segunda-feira, 11 de abril de 2022

Vida de gado


“Toda multidão da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou que se retirasse deles... aconteceu que, quando voltou Jesus, a multidão o recebeu, porque todos O estavam esperando” Luc 8;37 e 40

Duas multidões antagônicas. Uma pedindo que O Salvador se afastasse; outra, esperando que Ele chegasse. Por quê essas unanimidades, tanto a favor, quanto, contra? Porque, malgrado, tenha sido criado ímpar, peculiar, individual, o ser humano tende a se tornar ave de bando. Ser condicionado pelo que os outros dizem ou fazem.

O que são os blá blá blás, dos tais “Influencers”, ou, os anúncios feitos por celebridades, das vantagens disso ou daquilo, senão, berrantes a chamar pelo rebanho?

As claques de auditório colocadas para “puxar” reações que os patrões desejam? As mirabolantes “pesquisas eleitorais” que asseguram que oito é oitenta, e vice-versa, com pretensões de precisão?

O insistente desfile das “páginas de fãs” de determinada “cantora” vulgar, de pornomusic, dizendo que a "música" da mesma está no top dos tops das galáxias? O clássico “Tantos milhões de pessoas não podem estar erradas.”

Quando um “Homo Sapiens” se atreve a “filosofar” diz que qualidade supera quantidade; porém, quando vive “in natura”, sem condimentos de saber alheio, faz isso; pousa na bosta porque bilhões de moscas não podem estar erradas.

Segundo filósofos antigos, “A multidão é um monstro acéfalo”; (sem cabeça) que pode ser conduzido por uma “corda” bem frágil. Os berros de um ou dois igualmente vazios que presumirem saber o que querem, ou, para onde vão.

Os mesmos que cantaram “Hosanas ao Filho de Davi” estendendo vestes e ramos diante Dele, quando entrou em Jerusalém num burrico, poucos dias depois, estimulados pelos gritos excitados de meia dúzia a serviço do Sinédrio gritavam: “Crucifica-o! Crucifica-o!” “É mais fácil, sem dúvida, enganar a uma multidão, que um só homem.” Heródoto

A excitação humana emanada das multidões é fogo que produz calor sem produzir luz. Por isso, o conselho da Palavra de Deus: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito.” Ex 23;2 “Pontos cardeais” na Bússola Divina; não fazer o mal, nem torcer o direito; a despeito do que fizer, a multidão. 

O que “todo mundo está fazendo” costuma ser um apelo irresistível à alma humana; quanto mais jovem, maior esse apelo. Basta que três ou quatro colegas tenham um petrecho tecnológico mais hightec que o dele, por exemplo, e presto jovem pedirá um igual aos seus pais. “Também quero um; todo mundo já tem menos eu.”

Quando Pilatos tentou usar a multidão como agravante acusatório contra Jesus, O Senhor esqueceu da galera, e chamou o indivíduo à responsabilidade; “A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim...” Jo 18;35 “... Todo aquele que é da verdade ouve Minha Voz.” V 37 Como disse Paulo: “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

O que todo mundo faz é o ordinário, estéril, fácil. “Toda unanimidade é burra”, teria dito Nélson Rodrigues; ou, “Quando todos estão pensando o mesmo, ninguém está pensando grande coisa.” Benjamin Disraeli.

O Salvador desafiou os Seus à opção difícil, mas, vital, em lugar da fácil e suicida; “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

As multidões antagônicas do princípio tinham presenciado milagres de Jesus. Uma, a libertação de um possesso e precipitação de uma vara de porcos ao mar; outra, curas e multiplicação do pão. Ambas as situações evidenciavam O Poder do Salvador.

Mas, tendemos a reduzir O Eterno à nossa reles estatura; se Ele não operar segundo desejamos, quiçá permitir que uns porcos se percam, teremos “razões” para rejeitá-lo. Enquanto o ego, o si mesmo estiver no trono, O Salvador não entrará.

“Eis que Estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha Voz, e abrir a porta, Entrarei em sua casa...” Apoc 3;20 Abrir a porta do coração para a entrada Dele, significa amar; “Se alguém Me ama, guardará a Minha Palavra, e meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Todo mundo faz inúmeras coisas indecentes, obscenas, imorais; nosso desafio, dos cristãos é andar na contramão, na Vontade de Deus. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

domingo, 10 de abril de 2022

O preço da liberdade


“Pois olhou desde o alto do Seu Santuário... para ouvir o gemido dos presos, soltar os sentenciados à morte;” Sal 102;19 e 20

Sentença que pesava sobre toda humanidade, como ensina Paulo: “Por um homem entrou o pecado no mundo, pelo pecado a morte, assim, a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.” Rom 5;12

Invés de dizer que o pecado passou a todos os homens, por isso todos morreram, diz que a morte, (consequência do pecado original) passou a todos os homens, por isso, todos pecaram.

Adão morreu porque pecou; sua posteridade peca porque está morta. “Nós não temos pecados, - como disse Paul Washer – somos pecado”. Consequentemente, sem Cristo estamos mortos. “Porque o salário do pecado é a morte...” Rom 6;23

Então, “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

Sempre oportuno lembrar que morte espiritual é alienação de Deus, não inexistência. O novo nascimento requerido é a regeneração em Cristo.

Toda humanidade existe, com seus mais de sete bilhões; mas, a maioria está morta. Por isso Jesus fez questão de pontuar que Sua Mensagem se destinava aos mortos; “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me Enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;24 e 25

Esse “ouvir”, demanda entender, crer e obedecer, para herdar a vida com O Senhor.
Isaías, também aludiu à vinda de Um Libertador; “O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim; porque O Senhor Me Ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, proclamar liberdade aos cativos e abertura de prisão aos presos;” Is 61;1

Sendo a prisão, alienação no pecado e morte, a libertação é a reconciliação para a vida; “Tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou Consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;18 e 19

Por respeitar o arbítrio que deu, O Eterno abre as prisões e chama para fora; porém, não força ninguém a ser livre, caso esse não queira, sinta-se melhor na prisão.

O Salvador desafiou: “Eu Sou a Porta; se alguém entrar por Mim, salvar-se-á; entrará, sairá e achará pastagens.” Jo 10;9 Notemos a condicional, “se”, preservando o direito de escolha.

“Entrar” por Ele demanda sair da mentira que nos aprisiona; daí, além do “negue a si mesmo” indispensável, acresce, em prol de quê, devemos nos renunciar: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Ele veio soltar os “sentenciados à morte”; sentença que verteu do Criador, quando fez, tanto a obediência, quanto, o pecado, serem consequentes. De certa forma disse ao primeiro casal, o que reiterou depois; “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto vida e morte, bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19

O “problema” da liberdade é o concurso da responsabilidade; lidamos mal com isso. O “sonho de consumo” do pecador seria fazer o que bem entendesse, sem consequências; no entanto, “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39

Assim, embora o mundo esteja no maligno, e seu espírito seja patrocinador do egoísmo e de toda sorte de maldades, o que aprisiona ao ser humano são suas próprias predileções. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;6 e 7

Primeiro veio “O Ministério da Condenação” a Lei; “... porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” Rom 3;30 Para que essa deixasse evidente nossa necessidade do Salvador; “... a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

A libertação está proposta; por uma vereda; “porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” Mat 7;14 O que Cristo Dá é muito; vale à pena ser um dos poucos.

sábado, 9 de abril de 2022

Nossa vã teoria


“Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. O homem creu na palavra que Jesus lhe disse e partiu.” Jo 4;50

Um de linhagem nobre procurara ao Salvador pedindo que Ele descesse para curar seu filho que estava à morte. O Senhor fez um comentário como a testar sua fé; “Se não virdes sinais e milagres, não crereis.”

Ele reiterou seu pedido de urgência; “... Senhor, desce, antes que meu filho morra.” v 49 então, O Mestre disse as palavras acima. “Vai o teu filho vive.”

Muitos não entendem bem o papel da fé. Equacionam-na como uma “força” que ajuda as coisas Divinas acontecerem. Não é bem assim.
Usam textos como: “Vai, a tua fé te salvou.” Ou, “Não fez ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles.” Mat 13;58 etc.

Claro que a fé é indispensável. Todavia, não é um “aditivo” sem o qual o Poder Divino diminui. Onde estava a fé humana quando Ele ressuscitou Lázaro? À Filha de Jairo? Ou, quando Ele próprio ressuscitou? Fez essas e tantas coisas mais sem nenhuma participação da nossa fé.

No início, o que feriu O Coração do Criador foi a dúvida. A Palavra Divina foi posta em dúvida pela do inimigo; o homem ouviu a esse.

Há uma dúvida honesta derivada das nossas insipiências que nos leva a considerar diferentes aspectos de uma questão. Para os que estudam filosofia, engenharia, medicina, e afins, certa dose de dúvida é saudável. Até na Palavra de Deus Escrita, quando não entendemos. Enseja prudência, cautela, experimentos antes de afirmar que determinada coisa é assim ou assado.

Porém, tem uma dúvida moral que é afrontosa. Quando alguém íntegro nos conta algo que afirma saber, ou ser, e duvidamos do que ele nos diz, implicitamente o chamamos de mentiroso. No Caso de coisas ditas por Deus é blasfêmia. “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu Filho Deu.” I Jo 5;10

Então, a fé que “possibilita” operação de milagres de Deus é a que atribui ao Eterno, Integridade, Verdade, Justiça.

Tiago coloca o volúvel hospedeiro das dúvidas como inepto para a relação abençoada com Deus. “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente; não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa.” Tg 1;5 a 7

Não diz que Deus não pode dar; apenas, que não honrará ao que duvida. Sim, a fé é uma questão de honrar a Deus, não duvidando do Seu Santo Ser, nem da Sua Infalível Palavra. “... aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Quando, num momento de euforia coletiva, um dia após O Salvador ter multiplicado os pães e peixes, muitos se “voluntariaram” para “fazer a Obra de Deus”, O Senhor colocou a fé como ponto de partida. “... Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele Enviou.” Jo 6;28 e 29

Sabemos, dito por Tiago, que a fé sem obras é morta. Todavia, as obras da fé são um testemunho da sua veracidade, não um suplemento. Agir conforme crê, testifica da crença; “... mostra-me a tua fé sem tuas obras, e te mostrarei minha fé pelas minhas obras.” Tg 2;18

Como o homem de nosso texto inicial, ao qual O Senhor disse: “Vai o teu filho vive. O homem creu na Palavra que Jesus lhe disse e partiu.” Agiu conforme A Palavra do Senhor sem hesitar.

A teoria da fé me leva a fazer determinadas afirmações; a prática demanda atuar conforme. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Paulo denunciou alguns teóricos vãos; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as suas obras, sendo abomináveis, desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.” Tt 1;16

Enfim, a fé não é uma força que possibilita a ação Divina; antes, uma confiança irrestrita que agrada ao Seu autor; Jesus Cristo. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que É galardoador dos que o buscam.” Heb 11;6

“Pobreza e afronta virão ao que rejeita a instrução, mas o que guarda a repreensão será honrado.” Prov 13;18

sexta-feira, 8 de abril de 2022

O Inimigo Interior


“Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia...” Gn 50;20

Os irmãos de José temendo que ele se vingasse dos males passados, uma vez que Jacó, o pai, era morto. José não diminui a culpa deles; apenas, enfatizou que Deus tirara o bem, até mesmo, das maldades deles.

Nos salmos encontramos O Eterno “tirando leite de pedras” mais uma vez; “Certamente a cólera do homem redundará em Teu louvor; o restante da cólera tu o restringirás.” A cólera humana, Ele pode usar em Seu favor; a que não for assim, desfazer.

Paulo disse: “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8;28

A diferença entre nossa visão e A do Eterno, tentamos suprir com nossas sentenças limitadas; dizemos que “há males que vêm para bem”, ou que “Deus escreve certo por linhas tortas.” Por exemplo. Os ateus propõem que a fé é cega; por “ver” coisas na dimensão Divina. Eles são cegos, porque privados dessa faculdade que vê ao largo.

Outra sentença surrada é a de que, “as aparências enganam.” Não sei se são, estritamente, elas, ou, as conclusões que derivamos delas; por, tendo vislumbrado a superfície, imaginamos por nossa conta, o profundo.

Os que temem a Deus e se lhe submetem, herdam dessa intimidade com O Pai, luzes que escapam aos demais; “O segredo do Senhor é com aqueles que O temem; Ele lhes mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14 O homem espiritual pode ver coisas que ao natural passam obscuras; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Ao profeta Samuel, O Eterno ensinou: “... Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque O Senhor não vê como vê o homem; pois, o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Desgraçadamente, nem aos nossos próprios corações conseguimos ver claramente; quantos de nós, em dado momento, nos vemos praticando coisas que, jamais imaginamos que fossem possíveis praticarmos?

Há um “inquilino” em nossas almas, que tende a furtar as vontades, e nos deixar apenas com as boas intenções; “Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, faço. Ora, se faço o que não quero, já não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;18 a 20

O nascer de novo, seguir após Cristo, possibilita mortificar esse pendor suicida; “Porque a inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito é vida e paz.” Rom 8;6

Nosso coração tende a nos trair; seu engano adoecido faz com que pensemos ser melhores que somos. O Senhor ensina: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, provo os rins; para dar a cada um segundo os seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;9 e 10

Então, quando O Salvador requer; “Negue a si mesmo”, invés de tolher minha liberdade de ação, como poderia parecer a uma apreciação vulgar, Ele demanda que eu me livre de um traidor. Das garras de um míope presunçoso que acredita ver muito longe. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Todos advogam a lei da semeadura e ceifa, sem se dar conta do quê, ela encerra. Não significa que, os que fazem o bem vão para o Céu, ou outros para o inferno; como se, a definição de bem e mal fosse mesmo nossa; a diferença entre semeaduras não é entre bem e mal; antes, entre carne e espírito.

O que confia em si mesmo, no próprio braço, confia na carne; mas, quem adota para si os Pensamentos Divinos, anda em espírito. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

O maior dos males, a morte de um inocente crucificado, Deus transformou no maior dos bens, salvação de pecadores. Das dores verte alegria; mas, jamais transforma desobediência, rebeldia, em credencial.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

A Água Pura


“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo.” Tt 3;5

Quem pretendesse se justificar perante Deus, apresentando boas obras, por vistosas que fossem, ainda precisaria disso: “Lavagem da regeneração, e renovação do Espírito Santo.”

A sujeira do pecado é tal, que sem isso nada feito, estamos mortos. A regeneração é chamada de nascer de novo. “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” Jo 3;3

Essa ideia pode ferir a autoestima de quem se presume “do bem”. Embora, para certos ramos da psicologia careçamos melhorar a autoestima, à luz da Palavra de Deus, nosso problema é o orgulho, pensarmos de nós, mais do que convém.

A Sã Doutrina não usa abordagens de coach. Essas frases motivacionais que exaltam potenciais, despertam ânimos dormidos visando fazer cada um mais autoconfiante rumo ao sucesso no labor ao qual se propõe; isso pode ter seu valor na área de incitar ao trabalho.

Mas, O Trabalho de Deus é “desfazer a obra do diabo.” O pai da mentira “motivou” demais ao primeiro casal, acenou a eles com uma grandeza falsa; desde então, a necessidade deixou de ser, autoestima; passou a ser humildade.

Alguém disse com propriedade: “O melhor negócio da terra seria comprar os homens pelo que eles valem, e revendê-los pelo que pensam que valem.”

A Palavra de Deus não massageia egos, antes, desconstrói. “... não há bom, senão Um Só, que é Deus.” Mat 19;17 “Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; ninguém que busque a Deus.” Rom 3;10 e 11 “Mas todos nós somos como o imundo, e nossas justiças como trapo da imundícia; nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6 etc.

Enquanto não estivermos convencidos da sujeira que se nos pegou desde o egoísmo gestado no Éden, não estaremos prontos para ser lavados como convém.

O ego tende a mensurar tudo aos próprios olhos, aquela balela “filosófica” de ser o homem “a medida de todas as coisas.” A Palavra desencoraja o suicídio: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Nossa “habilitação” para O Reino dos Céus, antes das aulas práticas demanda abraçar e aprender a teoria; “... A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29 O crer bíblico tem conteúdo; excede ao mero crer em Deus que o vulgo fala sem saber o que significa.

Precisamos abdicar de nosso modo raso de pensar e, doravante ter como bússola os pensamentos Divinos expressos na Palavra; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Quando O Salvador se dispôs a lavar os pés aos discípulos, um deles, o mais “humilde” Pedro, recusou-se a aceitar. O Senhor advertiu: “Se Eu não te lavar não tens parte Comigo.” Aquele incidente era literal; mas espiritualmente se aplica a todos nós; se O Salvador não nos lavar, (no Seu Sangue) não teremos parte com Ele.

“Estes são os que... lavaram suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” Apoc 7;14

Cada pregação da Palavra é uma oportunidade da alma se ver ante o espelho Divino. A lavagem não é compulsória, demanda a participação humana mediante arrependimento e mudança de hábitos; “Porque, se alguém é ouvinte da palavra, não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, vai-se, e logo esquece de como era.” Tg 1;23 e 24

Alguns, por tímidos, volúveis até dão alguns passos rumo à santificação, mas, açodados pelas tentações voltam à sujeira de antes; Pedro fala desses: “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;21 e 22

A Palavra de Deus não nos humilha por algum sadismo; antes, nos mostra como somos, e convida a sermos de novo como Deus é; Santo. Não é capricho Divino, é necessidade; “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;” Heb 12;14

terça-feira, 5 de abril de 2022

A Angústia de Deus


“Em toda a angústia deles Ele (O Senhor) foi angustiado; o anjo da Sua Presença os salvou; pelo Seu Amor e sua compaixão Ele os remiu; os Tomou e Conduziu todos os dias da antiguidade.” Is 63;9

Essa faceta de Deus se angustiar com as angústias do Seu povo é uma das mais eloquentes testemunhas da grandeza do Seu Amor. Se, esse é incondicional, contudo, a aceitação não é.

Essa doença que alguns batizaram de “Teologia do Coaching”, onde toda ênfase recai sobra a Grandeza Divina, Sua Eterna disposição em perdoar, sutilmente vertida em aceitação incondicional, tênue desvio da necessária confrontação dos pecados, mata.

É uma espécie de “Teologia da prosperidade dos afetos” onde investimos simulacros de obediência e amor e em troca recebemos “cem vezes mais”; isso é insano! blasfemo até.

Certo é que, “Se formos infiéis Ele permanece fiel.” Isso atina ao Seu Bendito Ser; não, necessariamente, ao nosso relacionamento; pois a mesma fidelidade que reitera Seu amor, faz igual, em relação à justiça.

Deus se angustia quando erramos, justo pelo potencial destrutivo que o pecado tem em nossa relação com Ele. “Porque o salário do pecado é a morte...” Rom 6;23 Se estivesse “tudo dominado” a despeito do que fizéssemos, “uma vez salvo, sempre salvo” como creem alguns, tal sentimento sequer faria sentido.

Por quê se angustiaria com nossas faltas, se, sendo nós Seus prediletos, poderia fazer “vistas grossas” para com nossos deslizes? Porque Ele não pode. “Tu És tão Puro de Olhos, que não podes ver o mal; a opressão não podes contemplar...” Hc 1;13

Ele se angustia em nosso favor e nos defende quando somos atacados, por amar à justiça, pertencer a Ele; porém, se entristece contra nós, quando a causa são nossos erros, desobediências, rebeliões.

O Todo Poderoso não pode brincar com lixo. “... não Posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.” Is 1;13 Se alguém imagina que os lapsos de obediência, frutos de justiça, santificação, podem ser supridos com cultos, louvores, se engana; “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como águas, e justiça como ribeiro impetuoso.” Am 5;23 e 24

Ele sofreu angústias pelas angústias dos eleitos, porque essas derivaram da oposição dos povos que se lhes opunham. Quando foram rebeldes aos Divinos Comandos, O Céu também sentiu os efeitos disso, e a repercussão incidiu sobre a Terra. “Mas eles foram rebeldes, contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou inimigo; Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

Das angústias necessárias pela oposição do mundo preveniu: “No mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo; Eu Venci o mundo.” Noutra parte prometeu: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Essas frases de efeito, tipo: “Não diga ao teu Deus que tens um grande problema; diga ao teu problema que tens um Grande Deus”, um jogo de palavras que soa bonitinho, mas muitas vezes pretende tratar câncer de pele com maquiagem.

Muitos dos nossos “problemas” são a medicina de Deus, querendo nos purgar das superficialidades vãs, para aprendermos Dele, entre eles. “A obra de cada um se manifestará; o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3;13

Não se trata de “ter um Grande Deus” para botar os problemas nos seus lugares com um grito gospel. Antes, de ter entendimento que Deus partilha nossas angústias porque nos quer edificados, provados, através Delas; não inchados, sem nada aprender.

Prefere compartir nossas dores a nos deixar levianos e inconsequentes; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti.” Is 43;2

O Pai não arrefece Seu Amor por nós, mas Sua aceitação demanda arrependimento, revisão de rumos. “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que Me der ouvidos habitará seguro, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

“Os meus olhos buscarão os fiéis da terra, para que se assentem Comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

Muitas angústias são “Porque O Senhor corrige o que ama, açoita qualquer que recebe por filho.” Heb 12;6 Nesses casos enfrentamos os problemas com exame de consciência, arrependimento. A maldição sem causa não vem, removendo essa, aquela sumirá.

A Mentira


“Emudeçam os lábios mentirosos que falam coisas más com soberba e desprezo contra o justo.” Sal 31;18

A mentira não é uma coisa inofensiva largada ao vento, que só faria um mal eventual, ao incauto; antes, trata-se de uma violência; um desprezo, ataque contra o justo.

Quando O Criador advertiu Adão da sentença de morte pela desobediência, e o inimigo disse que ele não morreria, antes, seria exaltado, seria “como Deus”, fez violência contra o homem, camuflando de vida elevada à morte; sobretudo, fez violência Ao Eterno, atribuindo Ao Santo, mentira e egoísmo.

Mentira; por ter feito uma ameaça falsa, segundo a oposição; e egoísmo porque não queria que o homem fosse como Ele; coisa que o homem poderia “reparar” desobedecendo; partindo para a autonomia, independência, ele seria “como Deus”.

No que seria possível a criatura assemelhar-se ao Criador já fora feito; o homem fora criado à Imagem e Semelhança Divinas. Nos atributos incomunicáveis, Onisciência, Onipresença e Onipotência, ninguém pode ser como Deus; assim, o mentiroso oferece o que não tem e sonega virtudes que os alvos da sua inveja têm.

Embora se digam filhos de Deus, O Salvador disse que têm outra filiação: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, pai da mentira.” Jo 8;44

Isaías disse: “Como prevaricar, mentir contra o Senhor, desviarmo-nos do nosso Deus, falar de opressão e rebelião, conceber e proferir do coração palavras de falsidade. Por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece; quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado...” Is 59;13 a 15

Uma vez mais a consequência de ser a mentira um ataque à justiça; “por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe.”

As leis são criadas para que tenhamos um fundamento sólido para edifício da justiça; magistrados são postos para dirimir os pleitos à luz das mesmas. 

Todavia, casuísmos, interesses fisiológicos de “poderosos” impotentes ante os próprios vícios, têm gerado uma vasta gama de aberrações jurídicas ao arrepio da Constituição Federal.

A Corte Suprema, última instância da justiça, o STF, tem sido adjetivado com sobejos motivos, de “Vergonha Nacional”. Sim, como toda causa enseja consequências, a mentira tem seus efeitos colaterais.

Pior; sempre tem um “intelectual, jornalista, influencer” para defender o indefensável, mandando às favas as leis, os fatos, por ser serviçal de interesses mesquinhos; tais, são obscenos morais, privados das vestes da justiça.

Como num campo de nudismo, onde o fora da lei seria quem estivesse vestido, assim parece a sociedade atual. Na política, sobretudo, mas atinge todas as áreas. Já nem se diz mais “mentira”, mas, variáveis como “narrativas, ou fake news”.

E pasmem! desgraçadamente, no atual império da pós verdade, se cogita censurar a liberdade de expressão, para prevenir às nocivas “mentiras”. Ora, o antídoto à mentira nunca foi a mordaça, o veto, antes, a verdade.

A balela de Joseph Goebbels, ministro da propaganda do nazismo, de que, “Uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”, é tão veraz quanto o implemento do “Terceiro Reich”.

As ondas avançam mais, ou menos sobre o litoral, conforme as marés, eventuais ressacas, tsunamis até; mas, em geral há uma divisa sólida entre o mar e a terra. Assim a mentira, a narrativa, pode manipular, solapar, convencer até; mas, os fatos seguem lá, sólidos, perenes, inegociáveis.

O Rei dos mentirosos, Lula, disse anteontem que acabaria com a guerra da Ucrânia x Rússia numa mesa de bar enchendo a cara com os líderes. Foi aplaudido por alguns “intelectuais” além da claque que usas óculos vermelhos.

Quando presidia por aqui foi ao Oriente Médio e “ensinou” como fazer a paz por lá. Nada mudou, mas ele voltou envaidecido pavoneando-se.

Nosso Presidente, que longe de ser um Ministro do Evangelho, consegue agir sendo honesto, foi muito feliz no bordão que escolheu para sua campanha; “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.” Jo 8;32 Adiante O Salvador ensinou: “Eu Sou... A Verdade...” Jo 14;6

Então, senhores, que querem proibir à “mentira” (a verdade inconveniente a eles) nós os conservadores cristãos “caçamos” “Fake news” todos os dias, sem proibi-las; antes, vivendo e ensinado o devido antídoto; a verdade.

Não podemos agir diferente, malgrado as ameaças do “mecanismo”; pois, pertencemos a Um Reino, do qual, “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15