domingo, 1 de setembro de 2019

A Camuflagem do Mal

“... Mas, se fizeres o mal, teme, pois (a autoridade) não traz debalde a espada...” Rom 13;4

Como seria se, o mal se atrevesse desfilar nu? Salvos casos extremos onde chega à absoluta devassidão, ele costuma ser cauteloso; sempre faz uma visita no brechó dos méritos em busca de alguma peça que lhe convenha para parecer com o bem de alguma forma e, só então sair a público.

O mercenário veste-se de sacerdote, de político defensor dos fracos; o adúltero de marido cioso; o ladrão encena probidade; o autoritário se traveste de democrata; o juiz corrupto busca argumentos exóticos para ornamento de sentenças vis; Um Adélio da vida não queria assassinar covardemente um inocente; antes, estava tentando “livrar o país de uma ameaça”.

Em suma, o mal se personifica no hipócrita que sai no carro alegórico da aparência sofisticado com penduricalhos de falas e intenções bonitas para ocultar a real estatura.

Se há algum bem no mal é o fato de que tem autocrítica; sabe que não pode estar nu e não se envergonhar.

Se ousasse tirar a roupa e mostrar-se em sua essência todos ficariam longe. Então, seu mentor e sequazes refugiam-se atrás das vestes mais nobres possíveis; “... falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. Não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.” II Cor 11;13 e 14

Então, fica fácil perceber que o mal não consegue andar sozinho; sem as vestes alugadas do bem ele morreria de fome. Dessa necessidade existencial dele que derivam adágios como: “As aparências enganam... quem vê cara não vê coração... por fora bela viola; por dentro, pão bolorento.” Etc.

Imaginemos a seguintes falas: “Estou aqui pedindo seu voto de confiança, pois quero de toda a forma ser eleito; quero usufruir todas as benesses do poder e nunca deixarei de dar um jeitinho para levar vantagens com o dinheiro público;” ou, “Eu falo do amor de Deus e aceno com promessas grandiosas e minto que vou orar por vocês, mas, uma vez obtidas as vantagens materiais da vossa boa fé, o que lhes acontecer depois não me importa mais eu quero mesmo é boa vida;” ainda, “Fiz votos de fidelidade porque estava numa cerimônia pública ante testemunhas, mas tendo chance de me divertir com outra claro que farei; eu vou diversificar sempre que der...” etc.

O político não teria votos teria vaias; o mercenário não teria ofertas, seguidores, nem dízimos; o cônjuge ficaria só ou seria igualmente tratado.

Embora os maus não admitam, (a resiliência na mentira é parte da maldade) o mal é mais fraco do que o bem; se não fosse assim A Palavra de Deus não ordenaria que aquele fosse vencido por esse. “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;21

Portanto, quando acusam-nos, aos cristãos, de nos “escondermos atrás da Bíblia”, visam camuflar seus medos atribuindo covardia a quem tem coragem de lidar com as próprias maldades. O que é a confissão de um arrependido senão, o subjugar dos próprios males à Bondade de Cristo forçando-os ao “strip-tease” que os expõe?

Por isso nessa ampla “floresta” humana onde todas as árvores fazem pose de frutíferas ou sombrias, é absolutamente vital certa acuidade que vai além da casca e das folhas e consegue identificar aos frutos de cada um; pois, mesmo esses se podem transfigurar.

Aos seus, pois, que agem como espirituais, O Senhor lega o precioso discernimento, para que as vestes da maldade não lhes enganem; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Para sermos honestos, falo dos que fazem a boa escolha em Cristo, nossa maldade é maior que ousamos admitir, ou, podemos identificar; Spurgeon dizia que um cristão confessando os pecados assemelha-se a um fruticultor na feira expondo seus frutos mais vistosos; no pomar ainda restam muitos deles.

Sabedores disso deveríamos fazer nossa, a oração de Davi; “Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos.” Sal 19;12

Bem disse Paul Washer, “Nós não temos pecados, nós somos pecado.” “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero faço. Ora, se faço o que não quero, já não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;19 e 20

Enfim, mascarar maldades é ser cúmplice de quem nos quer matar; Assumi-las e deixá-las é questão de sobrevivência. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Um comentário:

  1. Essa camuflagem faz lembrar Romanos !4:22 ... Bem aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Embora aí se aplique em sentido diverso, aqui se demanda que ao aprovar o mal, condenado pela própria consciência, o homem enforca seu livre arbítrio e nega sua personalidade. Quando se diz cristão, traz a pecha do falso definido pelo próprio Cristo há mais de 2 mil anos.

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