quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Direitos Autorais de Deus

“Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

Uma aparente contradição na questão do arbítrio aqui. Por um lado, “não do é homem...”; por outro, “... o ‘seu’ caminho”... Ora parece ter escolha, ora, não. Muitos já queimaram pestana tentando entender até onde somos arbitrários, e, desde onde, não.

Quando escolho algo, indiretamente escolho também os efeitos colaterais. Mesmo que, tais, não tencione. Por exemplo: Um nubente que escolhe seu par; querendo ou não, escolhe junto, sogros, cunhados, tios, avós, etc. Sua escolha prioritária foi de um cônjuge; os demais, que faziam parte do pacote foram consequência necessária da predileção primeira.

Então, há escolhas primárias, voluntárias, ativas; outras, secundárias, compulsórias, passivas. Simplificando: O que quero, e o que me disponho a aceitar pra ter o que quero.

Afinal, a liberdade proposta pelo Criador era limitada. “De toda árvore do jardim comerás livremente; mas, daquela...” Simplificando; somos livres em Deus dentro de certos limites; pois, mesmo francos temos que observar deveres.

Logo, o caminho é meu, no sentido de que posso escolher andar por ele, ou, não; mas, é do Senhor; a Ele compete estabelecer limites do probo, lícito, e aceitável na caminhada.

A rota alternativa proposta pelo inimigo; “Sereis como Deus sabendo o bem e mal”; exclui a ideia de limites; faz da doentia vontade humana o “parâmetro” às nossas ações. “Faça o que tu queres, pois, é tudo da lei”.

Não parece melhor esse? Inicialmente sim. Mas, suponhamos que iniciemos uma jornada rumo a determinada cidade; o fazemos pelo início, ou, pelo fim? Digo, caminhamos pela caminhada em si, ou pelo lugar aonde queremos chegar? Qualquer mente sadia dirá que é pelo fim, não, pelo começo que se avalia o proveito de um caminho.

E, “Há um caminho que ao homem parece direito, mas, no fim são os caminhos da morte.” Prov 14;12

A autonomia proposta por Satã nos faz deuses alienados de Deus; se, durante o processo, nos deixa “soltos” para fazer o que quisermos, na hora da morte nossa “divindade” se revelará falsa, impotente; no juízo será rasgada a capa da “liberdade”; veremos que escolhemos à maldição, a morte. “Céus e Terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto vida e morte, bênção a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência”. Deut 30;19

Assim, fica patente que temos direito de escolha; mas, do caminho apenas, cujos “efeitos colaterais” dependem do Senhor.

Pode parecer pouco a um mais exaltado concluir que nossa liberdade de escolha se restringe a podermos escolher fazer o que devemos perante O Criador; mas, pergunte-se a um anjo caído detido em prisões eternas que, não conta mais com essa liberdade, o quanto ela vale; ou, o quanto daria para tê-la ainda uma vez?

Nossa liberdade deriva do Amor de Deus, que, Sendo Amor, não deseja nenhum afeto forçado, pois, tal não existe. O único sentimento que pode ser gestado à força é o medo, jamais o amor. Galardoar com a vida eterna apenas ao amor sadio que corresponde ao Seu, são os “direitos autorais” do Criador, que, para esse fim nos gerou.

Quem já logrou corresponder ao Amor Divino e hauriu o gozo que isso traz jamais acusará ao Santo, como fez o inimigo de ter guardado o melhor para si. O perfeito amor enseja uma fusão Divino-humana e, deleite mútuo.

Por fim, se, até nas relações interpessoais a liberdade é limitada; como se diz, a minha termina onde começa a de outrem, por que em relação a Deus seria irrestrita?

De certa forma estamos condenados a ser livres, uma vez que, cada passo é uma escolha; de outra, somos desafiados a ser prudentes, pois, cada escolha trará consequências. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas, o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Semear na carne, sugestão do Traíra é endeusar minhas próprias predileções; no Espírito; reconhecer o Governo do Senhor e deixá-lo dirigir meus passos. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que, não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus livrou-me da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Como o inimigo estragou tudo em suas perversões inoculadas na espécie caída, a regeneração de Cristo muda tudo, outra vez; “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

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