“Tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus, que possuis,
nomeia magistrados, juízes, que julguem o povo que está dalém do rio; todos,
que saibam as leis do teu Deus; ao que não as sabe, ensinarás.” Ed 7;25
O fim do
cativeiro hebreu. Artaxerxes, rei da Pérsia, enviava ao sacerdote Esdras de
volta a Jerusalém, com ouro, os utensílios do Templo restituídos, e o concurso
de todos hebreus, que, junto decidiram voltar.
A ordem era
para que nomeasse juízes dentre os que sabiam a Lei de Deus, ou, dos que se dispusessem
a aprendê-la. Tal consideração pela Lei, vinda de um rei gentio, quando, os próprios
judeus amargaram setenta anos de cativeiro por não cumpri-la, dá o que pensar.
Chega a ser irônico.
Quantas vezes
vivemos, ou, vivenciamos, crentes dando maus passos e sendo corrigidos por ímpios?
Mesmo aqueles que não querem a Luz de Deus para si, conhecem parte do seu
fulgor.
Assemelha-se
a certos presídios onde, os presos podem aprender uma profissão, e, ao saírem,
fazer uso do aprendido para a devida ressocialização, para que não sejam presos
novamente. Noutras palavras, se foram cativos pelo descaso com a Lei, aprendessem,
enfim, que servir a Deus em Seus termos é muito mais brando e agradável que
servir aos homens em terra estranha. Lá, sequer cantar louvores apetecia, como testificaram:
“Aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; os que nos destruíram,
que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião. Como
cantaremos a canção do Senhor em terra estranha? Sal 137;3 e 4
Assim, além
de reconstruir o templo e restaurar o culto, todas as leis nacionais deveriam
derivar da Lei do Senhor. A vasta tarefa de Esdras.
Líderes devem
viver segundo Divinos preceitos, antes de ensinarem ao povo. Isaías apresentou
nuances de catástrofes globais, depois de denunciar que, os governantes eram de
“calibre” inferior. “A terra pranteia e murcha; o mundo enfraquece e murcha;
enfraquecem os mais altos do povo da terra. Na verdade a terra está contaminada
por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os
estatutos, e quebrado a aliança eterna. Por isso a maldição consome a terra; os
que habitam nela são desolados; são queimados os moradores da terra, poucos
homens restam.” Is 24;4 a 6
A prescrição
de zelo com a Lei, certamente, era inspiração Divina, dado que, oriunda de um
rei gentio. Tal providência encaixa perfeitamente com o Preceito legado
mediante Malaquias: “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o
conhecimento, da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é mensageiro
do Senhor dos Exércitos.” Ml 2;7
Então, se até
gente periférica ao povo de Deus reconhece a excelência da Lei, como pretendem
alguns, “teólogos” liberais flexibilizar ao que é Absoluto? Ora, “modernizar”
doutrinariamente à igreja para não colidir com o mundo, pode até fomentar certo
inchaço eventual, que, incautos confundem com crescimento, mas, no fundo, é
apenas guardar créditos para novo cativeiro, agora, eterno.
O “segundo
Êxodo” foi cantado num hino, comparado a um duro plantio, cuja ceifa, trouxe
alegria, vejamos: “Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião,
estávamos como os que sonham. Então, nossa boca se encheu de riso e nossa
língua, de cântico; então se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o
Senhor a estes. Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos
alegres. Traze-nos outra vez, ó Senhor, do cativeiro, como as correntes do sul.
Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa
semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo
seus molhos.” Sal 126
Os mesmos que
recusaram a cantar “Cânticos do Senhor em terra estranha”, agora, sua boca se
encheu de riso, a língua de cântico.
A alegria espiritual de quem estava, outra
vez, próximo a Deus. No êxodo do Egito receberam a Lei do Senhor na base do
Sinai. Nela não perseveraram e foram entregues a nova opressão. Agora,
devidamente disciplinados pela dor, retornavam, com a missão de reencontrarem a
Lei do Altíssimo, e nela embasarem o seu modo de vida.
Assim,
ninguém está apto para ensinar a Lei do Senhor a outrem, antes de aplica-la a
si. Esdras foi escolhido por Deus, e reconhecido até por estranhos, porque
levava isso a sério em sua vida. “Porque Esdras tinha preparado o seu coração
para buscar a lei do Senhor, para cumpri-la e para ensinar em Israel os seus
estatutos e os seus juízos.” Ed 7;10