segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Relação sem coração


“A sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7:12

Sabedoria ou, dinheiro. Qual priorizar? Encontramos na Palavra de Deus o seguinte: “Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé; traspassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6:10

Basta uma leitura atenta para entendermos que, Paulo não está avaliando o dinheiro como mau; antes, o “amor ao dinheiro”; o apego exagerado a um meio, que o transforma em fim.

O dinheiro é amoral, neutro. Serve para avaliar, transformar e guardar, bens e serviços, mas esses três verbos carecem da ação humana; sozinho, nada faz.

Se, alguém que viveu privações, receber um sopro da sorte e de repente se tornar rico, em muitos casos, a pessoa “mudará”, passando a evitar outras, manter distância, em meio à nova realidade.

Um simplório, sobretudo, um dos que “perderam o amigo” porque enriqueceu, concluirá: “O dinheiro não presta! Fulano era gente boa enquanto pobre. Agora que meteu a mão na grana, evita a gente como se nem conhecesse.”

Será que foi mesmo o dinheiro, ou, esse apenas serviu para revelar esqueletos do armário de um, “gente boa” que, astutamente se movia mercê das conveniências; mudando essas, mudou ele seu agir? A cegueira do homem natural é tal, que ele consegue mentir pra si mesmo e acreditar.

Há muitas “filosofias anticapitalistas” que falam mal do acúmulo de dinheiro, quando, nas mãos alheias. Porém, basta o metal se amontoar sobre as mãos desses, e seus discursos “igualitários e partilhantes” fazem estrondoso silêncio. As riquezas que devem ser divididas são as alheias. Das próprias eles sabem como “fazer justiça”.

Quando incautos, entrevistados nas filas das mega loterias, questionados sobre o que fariam com tanta grana, se a ganhassem, acenam com obras gigantescas de filantropia, socorro aos parentes; mas, os poucos que ganham, não raro, caem na esbórnia comprando prazeres e vícios; muitos terminam tragicamente. “Na prática, a teoria é outra.” Joelmir Betting.

Nos botecos da vida, quem nunca ouviu elogios aos bens que o dinheiro não compra? Pois, esses são os tesouros de Sophia, em demanda dos quais, jamais encontramos filas de sonhadores, desejando adquiri-los.

Ela mesmo, a sabedoria convida, ensinando: “São justas todas as palavras da minha boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, justas para os que acham conhecimento. Aceitai a minha correção, não a prata; o conhecimento, mais que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria que os rubis; tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela. Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho o conhecimento dos conselhos.” Prov 8:8-12

Claro que não devemos descartar o dinheiro, dado ser um meio bom e útil, para a vida humana em sociedade. No entanto, se tivermos que decidir entre ele e a sabedoria, se ambos forem postos como coisas excludentes, que seja natural fazermos a boa escolha. Entre um bem que apenas nos “defende”, pontualmente, e outro, que nos preserva para a eternidade, dando-nos vida, a escolha parece óbvia.

Até porque, como um viciado que sempre “progride” em direção a alucinógenos mais fortes, assim erra o que ama o dinheiro. “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Ecl 5:10 

Tendo o bastante para viver confortavelmente, os “dependentes”, usam meios desonestos até, em busca de mais; pois, suas almas pobres não lhes permitem usufruir das riquezas que têm.

O despego material é um “poder” que Deus dá, aos que enriquecem espiritualmente; o “rico” sem Deus, “... nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja, e Deus não lhe dá poder para daí comer, antes o estranho o come...” Ecl 6:2

Nos últimos dias seremos forçados a escolher entre o dinheiro ou a sabedoria; o dinheiro será digital, o acesso ao sistema global, a “marca da besta”; sem ela, ninguém poderá comprar nem vender. Quem a aceitar estará se deixando marcar por Satanás, como gado dele.

Aqueles que não se libertaram das garras do amor ao dinheiro quando era uma possibilidade, como se portarão, quando, trocá-lo por Deus for uma “necessidade”?

Eventualmente, anúncios em sites de vendas trazem coisas a “preço de desapego”; pois, faremos bem se, mesmo precisando do dinheiro para o curso das nossas vidas, no prisma dos sentimentos, pudermos ir lidando com ele, com certo desapego.

Com as mãos apenas, sem o coração. “Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também vosso coração.” Luc 12:34

domingo, 17 de dezembro de 2023

Porta-bandeira


“... vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele Sua bandeira.” Is 59:19

É próprio do inimigo a arte da dissimulação, do disfarce, não costuma vir de peito aberto; pode, inclusive se disfarçar de anjo de luz; seus ensinos, parecerem, caridosos, humanos, inclusivos, libertários. Discernimento é essencial.

Uma bandeira, com cores e formas, nada mais é que o símbolo que forja uma identidade. Agremiações, partidos, ideologias, associações, municípios, estados, usam-nas.

Um pleito, uma cosmovisão, podem ser figurados como “bandeiras” sem o uso de um lábaro, necessariamente.

Ante determinada posição, se pode dizer que ela está sob essa ou aquela bandeira; significando as ideias que a posição referida esposa.

Hoje, li uma postagem sob a “bandeira” do individualismo que me fez pensar; dizia: “Repita comigo: A maneira que alguém escolheu viver é problema dele, não meu.” Gostei do “repita comigo”: Me senti na pré-escola com uma “tia” segurando-me a mão, ensinando a curvatura das vogais.

Habituado a ruminar antes de engolir, aos poucos fui formando um conceito diverso. Que, as escolhas de outrem não me dizem respeito, de acordo. Ninguém tem direito de interferir no arbítrio alheio. Todavia, uma coisa seria interferir; outra, advertir contra eventual perigo.

Respeitosamente comentei que preferia repetir com Deus, que com o autor da postagem. A Palavra Dele diz: “Se tu deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte, os que estão rumando à matança; se disseres: Eis que não o sabemos; porventura não o considerará aquele que pondera os corações? Não saberá Aquele que atenta para tua alma? Não dará Ele ao homem conforme sua obra?” Prov 24:11,12

Vendo eu alguém tomar um caminho deletério, física ou espiritualmente, em nome da individualidade “inalienável” desse alguém, eu fingiria não ver; faria de contas que estaria tudo bem? Não entendo por que, bombeiros fazem tudo para salvar pretensos suicidas; e as individualidades deles?

Os salva-vidas nas praias, usam bandeiras de diversas cores, tendo cada uma sua mensagem. Quando o mar está mui revolto, perigoso, colocam bandeira preta, avisando contra graves riscos de se entrar na água naquelas condições; se, as águas estão perigosas, num grau sutilmente menor, usam à bandeira vermelha, advertindo da existência de perigos consideráveis, repuxos, etc. Se os riscos são pequenos, contornáveis, em geral, usam bandeira laranja; porém, na maré mansa, onde, respeitadas as peculiaridades do mar, não há perigo, são boas as condições, colocam a verde.

Antes de salvar alguém, em meio a um perigo, pois, há todo um conjunto de cuidados preventivos, dado o valor da vida humana e a importância de preservá-la.

Entretanto, sob quaisquer condições, se virem alguém nas águas, correndo risco, presto eles intervirão; seu trabalho é salvar vidas em perigo, não, “respeitar à individualidade” das pessoas, como um valor absoluto.

De semelhante modo, a vida espiritual. As pessoas regeneradas em Cristo, por Ele capacitadas a ser “salva-vidas”, não têm direito de bancar as desentendidas, quando veem que alguém corre risco de perdição. “intrometer-se nas vidas alheias” mediante conselhos, ensinos, advertências é parte do “ofício” das tais.

Embora, seja difícil convencer sobre a estrita dualidade da vida, ou se está com Deus, ou contra Ele, não há neutralidade; as coisas a rigor, são assim. 

Qualquer “bandeira”, por libertária, inclusiva, humanista, solidária que pareça, se, em seu bojo aliena da verdade, justifica ao pecado, avaliza ao egoísmo, ou perverte a Doutrina do Senhor, é do inimigo.

Cabe aos habitados pelo Espírito Santo, discernir às coisas como o são; feito isso, avisarem da parte do Senhor. “... vindo o inimigo como uma correte de águas, O Espírito do Senhor arvorará contra ele Sua Bandeira."

A Bandeira do Espírito Santo não é identificável por cores ou formas, diferente das outras; antes, pelos frutos que devem produzir, os que estão sob ela; “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gál 5:22,23

A incredulidade é multifacetada, bem como, a oposição a Deus. Não obstante O Espírito Santo seja Uma Pessoa, quase sempre age usando outra, um ser humano por Ele habitado, para devida comunicação da Vontade Divina.

A Palavra ensina que não lutamos contra carne nem sangue, antes, contra principados e potestades espirituais; não peleamos contra o inimigo, diretamente. Antes, contra seus ensinos e doutrinas errôneas, difundidas mediante pessoas que estão sob a influência dele. Qualquer tipo de pecado é uma cor, no mosaico de imoralidades dele.

Os que são habitados pelo Espírito Santo, usam “vestes alvas” (obras de justiça) tendo o Óleo Santo sobre si; a unção, direção Dele. “Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9:8

Perdas necessárias


“O que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. Na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas; considero-as como escória, para que possa ganhar a Cristo;” Fp 3:7 e 8

Toda a escolha implica em perdas; ao dizermos sim, a determinada opção, automaticamente dizemos, não, a todas as demais. Imaginemos alguém em idade de se casar, que deseja isso, tendo três ou quatro pretendentes; ao escolher aquela/e que lhe agrada, sem dizer, de modo indireto, diz não, às outras possibilidades.

Quem se rende a Cristo deveras, esquece de todas as demais religiões, dada a inutilidade delas, e a exclusividade do Salvador; “ninguém vem ao Pai, senão, por mim.” Jo 14;6 Além disso, diz não, ao modo de vida pecaminoso de antes, entendendo que foi chamado a ser santo.

Seria saudável alguém se casar e conservar nas suas paredes, quadros com fotos de antigos amores? Não causaria constrangimentos, ciúmes, até? Quem for a Cristo esqueça crendices antigas, amores pretéritos. O Espírito Santo, dado a nós, após pertencermos a Ele, é zeloso; “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes? Tg 4:5

As opções religiosas de Paulo, então, era o judaísmo, versus o novo nascimento em Cristo.

Alguns que se converteram, não tendo entendido ainda a ruptura necessária, tentavam fundir às duas coisas; Paulo ensinou que era uma ou outra; eram excludentes; “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído.” Gál 5:4

A Lei era santa, justa e boa, mas não fora dada para salvar, antes, para conduzir ao Salvador; “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3:24

Com as credenciais requeridas para ser visto como um religioso respeitável, Paulo tinha o “pedigree” que os judaístas aprovariam; não se importou que essas qualidades fossem tidas como escórias, pela excelência do conhecimento do Salvador.

Ele mesmo alistou seus predicados judaicos; “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a Lei, fui fariseu; segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na Lei, irrepreensível.” Fp 3:5 e 6 Fora muito bom no que se tornara inútil; seu potencial judaísmo.

O Salvador mesmo ensinou, que, quem lograsse ver O Reino de Deus como é de fato, certamente abriria mão de todas as demais “riquezas” pela excelência dele; “O Reino dos Céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.” Mat 13:45,46

Muitos “se convertem” trazendo seus cacoetes religiosos de antes, e os pretendem “cristianizar”; outros, estragam à “Sã Doutrina” enchendo-a de penduricalhos como se ela fosse uma árvore de Natal.

“Sola Scriptura;” diziam os reformadores;

a Escritura, a tradição da igreja e dogmas, defende o catolicismo;

a Escritura e o “Espírito de Profecia” de Ellen White, objeta o adventismo;

a Escritura, com sua “tradução” peculiar, e livros aprovados pela Torre de Vigia, esposa o jeovismo;

algumas nuances da Escritura, e os muitos acréscimos e deturpações de Joseph Smith, pretende o mormonismo;

algumas porções escolhidas da Escritura, sobre amor e caridade especialmente, e, ensinos dos mortos que, supostamente, voltariam em médiuns, defende o espiritismo... etc.

Negar-se cabalmente, por Cristo, embora proposto a todos, não é para qualquer um. “Muitos são convidados; poucos, escolhidos.”

Paulo foi categórico sobre os câmbios necessários: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; e tudo se fez novo.” II Cor 5:17

Além dos cacoetes religiosos, muitos vícios que A Palavra declara abomináveis, como as perversões sexuais, também são trazidos pra dentro da Igreja, de modo profano, para emporcalhar os lugares santos.

Qualquer um pode vir a Cristo, sujo como estiver; não importa quais pecados tenha cometido. Ele É Grandioso em perdoar. Todavia, quem se arrepende e confessa, além da palavra de perdão ouve outras; “Vá e não peques mais.” O Senhor perdoa a todos; não aceita a tudo.

Se, Paulo considerou como escórias, credenciais que eram tidas como respeitáveis na sociedade dele, pela excelência de Cristo, como consideraria, práticas que sempre foram vistas como réprobas, desprezíveis?

Ah, mas, os tempos são outros... Não! Os homens são outros. Muito piores que os de antes, sem a capacidade salutar de sentir vergonha, necessária, ante situações vergonhosas.

Quanto mais a humanidade se afasta do alvo, mais gritante será a diferença das “novas criaturas” em Cristo; pois, Ele não muda. “Jesus Cristo É O Mesmo; ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8

sábado, 16 de dezembro de 2023

Em busca de Sophia


“O escarnecedor busca sabedoria e não acha nenhuma, para o prudente, porém, o conhecimento é fácil.” Prov 14:6

Embora, sabedoria e conhecimento sejam postos como sinônimos, no paralelismo antitético da poesia hebraica, não é estritamente assim.

O conhecimento é uma ferramenta amoral, que pode ser adquirido pelos ateus, ímpios, ou, santos; sabedoria, por ter uma origem mais nobre, não é tão pródiga assim.

Na antítese do provérbio acima, temos o escarnecedor e o prudente; aquele buscando Sophia numa empreitada vã, enquanto, para o prudente, a empresa se revela simples. Por quê?

Acaso um governante sábio colocaria uma arma poderosa, nas mãos de um assassino? Então, o Eterno daria sabedoria ao ímpio. É certo que há muitos astutos, velhacos, gerindo, manipulando, tripudiando de gente melhor que eles; porém, os céus os reconhecem como sábios? “Essa não é a sabedoria que vem do alto; é terrena, animal e diabólica.” Tg 3:15

A quem não tem relação sadia com o dever, o consórcio com o poder não fica bem. Quando um indigno governa, isso não procede do Senhor; a permissão procede, tendo em vista algo justo, como eventual punição, juízo, ou, aprendizado para aqueles que, pelo acossar das paixões efêmeras, acham prazeroso ser inconsequentes.

“A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade nem hipocrisia.” Tg 3:17

Não é Deus que fecha a porta para que os ímpios aprendam. Eles mesmos o fazem. Sendo, “O temor do Senhor o princípio da sabedoria...” Prov 1;7 contudo, eles preferem a amplidão dos escárnios; a justiça Divina faculta uma colheita consoante com o plantio; “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6:7

Deus Fala em Seu amor misericordioso chamando-os ao arrependimento; invés de ouvir, eles escarnecem; então, “também Eu me rirei na vossa desventura, em vindo vosso terror, Eu zombarei, em vindo o vosso terror como a tempestade, e a vossa perdição como o redemoinho, quando vos chegar o aperto e a angústia. Então, Me invocarão, mas não responderei; procurar-me-ão, porém não vão Me achar.” Prov 1:26-28 Adverte O Senhor.

O conflito entre filósofos e sofistas, residia no fato que, os amantes do saber o desejavam, para encontrar a verdade; enquanto, os retóricos vãos, queriam apenas um simulacro, para emplacar narrativas verossímeis, visando a dominação pelo engano. Mentir com pompa e circunstância fazendo isso parecer verdade já lhes bastava, conquanto, dobrassem o vulgo. Qualquer semelhança com a maioria dos políticos é semelhante mesmo.

A sabedoria não erra por subsolos assim. Ela é um Dom Divino distribuído seletivamente. “Porque o Senhor dá a sabedoria, da Sua Boca vem inteligência e entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos; é escudo para os que caminham na sinceridade, guarda as veredas do juízo e conserva o caminho dos Seus santos.” Prov 2:6-8

Revela nossos caminhos tortos mediante a luz da Sua Palavra; depois desafia-nos ao arrependimento e mudança; quem aceita é perdoado e salvo. A seguir, enriquece aos salvos, com dons da Sua Graça. “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso. Porque a um é dada, mediante O Espírito, a palavra da sabedoria...” I Cor 12:7,8

Sendo um dom da Divina Graça, como a sabedoria espiritual repousaria sobre um escarnecedor? Se, nem todos os justificados em Cristo são sábios pelo contingente de luz que possuem, o são, pelo princípio da boa escolha.

Os mais simplórios, possuem a luz que mostra o caminho à eternidade, enquanto, os laureados pelo conhecimento nas universidades humanas, erram de modo bisonho; pois, “... Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; escolheu as coisas humildes do mundo, as desprezadas, aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença Dele.” I Cor 1:27-29

A sabedoria terrena constrói magníficos engenhos, meios de transporte, aparatos tecnológicos, etc... A sabedoria espiritual não usa diamantes em fundas.

“Expomos sabedoria entre os experimentados; não, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas falamos a Sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se tivessem conhecido, jamais teriam crucificado O Senhor da glória;” I Cor 2:6-8

Não apenas os que isso fizeram, mas aos de hoje, que rejeitam ao Senhor e Sua Palavra, a sentença é a mesma; “Os sábios serão envergonhados, aterrorizados, presos; rejeitaram À Palavra do Senhor; que sabedoria é essa que eles têm?” Jr 8:9

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Os videntes


“Visão de Isaías, filho de Amós...” Is 1;1

Encontramos no livro de Samuel: “Antigamente em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia assim: Vinde, vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje, antigamente se chamava vidente.” I Sam 9:9

Enquanto os profetas de Baal, aconselhavam Acabe a ir pra uma guerra indevida, Micaías o profeta do Senhor disse: “Vi Israel como um rebanho sem pastor...” Figura para vaticinar a morte do rei.

O Senhor fazia uso de imagens para comunicar Seu propósito, aos Seus servos. Além de falar com eles, permitia que vissem coisas na dimensão espiritual.

Quando um grande exército cercou Dotã, visando prender a Eliseu, o moço que o servia apavorou-se; “Orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. O Senhor abriu os olhos do moço, e viu; o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.” II Rs 6:17

O que escapava ao vulgo era “normal” para o que fora escolhido por Deus.

Os falsos profetas, quando denunciados por Jeremias, invés de palavras falsas, apenas, difundiam também, visões falsas; “... Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da Boca do Senhor.” Jr 23:16

A Lei ensinava que qualquer incidente carecia de no mínimo duas testemunhas para ser considerada a versão, aceitável; aos que chamava a falar Sua Palavra, acrescentava O Senhor, visões espirituais, testemunhas a corroborar a mensagem, como relatou Amós, por exemplo: “... eis que o Senhor estava sobre um muro, levantado a prumo; tinha um prumo na Sua Mão.” Am 7:7 depois, a explicação: “... Que vês tu, Amós? Eu disse: Um prumo. Então disse O Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel...” V;8 um sinal de juízo.

Após o advento do maior de todos os profetas, (... entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta que João o Batista;” Luc 7:28) houve uma mudança no trato do Eterno com a humanidade; “A Lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o Reino de Deus...” Luc 16:16

Isso eliminou a necessidade de profetas nos moldes antigos; dado, um fato majestoso antevisto pelos profetas; “Porque O Senhor está para sair do seu lugar, descerá e andará sobre as alturas da terra.” Miq 1:3

A epístola aos hebreus ensina: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.” Heb 1:1

“quem vê a Mim vê ao Pai... Eu e o Pai Somo Um...”
Ensinou Jesus. Então, era Deus andando sobre a terra.

Também nesse caso a Palavra não foi apenas ouvida; antes, “O Verbo se fez carne...” ela foi vista, além de ouvida, como escreveu Pedro; “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos Sua Majestade.” II Ped 1:16

Paulo, que inicialmente fora adversário; uma vez convertido e edificado, pretendia que o conhecimento de Jesus fosse espiritual; embora, também vira ao Senhor nos dias da Sua carne; “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne...” II Cor 5:16 

O Salvador deveria ser “visto” pela transformação operada nas vidas pertencentes a Ele; “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo.” V;17

Sendo Cristo, “Autor e consumador da fé...”, e a “fé o firme fundamento das coisas que não se vê...” somos desafiados mais ao uso dos ouvidos, que, dos olhos; “... a fé é pelo ouvir, e ouvir pela palavra de Deus.” Rom 10:17 Então, “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apoc 3:6

Embora, eventualmente O Espírito Santo mostre visões a quem lhe aprouver, geralmente o faz por uma necessidade ministerial, ou, uma informação que julga necessária a quem lhe é íntimo; não para gerar a fé: “... Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.” Jo 20:29

Esses “profetas” de redes sociais do “O Senhor me mostra, isso, aquilo...” fariam melhor uso do dom de ver se o usassem para ler o que está escrito. Lá O Eterno nos mostra o que convém ser, e ensina a discernir pela Palavra, o ser, além das aparências.

Entre as muitas coisas que Isaías viu, estava um povo que “honrava” Deus com os lábios, estando o coração distante. Esse povo, vazio e profano, causava maldição; “... a terra está contaminada por causa dos seus moradores... Por isso a maldição consome a terra...” Is 24:5,6

O preconceito


“Os bárbaros usaram conosco de não pouca humanidade; porque, acendendo uma grande fogueira, nos recolheram a todos por causa da chuva que caía e do frio.” Atos 28:2

O navio que levava Paulo preso a Roma, encalhara na ilha de Malta no Mediterrâneo. Chegando lá, os náufragos foram recebidos como Lucas relata acima. Os “Bárbaros” foram muito humanos.

Quem eram os bárbaros? De qual povo descendiam? Na verdade, não se tratava estritamente de um gentílico, uma etnia; antes, era um termo genérico, pejorativo, aplicado a muitos povos. Inicialmente, os gregos consideravam bárbaros aos que não fossem gregos. Reputados inferiores, alienados da cultura helenista, beócios, cruéis, belicosos, insensíveis.

Nos dias do Império Romano, os povos alheios à cultura de Roma; iberos, celtas, trácios, germânicos, persas, eram todos “Bárbaros.”

Derivados dessa palavra migraram até nossos dias. Quando algo hediondo acontece, presto adjetivamos como sendo uma “barbárie”; isto é: Algo próprio dos bárbaros. Cá no Rio Grande do Sul se usa a expressão, “barbaridade”, com sentido de espanto, também, de algo que extrapola ao “normal”; derivado da antiga ideia que, rotulava aos povos periféricos aos grandes centros culturais, daquela forma.

Então, posto isso, parece que temos uma “contradição” na narrativa de Lucas. Os bárbaros nos trataram de forma muito humana. Os frutos dos “bárbaros” deixavam ver que a pecha que sofriam era preconceito.

Atualmente se usa e abusa da ideia de preconceito, não por escrúpulos humanistas, upgrade civilizatório; antes, por vileza ideológica, onde, o fomento da luta de “classes”, divergências comportamentais, diferenças raciais, se mostra muito útil ao estratagema de “dividir para conquistar”.

Então, embora preconceito seja uma coisa abjeta, que deva ser combatida, na maioria dos lábios que fazem diatribes, não se trata, deveras, de defesa da igualdade; antes, da máscara de um preconceito maior, ideológico, buscando ser “canonizada” pela suposta luta, contra preconceitos pontuais. Uma cantilena pronta fazendo pose de oásis, em cérebros ermos.

Nos dias do Salvador existia isso bem enraizado. Quando determinado escriba perguntou ao Mestre: “Quem é o meu próximo?” O Senhor contou do “Bom Samaritano.” Mas, como poderia ser bom, se era um maldito samaritano? Sim, o preconceito era tal, a ponto de uma mulher de Samaria se espantar por Jesus ter falado com ela; “pois os judeus não se comunicam com os samaritanos.” Ruim é sentir-se superior a outrem; porém, a tal ponto, de sequer falar com o “inferior”, aí extrapola todos os limites.

Embora sejam os judeus o “povo eleito” descendentes de Abraão, havia algo mais que mero laço sanguíneo, que O Salvador buscava para referendar a descendência abençoada. Zaqueu era um deles; somente depois de crer em Jesus e se arrepender de seus pecados, que foi arrolado como da bendita estirpe; “... também este é filho de Abraão.” Luc 19:9 Paulo explicou: “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.” Gál 3:7

João Batista “vacinara” contra a temeridade de confiar apenas no sangue; “Não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Mat 3:9

Eles continuam sendo alvo do Amor de Deus, semente bendita; mas, nenhum será salvo sem reconhecer ao Messias, que veio ao mundo como judeu. Felizmente, na reta final, muitos O estão reconhecendo.

Todavia, criou-se uma narrativa, (novo nome da mentira) que chama de “preconceito” à rejeição da perversidade sexual. Preconceito, como a palavra sugere, é um conceito prévio, “à priori”, antes de conhecermos as atitudes.

Como foi então, o de chamar aos maltenses de bárbaros, malgrado, fossem mui civilizados.

Nossas atitudes são nossos “frutos;” como nos comportamos numa área tão sensível como a sexual, tem grande relevância; o Mestre ensinou: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos; toda a árvore má produz frutos maus.” Mat 7:16,17

Quem define o que é bem ou mal? O inimigo propôs que deveria ser o homem. “Vós sereis como Deus, sabereis o bem e o mal.” Sempre que ignoramos à Palavra de Deus e decidimos por conta, gostando ou não, estamos seguindo à palavra do Diabo. Sim, eu sei, “discurso de ódio.”

Os estragadores de palavras estragaram mais que “preconceito;” agora, advertir alguém que está agindo contra a vontade de Deus, para que não se perca, é “odiar”. Dividir para conquistar não eclode na política apenas; nas coisas espirituais, sobretudo.

O surgimento de “mestres” que esposam a defesa de posturas perversas em nome de “Amor” mata mais que armas de guerra, pelo número de pessoas que desvia para perdição.

Todavia, “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala...” 125:1

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

O Bendito Semeador



“A luz semeia-se para o justo; a alegria para os retos de coração.” Sal 97:11

Em si mesmo não há um justo sequer, como ensina A Palavra de Deus; os que, arrependidos das suas injustiças se submetem a Cristo, são justificados; desde então, reputados justos, por causa da Justiça do Salvador, a eles atribuída.

Se, apenas após sermos iluminados para a conversão, somos tidos por justos, por que, a “luz semeia-se para o justo?” Não seria essa “semeadura” um “chover no molhado.” Estaria iluminando de novo, a quem já teria sido?

O fato de termos recebido luz para entender o básico, que a salvação é apenas em Cristo, não significa que tenhamos luz bastante para compreendermos, tudo. Há um processo de iluminação progressiva, chamado de santificação, que demanda nosso crescimento contínuo.

O conhecimento da verdade, para libertação das amarras da mentira, é um aprendizado do Senhor, mediante Sua Palavra; “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8:31,32

Os demais erram na escuridão total; “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4:19

Os que receberam ao Salvador veem um pouco; são instados a seguirem ampliando a visão, até o perfeito discernimento espiritual; “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4:18

Os amadurecidos no ouvir e praticar, À Palavra, são considerados perfeitos, aptos para as coisas mais profundas das Escrituras; capazes de discernir as coisas além das aparências. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

É necessária certa justiça, para, ante eventuais “conflitos” poder dizer como Paulo: “... sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso...” Rom 3:4 Ou, como disse Agostinho, com certo humor: “Lendo a Bíblia encontrei vários erros; todos, em mim.”

Sem essa sadia disposição de encarar à verdade mesmo quando ela nos desnuda, jamais poderemos ser iluminados; pois, nossa ímpia resiliência, egoísta, assopraria as velas que O Espírito Santo acendesse. Por isso, a “luz semeia-se para o justo.” A quem ousa ser justo o bastante, pra reconhecer às próprias injustiças.

Ademais, há um necessário consórcio entre luz e caminhada, que só os justificados se atrevem a adquirir; a luz que não molda nosso agir serve muito pouco. Não vai além de um patrimônio intelectual, um adereço espetaculoso que pode ser muito útil no desfile da vaidade; mas, que será absolutamente inócuo, no prisma da necessária purificação. Por isso, o ver e andar na vereda espiritual estão casados; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1:7

“... e
(semeia) alegria para os retos de coração.” Há uma diferença substancial entre a alegria e humor. Esse é superficial, efêmero; aquela, tem raízes.

Qualquer situação jocosa, seja um fato, ou mera construção verbal, pode nos fazer rir; despertar nosso senso de humor. Passado o instante, some. A alegria espiritual, sobretudo, não precisa de circunstâncias, por brotar de fontes que escapam do alcance dos olhos. “Porque o reino de Deus não é comida, nem bebida; mas, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.” Rom 14:17

Segundo o salmista ele tinha em seu íntimo um gozo maior que aqueles que festejavam uma grande colheita. “Puseste alegria no meu coração, mais que, no tempo em que se lhes multiplicaram trigo e vinho.” Sal 4:7

Essa alegria, além de um testemunho de paz com Deus, tem uma função medicinal, contra doenças psicossomáticas, como pânico, depressão e afins; “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” Prov 15:13 Ou, “O coração alegre é como bom remédio, mas o espírito abatido seca até os ossos.” Prov 17:22

Tal alegria requer o concurso da retidão, porque sendo patrocinada pelo Espírito Santo, jamais verteria de fontes espúrias à aprovação Divina. Deus também quer “entender a piada”; digo, sentir prazer conosco; pois o egoísmo humano divorciado dele, é obra maligna, como denunciou certa vez: “... escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66:4

Como disse Neemias, “... a alegria do Senhor é vossa força.” Ne 8:10

A luz revela nossas enfermidades; depois desafia-nos a recebermos O Médico que nos visita: Jesus Cristo. Cumpridas suas prescrições, a vida espiritual é regenerada; justificados por Ele, somos iluminados para ver por onde convém andar, e nos alegramos pelo fato dele sempre andar conosco. “... eis que estou convosco todos os dias...” Mat 28:20