terça-feira, 24 de setembro de 2019

Você tem zelo de quê?

“... Não nos faças ouvir tua voz, para que porventura homens de ânimo mau não se lancem sobre vós, e tu percas a tua vida, e dos da tua casa.” Jz 18;25

Mica e a tribo de Dã disputando a posse dum deus (?) na verdade, uma reles escultura que aquele tinha e esses tomaram à força. Os da referida tribo estavam dispostos a matar para manutenção da posse do dito artefato. Restou a Mica resignar-se com a perda para não perder também a vida.

O zelo sem entendimento que referiu Paulo em suas epístolas. Quem se coloca extremamente cioso, zeloso do que é irrelevante, normalmente se porta um de modo relapso para com o que é vital. Conheci muitos chatos, ciosos das coisas periféricas, usos, costumes; e, completamente alienados do zelo necessário para com a sã Doutrina.

Põem vidro no cofre e espalham diamantes ao sol.

Porém há casos piores; há entendimento do que está em jogo e jogam sujo; como certo sindicato de artesãos que fez arruaças “religiosas” porque, Paulo atrapalhava o negócio deles. “Certo ourives da prata, por nome Demétrio, que fazia de prata nichos de Diana, dava não pouco lucro aos artífices, aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras semelhantes, disse: Senhores; sabeis que deste ofício temos nossa prosperidade; bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda Ásia, este Paulo tem convencido e afastado grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos.” Atos 19;24 a 26

Havia acordo tácito que era apenas dinheiro o alvo, mas, para efeito de manipulação usaram o bom e velho zelo religioso; “Ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos efésios.” V 28

Não fora esse mesmo zelo cego que a cretina Jezabel usara para, acusar Nabote de blasfêmia depois de subornar testemunhas para que confirmassem isso, e o infeliz fosse morto; sua herança roubada pela megera rainha?

Zelo em si não quer dizer nada. Circulam pela “nuvem” muitos agarrados em dogmas, ou placas denominacionais que parecem, como a tribo de Dã, estar dispostos a matar por seus apegos doentios; invés de apreço pela verdade que liberta mostram apenas os derivados deprimentes de seus entendimentos obtusos e fanatismo engajado.

Postam vídeos onde um líder responde à objeção de outro, e invés de cotejar a posição de fulano e a de ciclano, ambas com a Verdade revelada na Palavra, portam-se como torcedores do melhor sofista e ainda realçam seu aplauso de torcedores ignorantes com expressões, tipo: “Lacrou! Humilhou!”

Nas antigas disputas de Sócrates com os retóricos sofistas, entre outras coisas disse que desprezava à “arte” deles, pois, pelo manuseio hábil das palavras faziam parecer que entendiam sobre o que ignoravam; ainda podiam gerar crença sem ciência. Simplificando; faziam as pessoas acreditar sem entender.

Nunca foi esse o propósito do Salvador; antes, desafiou Seus ouvintes à prática da Palavra como iniciação ao discipulado; a permanência como meio de conhecer à verdade que liberta. “Jesus dizia... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Ouvir com preguiça, aplaudir a quem “lacra” invés, de “meditar dia e noite na Lei do Senhor” dá menos trabalho; pode engendrar certo prazer rasteiro até, porém atrofia o espírito onde deveria haver crescimento.

“Do qual (de Cristo) muito temos que dizer de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;11 e 12


O que torna difícil a interpretação é a negligência, preguiça, dos ouvintes ou, leitores da Palavra. Têm muitas palmas guardadas para seus “lacradores” favoritos dos quais são torcedores, e nenhum neurônio voluntário disposto a conhecer melhor ao Senhor meditando na Sua Palavra.

Inevitável a figura de Belsazar: Cheio de louvores às futilidades e alienado do que é vital. “... destes louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, de quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.” Dn 5;23


Dois atrativos têm os ídolos. Comodismo e cumplicidade.

Sendo à imagem e semelhança de quem os faz são rasos, não demandam meditação, entendimento; não tendo uma lei a seguir, “abençoam” quaisquer caminhos que os devotos escolherem.

Porém, “Eu sou o Senhor; este é o Meu Nome; Minha glória, pois, a outrem não darei, nem o Meu louvor às imagens de escultura.” Is 42;
8

Um comentário:

  1. O zelo sem entendimento deriva da egolatria, em pequena ou grande escala.

    ResponderExcluir