domingo, 5 de fevereiro de 2023

Jovens e velhos


“Da idade de oitenta anos sou; poderia eu discernir entre o bom e o mau? Poderia ter gosto no que comer e beber? Ouvir a voz dos cantores e cantoras? Por que será, teu servo, ainda pesado ao rei meu senhor?” II Sam 19;35

Barzilai declinando do convite de Davi, que o queria levar consigo para a corte. Os prazeres que a vida por lá teria não tinham apelo, a um homem com oito décadas de vida. Considerou que ele seria um peso desnecessário.

Quer dizer que, os que no auge do seu vigor se esforçam para “curtir a vida”, acertam? Aqueles que são propensos a isso, certamente argumentarão assim.

Entretanto, A Palavra de Deus propõe uma solução diferente. “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias; cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; antes que se escureçam o sol, e a luz; a lua, as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; no dia em que tremerem os guardas da casa, se encurvarem os homens fortes, cessarem os moedores, por já serem poucos e escurecerem os que olham pelas janelas;” Ecl 12;1 a 3

Figuram várias mostrando o enfraquecimento do corpo, perda dos dentes, da visão... em suma: sinais da velhice. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venha a velhice.

Mas, se os prazeres, em busca dos quais, o homem costuma pecar, não têm mais seu forte apelo nos dias de senilidade, não seria mais fácil renunciá-los e se entregar ao Senhor, então? À uma lógica periférica, que considera as coisas do prisma matemático, sem atentar à complexidade do ser humano, pode parecer que sim.

Ninguém pode abrir mão do que não possui; tal “entrega” de um que desejasse “corresponder” ao Amor de Cristo manifesto na cruz, seria um erro que Davi recusou a cometer, em seus dias; “... pelo seu valor, a quero comprar; porque não tomarei o que é teu para o Senhor, para que não ofereça holocausto sem custo.” I Crôn 21;24

Que mérito teria alguém em “abdicar” da promiscuidade, quando a vigor do corpo já o fez? Outrem, renunciar à avareza e seus derivados, quando as posses materiais, às portas da morte mostram sua impotência? Que valor a “consagração” de um que, invés de poder adorar ao Senhor na congregação, apenas pode fazer reles súplicas em um leito onde carece de cuidados, mais do que outra coisa?

Não que O Amor Divino seja mercantil, baseado numa troca; Deus salva tantos quanto Pode, inda no Leito de morte; felizes o que se arrependem durante a última hora; mas, isso é raro.

Pois, a alma é “educada” pelo modo de vida que levamos; a resiliência no erro tende a fazer inda mais estreita à Porta Estreita, para aqueles que recusaram passar por ela em tempo oportuno.

“Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram quando podiam.” Rabelais.

Spurgeon conta que, certa vez viu na casa de alguém maçãs inteiras, dentro de garrafas. Intrigado pensou em como elas poderiam ter entrado, se, o gargalo era dez vezes menor? Seu senso lógico presto imaginou que as garrafas não eram como pareciam; deveriam ter um fundo falso rosqueado como parafusos. Tomou uma, olhou, em busca de uma fenda que provasse sua teoria, e nada. Sua inquietação aumentou.

Porém, num momento futuro, andando pelo pomar disse que viu diversas garrafas amarradas numa macieira. As mação eram introduzidas pelo gargalo quando pequenas e cresciam dentro das garrafas, que eram penduradas nos galhos; era isso que causava a espantosa “impossibilidade lógica", que o intrigara.

Pois, nossas almas, de certa forma carecem do mesmo processo; ser introduzidas no Corpo de Cristo, quando pequenas, moldáveis; “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6

Quando nosso prazer nas coisas do Senhor se revela mais forte que os apelos do mundo, nem a morte nos separa de Cristo, como tantos mártires já demonstraram.

Os que envelhecem sem Cristo inda poderão ser salvos, graças ao Divino amor; os que o fazem servindo-o, nem ligam para idade. “Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que O Senhor é reto. Ele É minha Rocha; Nele não há injustiça.” Sal 92;13 a 15

Se os jovens querem carta branca para os prazeres, têm; junto com outra, cinza, que atina às consequências; “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

sábado, 4 de fevereiro de 2023

A alegria


“... há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Luc 15;10

Alegria é algo interior, cujo efeito se faz sentir até mesmo no prisma visível; “O coração alegre aformoseia o rosto...” Prov 15;13

Sendo um patrimônio íntimo, não deve ser confundida com o humor, que é periférico; pode ser desperto com meros chistes, situações engraçadas, mesmo estando o interior sangrando por uma ferida qualquer. Os lábios se abrem em sorrisos, enquanto, uma nuvem insiste em marcar as retinas.

O mais sábio dos homens, Salomão, não tinha essa “alegria” em muita estima; “Ao riso disse: Está doido; à alegria: De que serve esta?” Ec 2;2

A limitação da percepção aos fenômenos poderá nos fazer rir, sem nenhum motivo veraz; nossa ignorância acerca do que ocorre distante dos olhos, nos “protege” de dores que, a um escopo mais amplo assolariam; o clássico, “O que os olhos não veem, o coração não sente.”

Por essas coisas, pois, a alegria nos domínios humanos costuma ser fugaz, e, eventualmente ceder assento à oposição. “Até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza.” Prov 14;13

Entretanto, falando das coisas celestes, os de lá, não padecem das enfermidades terrenas; sua compreensão não é limitada como a nossa.

Quando os Céus se alegram têm motivos verdadeiros, pois, conhecem a essência das coisas. O discernimento espiritual, esse sintoma de maturidade que coroa aos mais maduros dos servos de Deus, é o lugar comum por lá. O menor dentre os anjos pode ver as coisas além das aparências. Quando um desses, ou muitos, se alegrarem, certamente, os motivos são sólidos.

Em nossa limitação sensorial bem podemos nos alegrar vendo joio disfarçado de trigo; eles não. Notemos que o texto em apreço não alude a decisões que podem ser teatrais, externas; fala de arrependimento, mudança de mentes e atitudes, daqueles que, ouvindo à Palavra de Deus, se deixam moldar.

Mutas vezes, em ambientes alegres, algo dentro de nós impede que formemos coro com os demais; por quê? Porque nosso espírito que vê além das retinas, testifica que as coisas não são como parecem.

Por outro lado, o contrário também se verifica; quando se insinuam motivos sobejos para tristezas, lamentos, podemos fruir um gozo interior, que soaria a maluquice, para os “normais” à nossa volta.

“... As coisas que o olho não viu, o ouvido não ouviu, não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam. Mas, Deus nos revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão O Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Ele.” I Cor 2;9 a 12

Nada contra o bom humor, ambientes leves; entretanto, a alegria verdadeira é peixe de águas profundas. “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida; mas justiça, paz e alegria, no Espírito Santo.” Rom 14;17

Tendo em vista a superficialidade das aparências, das alegrias fugazes nos banquetes e similares, que o sábio avaliou como mais proveitosos os ambientes tristes, olhando para o fim que produzem. “Melhor é ir à casa onde há luto que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração... O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria. Melhor é ouvir a repreensão do sábio, que ouvir, alguém, a canção do tolo.” Ecl 7;2,4 e 5

Que ambiente seria mais consternador, triste, que um velório? Pois, sendo um salvo que partiu, é uma vitória aos olhos dos Céus; a certeza que essa ovelha de Cristo não mais se perderá; daí, “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos.” Sal 116;15

Quando O Eterno Permite que soframos partilhando ambientes dolorosos, o Faz por conhecer o fim a que essas coisas conduzem, aos que confiam Nele; “Porque não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.” Lam 3;33

Enfim, se nosso momento é triste, por eventos contrários aos nossos anseios, que seja. Não esboçaremos um “riso” como o das hienas.

Porém, tenhamos os olhos no Senhor, que no Seu tempo Mudará o que Ele Sabe que deve ser mudado. “Porque Sua ira dura só um momento; no Seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Os memoriais


“Tomando o pão, havendo dado graças, partiu-o e deu-lhes, dizendo: Isto é Meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de Mim.” Luc 22;19

A última páscoa aconteceu com O Cordeiro de Deus presente; embora seus componentes básicos estivessem todos, não foram mencionados; antes, o pão e o vinho, elementos relativos ao novo mandado, a Santa Ceia.

Era o cumprimento do primeiro memorial, à libertação do jugo de Faraó, a Páscoa, que, fora dado como um tipo profético da libertação do jugo do pecado, pelo Sangue de Cristo, na iminência de acontecer.

A Páscoa, respeitara ao povo hebreu apenas, que fora cativo no Egito; não é assunto de gentios. A Ceia, atinge todos os povos, como prometido a Abraão; “Abençoarei os que te abençoarem, e Amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gn 12;3

Em Cristo, independe a origem; recebendo ao Salvador e Nele crendo, qualquer um “nasce de novo” e recebe adoção na “descendência de Abraão”, como ensinou Paulo: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: Às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: À tua descendência, que é Cristo.” Gál 3;16
Nele todos são chamados à cidadania celeste; “A todos quantos O receberam, Deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, da carne, nem do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

A história de que, os elementos se transubstanciam, como ensina o catolicismo é balela. Apenas um dogma clerical, órfão de filiação bíblica.

Se, o Pão torna-se o Corpo, e o vinho o Sangue, na celebração, e, na primeira O Senhor estava presente, presidindo-a, onde estavam Seu Corpo e Sangue, quando Ele distribuía os elementos?

Ele mesmo ensinou que aquilo seria um memorial de Seu Feito, a ser preservado até Sua Vinda. “Tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é Meu Corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de Mim. Semelhantemente também, depois de cear, Tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no Meu Sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de Mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que Venha.” I Cor 11;24 a 26

Quando celebramos conforme ordenado, anunciamos a Morte do Senhor, até Seu retorno. Anunciar é reavivar a memória, no tocante ao que aconteceu, não, renovar o sacrifício, como pretendem os errados de espírito.

Pois, renovar a Morte de Cristo uma vez só, depois de ter sido abençoado pelos Méritos Redentores Dela, desprezando-a, basta para alguém se indispor contra O Espírito Santo, O Agente da Salvação, que Persuade os corações a se renderem ao Salvador.

“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, quanto a eles, de novo crucificam O Filho de Deus, e O expõem ao vitupério. Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6;4 a 8

A dificuldade de muitos no que tange à perseverança é o desejo de serem especiais, de terem uma “visão superior”, ostentarem saber algo diferente, quando, a receita é ficar no que foi aprendido. Desde dias antigos o conselho era à manutenção, não às inovações; “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Essa doença já verificada nos atenienses dos dias de Paulo, “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, de dizer e ouvir alguma novidade.” Atos 17;21 Ainda campeia em nosso tempo, de modo que, em nome do “novo” atrai muitos à velharia verificada desde o Éden, a mentira. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

A Salvação não desfila em busca de sedentos por novidades; antes, se apresenta solícita aos portadores de bons ouvidos. “O que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A vara da insensatez

 

“Então Moisés tirou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel; eles viram, e tomaram cada um, sua vara.” Nm 17;9


A vara de Arão que, mesmo morta, numa noite, florescera e frutificara por milagre Divino, depois de uma fervorosa disputa pelo seu lugar; confirmando que, sua escolha para o ministério sacerdotal vinha do Alto.

O que me espanta não é que meia dúzia de sediciosos sem noção duvidassem. Isso sempre acontece, infelizmente. Como todos decidiram participar daquilo, toda tribo de Israel tinha sua vara concorrendo no “sorteio”, isso deixa ver que, apesar dos milagres extraordinários feitos mediante Moisés e Arão, tanto na libertação do jugo de Faraó, quanto, na travessia pelo deserto, ainda pairavam dúvidas entre todos, sobre, se a ascensão dos dois fora por Divina escolha, ou, esperteza.
O lapso foi de um ancião sensato e equilibrado que dissesse essas coisas, que o pleito era insano e temerário; que ele e sua tribo estavam contentes com a Atuação Divina mediante Seus servos, confiantes no que fora prometido e se recusariam a participar daquilo. Não apareceu ninguém com lucidez e honestidade assim. Todos colocaram seus cajados na Tenda da Congregação, alimentando, no fundo, a esperança de ser o que não eram.
“Ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.” Heb 5;4
Às vezes penso que a “dúvida” é um nicho conveniente ao homem mau, onde presto se aninha, sempre que, o mérito toma a direção de outro, ou a culpa, a sua. O homem caído da Graça Divina tornou-se um mascarado capaz de trair a si mesmo jurando inocência, por debaixo da desonestidade intelectual que o prende. Por isso a sentença: “... se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32
Desde pequenos somos advertidos a evitar as más companhias; entretanto, nem todos são ensinados a discernir entre o bem e o mal com olhar apurado. Na verdade, por soltos entre os insanos pastos desse mundo, a maioria corre risco de ter seu olhar enviesado, incapaz para a essência das coisas. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce, e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21
A Vontade Divina requer um câmbio no modo de pensar; “Deixe o ímpio seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Abdicados nossos pensares malsãos, necessariamente há de mudar nosso agir; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Paulo chamou a esse “sacrifício vivo” de exercício em piedade; “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

A epístola aos Hebreus apresenta os amadurecidos nesse exercício como homens “perfeitos”; aperfeiçoados no conhecimento e prática espirituais, o que traz como efeito colateral o discernimento das coisas como são. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto o mal.” Heb 5;14
Infelizmente, a imensa maioria, invés de esperar pela honra do Divino chamado, ou, seguir fiel e prudente, se esse não vier, se joga a fazer o que não foi ordenado, abrindo portas que o Céu não desejou.
O problema desses “ministérios” de 1,99 é que nascem sem Deus, como disse Roboão; “... Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II Cron 13;9

Invés de disputas por lugares altos, ao homem espiritual interessa evitar a exaltação falsa, que eleva na Terra e desqualifica ante os Céus; “... Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Desejar o ministério é uma coisa boa, segundo A Palavra; (I Tim 3;1) quem o fizer deve esforçar-se para preencher os requisitos, não, arrombar portas; afinal como dizia Spurgeon, “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”

domingo, 29 de janeiro de 2023

Medo da luz


“Melhor é a criança pobre e sábia que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Sendo um provérbio antitético, onde duas coisas opostas são comparadas, parece lógico concluir que a qualidade da criança “pobre e sábia”, era de aceitar as admoestações, correções eventuais; coisa que o rei velho e insensato não tolerava.

Mas, um sábio precisa ser corrigido? Um sábio pelo conteúdo, parece que não; mas, assim, só Deus. Nos cabe sermos “sábios” pelo princípio; pela índole dócil ensinável; a disposição para aprender, do Senhor, sobretudo, é nossa “sabedoria”. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7 

Percebamos que, o rei, mesmo sabendo mais que a criança, pelo seu endurecimento, aversão à correção foi tido por insensato.

Aos dispostos a aprender, A Palavra encoraja que se ensine, pois, terão proveito; “Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio; ensina o justo, ele aumentará em doutrina.” Prov 9;9

À falta de noção, mesmo quando se está errado, A Palavra chama de ser “sábio aos próprios olhos”. Ou seja, as percepções particulares da vida, as ditas idiossincrasias, são as réguas pelas quais, alguns mensuram a suposta luz que possuem; fecham-se contra qualquer coisa que a suplemente, ou corrija.

Por isso o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago, e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

É bom parar pra ouvir quem sabe mais do que nós, sobretudo, no tocante às coisas do Senhor. Faço isso todos os dias, assistindo vídeos de ensino de quem ensina coisas que ignoro.

Entretanto, vivemos na geração mais sem noção de todos os tempos. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia. Há uma geração cujos olhos são altivos, as suas pálpebras estão sempre levantadas.” Prov 30;12 e 13

Embora discordando frontalmente da “solução” pensada pelo ditador Alexandre de Moraes, (controle, censura) sou forçado a concordar com uma frase que ele disse: Que a INTERNET deu voz aos imbecis. Aos imbecis, aos falsos juristas, e aos corruptos sem caráter, também.

Porém, a direito à liberdade de expressão deve ser intocável. Imbecil ou não, todos devem gozar plena liberdade de dizer o que pensam. Mesmo em Sua Onisciência, para testemunho dos Seus Juízos O Eterno permite que as coisas mais infames sejam manifestas. Leva a liberdade de expressão às últimas consequências.

Preveniu a Maria de dores que ela sofreria, por essa permissão Divina; “(Uma espada traspassará também tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” Luc 2;35

Essa geração de espinhosos que está “formatada” para a hipocrisia, elogios de plástico, tolhe a si mesma da possibilidade de aprender. A “interação” possível resume-se a lisonjas e coraçõezinhos. Ao menor sinal de discordância, voam pedras virtuais, o rei velho e insensato levanta do seu trono e vocifera seus decretos de extradição.

Sócrates, o filósofo dizia aos seus oponentes: “Liberte-me de minha ignorância e te terei na conta de meu maior benfeitor.”

Essa é a índole de criança que nos convém, como servos de Deus; “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o Reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” Mc 10;15

A índole ensinável, essa postura “infantil”, não tolhe o entendimento a que já chegamos. A excelência seria uma compreensão amadurecida, e uma disposição infantil, como disse Paulo: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Nicodemos era um príncipe, mestre do Sinédrio; e falando com Jesus, ao ouvir sobre o Novo Nascimento faz perguntas ridículas, a um olhar adulto; O Salvador, pacientemente o ensinou.

Contudo, nessa geração barulhenta, onde todos têm o “microfone” e ninguém tem ouvidos, o ensino vira um intruso; invés de uma chama a iluminar, não raro é equacionado com “falar da minha vida”; aí, os intocáveis têm suas defesas prontas; “Pague minhas contas, antes de falar da minha vida.”

Como certos felinos em armadilhas, que eventuais socorristas só podem soltá-los imobilizando-os, pois, eles veem na tentativa de ajuda, uma ameaça, assim, os intocáveis desse tempo.

Agora, Sophia fala às paredes; “Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? Vós escarnecedores, desejareis o escárnio? Vós insensatos, odiareis o conhecimento?” Prov 1;22

Infelizmente, para muitos, as consequências dessa aversão serão letais; “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te Rejeitarei...” Os 4;6

sábado, 28 de janeiro de 2023

Preço da apostasia


“Como poderia ser que um só perseguisse mil, dois fizessem fugir dez mil, se a sua Rocha os não vendera, O Senhor os não entregara? Porque a sua rocha não é como a nossa, sendo até nossos inimigos juízes disto.” Deut 32;30 e 31

O desafio a uma compreensão lógica; se a desproporção do exército vencedor para o vencido podia ser figurada como um derrotando a mil, dois, a dez mil, a conclusão óbvia seria que Deus entregara a vitória nas mãos dos adversários.

No entanto, nem sempre o que está patente aos olhos mais argutos, está assim a todos. “Porque são gente falta de conselhos, neles não há entendimento. Quem dera eles fossem sábios! Que isto entendessem e atentassem para seu fim!” vs 28 e 29

Quando O Eterno Decide pelejar por Seu povo, com trezentos homens derrota um exército inumerável, como fez contra os midianitas, nos dias de Gideão. Porém, o contrário também pode acontecer, como vemos nos versos em apreço.

A questão deixa de ser: Qual o exército mais numeroso, com mais armas; o que conta é, de que lado Deus Está, na peleja.

Muitas, vezes, a rebeldia dos que O deviam servir, enseja que Ele se torne adversário, invés de protetor, como disse Isaías: “Em toda angústia deles Ele foi angustiado, O Anjo da Sua Presença os salvou; pelo Seu Amor, e pela sua compaixão os Remiu; os Tomou e Conduziu todos os dias da antiguidade. Mas eles foram rebeldes, contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em Inimigo, Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;9 e 10

Pois, até os servidores de deuses estranhos sabiam a diferença entre aqueles e o Senhor; “Porque a sua rocha não é como a nossa, sendo até nossos inimigos, juízes disto.” Deut 32;30 e 31” “Rocha” aqui é uma metáfora para “Deus”, como o verso anterior deixa ver; conclui que seria impossível a vitória dos menores, “se a sua Rocha os não vendera, O Senhor os não entregara?”

Desse modo, quando o povo de Deus é derrotado, não tem a ver com a força dos adversários, antes, com o peso das suas culpas, de estar atuando de forma a entristecer O Senhor, de tal forma, que Esse não peleja por ele; entrega-o à derrota.

Qualquer semelhança com o que aconteceu em nosso país, é mesmo semelhante, derivada das mesmas causas em apreço. A dita igreja cristã brasileira está doente de todos os lados.

A Católica, via CNBB apoia o esquerdismo, com suas pautas anticristãs, entre elas, o aborto. Há dissidentes que se opõem, é certo.

As Evangélicas, na maioria, se tornaram súcias mercenárias, currais particulares de lideranças egoístas. A verdade tem sido sonegada em prol dos interesses mesquinhos...

Daí, vimos um ajuntamento de satanistas batendo tambores, invocando forças das trevas para que essas amparassem as mãos da mentira e da fraude, para que a “vitória democrática” ficasse nas mãos de uma ridícula minoria. “Como poderia ser que um só perseguisse mil, dois fizessem fugir dez mil, se sua Rocha os não vendera...”

Mesmo o mais pessimista dos prognósticos não seria capaz de antever, tantos retrocessos num pífio tempo, como acontece atualmente no Brasil. Tudo de ruim que se dizia que a esquerda implementaria, estando no poder, volta dos roubos via “Lei Rouanet”, patrocínio de ditaduras vizinhas como nosso dinheiro, aborto, corrupção, gastos desmedidos, abandono de promessas de campanha, etc. está acontecendo veloz.

Sem contar a flagrante infiltração de vândalos alugados, para depredação de patrimônio público, a fim de criminalizar e punir severamente, gente inocente que protestava pedindo transparência no sistema. Mortes acontecerem desses; mais sangue clamando, nas mãos canhotas.

Quando ouço certos irmãos exortando a “orar pelas autoridades” porque está escrito sinto vergonha alheia. Tem mais algumas coisas escritas que eles parecem não saber: “Quando vês o ladrão, consentes com ele, tens a tua parte com adúlteros.” Sal 50;18

Não reconheço ladrões como autoridades, nem os que se opõem a Deus como respeitáveis em nome de suposta Lei que só vale a favor da impiedade; “Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual forja o mal pretexto de uma lei?” Sal 94;20

Nem todos os cristãos do Brasil são uma fraude; a maioria, infelizmente, é. Nossa “Rocha” permitiu a humilhação que estamos sofrendo, para que repensemos caminhos, ousemos ser idôneos, verazes, altruístas, invés de hipócritas interesseiros, como muitos têm sido.

Deus Ama à justiça, em tempo, fraude, mentiras, corrupção, violências serão julgadas e punidas. Mas, nesse quesito, do juízo, nós temos prioridade; “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; se começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao Evangelho de Deus?” I Ped 4;17

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Escolha o caminho


“Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Se esse caminho que no final tem uma armadilha, se disfarça sobre a aparência lícita, direita, com evitá-lo? Parece que precisamos, de alguma forma, ir além das aparências.

Pensadores antigos desconfiavam das “informações” sensoriais; “Maus conselheiros, são os olhos e ouvidos, se os homens tiverem almas bárbaras.” Diziam os pré-socráticos. Parece que a educação das almas era seu ponto de partida, não, a precipitada anuência a tudo o que vê, ou ouve.

A Palavra de Deus também não recomenda o conselho de falsas testemunhas. “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;7

Reiteradas vezes encontramos o seguinte: “Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito Diz às igrejas.” Óbvio que isso não advoga a aceitação a tudo, simplesmente porque temos ouvidos. Para ouvir ao Espírito, carecemos ouvidos espirituais.

Envolve mais que tímpanos; submissão, obediência, anseio de aprender, arrependimento, fé... O mero escutar, entrar num ouvido e sair no outro, foi denunciado por Isaías, e reiterado pelo Salvador como algo vão. “Porque o coração deste povo está endurecido, ouviram de mau grado, fecharam seus olhos para que não vejam, ouvidos para que não ouçam, e compreendam com o coração, se convertam e Eu os cure.” Mat 13;15

Notemos que a barreira para a cura do Senhor era um coração endurecido; e a solução seria outro compreensivo, dócil, ensinável.

Nada valerá a informação de que determinado rumo é letal, depois de estarmos mortos; o inferno está cheio de “sábios” assim.

Deus tenta evitar que nos percamos, desafiando-nos a lhe darmos ouvidos, em tempo; “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; Eu Sou Deus, não há outro Deus, não há outro semelhante a Mim. Que Anuncio o fim desde o princípio, desde a antiguidade, coisas que ainda não sucederam...” Is 46;9 e 10

Então convida-nos a tomar um rumo que, inicialmente não parece o mais atraente, tendo em vista o fim. “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

Por que, aos olhos humanos as coisas conseguem parecer o que não são? Porque sua essência escapa à percepção da visão natural; Saint Exupérry dizia que “O essencial é invisível aos olhos; só vê direito quem olha com o coração”.

Pois, como uma nuance do coração regenerado, A Palavra de Deus desafia ao entendimento; “De que serviria o preço na mão do tolo para comprar sabedoria, visto que não tem entendimento?” Prov 17;16 Com dinheiro esse poderia comprar um livro contendo muita sabedoria; mas, sem entendimento, de que serviria?

Além de escrever coisas espirituais em suas epístolas, Paulo rogava pelo entendimento aos seus destinatários; “Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai da glória, vos dê em Seu conhecimento o espírito de sabedoria e revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” Ef 1;16 a 18

A visão espiritual evita que capitulemos ao logro das aparências; aquilo que parece lógico, probo, lícito, aos olhos naturais, nem sempre é do mesmo modo, ante o que pode ver na dimensão do espírito. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Notemos que o erro se multiplica; de um caminho, para vários. “Há um caminho que ao homem parece direito; mas, no fim, são os caminhos da morte”. O caminho ímpar é a autonomia; faz o que der na telha; “vós mesmos sabereis o bem e o mal.” Como disse o traíra.

Como a morte não é nada exigente, pode vir por diversos meios; vícios, adultério, violência, mentira, incredulidade, prostituição etc. Seus caminhos são muitos; mas, acabam todos no mesmo lugar; perdição. O caminho largo que O Salvador advertiu. Assim, começa largo e termina estreito como um funil.

A vereda da vida desafia ao estreitamento inicial, seguindo pela vereda da virtude, depois essa se amplia; “Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” I Ped 1;11

Nas Bodas do Cordeiro constataremos outra vez, que o Senhor deixou o melhor vinho para o final.

Os caminhos falsos assemelham-se aos produtos piratas; até atraem pela facilidade, antes de decepcionar pela qualidade.