terça-feira, 1 de março de 2016

Aborto; uma visão cristã

“Antes que te formasse no ventre te conheci, antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.” Jr 1;5 “Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; no teu livro todas estas coisas foram escritas...” Sal 139;16

Parece que, dados os textos acima, para Deus é irrelevante a discussão de quando começa vida, uma vez que, tanto pode conhece-la, ainda informe, quanto, escolher alguém para determinada missão como fez com Jeremias.

Para determinados seguimentos feministas, evocar argumentos teológicos é algo nefasto, mui feio, mais que assassinar um incapaz, dado que, somos um Estado laico. Assim, segundo seu raciocínio, a defesa da vida deve ser só um ranço religioso.

Entretanto, malgrado isso, há pessoas que, se dizendo cristãs abraçam à ideia, e para essas, que acham que a Bíblia tem relevância, Deus conta, para essas, digo, direciono minha breve reflexão, tencionando trazer alguma contribuição.

O melhor argumento que ouvi sobre sua causa é de que, “toda mulher tem direito a dispor do seu corpo como desejar.” Ora, isso é pacífico, indiscutível, tanto para mulheres, quanto homens, homossexuais; uma vez que, Deus nos fez arbitrários, e assim permanecemos.

Homens e anjos habitam o âmbito da possibilidade; claro que, o direito a fazer escolhas traz anexo o dever de assumirmos as consequências.

Animais e plantas, os demais seres vivos, são devedores à necessidade; reféns da reprodução mecânica, incapazes de escolher. Assim, homens e anjos podem viver piedosamente segundo Deus; ou, alheios aos reclames do Santo, endeusando às próprias vontades. Há precedentes de ambas as hipóteses em ambos os seres.

Animais e plantas, contudo, nascem, crescem, vivem, reproduzem e morrem, sem escolha. O feijão não pode decidir virar ervilha, tampouco, um pato tornar-se galo. Não que as escolhas dos seres pra elas dotados os façam outra espécie, estritamente; mas, aos anjos que escolheram a rebelião, fez demônios; aos humanos que escolhem o pecado, inimigos de Deus, privados da vida eterna.

Certo pensador disse que somos “condenados à liberdade”; desse modo, querendo ou não, acabamos optando a todo momento. Opções são sementes que lançamos; mais dia, menos dia, depararemos com seu fruto multiplicado.

Até pessoas simples com mera experiência de vida privadas de estudo dizem com acerto, que meu direito termina onde começa o de meu semelhante. Mais ou menos como um semáforo que, quando verde em determinada direção, está vermelho nas demais; cada um avança a seu tempo; o exercício do direito concomitante ao dever que, disciplina e bem ordena a vida urbana. Abstraídas as peculiaridades, esse exemplo pode se aplicar a todas as áreas do convívio social.

Quando acontece um acidente, é mui frequente, as autoridades investigam as causas para ver quem é, e como arcará com as consequências, o culpado. Assim, todo o motorista tem direito a dispor de seu carro, ir e vir, pelas ruas que desejar, desde que, observe as regras de trânsito estabelecidas. Não se faculta a ninguém andar na contramão, cruzar sinal vermelho, por exemplo, exceto alguns veículos que lidam com emergências.

Acontece, voltando ao tema, que a mulher grávida não lida mais estritamente com seu corpo. Traz em si a consequência de uma escolha, cuja culpa pode ter sido dela apenas, dela e do parceiro; ( só do parceiro, em casos de estupro, que merece apreço à parte )  de modo que, seu direito a dispor de seu corpo como quiser, cessou temporariamente, desde que, permitiu que novo corpo começasse a ser gerado. Acendeu o sinal vermelho. Passou a trazer em si um ser incapaz, indefeso, cujo único “defeito” é não ter vivido ainda tempo suficiente para se defender por seus próprios meios.

Quem advoga como lícito o aborto, violência de um ser mais forte contra um indefeso, com qual argumento condenaria à pedofilia, por exemplo? No fundo, é a mesma coisa, “atenuada” pelo fato que não gera morte, exceto, eventualmente.

Ademais, 50% dos fetos são mulheres; qualquer máxima que apregoe direitos de “toda mulher”, há de incluir essas ainda indefesas, se, de fato, é atinente a todas.

Ora numa sociedade esclarecida como hoje, é tão simples não conceber, que é uma grande irresponsabilidade lidar com gravidezes acidentais, como tanto ocorre. A ideia parece ser: Me comporto como quiser, bebo, me drogo, “solto a franga”, mas se surgir um “efeito colateral”, o Estado deve resolver, francamente. Um filho deve ser um projeto alicerçado em amor, não um acidente irresponsável!

Cristo nos ensina a não fazermos a outrem o que não desejamos;bem, não desejo em hipótese alguma, que um ser infinitamente mais forte que eu, me mate como uma peste, e me descarte como um lixo.  

É fácil sermos a favor do aborto depois de termos nascido.”

Keitarou Tanara

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A Pedra principal

“Ainda não lestes: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Esta foi posta por cabeça de esquina; isto foi feito pelo Senhor; é coisa maravilhosa aos nossos olhos?” Mc 12;10 e 11  

Claro que O Senhor foi irônico ao perguntar tal coisa aos doutores do templo; Certamente tinham lido e cantado muitas vezes, uma vez que que está inserido num hino hebraico, Salm 118;22 e 23 Na verdade, a pergunta tencionava desafiar o entendimento deles acerca do que, tantas vezes leram. Assim, o “ainda não lestes” pode ser entendido como, ainda não compreendestes?

Mas, se a Pedra rejeitada pelos homens foi feita Fundamental, Angular, pelo Senhor, das duas uma: Ou, era defeituosa e foi regenerada pelo Senhor; ou, os edificadores eram maus, incompetentes, não conseguiram ver as reais qualidades dela.

Ora, mesmo enfrentado a ferrenha oposição que enfrentou, O Salvador desafiou seus oponentes a apontarem lapsos de caráter Nele. Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que não credes?” Jo 8;46

Isaías profetizara que o problema seria nos olhos dos que contemplariam ao “Braço do Senhor.” Porque foi subindo como renovo perante ele, como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura; olhando nós para ele, nenhuma beleza vimos  para que o desejássemos.” Is 53;2

Pedro, que andou com O Mestre por três anos e meio deu o seguinte testemunho: Não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. “ I Ped 2;22

Assim, não havendo problemas com a Pedra, resta investigarmos os edificadores.
O que nos faz aprovarmos, recebermos, aplaudirmos algo, senão, identificação? As coisas com as quais me identifico, queira eu, ou não, testificam minha essência, meu ser, muito mais fielmente que minhas palavras, ainda que, sinceras, bem intencionadas.

O pleito se deu no contexto dos lavradores maus, que, ora recusavam dar frutos a quem de direito, ora, vendo o Herdeiro, decidiram matá-lo, apossarem-se da herança.

Os frutos em questão não eram uvas estritamente, tampouco, a herança em litígio, material. Isaías ensina quais frutos O Eterno demandava de Sua Vinha: Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis, opressão; justiça, eis, clamor.” Is 5;7

A herança se tratava do pretenso poder espiritual sobre o povo exercido pelo Sinédrio. “Se o deixarmos, todos crerão nele; virão os romanos e tirarão nosso lugar. - Não sabeis que é melhor que um só homem, não pereça toda a nação?” Confabularam certa vez.

Então, A Pedra foi rejeitada porque demandava frutos para Deus; Israel, há muito, frutificava para si. Israel é uma vide estéril que dá fruto para si mesmo; conforme a abundância do seu fruto, multiplicou altares; conforme a bondade da sua terra, fizeram boas estátuas.” Os 10;1

Para frutificar a Deus, careço me comprometer com Ele, Sua Palavra; se é para mim mesmo, posso criar deuses alternativos, fazer as coisas do jeito que gosto.

O Eterno prometera que a Descendência de Abraão seria uma bênção para todos os povos; uma nação sacerdotal povo santo que ensinaria os justos Preceitos de Deus. Todavia, nos dias do Senhor o desvio era tal, que João Batista entrou em cena requerendo frutos de arrependimento, que era já, atestado de não estarem produzindo o que O Criador desejava.

Me ocorre uma frase de autor desconhecido: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos, nunca, quando o somos.” Noutras palavras: Discernimos muito bem os defeitos alheios, até imputamos falhas por nossa conta, mas, raramente lidamos bem com os nossos.

Quando da queda no Éden, o traíra prometera: “Vós mesmos sabereis o bem e o mal”; ao homem caído, o bem é o que ele gosta; o mal o que não; malgrado goste de drogas, e lhe sejam oferecidas Palavras de Vida Eterna. O ego, o “nasci assim”, ou, “sou assim” é uma imensa barreira para voltarmos ao Pai. Por isso Cristo requereu: “Negue a si mesmo tome sua cruz e siga-me.”

Se, anelo fazer parte da Obra de Deus, há de ser nos Seus termos, ou, jamais farei. Qualquer edificação que não tenha Cristo como Pedra principal, será vã, como edificar sobre areia. E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa;” I Ped 2;4   

E pensar que alguns dizem que a Pedra Angular da Igreja é Pedro; se, o próprio Pedro diz que é o Senhor. Existem muitas formas de rejeitar ao Senhor; uma só de recebe-lO: Fazendo-se servo, obedecendo-O.


Enfim, não há nada errado com A Pedra Divina; mas, a incredulidade petrifica corações, sepulta vivos. O Senhor, antes de falar ao “Lázaro” morto ordena: “Tirai a pedra”!

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Salvação; obra inconclusa

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Rom 5;10

Paulo põe reconciliação e salvação como distintas, tanto no ser, quanto, no tempo. Dá a reconciliação dos cristãos como obra acabada; “fomos reconciliados”; a salvação, como uma esperança; “seremos salvos”.

Embora não haja um texto sequer que desautorize afirmar que alguém é salvo quando se arrepende e crê, parece que a ideia em relevo é que nossa salvação, enquanto nesse corpo, é instável, sujeita a riscos, algo que deve ser preservado, que se pode perder.

Assim, quando a salvação é adjetivada como uma esperança, isso deve-se à nossa inconstância, não, a eventual variação no propósito, ou, no Amor Divino. “Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” V 2

Firmes na graça, uma linguagem “contraditória” do apóstolo. Graça independe de mim, deriva do amor do Eterno; firmeza, porém, tem a ver com minhas atitudes, constância, obediência, serviço... A Palavra ensina: “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente nossa confissão.” Heb 4;14   Constância é firmeza na graça, pois.

Desse modo, mesmo a salvação sendo algo acabado no prisma Divino, no que tange a mim é inconclusa; deve ser aperfeiçoada, mantida. Sem deixar de ser um fato, é uma esperança. Esperança não é mera abstração, pensar positivo como imaginam alguns; antes, quando se espera o plausível, o que tem fundamento, é agir, dado sermos reféns do tempo, como se já não sofrêssemos suas limitações, pudéssemos tocar o futuro.

O risco aí, é devanearmos com anseios naturais, carnais, e esperarmos que Deus os cumpra; nesse caso, espera vã. A Palavra nos ensina a esperarmos o que foi prometido, não menos, nem, mais. “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” Heb 6;18

Assim, esperar estritamente o que nos foi proposto equivale a nos refugiarmos, em Deus. A Graça Divina supriu nossos lapsos passados, pelo Méritos Benditos de Cristo; mas, depois de reconciliados somos exortados a sermos cooperadores de Deus, para que, a esperança seja convertida em certeza. “Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, do trabalho, do amor que para com seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. Mas, desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até o fim, para completa certeza da esperança;” Heb 6;10 e 11

Sabemos que há certos ensinos na praça que advogam que, “uma vez salvo, sempre salvo” usando como “argumento” um texto onde O Salvador assegura que ninguém arrebatará Suas ovelhas das Suas mãos. Ora, tal afirmação tem a ver com Seu Poder, não com nossa vontade.

Se, não há no Universo força capaz de tirar Dele, há o arbítrio que nos deu. Daí, tanto podemos perseverar na graça, quanto, desistir. “Mas o justo viverá da fé; se ele recuar, minha alma não tem prazer nele. Nós não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas, daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;38 e 39

Seria argumento absurdo advogar que Deus usa hipóteses impossíveis para evidenciar Sua Doutrina. Se adverte que é possível, tanto recuar, quanto, se retirar para a perdição, assim é.

Pedro alude aos que, tendo conhecido a graça, por ela sido libertos da corrupção do mundo, recaíram; comparou-os com cães que voltam ao vômito, ou, porca lavada que volta à lama. Se, não tivessem sido reconciliados, não teriam vomitado seus pecados pretéritos, não teriam sido lavados; mas, foram, e se retiraram pra perdição. Assim, a reconciliação se deu, em certo momento, mas, a salvação não foi atingida.

A mesma epístola, aos Hebreus, adverte de uns que após os dons do Espírito Santo caíram: “Porque é impossível que os que foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, da boa palavra de Deus, das virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, eles, de novo crucificam o Filho de Deus, o expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Da cruz, somos chamados a ser imitadores, não, feitores. “...deixemos todo o embaraço, o pecado que tão de perto nos rodeia; corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz...” Heb 12; 1 e 2


A reconciliação está feita com quem crê; salvação, depende de uma ação que salva: Perseverança na graça.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Tire suas mãos daí!

“Maior é a iniquidade da filha do meu povo, que o pecado de Sodoma, a qual foi subvertida como num momento, sem que mãos lhe tocassem.” Lam 4;6 “... do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos; ela esmiuçou o ferro, bronze, barro, prata e ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, fiel a interpretação.” Dn 2;45

O primeiro verso alude ao juízo de Sodoma; o segundo, ao de todos os reinos humanos mediante Jesus Cristo. O que ambos têm em comum, é que, o primeiro foi feito “sem que mãos lhe tocassem” o segundo, “sem auxílio de mãos”.

Isso deixa patente que, a Obra de Deus prescinde da interferência humana; ou, não depende dela para ser realizada. Quando nos escolhe para alguma incumbência, isso deriva de Sua bondade, não, necessidade. “Porque, na verdade, ele não tomou anjos, mas, tomou a descendência de Abraão. Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.” Heb 2 ;16 e 17 Vemos que, mesmo podendo ter usado seres superiores, anjos, preferiu-nos, por misericórdia.

Nossas mãos desafiadas às boas obras, devem ser testemunho palpável do que as Suas Mãos benditas estão fazendo em nós. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais, Deus preparou, para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Cristo disse o mesmo, de outro modo: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas, no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;14 a 16

Edificamos templos majestosos “para Deus”; sem nos darmos conta, que essas coisas são para o homem. Gostamos de ambientes confortáveis, refinados, belos. Ele prefere ambientes de amor, misericórdia, compreensão, humildade, entendimento espiritual, aos testemunhos pífios da vaidade.

O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:” Atos 7;48 “Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” I Cor 3;16

Mesmo, nossas vidas, encerram o risco de serem edificadas por mãos humanas, o que as torna inabitáveis para O Senhor. Como? O Salvador denunciou: “Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.” Mat 15;9

Diverso das construções humanas onde acabamos com reboco, massa fina, pintura, Deus, dá retoques em Sua Obra com fogo. Esse, remove elementos estranhos. “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual a obra de cada um.” I Cor 3; 12 e 13

Infelizmente, muitos incautos espirituais “identificam” o inimigo em casos que Deus está purificando Sua obra. Permite divisões, separações dramáticas quando isso serve ao cumprimento de Seu Propósito,Porque o nosso Deus é um fogo consumidor. “ Heb 12; 29

Ele mesmo se faz inimigo dos rebeldes que resistem ao Espírito Santo, afrontando Suas Palavras; Mas eles foram rebeldes, contristaram seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

Desse modo, cada vez que tomo A Palavra como diretriz, interpretada à Luz do Espírito Santo, por ela me deixo conduzir; ou, ensino a devida postura a outros, não sou eu, mas, O Senhor que está edificando seus templos segundo o projeto original. Qualquer interferência humana, além de indevida revela-se inútil. “Se, o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” Sal 127;1

Enfim, O Eterno honra-nos, ao nos fazer cooperadores Seus em Sua obra Bendita. Todavia, como disse a Moisés acerca do Tabernáculo: “Faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou”, isso vale para nós. No Sermão do Monte, Jesus Cristo delineou o modelo dos Seus templos; qualquer coisa que destoe é feitura de nossas mãos, material indevido.


Por um lado somos reputados edificadores, quando proclamamos retamente o que Ele ensinou; por outro, somos edificados, quando pautamos nosso andar por Sua Vontade. Há um cântico que diz: “Segura na mão de Deus e vá”; noutras palavras: Aprenda Sua vontade, pratique. Pois, quem tem amor eterno gravado nas mãos, não precisa de mãos melhores pra Sua Obra; ademais, melhor que a perfeição, não há.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A máscara da ignorância

“Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram céus, e terra; que foi tirada da água, e, no meio da água subsiste.” II Pedro 3;5

Descrevendo escarnecedores que surgiriam nos últimos dias, Pedro lhes atribuiu uma característica interessante: Ignorância voluntária. Sendo “Gnose” o conhecimento, “Agnose” ou, ignorância, é seu oposto, ausência de saber. Entretanto, voluntária?

A ignorância, propriamente dita, chega a legar certa “inocência” ao seu hospedeiro; Paulo escrevendo aos Romanos diz: “Não havendo Lei, não há transgressão.” Ou, quem ignora a Vontade Divina, não será tido por transgressor, se, agir de modo contrário. Discursando aos atenienses foi Preciso: “Deus não toma em conta os tempos da ignorância...”

Entretanto, essa “pureza” se perde, quando, a mesma é voluntária. Diversa da situação, onde, houve privação de conhecimento, agora, temos o concurso da vontade. Assim, não se trata de ignorar por não poder conhecer, antes, por não querer.

Ora, qualquer coisa sobre a qual, manifesto arbitrariamente minha vontade, não ignoro; antes, é, justo, meu conhecimento das implicações, das consequências, que me levam a “desconhecer” coisas das quais, não gosto.

Sintetizando: Ignorância voluntária não é ignorância, estritamente; antes, fingimento, hipocrisia de quem, prefere isso, a encarar consequências do que sabe.

Temos um caso bem didático quando, Jesus foi questionado sobre a fonte de Sua autoridade para purificar o templo, por exemplo. Anelavam que Ele “blasfemasse” dizendo-se Filho de Deus, para poderem apedrejá-lO.

O Senhor, sabedor de todas as coisas devolveu-lhes a malícia com outra pergunta: “Jesus, respondendo, disse-lhes: Também vos perguntarei uma coisa; se me disserdes, vos direi com que autoridade faço isto. O batismo de João, de onde era? Do céu, ou, dos homens? Pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não crestes? Se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como profeta. Respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Ele disse-lhes: Nem eu vos digo com que autoridade faço isto.” Mat 21; 24 a 27

Vimos que, o “não sabemos” não derivava de ignorância, antes, de saber precisamente as consequências de ambas as respostas possíveis.

Temos exemplos práticos diariamente, nesses tempos escuros, onde tanta corrupção assoma. Os mesmos que, no pleito pelo poder “sabiam tudo” os malfeitos dos adversários, o que deveria ser feito em reparo, enfim, quais passos o “gigante” carecia para crescer inda mais, quando inquiridos, mesmo os indícios contra eles dando uma enciclopédia, nunca sabem de nada; sequer conhecem alguns camaradas de coexistência harmoniosa pretérita. “Não sei de nada, não vi nada”, virou bordão de humoristas denunciando essa desfaçatez.

Embora tais artifícios possam ter certa eficácia no confuso teatro social, onde, muitas vezes arbitra a paixão em lugar da justiça, ante Deus, a coisa não cola. Salomão já desaconselhou essa artimanha em seus dias, disse: “Se deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte; aos que estão sendo levados para a matança; se disseres: Não sabemos; porventura não considerará aquele que pondera os corações? Não saberá aquele que atenta para a tua alma? Não dará ele ao homem conforme sua obra?” Prov 24;11 e 12

Não que devamos sair dizendo inadvertidamente tudo que sabemos; senso de ocasião ajuda muito. Quando a porta dos corações está fechada, melhor bater a espera de que se abra. “Botar o pé na porta” engendrará inimizades, invés de conversão. Quando Paulo aconselha Timóteo que pregue, quer seja oportuno, quer, não, tenciona encorajá-lo em face às adversidades daqueles dias; o mesmo Paulo prescreveu ao jovem pastor que se desse por exemplo em tudo, inclusive, mansidão, tolerância.

Imaginemos um caso de falecimento de um descrente, sabemos o que sucede nesses casos. Como aconselharíamos eventual parente que se nos acercasse em busca de palavras de consolo? Melhor seria direcionar o assunto da Bondade Divina incidindo sobre os vivos ainda, que prometer venturas ao que se foi, ignorando voluntariamente à essa mesma bondade. Nem tudo o que sabemos pode ser dito; não, em qualquer momento, digo. O Salvador agiu assim com seus discípulos; “Ainda tenho muito que vos dizer, mas, vós não podeis suportar agora.” Jo 16;12

Em suma, a ignorância voluntária é só um nome diferente que se dá à hipocrisia; pessoas que sabem bem as implicações de certas escolhas, e fingem não saber, para que, usando máscara sua rebelião pareça menos feia.


Quem não quer saber das coisas de Deus, foge deliberadamente da vida que lhe é oferecida, ao encontro de um assassino; trai a si mesmo.  “O que rejeita a instrução menospreza a própria alma, mas o que escuta a repreensão adquire entendimento. O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a humildade.” Prov 15;32 e 33 

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Liberdade condicional

“O teu Deus ordenou tua força; fortalece, ó Deus, o que já fizeste para nós.” Sal 68;28 Interessante figura nesse rogo; “fortalece o que já fizeste para nós.” Algo como: Termina, Senhor, o que começaste a fazer; ou, como disse Davi em sua oração, “faze como disseste”.

Embora não seja próprio do Senhor começar algo e não acabar, é sempre sábio orarmos na direção que o Intento Divino aponta. Certamente as orações que têm a mais pronta resposta são as que se coadunam à Vontade de Deus.

Paulo escrevendo aos Filipenses assegura-os desse acabamento Divino; “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra, a aperfeiçoará, até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6

Entretanto, malgrado a iniciativa seja do Senhor, a responsabilidade de cooperar é nossa. Deus dá os dons, de nós, espera os frutos. O Espírito Santo escolhe para quem, e, quais dons, ensina Paulo: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cor 7 e 8

Temos aqui dois dons, ditos, sapienciais; com eles, quem os recebe deve produzir os frutos que são do agrado Divino. “Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio. Exultarão os meus rins, quando os teus lábios falarem coisas retas.” Prov 23;15 e 16

“Se o teu coração for sábio...” é uma condicional, depende de minhas escolhas; posso receber dons de sabedoria, e ainda, agir como tolo. Se alguém duvidar, que estude a biografia de Salomão, que, mesmo sendo o mais sábio dos homens, graças aos dons Divinos, muitas vezes agiu como néscio.

Assim, o aperfeiçoamento da Obra de Deus em nós, requer nossa participação voluntária. É comum, na meninice e adolescência espiritual confundirmos dons com frutos. Dons são ferramentas; frutos, resultados auferidos no exercício dos mesmos.

O Salvador mencionou uns que, exercitaram-se nos dons, mas, foram relapsos nos frutos, no caráter; “Em teu nome profetizamos, operamos milagres, expulsamos demônios...” Diziam; “Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” Foi a réplica do Senhor.

Assim, se orarmos como o salmista: “Fortalece, Senhor, o que já fizeste para nós.” Devemos esperar disso, que O Senhor nos capacite a fazermos nossa parte, na execução dos planos que Ele tem para nós.

Na Parábola do Semeador O Senhor ensinou que em todos os tipos de solo, a semente lançada é a mesma; A Palavra de Deus. A resposta da “terra”, todavia, é diferente, conforme o coração da cada um. Quando O Eterno assegura que a Palavra não volverá a Si vazia, não significa que salvará a todos que ouvirem; antes, que não obstantes as adversidades, a rejeição, sempre haverá um tanto de “boa terra” que produzirá o que o Agricultor anela.

Ele lança a semente e faculta os demais meios necessários à produção; mas, como essa “terra” é arbitrária... como Adão, me ocorre, que foi feito do pó, e O Criador nele soprou o Espírito, assim somos; igualmente pó; após a conversão nos é “Soprado o Espírito”, mas, igual àquele, ainda podemos desobedecer.

Como Deus é amor, e amor carece ser livre, O Santo jamais nos coage a fazermos Sua Vontade; insta, exorta, capacita, mas, a decisão sobre cooperar, ou não, é nossa. Essa é a sina humana; estamos “condenados” à liberdade condicional. Liberdade porque temos escolha; condicional porque as escolhas são apenas duas, excludentes; servimos Deus, ou, ao inimigo; as demais nuances são meros desdobramentos de uma escolha ou, outra.

Na parábola dos dois fundamentos ensina que é possível, tanto fundar a casa na rocha, quanto, na areia; na alegoria da edificação diz que, sobre o Fundamento certo, se pode tentar edificar com material vil, “feno, palha, madeira”, onde deveriam ser pedras preciosas.

A casa em questão é nossa vida; A pedra Angular, Jesus Cristo; o Fundamento, a doutrina dos apóstolos; o material de construção precioso, A Palavra de Deus. Assim, as “pedras vivas” no Edifício Santo são edificadas, como ensinou Pedro.

Entretanto, se, dada a Semente, as chuvas, mesmo assim, os frutos não vierem, estragamos em nossa obstinação, o que Deus fez por nós. “Porque a terra que embebe a chuva... e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6;7 e 8

Em suma, para Deus fortalecer o que já fez por nós, é necessário que nossa natureza rebelde fraqueje, mortifique-se, dando lugar a Ele; como disse Paulo: “Quando estou fraco, sou forte.”

sábado, 20 de fevereiro de 2016

As joias no porão

Todo dia nosso arbítrio é testado, plano A, plano B. Sempre podemos silenciar inquietações “inside” com álcool, drogas, prazeres; ou, mergulhar na busca pelas razões que inquietam. Mas, elas parecem tão fundas; o plano A “resolve” tudo.

Somos jurados onde cantam o vício e a virtude. Damos o “Golden ticket” àquele, e dizemos que essa desafina.

Ao nosso dispor, bondade real, capaz de tirar da cama a maldade que finge dormir sob o edredom da hipocrisia. Sim, podemos arrostar o mal, mas, o lugar comum é tão mais confortável, tão menos polêmico...

Desde imberbes “puxamos ferros” fortalecendo músculos para competir; agora, quereria alguém que nos satisfizéssemos em conviver?

Aprendemos muito bem que o negócio é matar um leão por dia, isso não é tarefa pra ovelhas; sim, eu sei, “dignidade não paga contas”, o jeito é ir à luta...

A Máquina de entortar homens a todo vapor. Os homens tortos aprenderam a pilotar muito bem; invés de lapidar caracteres, o negócio é desconstruir valores; o que não quero pra mim devo fazer ao próximo, antes ele do que eu.

Nossas vidas, por que reduzimos a meras existências? A maioria de nós “vive” uma insignificância tal, que quando a mão do tempo resolve deletar algum “erro”, parece que o vazio que resulta té fica melhor que quando ocupado. Não fazemos diferença estando, tampouco, saindo.

Vivemos uma “paz” que é tributária da hipocrisia, não, da justiça. Elogiamos, aplaudimos, curtimos, se é isso que o “próximo” tão distante, quer. “Quem tem boca vaia Roma” diz um ditado mal entendido; mas, entender mal nos faz bem, pois, preferimos “ir” a vaiar...

Somos uma gosma amorfa sem identidade, massificada; nos dói menos perder o indivíduo na massa cúmplice, que assumir posição polêmica, dado que, veraz.

Cada um defende seus ídolos de barro, que, quando, na “Identidade secreta” se disfarçam de homens honestos, mas, atuando são os Xmens, heróis da canalhice do despudor, da vilania.

Assim caminhamos, insanos agricultores que apregoam desejável uma colheita diversa, mas, plantamos sementes iguais. Bem disse certo compositor: “A gente somos inútil...”

Afinal, mesmo a esperança carece nexo; quando espero algo impossível, vem meu rótulo de fora da casinha, não, o fruto de minha esperança.

Empunhamos armas contra um mosquito, mas, nos rendemos a discursos hipócritas. E vêm uns abestalhados evolucionistas dizer que somos o suprassumo do reino, a espécie evoluída que deu certo? Sei não, mas, se eu fosse um macaco preferiria ficar onde estivesse.

Assim, até quando “livres” as tornozeleiras eletrônicas do vicio nos custodiam em seus domínios.

Por que tal pessimismo, dirá alguém, que bicho te mordeu? Deve ter quebrado uma tábua do assoalho da mesmice; caí no porão, onde alguns trastes do plano B foram esquecidos.

Entretanto, se parássemos de usar diamantes nas fundas... digo, de “ensinar” frases profundas filhas de almas nobres, cuja nossa participação foi apenas copiar e colar, e começássemos a beber umas gotículas dos remédios que receitamos...

Afinal, enquanto estamos no jogo, sempre é tempo de tentarmos uma jogada nova; quando nossa vida for “fechada para balanço” será tarde para providências mesmo que estejamos “no vermelho”.

Imaginemos, Neymar, com toda sua técnica e talento, pegar a bola no meio de campo, dar um “chapéu” no primeiro, uma meia lua no segundo, uma “lambreta” no penúltimo zagueiro, uma “caneta” no último, e tirar o goleiro com uma ginga, mas, na hora de “tirar um dez” ganhar o prêmio Puskas, fazer um gol de placa, descobrir que a goleira, a meta, não está lá. Que decepção!

Pois, o mesmo se dá com muitos de nós, craques em ganhar dinheiro, em alguma arte, relacionamentos, malandragem, política, comércio, mesmo esportes, e tantas áreas da vida que, nos podem conferir renome, sucesso, bens.

Podemos fazer, como no exemplo supra, jogadas espetaculares no campo da vida, mas, se ao final dela, na hora da cereja na torta descobrirmos que foi inútil, por falta de meta, terá sido um talento vão.

Contudo, pra entendermos o alvo, o objetivo, precisamos deixar as superficialidades do “plano A”, descermos ao porão, nos aprofundarmos um pouco no sentido das coisas; é trabalho duro, mas, não devemos esperar joias caras encontráveis como reles bijuterias.

Nos indignamos com os males que assomam diariamente nos noticiários, feitos dos expoentes da corrupção, mas, os nossos males que, em abrangência são infinitamente inferiores, em princípio, podem ser os mesmos. A diferença, meramente de oportunidade, ocasião.

Enquanto pressionarmos o pedal dos interesses, automaticamente falhará dos valores; um interfere no outro, a nós, cumpre escolher.

É fácil filosofar sobre a supremacia do ser, ao ter; mas, para ser do contra carecemos brio, coragem, ousadia. Não posso consertar meu país; mas, ajudarei um pouco, fazendo melhorias necessárias em mim...