os dias do Velho Testamento Deus já anelava que os seus fossem conhecidos também pela sabedoria; deu ensinos precisos e acresceu: “Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.” Deut 4; 6

Todavia, a história mostra que o povo não cumpriu; o que deu azo ao lamento do profeta Oséias: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento;” Os 4; 6

“Volta teu rosto sempre na direção do sol, e então, as sombras ficarão para trás” Sabedoria oriental.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Divina economia



. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância

O fato de o Senhor ter afirmado que veio trazer vida com abundância, tem se prestado a uma série de interpretações mal intencionadas. Apesar de, o verso ter sido apresentado  oposto à obra do ladrão, tem servido muito bem, aos atos daquele, graças ao analfabetismo bíblico atual.

O Senhor disse: “…As raposas têm covis, as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” Mat 8; 20  

Como poderia, pois, um “pobretão” assim, trazer abundância? Ainda afirmou: “…Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer um não consiste na abundância que possui.” Luc; 12; 15

Seja o que for que signifique a “vida com abundância”, parece não atinar à matéria; talvez seja diferente da nossa, a economia de Deus.

No episódio da viúva pobre que dera uma oferta ridícula o Senhor louvou-a como sendo maior doadora que os ricos que ostentavam grandes quantias; segundo ensinou, o conteúdo de renúncia mostrava uma devoção maior;  isso, vale mais perante Deus.

Entretanto, os pilantras góspeis ensinam que se deve sacrificar grandes quantias, mesmo as pessoas pobres, para comover a Deus com o “sacrifício”, e receber multiplicado o que deu. Ora, nesses casos, até uma anta sabe que o motor da oferenda não foi devoção, mas, a cobiça por riquezas; assim, quanto maior a dádiva, maior a doença do “ofertante”, e a safadeza do “obreiro” que  estimula.

No episódio do “desperdício” de perfume em Betânia, o Salvador também valorizou a intensidade afetiva contida no gesto, mais que o “bolsa-família” sugerido por Judas.

 A ideia que Deus seja comprador de adoradores foi advogada pelo inimigo no evento envolvendo Jó; o Senhor repudia tanto, isso, que expôs Sua honra, permitindo o duro teste sobre seu servo. 

Na verdade, quem sempre foi rico administra bem as posses, por estar habituado com elas.
Quando multiplicou os pães e peixes, uma vez saciadas as pessoas o Salvador disse: “Recolhei o que sobejou para que nada se perca.” Admirável lição de economia de quem é Senhor do universo! 

Quanto ao que enriqueceu de repente tem dificuldade com o fato novo por lhe ser estranho. Não raro, desperdiça posses em futilidades  dissoluções.

Quem acertou a “mega-sena acumulada” sozinho, foi o inimigo, quando mediante engano conquistou obediência do primeiro casal. De posse disso, se propôs a comprar adoração. “... Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu.” Luc 4; 6 e 7

Todo vendedor de “bênçãos” pertence a ele;  lição ensinada a Simão o mago. “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.” Atos, 8; 20

Além disso, quem prosperava com ministério espiritual, não eram os servos de Deus, antes, uma pitonisa enriquecia seus senhores com suas adivinhações. “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.” Atos 16; 16

Expulso o demônio, a revolta foi tal, que Paulo e Silas foram presos em Filipos.

O truque dos safados da mídia atual tem sido focalizar a Bíblia em destaque para deixar claro que seus textos são dela extraídos. Ora, o diabo nunca negou que Deus disse algo, apenas, adulterou; o que seus seguidores fazem muito bem.

Enfim, se a vida de qualquer um não reside na abundância de bens, e o Senhor trouxe vida com abundância, em que consiste a vida? O mesmo Mestre ensinou: “E a vida eterna é esta: que conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo; 17; 3

Ciente disso, Paulo exortou a Timóteo quanto à economia de Deus: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e  transpassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.” I Tim 6; 10 e 11

Como “tomar posse” está na moda, também foi, aconselhado, então; “…toma posse da vida eterna,…” I Tim; 6; 12 Quer mais abundância de vida que isso? Uma que extrapola aos portais do tempo e poderá um dia contemplar a  Deus?


 As riquezas de Deus são gratuitas e eternas, mas, pouco apreciadas, infelizmente. “Aceitai a minha correção, e não a prata; e o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido.