sábado, 13 de maio de 2023

Hesitando na janela


“O que é, já foi; o que há de ser, também já foi; Deus pede conta do que passou.” Ecl 3;15

Aparente confusão dos tempos verbais, cuja causa é a divergência essencial, entre O Eterno e o efêmero.

Se, o que há de ser já foi, de duas uma: Ou, refere-se a um hábito que se repete, de modo que, atuar assim não é novo, já foi desse modo em dias pretéritos; ou, refere-se à visão pelos Olhos do Eterno, que, por não estar limitada ao âmbito temporal, como nós, vê o que ainda nos será, como feito.

Limites temporais se restringem às coisas “debaixo do sol”. O Senhor, Criador do Sol, inclusive, não as vê da nossa perspectiva. Se Ele só nos “pede contas do que passou”, é pela Sua Justiça, que nos responsabiliza apenas pelo que fizemos, malgrado, saiba o que faremos. Nos oferece acesso ao passado, mediante arrependimento, perdão, saudade; ao futuro, através da fé, esperança, sonhos; mas, restringe nossa atuação ao presente.

A possibilidade Divina de “andar no tempo” causou espanto e agressividade nos dias de Cristo, quando Ele disse ter visto Abraão, porque O presumiam ser, apenas como nós. “... Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, Eu Sou.” Jo 8;57 e 58

Mais um “erro” verbal afrontando à “lógica” dos oponentes ao Salvador.

Um dos Nomes pelos quais O Messias seria conhecido aludia à Sua superioridade em relação ao tempo; “... Seu Nome será, Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Is 9;6 “... Pai da eternidade...”; a ordem natural prescreve que filhos obedeçam aos pais; assim, o tempo submete-se a Deus, não o contrário.

Ele não se cansa, fadiga, tampouco, envelhece. O fato de terem lido aquela promessa inúmeras vezes, não significa que a tivessem entendido; como os discípulos no caminho de Emaús, falando com O Senhor ressurreto, bem podemos dialogar com a verdade sem a identificar.

A Palavra ensina que Deus, “... chama as coisas que não são como se já fossem.” Rom 4;17 Por isso a inerrância de Sua Palavra profética; quando a dá não está adivinhando coisas; antes, revelando as que já viu; o que já foi.

Quando decidiu na eternidade, criar “anjos” frágeis (Pois, pouco menor o fizeste que os anjos, de glória e honra o coroaste. Sal 8;5) e aperfeiçoá-los mediante o sofrimento e santificação vindo de um estágio inferior, (Sua presciência sabia da queda) ao aceitar pagar o preço do resgate por esses “esboços angélicos”, mesmo antes de operado isso, aos Olhos Divinos foi tido como tendo feito já. Por isso se diz: “... Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Apoc 13;8

Aquilo que o vulgo chama de vida, a duração da existência terrena, aos Olhos Divinos, é apenas uma janela espaço-temporal, à qual, aproveitando devidamente, nela reencontraremos o caminho de casa, a vereda da vida; “De um só sangue fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Ganhamos tempo e limites para viver, dentro dos quais, nos está sorrindo a possibilidade de buscarmos a Deus; Ele facilita as coisas colocando-se perto de nós.

Como não sabemos o momento em que essa “janela” se fechará, no tocante a cada um, bem faremos se, recebermos o chamado à salvação como urgente; “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável, socorri-te no dia da salvação; Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação!” II Cor 6;2

Tendemos a gastar nosso vigor em futilidades, como se, a salvação fosse uma coisa para se pensar, na velhice. Imensa leva de pessoas morre antes de chegar a ela. Engana-se quem supõe que nesses dias as renúncias ao pecado são mais fáceis; mesmo adormecendo os apetites do corpo no vasto leito do tempo, a alma que capitulou aos vícios desde sempre, sentirá mais saudade desses, que atração pela virtude à qual recusou-se a conhecer. Fugirá do presente, em insanas voltas ao passado.

Então, o conselho do mais sábio dos homens: “lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;” Ecl 12;1

Sabendo como vai ser o fim dos pecadores, Deus chama-os em tempo, pelo prazer de salvar. “... não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva...” Ez 33;11

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Maravilhosa graça


“... Deus exige de ti menos que merece tua iniquidade.” Jó 11;6

Antes que alguém se presuma o merecedor das Divinas Graças, o mais honesto dos cidadãos, última donzela do lupanar, precisamos ver as coisas com olhos espirituais, tendo como veraz e inquestionável a forma como Deus, “O Pai dos espíritos” vê.

As coisas na perspectiva Divina são diferentes, como ensinou Paulo: “As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2;13

O veredito sobre a condição humana foi severo, mas justo: “... Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;1 a 3

Embora possamos e devamos praticar boas obras em nossos relacionamentos, dada nossa índole egoísta, normalmente estragamos eventuais coisas boas feitas, quando, pretendemos que elas tenham um mérito que lhes escapa; nos justificar perante Deus, por exemplo.

Nesse caso, as obras humanas, acrescentam ao nosso vasto currículo de pecados, a doentia pretensão de justiça própria, coisa que Isaías denunciou: “Mas todos nós somos como o imundo, nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Tampouco abastança de bens materiais poderia resgatar a uma alma: “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir ao seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8

Nem mesmo sacrifícios de animais; serviam como indício de arrependimento, conservavam vivos os ofertantes, deixando em suspensa sua dívida, até ao tempo do aperfeiçoamento do sacerdócio, em Jesus Cristo. “Este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime do que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo-se.” Heb 7;24 a 27

Deus requer de nós, menos do que merece nossa iniquidade porque Cristo pagou por nós, o preço dos nossos pecados. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus, a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;23

Embora sejamos chamados a tomar nossas cruzes, isso é figura para a renúncia dos modos pecaminosos de viver, aos quais estávamos acostumados.

“Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24 Uma metáfora significando que, os tais, abandonaram ao curso natural de suas vidas se rendendo a Cristo.

Quando chamou todos a Si, O Salvador explicou que deveriam imitar Sua Obediência ao Pai; “Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque Meu jugo é suave e Meu fardo, leve.” Mat 11;29 e 30

O fato de O Senhor demandar de nós menos do que merece nossa iniquidade não significa que poderemos bancar os desentendidos, quando denunciados e exortados a buscarmos arrependimento. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Pois, “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

A primeira coisa para lidarmos honestamente com nossos pecados é fazê-lo pela Palavra de Deus; conhecendo e obedecendo-a; os míopes olhos humanos devaneiam com pureza, onde O Santo vê o imundo. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

O Eterno cancela a morte que merecíamos, se tão somente recebermos em nosso favor a morte de Cristo, e permanecermos na obediência a Ele. “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Uma vez que, a justiça à qual somos chamados se estabelece pela fé, quando creio sou justificado; herdo a Justiça de Cristo, que por amor, herdou minha morte.
Maravilhosa é a graça! Necessária a perseverança; “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Obra de arte

 
“Agora, Senhor, despedes em paz teu servo, segundo Tua Palavra; pois, meus olhos já viram Tua salvação” Luc 2;29 e 30


Antes da possibilidade visível, palpável, Simeão tivera uma revelação. “ ... que... ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor.” v 26


Assim é a fé. Fala aos ouvidos esperando abrigo no coração; sendo ali recebida, em tempo oportuno, testifica aos olhos também.


O que é dito deriva do que foi decidido no coração. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23 O convertido deverá dizer como o salmista: “... todas minhas fontes estão em Ti.” Sal 87;7


O homem não tem problema em acreditar no que o deixe bem, confortável. Dada nossa situação espiritual, impossível a revelação da verdade nos deixar satisfeitos. Sempre nos colocará em maus lençóis.


Uma decisão será tomada em nosso íntimo; virá em consórcio com a honestidade que assume as próprias misérias, ou, com a loucura que, por preferir o mal, dado o prazer que enseja, à ventura de ser regenerado, mesmo ao custo de renúncias. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20


Uma “fé” superficial acredita apenas no que Deus Pode Fazer em seu favor, mas recusa acreditar no que precisa, para ser restaurada à comunhão com Ele; uma forma de enganar a si mesmo, usando um verniz de religiosidade para dar novo brilho à estátua desbotada do próprio ego.


O Salvador foi categórico: “negue a si mesmo!” A salvação não é pelas obras, mas pela fé; porém, quem crê e não age conforme, perde-se maquiando um cadáver. “... a fé sem obras é morta.” Tg 2;20


Para chegarmos ao estágio em que as vistas colherão frutos da fé, esse primeiro passo é indispensável. “Porque vistes, Tomé, crestes; bem-aventurados os que não viram e creram” disse O Senhor ressurreto, ao tímido apóstolo.


A Abraão, “o pai da fé” foi dito: “Sai da tua terra e da tua parentela para uma terra que te mostrarei.” Era preciso obediência À Palavra de Deus, antes de ver a terra.


Esse aspecto demandado pela fé, andar conforme se crê, é que “dificulta” a adesão da maioria. As digitais do Criador estão explícitas, mas, eles preferem produzir credos alternativos; “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes, em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;19 a 21


O texto não diz que eles não puderam “conhecer” a Deus; antes, recusaram a glorificar e lhe dar graças, depois de O terem conhecido. Esse preço, a rendição das almas em submissão, o homem natural se recusa a pagar; aí cerca-se de subterfúgios vários, sob a casamata da desonestidade intelectual, para fazer parecer que sua impiedade tem razões sólidas. Trai a si mesmo.


O que é o ecumenismo em gestação, senão, a validação de todas as fugas, formação de quadrilha global, para, em nome de suposta união, castrar aos poucos que ainda levam a sério A Palavra de Deus?


Não se trata do veto a um credo sabidamente errôneo, doentio; antes de rejeitar ao Senhorio de Cristo, junto com Seus ensinos; “Os reis da terra se levantam, governos consultam juntamente contra O Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, e sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3


Enfim, a fé real será separada das imitações na reta final da humanidade. Antes de sermos “despedidos em paz” como pediu Simeão, teremos que suportar ainda, a guerra dos inimigos da luz.


O mundo da pós verdade, vive de narrativas; danem-se os fatos! Quem tem o poder diz o que é e o que não é, por bisonho e obtuso que pareça.


Uma geração acéfala como a atual, que considera uma banana colada com uma fita, uma “obra-de-arte" relevante, bem poderá considerar o canhoto, um deus.


Mesmo que sejamos perseguidos, violados em nossos direitos, qualquer que seja a forma de nossa morte, se permanecermos fiéis, seremos despedidos em paz, com Deus.


O que Cristo Fez por nós é a mais bela das obras, por pintar com Seu Sangue, o quadro da redenção eterna
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domingo, 7 de maio de 2023

Como andas?



“Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo.” Col 4;5

Invés de uma elite fechada que se basta, a despeito do que ocorra ao redor, a Igreja de Cristo é uma embaixada do Reino dos Céus, cujo propósito é atrair também os que ainda estão fora.

Para isso, nosso modo de andar deve ser tal, que exale um “aroma” de sabedoria ante quem nos contempla. Do nosso agir, O Salvador aconselhou: “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

Nosso devido falar, foi abordado por Paulo: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6

A transformação de um que vivera de modo dissoluto, depois de ter sido encontrado pelo Senhor, também deve ser algo que salte aos olhos dos que observam nossa caminhada. “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

As pessoas podem “ver” o que se passa no lado de dentro, quando, submissos ao Senhor, deixamos que Sua Palavra e Seu Espírito nos transformem.

Embora o mundo seja avesso aos conselhos, cada um se pretende senhor de si apenas porque, supostamente paga suas contas, Cristo nos chama para que nos importemos com os outros. “Se deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte, os que estão sendo levados para a matança; se disseres: Eis que não o sabemos; porventura não o considerará aquele que pondera os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? Não dará ele ao homem conforme a sua obra?” Prov 24;11 e 12 Ver um rumando à perdição e simplesmente fingir que não vemos não combina com O Amor de Cristo.

Quem recebeu luz espiritual enxerga o bastante para saber onde cada caminho leva; embora as opções do mundo se pretendam múltiplas, diversas, no prisma espiritual só há duas maneiras possíveis de se caminhar; uma do lado de dentro, do rebanho dos salvos, outra, no de fora; O Salvador ensina: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

A porta estreita não é a da igreja; essa pode ser ampla. Antes, é a da renúncia das paixões carnais, da identificação com Cristo, tomar Seu Jugo que significa escolher para si a Vontade do Pai, conhecê-lo e ser conhecido por Ele. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Na parábola dos fundamentos, um na areia, outro na Rocha, ambos ouviam às Palavras do Mestre; a diferença é que um apenas ouvia; o outro, praticava. “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha;” Mat 7;24

É possível estar fora, mesmo estando dentro dos ambientes onde Cristo é ensinado. As palavras Dele não são meros aparelhos para ginástica intelectual; antes, como disse Pedro, são Palavras de vida eterna.

Parece um passe de mágica, mas é mesmo um milagre! O simples ouvir e crer nas Suas palavras tem poder de regenerar a vida espiritual que estava morta em nós; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Desde a Antiga Aliança, a fidelidade dos escolhidos em cumprir os mandamentos, deveria refletir Deus, ante os que olhavam de fora; “Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será vossa sabedoria e vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.” Deut 4;6

Infelizmente, há muito sal degenerado na praça, muitos serviçais do canhoto transfigurados em ministros de justiça. Esses, além de não atraírem aos que estão fora, ainda são motivos de zombarias, pelas formas indignas em que vivem.

Enfim, podem parecer libertadores esses ossos tipo: “Cuide da sua vida!” “Guarde sua opinião para si”, etc. mas, pra onde irão esses libertários, quando a Porta da Graça fechar, estando eles do lado de fora? “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar...” Is 55;6

sábado, 6 de maio de 2023

Escrito na Estrela


“Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos Sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” Mat 2;2

Os três sábios em busca por luz. Naqueles dias de parco conhecimento, seu labor era confundido com magia; dado tratarem de coisas que escapavam aos olhos dos homens comuns. Nada a ver com a magia falaz, dos mestres do engano, cujo sinônimo, não por acaso, é ilusionismo. São produtores de ilusões; enquanto, aqueles eram estudiosos em busca de saber.

Viram uma estrela diferente, e após ela vieram; desde quando o homem comum, que se prende apenas às coisas atinentes ao aspecto fisiológico, se ocupa em observar estrelas? “Só quem ama, pode ouvir e entender às estrelas...” Olavo Bilac.

De onde tiraram a informação que tal evento prenunciava o nascimento de um Rei Poderoso em Israel? Textos antigos diziam: “... Fala aquele que ouviu as Palavras de Deus, e sabe a ciência do Altíssimo; que viu a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos. Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, um cetro subirá de Israel...” Num 24;16 e 17

Balaão, profeta que fora amante do dinheiro, a ele Deus deu a mensagem sobre a encarnação Divina, a maior das riquezas, de graça, o surgimento da “Estrela de Jacó.”

Mesmo vivendo distante, os “magos” tiveram acesso a essas coisas. Deus costuma premiar aos que desejam sabedoria de todo o coração; “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata a buscares, como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor, acharás o conhecimento de Deus.” Prov 2;3 a 5

Ironicamente, os que estavam perto do local prometido, estavam desapercebidos; os de longe observavam os céus a espera. Brilhando a estrela, saíram para o distante, em busca do Rei que ela anunciava.

Cultura inútil e perversões de toda ordem, recebemos no colo, em nossos celulares, tablets, computadores... agora, sabedoria, sobretudo, espiritual, requer uma busca, uma “peregrinação” em demanda da mesma. Como essa traz anexo um conteúdo moral, não pode ser alcançada por quem vive de qualquer maneira. O Eterno, seu doador, É seletivo nisso; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;7

Adiante, a mesma verdade é exposta de modo mais amplo: “... a vereda dos justos é como a luz da aurora, vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;18 e 19

Os “magos” receberam de Deus, luz sobre O Rei nascituro; Herodes que reinava como vassalo de Roma, apenas soube do nascimento, e não foi capaz de entender o significado.

Há enorme diferença entre ouvir falar de algo, e conhecer por manter um relacionamento, ter certa intimidade. Jó descobriu isso; “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” Jó 42;5 e 6

Herodes ouvira falar que o recém-nascido seria rei; bastou isso para sentir-se ameaçado em seu trono. Um dos truques antigos de Satã; projetar sobre seres humanos, tanto seus desejos, quanto, seus temores. Adão e Eva já eram como Deus, no que era possível, Imagem e Semelhança. O traidor prometeu: Desobedeçam e sereis como Deus. Eles caíram nessa arapuca tosca. Fez o casal abraçar como deles, um desejo que era seu.

Pois, o nascimento do Rei dos Reis, ameaçava precisamente o domínio do príncipe do mundo, não o reino efêmero de Herodes; mas, o traidor de carona no orgulho e egoísmo do monarca tentou assassinar ao infante, fazendo o rei sentir-se ameaçado.

Abstraída a diversidade da forma, o conteúdo ainda é o mesmo. Cada “Herodes” treme ao ouvir falar do Rei dos Reis. Ele não nega que quer ocupar o “trono” que esse ocupa; diz: “... Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de Mim, perder sua vida, a salvará.” Luc 9;23 e 24

Basta ao pecador renunciar um trono que está perdido, para receber à vida que não poderá mais perder, eterna.

Assim, uns poucos peregrinam longe, em busca de ampliar o que sabem, conhecer melhor ao Rei Celeste; mas, a maioria atira nas lâmpadas sentindo-se ameaçada pela luz.

O Excelso amor, que fez Deus se reduzir ao nosso tamanho, para nos salvar, é interpretado como ódio. Novamente, o canhoto manipula títeres, emprestando-lhes sua voz.

Quem olhar para a estrela achará Belém; quem perder tempo com fantoches, acabará no buraco-negro da perdição.

A integridade da Palavra


“Saiu com indignação a tempestade do Senhor; uma tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios. Não se desviará a ira do Senhor, até que execute e cumpra os desígnios do Seu coração; nos últimos dias entendereis isso claramente.” Jr 23;19 e 20

Os que evitam assuntos melindrosos, como pecado, arrependimento, inferno, ira... pregadores de facilidades, teólogos liberais, adeptos da hiper graça, centradas no Amor apenas, sem desafiar à santificação e mudança de vida, deveriam refletir um pouco diante desse texto.

Três coisas nele: O quê? A tempestade do Senhor, juízo; contra quem? Sobre a cabeça dos ímpios; quando? Nos últimos dias.

Esses costumam fracionar A Palavra de Deus em duas metades, Antiga e Nova Aliança; depois, partes menores, as palavras de Moisés, as de Cristo, e as de Paulo...

Mesmo essas divisões, inda comportariam outras menores; por exemplo: Paulo falando sobre o amor foi insuperável; mas, exagerou na severidade ao dizer que determinados tipos estariam de fora; “Não erreis: nem devassos, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” I Cor 6;10

Quem escolhe em quais porções acreditar, e se dá ao direito de rejeitar a outras porque discorda, não está crendo em Deus; antes, tentando moldar ao Eterno, à sua própria imagem. Já traz sua visão doentia de mundo, e tenta “encaixar” O Eterno nela.

A mudança principal, do Antigo Testamento para o Novo, tem a ver com o sacerdócio, antes imperfeito; agora, em Cristo, perfeito e eterno. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;12

A pena de morte para determinados pecados, adultério, feitiçaria, blasfêmia... foi adiada, aumentado o tempo para que o errado busque arrependimento; mas, o que era vetado então, permanece sendo um erro.

A Lei de Cristo é mais severa nas exigências que a dada a Moisés: “... foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo;” Mat 5;21 e 22 “Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Vs 27 e 28

Também a pena pela transgressão é maior; “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10;28 e 29

Não há predileções humanas nas Escrituras; “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1;21

Tampouco, divisões como se uma parte fosse válida, outra não. O Antigo Testamento é o Divino cuidado, fazendo o que podia ser entendido num mundo rudimentar; mas, cumprido o tempo, Ele Fez as mudanças necessárias; “Quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam debaixo da Lei, a fim de recebermos adoção de filhos.” Gál 4;3 a 5

A pena de morte que devíamos foi paga por Cristo. Nossa obediência a Ele deve ser uma renúncia tal, aos vícios antigos, que é como se morrêssemos também; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

A Palavra traz as coisas que estão superadas, e as mudanças oportunas; não carece Deus, uma “Comissão de (ímpios) Notáveis” para “corrigir, reescrever” Sua Palavra, como pretendem o Príncipe desse mundo e seus títeres.

A Epístola aos Hebreus traz em minúcias as alterações entre um e outro Testamentos; começa expondo a diversidade de meios, e a unidade da Palavra: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.” Heb 1;1

Se é vero que O Filho falou sobre amor e perdão, também falou de modo severo quanto aos reclames da justiça; “Portanto, se teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.” Mat 5;29

Enfim, a Palavra Eterna não precisa ser modernizada; antes, as vidas modernas, defensoras da pós-verdade, dos valores invertidos precisam retornar à Fonte: “... perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16

sexta-feira, 5 de maio de 2023

A "fraqueza" de Deus


“Deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é Filho do homem.” Jo 5;27

Estranha inversão! Como se, o fato de Jesus ter Se esvaziado e se feito homem, o credenciasse para exercer o juízo.

O Salvador ensinou e reiterou: “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo juízo;” v 22

A “Lógica Divina” desafina das humanas percepções. Por exemplo, após o Calvário, dizer aos judeus que, quem eles entregaram para ser crucificado era seu Deus, escandalizava. Ensinar algo assim aos gregos, com sua plêiade de deuses imortais mitológicos, também soaria, “fora da casinha.”

Contudo, era fato. “Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para judeus, e loucura para gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que eles.” I Cor 1;23 a 25

A “fraqueza de Deus” em Cristo esvaziado, O reduzia a “Filho do homem”; por duas razões, o indicado a exercer o juízo era Ele, mais que O Pai.

Os dons de Deus são irrevogáveis; “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.” Rom 11;29

O governo da terra, O Criador tinha dado ao homem, ao primeiro casal; “... Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra.” Gn 1;28

Acontece que, ao capitular à sedução, tendo obedecido ao apelo do pecado, invés da justiça, o domínio que fora humano passou ao pecado e seu mentor, o inimigo. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

O Eterno não muda as regras durante o jogo, quais meninos jugando bolinhas de gude; o domínio perdido pelo homem, deveria ser resgatado por um descendente; como nenhum estava apto para o papel, a “Loucura de Deus” permitiu que Seu Filho se fizesse “filho do Homem.” Eis a primeira razão! A Justiça Divina.

A outra é mais pragmática, tem a ver com a natureza da missão a ser enfrentada. Como Um Ser Eterno, Imortal, poderia lançar no rosto do pecado, o seu próprio salário, resistindo-o até à morte?

Sim, “exercer o juízo” a prerrogativa exclusiva do “Filho do Homem”, não era, então, um julgamento contra o ser humano; mas, contra o pecado que o escravizava. “Porquanto o que era impossível à Lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado, condenou o pecado na carne;” Rom 8;3

O pecado dando seu “salário”, a morte, a um pecador faria justiça. Porém matando quem não merecia, o pecado “suicidou-se”, condenou a si mesmo. “Pelo pecado, condenou o pecado na carne.”

O mundo não podia ver plenamente o que estava em jogo; O Senhor ensinou que O Espírito Santo Viria, clareando as coisas: “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em Mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.” Jo 16;8 a 11

O não ser retido pela morte, vencendo-a, é já Seu Juízo. Morreu por nós, por Si não precisava nem poderia.

Vencendo ao pecado, venceu também seu proponente e consorte, o “príncipe deste mundo”, que sempre se dobrará ao Senhor pelo que Ele Fez. “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente; lhe deu um Nome que é sobre todo o nome; para que ao Nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, na terra, e debaixo da terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo É O Senhor, para glória de Deus Pai.” Fp 2;9 a 11

O resumo da ópera é que, Ele desceu e se fez como nós, e abriu a porta de acesso, para que, os arrependidos e obedientes, em parte, sejam feitos como Ele; “A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

Nele “largamos nossas pedras” e julgamos a nós mesmos; uma vez purificados mediante Seu perdão, ensinamos Seus Juízos.

Infelizmente, muitos “... não podem ouvir; A Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa, não gostam dela.” Jr 6;10
Porém, “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz...” Apoc 3;6