quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Ninguém é melhor que ninguém?

“A pior forma de desigualdade é considerar iguais, aos que aos são diferentes.” Aristóteles.

Um erro repetido à exaustão é certa “igualdade” que tem sido usada como biombo para nivelar o que, absolutamente, não está em nível. Um reducionismo tosco que transporta os seres, do prisma essencial para o funcional, no dito que, ninguém é melhor que ninguém.

Como disse certo humorista: “Se, todos os homens são iguais, como acusam as mulheres, por que escolhem tanto?”

Há uma igualdade essencial inegável baseada na dignidade humana; nela, independente de cor, etnia, credo, posses, estatura, etc. todos somos iguais. Seres humanos, criaturas de Deus.

Porém, no aspecto funcional, como cada um reage aos desafios, oportunidades, infortúnios... aí, as particularidades assomam; nesse caso já não se pode dizer que, “ninguém é melhor que ninguém”; A Palavra de Deus expressa a superioridade funcional, de valor mesmo, de uns sobre outros.

“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar”. Ecl 4;13 “Melhor é o que se estima em pouco, e tem servos, que o que se vangloria e tem falta de pão.” Pov 12;9 “Melhor é o que tarda em irar-se que o poderoso; o que controla o seu ânimo que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32 etc.

Quando criticamos escolhas, posturas, comportamentos, nossa crítica pode ser sapiente, ou, não; quiçá, possa ser contraposta por outra de acuidade maior; mas, esquivar-se aos pleitos do aspecto funcional, atrás da igualdade indiscutível da dignidade humana é deixar a arena devida e homiziar-se na embaixada da covardia, da desonestidade.

Então, não obstante aquela igualdade primeira, as pessoas são muito diferentes; umas, dignas, sóbrias, honestas intelectualmente, laboriosas, empáticas, acessíveis, autênticas; outras; vis, viciosas, hipócritas, bajuladoras, paroleiras, iracundas, preguiçosas, etc.

Aliás, um aspecto dos mais perniciosos da preguiça é a preguiça mental, que leva as pessoas a compartirem apenas feitos alheios, muitas vezes sem se darem ao trabalho de analisar, se, as coisas são mesmo assim.

Então, quando esses cérebros ociosos atiram sobre nós o insosso “ninguém é melhor que ninguém,” sua aversão filosófica já é em si a antítese do que pretendem afirmar. Digo; quem pensa antes de falar é melhor que outro que, emprega ditos como quem pega velharias na prateleira.

Não me canso de citar Plutarco: “A mente não é um vaso para ser cheio; antes, é um fogo a ser aceso.” Ou, Henry Ford: “Pensar é o trabalho mais duro que há; essa talvez seja a razão pela qual, tão poucos se ocupam nele.”

Grande celeuma espalhou-se pela nação em vista do projeto de Lei, “Escola sem Partido”. Pois, professores que são pagos por nós, não todos, há exceções, pretendem invés de se ater à disciplina para a qual foram contratados, em nome da “liberdade de expressão”, impor a ideologia comunista como sendo a melhor, doutrinando alunos.

Ora, o que é melhor soa assim naturalmente, contra a corrente até; quando é preciso forçar e tolher o contraditório, isso se dá pelo medo do “estrago” que esse contraponto fará. Que “melhoreza” é essa que não resiste argumentos opostos?

Ademais, professores não são cidadãos livres quando, no exercício de seu trabalho. Em suas horas fora da sala de aula, sim, podem expressar-se como quiserem; nem eu, construtor posso usar minha “liberdade de expressão” do meu gosto no que edifico; quem me paga diz como deve ser; só me compete executar conforme.

Danilo Gentili definiu de modo brilhante; “A doutrinação ideológica na escola seria como pegar um táxi tencionando determinado endereço, e, o motorista reclamar seu direito de ‘liberdade de direção’ e me levar para onde não quero.”

Os pais, pagadores de impostos não querem que seus filhos aprendam comunismo, ideologia de gênero, e afins; antes, português, matemática, geografia, química, idiomas, etc.

A esquerda teve trinta anos no poder desde a constituição de 1988 para mostrar-se superior, aos demais vieses ideológicos. Nada mais eloquente que o exemplo. Se, seus atos não lograram fazer isso, tanto que a direita dormida ressurgiu e venceu, por que cegaria nossos estudantes vetando que eles vissem livremente aos dois lados da moeda?

Se, esquerdistas e conservadores são iguais no prisma da dignidade, no aspecto funcional precisamos ver os próximos quatro anos, com atos, não discursos; para ver se alguém é melhor, ou, não. No entanto, a histeria esquerdopata parece querer o impeachment de Bolsonaro antes d’ele assumir.

Ora, se eles são os melhores, não seria melhor “deixar o homem trabalhar” para que, eventual incapacidade evidenciasse a superioridade esquerdista?

Têm medo de quê? De dar certo? “Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.” Platão

Raiz e Geração

“Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; sendo rei, reinará e agirá sabiamente; praticará juízo e justiça na terra.” Jr 23;5

O “Renovo de Davi” em apreço é O Senhor Justiça Nossa, Jesus Cristo. Vaticinado o mesmo evento, e usando a mesma figura (renovo) Isaías, começou antes de Davi, na casa de seu pai; “Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, das suas raízes um renovo frutificará.” Is 11;1

Ora, o Renovo está no tronco, ora, nas raízes; por quê? O tronco da ”árvore” Jessé é um galho, um descendente; Aí chegamos a Davi, seu filho; das raízes deste, viria O Renovo. As raízes, sabemos, são o sustentáculo de uma árvore; seja Jessé, Davi, ou, qualquer outro humano, quem sustenta sua vida é O Criador. “... vosso Pai que está nos céus... faz que o seu sol se levante sobre maus e bons; a chuva desça sobre justos e injustos.” Mat 5;44 e 45

Desse modo, Cristo é antes e depois, de Davi; “Eu, Jesus, enviei meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi...” Apoc 22;16

Os rabinos daqueles dias, (de Cristo) não identificaram essas sutilezas da Divina revelação, que, apontavam para a dupla natureza do Messias. Seu aspecto humano; do tronco de Jessé; Filho de Davi; Sua essência Divina, Raiz; O Criador, Deus.

Em dado momento, aliás, O Salvador chamou atenção para isso, aos que O acusavam de blasfemar por se dizer Filho de Deus. “Estando reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus, dizendo: Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Eles disseram-lhe: De Davi. Disse-lhes Ele: Como é então que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha teus inimigos por escabelo de teus pés? Se, Davi lhe chama Senhor, como é seu filho?” Mat 22;41 a 45

Quis a Sabedoria Divina que Sua Palavra fosse acessível apenas aos espirituais; o apelo inicial não é ao intelecto, antes, à fé; depois de crermos nossas mentes são convencidas de quão veraz é o conteúdo da fé; são, portanto, ampliadas; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo, e, de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Mesmo que a fé tenha em seu bojo todas as riquezas, Cristo; “Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Col 2;3 Aos ouvidos dos “amantes da sabedoria” naturais, os filósofos gregos, a mensagem de Cristo soava à loucura; “Porque judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria; mas, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos Cristo, Poder e Sabedoria de Deus.” I Cor 1;22 a 24

O que escandalizava aos judeus? A ideia que teriam matado invés de reconhecido seu Redentor; o que soava loucura para os gregos? Um Deus mortal, dado seu vasto panteão de “imortais” disseminados em sua mitologia.

Ora, O Salvador fez tantos sinais que era impossível narrar todos, conforme João; (Jo 21;25) Mas, os judeus seguiam pedindo um sinal. O coração endurecido torna os cérebros obtusos, incrédulos; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos...” II Cor 4;4

Os “sábios” gregos tentaram encaixar O Eterno em sua lógica natural, uma vez que Ele não coube na “caixa” acharam loucura; mas, é o inverso; “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque a loucura de Deus é mais sábia, e, a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” I Cor 1;21 e 25

Isaías anteviu o Calvário e vaticinou assim: “Porque foi subindo como renovo perante ele, como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura; olhando nós para Ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.” Cap 53;2

Sendo Ele a Água da Vida tem poder para renovar e dar vida à terra seca dos nossos corações; contudo, nada fará ao arrepio da nossa vontade que respeita. Precisamos beber; “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede...” Jo 4;14

Porém, no mesmo texto que O anuncia como Renovo, diz que Ele será Rei e Juiz; a escolha é nossa: Voluntariamente vamos a Ele para sermos renovados para a vida, ou, compulsoriamente, em tempo, virá a nós para sentenciar os rebeldes à perdição eterna; o que vai ser?

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Deus me Representa

“O que anda com os sábios ficará sábio, mas, o companheiro dos tolos será destruído.” Prov 13;20

Sempre fomos advertidos quanto aos riscos das más companhias. A diferença entre caminhar com sábios ou, tolos temos expressa nas consequências; no primeiro caso, ficar sábio; no segundo, ser destruído.

O que nos levaria a desejar caminhar junto com alguém? Amós perguntou: “Porventura andarão dois juntos, se, não estiverem de acordo?” Am 3;3

Esse “estar de acordo” a ponto de convergirem caminhos se pode definir como, identificação. Os valores que alguém abraça seu modo de viver, de alguma forma me representam, e, por identificação desejo andar junto como esse alguém.

Claro que, não herdamos qualidades ou, defeitos meramente por estar perto de quem os possui; mas, ao nos identificarmos com os mesmos tendemos a imitá-los; essa “clonagem” gradativa engendrará em nós os mesmos valores, bons, ou, maus que apreciamos.

A Sabedoria no prisma espiritual nada tem a ver com intelectos robustos, antes, com escolhas espirituais que fazemos, às quais, Deus recompensa com Sua a dádiva preciosa. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento...” Prov 1;7 “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os ‘retos’...” 2;7 “A vereda ‘dos justos’ é como a luz da aurora, que, vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” 4;18 etc.

Os “dois” em questão que não andariam junto sem estar de acordo eram O Senhor e Israel, no texto de Amós. No nosso contexto, o homem e Deus.

Sem estar de acordo com Ele, não andaremos pelos Seus Caminhos; para estar, carecemos abdicar de nossos conceitos; “Porque meus pensamentos não são os vossos, nem, vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;8 Então, “não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;2

Antes de uma escolha positiva temos algumas negativas para andarmos com Deus num mundo que “jaz no maligno”. O Salmo primeiro chama bem aventurado o homem que, “... não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” V 1

Após recusar a essas três alternativas ele coloca seu x na alternativa “D”. “Antes, tem seu prazer na lei do Senhor; na sua lei medita de dia e de noite.” V 2

“Andar com os sábios”, nesse caso é espiritual, não, uma escolha imanente; ao meditarmos, pautarmos nosso viver pela Lei do Senhor, andamos com reis, sacerdotes, profetas, gente que nos precedeu no Senhor, e, por seus ensinos, ou, exemplo, desafiam-nos ao mesmo caminho.

Essa caminhada pode ser feita nas botinas da meditação espiritual que abre-nos o entendimento, e capacita a atuarmos segundo os valores do Eterno. “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque, os teus testemunhos são minha meditação. Entendo mais do que os antigos; porque guardo teus preceitos.” Sal 119;99 e 100

Embora muitos dos pregadores da atualidade acoroçoem incautos à busca das “demais coisas”, façam do dinheiro um fim, a Palavra sempre faz da vida, o alvo, não, nuances de conforto eventual enquanto se ruma à destruição, à morte. “Porque a sabedoria serve de sombra, como, de sombra serve o dinheiro; mas, a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12

Diverso das coisas materiais, as verdadeiras riquezas são modestas, “ostensivas” ao avesso, invés de exaltar na Terra seus hospedeiros; “A estultícia está posta em grandes alturas, mas, os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Esses príncipes “peões” que, se assentam em lugares baixos, de bom grado desprezam aos aplausos da Terra em busca da aceitação do Céu.

A vida terrena segue “muito bem”, até que, uma enfermidade, uma morte acontece; então, os renegados que não tinham vez, passam a ter voz; “Encontrou-se nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria; ninguém se lembrava daquele pobre homem. Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada; as suas palavras não foram ouvidas.” Ecl 9;15 e 16

Assim como consertamos o telhado em dias de sol, não, durante a chuva, os prudentes buscam fazer o bom depósito quando tudo está bem; fazem de seu andar com os sábios um caminho natural; quando a força do braço achar seu termo, os que confiam no Senhor nem farão força; “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que me der ouvidos habitará em segurança e estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

domingo, 11 de novembro de 2018

O Jardim no Deserto

“Eu te conheci no deserto, na terra muito seca. Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos, ensoberbeceu-se o seu coração, por isso esqueceram de mim.” Os 13;5 e 6

Circunstâncias antagônicas; deserto, lugar de privações, carências; e, pastos verdejantes, fartura. No primeiro momento o povo se deixara achar; “te conheci no deserto...” Porém, em tempos de abundância, “esqueceram de mim”. Queixou-se O Eterno.

Há quem diga que fidelidade é mais fácil em tempos de dificuldade, provações, que, nos de bonança. O inimigo apostou no inverso disto em relação a Jó; disse que, se, levado ao deserto blasfemaria. Como vimos, ele estava enganado.

Inegável que, em tempos de luto, perdas, frustrações, desemprego, etc. tendemos a orar mais, buscar intensamente, socorro, em Deus. Em casos de extrema carência, quando, mera subsistência já basta podemos nos contentar com mui pouco.

Por outro lado, em ambientes fartos, onde, tudo parece estar à mão podemos devanear com satisfações supérfluas, desnecessárias; como os do exemplo acima, bem que podemos de fartos, esquecer de Deus.

Resumindo: A ideia seria que, fartura oferece mais riscos à fidelidade do que carência.

Entretanto, o fato de clamarmos, jejuarmos, orarmos mais em dias de angústias não significa necessariamente que o façamos por lealdade a Deus. Se, são nossas carências imediatas o motor da “fidelidade” eventual, no fundo, é o egoísmo que está no centro, não, o amor. Nesse caso Deus é o meio; nós somos o fim.

Então, atrevo-me o dizer que, o verdadeiro fiel transcende às circunstâncias, como fez Paulo; “... aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e também ter abundância; de toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto, a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Afinal, circunstâncias, como a própria palavra sugere refere-se às coisas que nos circundam; porém, a fé alcança além; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Ora, se a fé tange coisas invisíveis, como poderia ser derivada do imanente, do aparente, que, não raro é enganoso?

Consideremos as sagas de Adão e Cristo; O primeiro cercado de toda sorte de delícias, fartura, duvidou da Palavra de Deus; creu em Satanás. O Salvador, em pleno deserto, em jejum prolongado, fome e sede, resistiu ao Diabo firmado na Palavra.

Como vemos, em ambos os casos as circunstâncias não deram pitaco; não foram determinantes para, o agir de um, nem, de outro.

Logo, a frase de Ortega Y Gasset, que “O homem é o homem e suas circunstâncias”, ou, o dito popular que, “A ocasião faz o ladrão” são, ambas, órfãs de filiação Bíblica.

Quando O Senhor promete colocar sobre o muito, aos que forem fiéis no pouco, ensina que, nossa confiança Nele apesar das privações logrará a confiança Dele em nós, apesar de pecadores.

Carências materiais, de liberdade, de crença, caso cheguem ao extremo podem custar-nos a vida até; ainda assim, se levarmos nossa fidelidade às últimas consequências, no fim, nada teremos a temer; “Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas, Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5

Enfim, os que associam a fé ao acúmulo de bens na Terra como fazem muitos pregadores da moda, não entenderam a essência, tampouco, o objetivo da fé.

Pedro ensina que é “necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas, crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.” I Ped 1;6 a 9

Se, para merecer louvor, honra e glória, nossa fé carece ser provada mediante privações, os que apelam à fé para fugir disso, no fundo, devem achar que a mesma é suicida removendo os meios que Deus usa para firmá-la.

Ocorre-me Salomão: “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Se a fé genuína nos habita, nem o deserto nos fará recuar; e depois de provada e aprovada, O Eterno fará para conosco como fez por Israel; “O deserto e o lugar solitário se alegrarão disto; o ermo exultará e florescerá como a rosa.” Is 35;1

sábado, 10 de novembro de 2018

A Cura do Câncer

“Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como tive misericórdia de ti?” Mat 18;33

Se, pensarmos num valor muito presente na Palavra de Deus facilmente ocorrerá a isonomia. “Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos nossos devedores...” “Tudo o que quiserdes que outros vos façam, fazei a eles.” Etc. Isonomia é uma composição de duas palavras gregas, cujo significado é, lei igual, ou, mesma lei.

A inter-relação preceituada é tal, que, nos faz partícipes até das questões emocionas de nossos semelhantes; “Chorai com os que choram...” ou, no caso dos cristãos, que enfermidades físicas, espirituais de outrem, ou, vitórias, sejam um pouco suas também; “... se um membro padece, todos os membros padecem com ele; se, um é honrado, todos se regozijam com ele.” I Cor 12;26

No verso inicial acima, temos o Senhor condenando a um que, tendo sido perdoado de uma grande dívida se recusou a perdoar outra, pequena.

De certo modo, pois, somos legisladores nos valores que abraçamos; aquilo que pleiteamos como justo para conosco, igualmente se faz justo para terceiros, mesmo, eventuais desafetos. “Mas, vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado; por tuas palavras serás condenado.” Mat 12; 36 e 37

Assim, lícito é dizer que, Deus deixou as “clausulas pétreas” na Lei; permite-nos certas “emendas” que não as contrariem. Pois, dada a gama de possibilidades de ações humanas no teatro da vida, especificar cada uma demandaria um volume impensável; se, O Santo legislasse no varejo, invés de, no atacado.

O “Atacado” Divino reduz nossos atos todos ao campo dos valores, princípios. Por exemplo: Não há ensino Bíblico sobre não cruzarmos no sinal vermelho; sequer, carros existiam, então; porém, A Palavra preceitua: “Obedecei às autoridades, são ministros ordenados por Deus” Rom;13 ss etc.

Desse modo, quando O Salvador nos exortou a irmos além do que foi mandado desafiou nossa criatividade; “Assim também vós, quando fizerdes tudo que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.” Luc 17;10

O Senhor não tencionou com essa fala dizer que seria inútil para Deus fazermos o que devemos; mas, vacinou contra a presunção; ainda; desafiou a irmos além do trivial; mostrarmos amor pela obra, não uma obediência mecânica apenas.

Entretanto, se, ir além do mandamento Lhe é desejável no aspecto da entrega, do amor ao próximo, na questão doutrinária isso é expressamente vetado; “Eu, irmãos, apliquei estas coisas por semelhança a mim e Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro.” I Cor 4;6

Ou, “Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1;8

Ainda: “... se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida...” Apoc 22;18 e 19 etc.

Muito deparei com uma ameaça disfarçada de religião; “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares.” Isso não é bíblico? Não! Dizer, como numa canção antiga: “Não mexe comigo que ponho seu nome lá no meu terreiro, eu sou macumbeiro.” É o mesmo princípio dos “evangélicos” que revidam ofensas com: “Entreguei pra Deus”.

Primeiro; O Eterno não carece que lhe entreguemos nada; tudo já está em Suas Mãos; inclusive, nossas vidas; Depois; perdão é o mandamento mais presente na Sua Lei, o que é diametralmente oposto ao desejo de vingança.

Perdoar é uma atitude difícil, no prisma fraterno, que faz bem maior a quem oferece, que, a quem recebe. Mágoa é como um câncer que vulnera seu hospedeiro, não a terceiros; então, quando alguém que me magoou pede perdão, embora esteja primeiramente tratando suas culpas, por extensão ajuda na minha cura também.

Logo, quando O Criador demanda que perdoemos como fomos, por Ele, perdoados, age como um Pai cioso que requer dos Seus filhos que sejam cuidadosos com a saúde psíquica e espiritual.

Nada de pagarmos na mesma moeda, pois; digo; na mesma usada por quem nos fez mal. Mas, de quitarmos a conta, quando pedido, com a mesma “Moeda” de valor inestimável com a qual Deus nos comprou; “Nenhum deles (dos ricos) de modo algum pode remir seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele; Pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;7 e 8

“O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício.” Martin Luther King

domingo, 4 de novembro de 2018

A Fraqueza Forte

“Para que, segundo as riquezas da Sua Glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo Seu Espírito no homem interior.” Ef 3;16

Paulo orando pelos efésios pedindo que eles recebessem poder, fortalecimento interior.

Vulgarmente a ideia de poder é a ascendência sobre o semelhante; embora, não seja a coisa mais aconselhável é o que o mundo busca; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O escopo de um homem moral e espiritualmente sadio, em eventual investidura de autoridade sempre será de dever, não, poder. Mas, vimos na recente campanha eleitoral o quão subterrâneos certos entes podem ser em seu afã pelo poder.

Entretanto, em se tratando do homem interior, o poder empresta-se ao domínio próprio, não, ao domínio sobre terceiros. 

Embora o vulgo jacte-se de ser livre, fazer o que quiser, amiúde, é escravo dos vícios, e o melhor que consegue sem auxílio Divino é um tênue desejo por justiça, refém de uma vontade ímpia que o subjuga; “Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; o querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero.” Rom 7;18 e 19

Assim, o íntimo de muitos pecadores traz nuances nostálgicas da “Casa Paterna”, como o Filho Pródigo na amargura do auto-exílio. Um frágil desejo pela prática da justiça, por comportar-se como filho de Deus, que, sucumbe aos hábitos pecaminosos latentes na rebeldia carnal.

Sabedor disso, junto com a dádiva da salvação O Eterno anexou o “poder no homem interior”, no dito de Paulo; “A todos quantos o receberam, (a Cristo) deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Muitos dizem: “Deus é Pai, não é Padrasto; também sou filho de Deus”. Será. A queda derivada do pecado foi da condição de filho, para a de criatura; de servo de Deus para escravo da corrupção; vejamos: “A ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas, por causa do que a sujeitou, na esperança de que a criatura será libertada da servidão da corrupção, para liberdade da glória dos filhos de Deus.” Rom 8;19 a 21

Preso à corrupção, criatura; na regeneração de filhos por Cristo, liberdade, glória.

A filiação Divina demanda algumas coisas mais que palavras; “O filho honra ao pai, o servo ao seu senhor; se, Eu Sou Pai, onde está Minha honra? Se, Eu Sou Senhor, onde está Meu temor?...” Mal 16

O surgimento do homem interior capacitado a atuar como filho de Deus é imediato à conversão.

Porém, há um processo decorrente com humana participação, a santificação gradativa pelo abandono das práticas mundanas e aprendizado dos “pensamentos de Deus.” Essa prática nos fortalece para que, cada dia, mais próximos do Santo possamos pecar menos, andar em espírito mortificando aos apelos naturais.

Sócrates alegorizou o ser humano como sendo um “invólucro de pele contendo uma besta policéfala (de várias cabeças) e no alto um homenzinho”. Cada desejo malsão da humana natureza equivalia a uma cabeça do monstro; o homenzinho minúsculo tipificava a razão; normalmente impotente diante da voracidade da besta das paixões.

Pois bem, cambiemos a razão pelo homem espiritual após a conversão, e aquele homenzinho que, segundo Paulo até podia desejar as coisas certas, embora, não as pudesse praticar, agora, na “academia do Espírito” virou um “sarado”; foi capacitado a enfrentar o monstro das paixões perversas, pois, foi graciosamente fortalecido no homem interior.

Ironicamente ele não é fortalecido “puxando ferros”, antes, negando-se, enfraquecendo aos apelos naturais para ser potencializado nos predicados espirituais; “Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então, sou forte.” II Cor 12;10

Essa “fraqueza” que faz aos “boinas verdes” espirituais. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

Assim, o fortalecimento espiritual faz ao agraciado dominador sobre os próprios desejos, capaz de viver segundo Deus. Quanto aos “poderosos” naturais, podem reger um império, enquanto são escravizados pelos vícios e vontades perversas.

O mais terrível dos feitores é o ego; não há homens livres onde ele habita. “Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo; tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Os Cegos e o Motim

“Não há trevas nem sombra de morte, onde se escondam os que praticam a iniquidade.” Jó 34;22

Não significa que iníquos não tencionem se esconder; mas, que, diante de Deus é impossível. Uma forma oblíqua de aludir a Onisciência e Onipresença Divinas.

Davi falou o mesmo; “Para onde me irei do teu espírito, para onde fugirei da tua face? Nem as trevas me encobrem de ti; mas, a noite resplandece como o dia; trevas e luz são para ti a mesma coisa;” Sal 139; 7 e 12

Trevas e luz para Deus são a mesma coisa, quanto à impossibilidade de se esconder; não é valoração espiritual; “... nem as trevas me encobrem de ti...” É um apreço da ciência Divina, não, da moral.

Ele mediante Jeremias propôs a questão: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não veja? diz o Senhor. Porventura, não encho, Eu, os Céus e a Terra? ...” Jr 23;24

A Epístola aos Hebreus também aborda o tema; “Porque A Palavra de Deus é viva e eficaz; mais penetrante que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e espírito, juntas e medulas; é apta para discernir pensamentos e intenções do coração. Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas, patentes, aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;12 e 13

Tratar com Ele não é possibilidade, mas, necessidade; “... temos de tratar.”

O que diríamos ao ver alguém tencionando fazer algo absolutamente impossível? Que está louco. Assim agem espiritualmente os que devaneiam ocultar-se ao Criador. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7 Sua reação a Deus é de desprezo ao Seu conselho; sua reputação na dimensão espiritual, loucos.

Dizem que o avestruz quando pretende se esconder enterra a cabeça na areia, de modo que, não vendo nada, sente-se oculto, protegido, seguro.

Eis o nefasto efeito colateral do “sereis como Deus sabendo o bem e o mal”! Vivendo impiamente confiando na pretensa autonomia em relação a Deus, não só ignoramos como valorar corretamente, bem e mal, como, sequer percebemos quando o bem nos visita; “... Maldito o homem que confia no homem faz da carne o seu braço e aparta seu coração do Senhor! Será como a tamareira no deserto; ‘não verá’ quando vem o bem...” Jr 17;5 e 6

O avestruz tudo bem, a Bíblia mesmo diz que tem apenas velocidade, não, entendimento; “Deus o privou de sabedoria, não lhe deu entendimento. A seu tempo se levanta ao alto; ri-se do cavalo, e do que vai montado nele.” Jó 39;17 e 18

Porém, nós, criados À Imagem e Semelhança do Eterno, só seremos reféns da cegueira espiritual, se, em nossa ímpia resiliência calcarmos pés na insana rocha da incredulidade.

Como o avestruz devaneando com esconderijo, apenas acha cegueira, igualmente os ímpios, “... o deus deste século cegou entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Se, no prisma espiritual é loucura a inglória tentativa de se ocultar, do ponto-de-vista natural, a entrega irrestrita a Deus é que soa a insanidade. “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas, para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” I Cor 1;18 Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus, louca, a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” Vs 20, 21 e 25

Todos depreciam verbalmente à cegueira voluntária, o cego que, não querendo ver, torna-se pior que outro que não pode; entretanto, uma coisa é a ginástica mental, outra, a realidade patente nas escolhas da rebelde vontade dos iníquos.

Tais serão condenados, pois, não buscam às trevas por estar cientes que essas escondem de Deus, antes, por sua predileção pela maldade. “... a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

A opção pelo mal culminará num motim global; “Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o Seu Ungido, dizendo: Rompamos as Suas ataduras; sacudamos de nós as Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Felizes os que, invés de romper as cordas ouvem ao Salvador: “Tomai sobre vós o Meu Jugo...”