domingo, 19 de março de 2017

O segundo batismo

“Vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo.” I Tess 1;6

O concurso de tribulação e gozo é natural, sendo a Palavra de Deus, o que é; Espada do Espírito, e, atuando num cenário adverso.

Necessariamente, a pregação idônea será desafiadora, ameaçadora, dependendo do ponto de vista. Aos pecadores perdidos, sua mensagem será um desafio à mudança, da morte para a vida, das trevas para a luz; no aspecto espiritual, ameaça de resgate, pelo Reino dos Céus, de bens usurpados, agora, presos em mãos indignas.

A reação das forças opostas, ensejará tribulação, pois, não entregarão fácil, suas presas; os ditosos que, ouvindo a Palavra se renderem, sendo libertos, conhecerão gozo espiritual único, um refrigério pelo perdão como recebeu o pródigo, uma paz que, só a conversão propicia.

A Parábola do Semeador registra o concurso das “aves dos céus” que comem a semente; (espíritos malignos que cegam a compreensão) das “pedras” que impedem o crescimento da planta; (ignorância quanto ao custo da salvação, a cruz ) dos espinhos; ( uma fé imperfeita que invés de se entregar totalmente ao Salvador, acrescenta cuidados humanos, temporais ) por fim, a boa terra, que produz com fartura; os que ouvem, creem e obedecem.

Infelizmente, graças a ministros mercenários, a Palavra da Vida tem sido equacionada a coisas, com quais, não têm relação; facilidades tecnológicas que trazem tudo instantâneo, nos acostumaram a uma velocidade que não se verifica na vereda da salvação; a ênfase no fato que Deus é bom, tem levado muitos a buscar essa bondade no tempo, não, no modo, que cuida dos que ama. Aí, prometem coisas, aprazam, sete sextas-feiras, doze cultos, disso ou daquilo, e, o “fiel”, cumprindo tais agendas, terá feito sua parte; desde então, a contrapartida se torna uma “dívida” de Deus.

Ora, o livramento é bem, imediato, o gozo da salvação, a libertação dos poderes espirituais da maldade que aprisionam; ouvindo alguém, e crendo na Palavra, a bênção se verifica na hora, mediante o gozo espiritual que propicia.

Entretanto, o Governo do Eterno não é como governos humanos, onde, leis são imperfeitas, muitas vezes, casuísticas, e podem ser mudadas a toque de caixa, como nas atuais manifestações contra a reforma da previdência, por exemplo. Cidadania Celeste, posição dos convertidos, insere num Reino, não, numa república; quem Governa é O Rei dos Reis, Senhor do Universo, pleno de bondade e sabedoria. Suas leis não precisam ser emendadas, tampouco, cede ao casuísmo do tempo, pois, mesmo esse, obedece ao Nosso Rei, que é Pai da Eternidade.

Após a bênção da salvação, temos um “segundo batismo” tão mal entendido, sobretudo, no meio pentecostal. Esses, não todos, é certo, equacionam o batismo com fogo, como se fosse o mesmo do Espírito Santo. Não. João Batista os apresentou como coisas distintas, quando disse que, O Messias batizaria com O Espírito Santo, e, com fogo.

O primeiro é um revestimento espiritual que nos capacita a agirmos, agora, como filhos de Deus. “A todos que O receberam, deu-lhes ( O Espírito Santo ) o poder de serem feitos filhos de Deus.” Jo 1;12 O segundo, com fogo, é o concurso das aflições, seja pela ação das “aves dos céus” que não desistem, seja, pelos maus hábitos da nossa natureza caída, que estava treinada na larga avenida dos pecados, e agora, precisa aprender a senda estreita da santificação.

O próprio Senhor usou essa figura: “Vim lançar fogo na terra; que mais quero, se está aceso? Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, antes, dissensão; porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, o filho contra o pai; a mãe contra a filha, a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, a nora contra a sogra.” Luc 12; 49, 51, 52 e 53

Conversão não é upgrade, é mudança radical, de um senhor a Outro, da maligno ao Santo. Necessariamente, pois, dado o contexto em que ocorre, enseja o concurso de tribulações e gozo. Esse gozo espiritual é tão superior ao natural, que das perseguições e oposições faz combustível para ser inda mais ousado no Senhor, como foi Paulo, após ter sido açoitado em Filipos. “...depois de termos antes padecido, sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate.” I Tess 2;2
Mesmo assim, vale muito à pena, como ensinou o mesmo Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Rom 8;18

segunda-feira, 13 de março de 2017

O censo e os insensatos

“... pelo número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair à guerra, foram contados deles, da tribo de Judá, setenta e quatro mil e seiscentos.” Núm 1;26 e 27

Números, o Livro dos censos de Israel, e uma nuance de como era contado o povo. Apenas, homens, de vinte anos para cima, que poderiam ir para guerra. Não se trata de menosprezo às mulheres, adolescentes, ou, crianças, mas, de uma postura prática em relação ao contexto de então.

Em caso de ameaça externa, deveriam saber, com qual montante contavam, para, a partir daí, planejarem sua estratégia. Jesus mencionou isso, de passagem; “Qual é o rei que, indo à guerra pelejar contra outro, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se, com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, pede condições de paz.” Luc 14;31 e 32

Entretanto, O Salvador usou esse incidente como símile de algo novo que propunha; Como um rei dos antigos calculava seu exército e do inimigo, antes de dar um passo decisivo, deveriam, os candidatos a discípulos, medirem os custos e benefícios, antes da ousada empresa. “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” V 33

O “exército inimigo” a carne, vem sempre com um pelotão de elite de maus desejos, aos quais, está habituada; nossas fraquezas prediletas são nossos “boinas verdes”, duros de matar.

O Salvador nos garante a vitória se, entregarmos a Ele o comando e usarmos na peleja, Sua arma poderosa, a cruz. Nela, cada mau instinto deve ser mortificado, pois, quando A Palavra diz que não devemos lutar contra carne e sangue, refere-se à perseverança do salvo, que já deu o passo em direção a Cristo, e será atacado por forças espirituais opostas; contudo, essas, têm no combate, sua “cabeça de ponte” em linguagem militar, o ponto de acesso, nas más inclinações de nossa natureza.

Agora, não há distinção de idade, nem, sexo; todo convertido é combatente nas fileiras de Jesus. “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Gál 3;27 e 28

Sermos Um em Cristo seria nossa vitória. Contudo, muitas vezes nos desgarramos do Senhor, acossados por anseios naturais inda não crucificados, invés de priorizarmos as coisas de cima, o “Tesouro no Céu,” como Ele ensinou, ainda nos pesam os cuidados dessa vida como prioritários. Na parábola do Semeador o Senhor ilustrou essa postura como a semente que caíra entre espinhos; não frutificara com perfeição.

Paulo, por sua vez, também usou uma metáfora marcial para exortar-nos a uma postura que agrade Nosso Senhor: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. Se alguém milita, não é coroado se não militar legitimamente.” II Tim 2;3 a 5

Infelizmente, grande parte da dita igreja atual, ensina recrutas a calcularem os despojos, os lucros, não os riscos do embate. Se a coisa não se der nos termos do Senhor será ilegítima, portanto, nula, qualquer pretensa vitória.

O Senhor não se impressiona com multidão, barulho, ativismo e tolices afins. No dia da invasão midianita chamou a Gideão, esse, tocou as trombetas e reuniu mais de 32 mil soldados. O Eterno os testou em dois quesitos: Coragem e prudência; restaram apenas trezentos. Com esses, Ele deu a vitória.

Não é diferente a coisa em nossos dias. As trombetas do “gospelismo” moderno, uma vez tocadas, aglomeram multidões. Temos vistosas “Marchas pra Jesus”, Carnaval gospel, Funk gospel, prosperidade material, idolatria de ministros e artistas etc. Mas, teste-se os tais, na coragem de tomar a cruz, na prudência de obedecer a Palavra, e outra vez, O Senhor terá que contar com mui poucos.

Se, nos censos pretéritos apenas os aptos a irem para a guerra contavam, ainda é assim. O Exército de Deus não tem pelotão de elite; é todo de elite. Gente corajosa e prudente que marcha após o Poderoso General, rumo à Nova Jerusalém.

E, por um lado, a salvação é de graça, acessível a “toda criatura”, por outro, não existe bolsa indulgência, bolsa resgate, etc. para gente omissa, preguiçosa espiritual a devanear que, uma vez que Cristo tomou a cruz por nós, está tudo feito. Não. Está feito o que não poderíamos, nem merecíamos; o que podemos, devemos, senão, o Censo do Céu, nos deixará de fora da conta.

domingo, 12 de março de 2017

Digitais da fé

“Quando o Senhor edificar a Sião, aparecerá na sua glória.” Sal 102;16

O aparente conflito entre fé e vista se estabelece quando, incorremos nalguma confusão contextual. Quando a Palavra diz que, “não andamos por vista, mas, por fé”, equivale a afirmarmos: Mesmo que as circunstâncias apontem em rumo diverso do que creio, não me deixarei dissuadir por elas.

Isso não significa que coisas visíveis não valham nada; apenas, como diz o adágio, aparências enganam, por outro lado, “Quem crer não será confundido”. Se, a fé, em parte despreza à vista, seu produto salta aos olhos, uma vez que, mudando o ser, necessariamente muda o agir; esse, se dá no plano visível. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

Infelizmente, a faculdade que deveria ser aio para conduzir muitos à salvação, a visão, tem obrado em sentido oposto, dado sofrer a febre da vontade. Vendo pessoas de pretérito sujo, congregando entre os salvos vivendo nova vida, muitos depreciam apontando para trás, como se, para ser salvo alguém devesse ter alguma credencial a mais, que, estar perdido.

Ora, ser tirado da lama e vertido em adorador é ensino bíblico, deveria saltar aos olhos ensejar emulação salvadora, invés de crítica barata, superficial. Ouçamos Davi: “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos, verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

À mudança da lama para a Rocha, deveriam aprender a confiar no Senhor, mas, a vontade costume ver o que quer, aí, é ela que engana, não, a aparência.

Quando perguntado sobre tempos, sinais, da Sua Vinda, a primeira coisa que O Salvador disse foi: “Vede que ninguém vos engane.” E, nada mais enganável que a visão, filão que faz a fortuna dos ilusionistas profissionais.

O fato de mecanismos de vídeo terem se tornado acessíveis, comuns, tem nos tornado também, superficiais, pueris, incapazes de uma análise crítica da vida, das escolhas. Um texto como esse demandaria de cinco a sete minutos de leitura, dependendo do ritmo de cada um, ora, isso é uma “eternidade”. Daria para rir, apreciar ou depreciar umas dezenas de vídeos, invés de perder tempo numa introspecção assim, tão carrancuda.

Os cérebros que usam todo o potencial que conhecem, inda são limitados; que dizer dos que “navegam” como se, comendo peixe; onde, fazem das reflexões, espinhos, e das tolices, alimento? Não é de se admirar que a presente geração cultue como ídolos uma leva de imbecis tatuados, cujo talento é saber apertar botões, e sua “poesia” traz pérolas tipo: “Meu p.. te ama”.

Reflexão é paladar adquirido, não nasce fortuita, requer certo esforço. Esse “positivismo” filosófico, onde, nos interessa apenas, o “como”, não, o porquê, tem nos tornado destros em cultura inútil, e alienados da Fonte da Vida, Deus.

Sua Palavra tem sido ignorada, e perfeição da Sua Obra, desviada, tributada ao acaso. Invés da inverossímil Teoria da Evolução, a natureza grita louvores ao Criador, mas, além de cegos, estamos surdos. “Porque, suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto, seu eterno poder, quanto, sua divindade, se entendem, claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes, em seus discursos se desvaneceram, seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;20 e 21

Assim, se a fé não anda por vista, o que está visível corrobora a revelação, na qual, ela se firma. De Moisés se diz que deixou o Egito, “Firme como quem vê o invisível”. Isso é confiança irrestrita no Senhor, que, tendo criado tudo que vemos, bem pode criar algo novo, se quiser, em atenção aos que Nele confiam, como fez no deserto, aliás, fazendo cair Maná.

O que vejo convence minha lógica, e, se me firmo nisso, apenas, anulo Deus e Suas possibilidades, nego a fé. Isso foi a queda. O homem em si, alienado de Deus. A fé dá um pé na bunda de si, o intruso, “Negue a si mesmo” e recoloca O Senhor no Trono.

Fazer isso requer uma cruz, na qual, as más inclinações devem ser pregadas todo dia. Pois, pecar não é paladar adquirido; após a queda, é nossa inclinação natural.

Todavia, os que se arrependem, mudam, paulatinamente começam a conhecer o prazer de ser livres, a leveza de uma consciência em paz. Creram de ouvir, no que não viram. Porém, se fazem pacientes de uma transformação tal, que suas vidas se tornam, como a criação, eloquentes anunciantes do Criador.

sábado, 11 de março de 2017

Esperança e fé

“Mas, o justo viverá da fé...” Heb 10;38 “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam...” Heb 11;1

Embora, em muitos casos apareçam amalgamadas, fé e esperança são coisas distintas. Esperança são meus anseios fixos em algo; fé, minha confiança firme em Alguém. O “algo” eu decido esperar; O “Alguém” é sábio para escolher o melhor para mim, capaz de ir “além do que pedimos, ou, pensamos.” A esperança nem sempre se realiza, contudo, a “fé não costuma faiá” como diz numa canção.

Tanto são coisas distintas, que Paulo as apresenta assim: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor...” I Cor 13;13

Nem sempre são as promessas que ensejam a esperança, antes, nossa interpretação equivocada das mesmas, que nos leva a esperarmos o que não se cumprirá. Quando uma promessa diz que, “todas as coisas contribuem juntamente para o bem dos que amam a Deus;” pensamos logo no bem, a arte-final, Divina, não, no layout, nas vicissitudes adversas de sofrermos “todas as coisas.” Malgrado, chamados à eternidade, somos imediatistas.

Paulo deu uma palhinha de como incidem sobre os santos, todas as coisas: “Sei estar abatido, também, ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;12 e 13

Inda que a esperança fixe sua lupa em alvos sadios, é a fé, que empresta a têmpera necessária para suportarmos o processo do aperfeiçoamento, segundo Deus.

Na galeria dos “Heróis da fé” temos lapsos de esperança. Triunfaram eles, na fé, mas, nem sempre, o que esperavam, se cumpriu. “Todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados.” Heb 11;39 e 40 Esperavam no seu tempo, a promessa, e descobriram que devem esperar por nós, para que alcancemos juntamente.

A imensa maioria do que se rotula fé, em nossos dias, é apenas esperança, quase sempre, malsã. A coisa gira em torno de conquistas efêmeras, chave disso, daquilo, facilidades ausentes na Palavra, cujo merecimento deriva de se escrever “amém” ou, compartilhar da mesma cobiça. A fé não depende da esperança, como mostrou Abraão: “O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que, tornou-se pai de muitas nações...” Rom 4;18
Contudo, a esperança é uma coisa boa, à medida que injeta certo ânimo em seu hospedeiro, e se revela firme, se, tal, apostar suas fichas estritamente no que foi prometido. “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos firme consolação, nós, que pomos nosso refúgio em reter a esperança proposta.” Heb 6;18

Notemos que o autor usa o termo, “reter”, que traz a ideia de ter de novo. Sim, nossas ilusões e precipitações tendem a aprazar o tempo em que nossas esperanças se cumprirão; falhando tal prazo, sempre há o risco de a esperança murchar, perder-se. Por isso, é preciso reter, cientes do que nos foi prometido, devemos estar certos, também, que o dia para cumprir a promessa cabe a Deus. Seus “Cheques” não atinam ao tempo dessa vida, meramente, antes, extrapolam a ela, dispõem da eternidade para o “pagamento.” “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Claro que essas coisas todas fazem sentido para salvos, os demais, inda não se apropriaram do básico, mediante a fé, a salvação. Embora a Palavra testifique que “não há um justo sequer”, os que receberam ao Senhor, pela Sua Justiça são reputados justos; além de perdoados herdam a Justiça do Salvador. Esses devem viver pela fé. “O justo viverá da fé.” Não é um adendo abstrato, um, algo mais, sofisticando a senda de alguém, antes, um modo de vida.

Essa fé seletiva, que crê em todas promessas e ignora os ensinos, exortações, advertências, não passa de enfermidade, esperança doentia que não se cumprirá. Quem negocia porções da Palavra da Vida, para ser socialmente aceito, politicamente correto, mostra sua fé no aplauso humano. Quem crê em Deus, deveras, espere, além do cumprimento das promessas, no fim, uma caminhada árdua, de rejeição, tentações, rótulos depreciativos como, radical, retrógrado, fundamentalista, etc.

Sendo o mundo tal qual é, inimigo de Deus, tanto quanto, mais nos identificarmos com nosso Pai, menos aceitação social teremos. A Luz de Deus incomoda olhos acostumados às trevas.

Enfim, não há necessidade de esperança e fé se divorciarem; basta que esperemos segundo a Palavra, na qual, a fé nos ensinou a crer. Pois, “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam...”

sexta-feira, 10 de março de 2017

Brasília em Chamas

Houve um tempo, bem remoto, aliás, em que o Congresso Nacional dividia-se em duas partes; Situação e Oposição. Os primeiros, davam sustentação ao governo, enquanto, os demais, mantinham uma postura crítica. O número de partidos era razoável, nem perto da miscelânea atual. De acordo com as conveniências, cada sigla, alinhavam-se a um lado, ou, outro.

Hoje, dado o fisiologismo corrupto, temos tantos partidos, que, duvido que alguém, por em informado que seja, consiga dizer todos de memória. Pior, igualmente difusa é a ideia de lados opostos, pois, graças ao envolvimento de todos em malversações, invés de visões opostas sobre o melhor para o país, têm interesses comuns, atinentes ao melhor para eles. Em outras palavras, estão no mesmo barco, corrupção; temem a mesma onda, Lava-jato. Assim, associam-se lobos a chacais, no afã de legitimarem ao ilícito, cortarem as garras da Lei, para que esses oligarcas do lixo sigam impunes, a despeito do mal feito.

Quando o alvo das críticas era o PT, pois, estava no poder, eivado de corrupção, diziam que outros também estavam envolvidos; nunca duvidamos. Sempre disse que, não tinha bandidos de estimação, tipo: “Fulano é meu amigo; mexeu com ele, mexeu comigo.” Minha posição, quando mencionavam possíveis ilícitos de Aécio, FHC, etc. era de que, uma vez comprovada a culpa, pagassem por ela. Confesso que, de minha parte, a crítica ao PT era muito ácida, afinal, surgiram para ser dique, combater a corrupção, e se tornaram represa; apropriaram-se dela e ampliaram como “nunca antes na história deste país”.

Pois bem, através das delações premiadas o que está vindo à tona é que mui poucos escapam da roubalheira; além dos “confirmados”, Renan, Sarney, Jucá, Cunha, cúpula do PT inteira, Aécio estaria no mesmo barco, bem como, Serra e Alkmin. Meu discurso segue o mesmo; não tenho ladrões preferidos, abomino todos, que paguem pelo que fizeram.

Entretanto, dois homens que eu respeitava, Gilmar Mendes e FHC, em seus discursos têm se mostrado mais alinhados aos figurões de Lixópolis, que aos ditames da ética, probidade, justiça. Tentam atenuar ao famigerado Caixa Dois, dizendo ser apenas um erro, não, um crime. Afinal, argumentam, uma coisa seria usar dinheiro ilícito para comprar joias, iates, ou, outros bens; outra, usar isso como recursos de campanha para a reeleição. Cáspita!!! Se alguém me chutar o saco, tô nem aí se foi com tênis Nike ou Adidas, parto a cara do sujeito se eu puder!

Todo dinheiro ilícito que eles malversam é nosso. Do meu ponto de vista, acho que seria menos danoso, se, um pulha desses, tendo desviado um milhão, comprasse um iate para si, invés de comprar um canalha, ladrão e corrupto, para nós. Se o safardana está disposto a gastar uma fortuna para se manter no cargo, deve amar muito nosso país, ou, saber que será possível ressarcir os gastos com o “lucro” durante o mandato. Aposto minha vida na opção, “B”.

Pobre país, tão ruim de infra estrutura, estradas, educação, empregos, e tantas carências mais, que fariam necessariamente a pauta de um Congresso cívico, probo, com um mínimo de vergonha na cara. Entretanto, as muitas negociatas escusas que estão vindo à luz, têm posto aqueles a lutar por impunidade, malgrado, tenham sido eleitos para lutar por desenvolvimento.

Há muito a coisa deixou de ser partidária, ou, pontual. A corrupção é sistêmica, generalizada, e nenhum dos três poderes escapa. Não fosse a grande visibilidade mediante as mídias alternativas, e eles abafariam tudo num “acordão” noturno, e seriam “felizes para sempre”. De bom grado anistiarão a todos, se puderem, como tentaram deturpar as dez medidas, e o povo chutou o balde.

Imbecis amorais e imorais, poderão comemorar o nivelamento por baixo, com envolvimento de adversários em corrupção; um cidadão consciente vai comemorar quando todos forem presos, de qualquer sigla.

Todavia, é insano acreditar que vampiros doem sangue. Honestamente, não creio que, pelas vias institucionais se faça justiça, pois, isso demandaria que os insetos contratassem uma dedetizadora.

Dada a justa e tardia revolta popular contra essa sujeira toda, penso que, irremediavelmente rumamos a um regime de exceção, o qual, por pior que venha a ser, inda será infinitamente, menos danoso, que a roubalheira atual.

Faltam insumos morais em nossas famílias, sociedade; o caráter do cidadão comum é bem ruim, na média. Acho mui simplista a acusação de que não sabemos votar; isso equivale a supor que havia muitos probos que não foram eleitos, lamento, mas, não é bem assim.

O que não sabemos, mesmo, e escolher valores, princípios, e, em Brasília, nossa omissão eleva-se ao superlativo.

“Às vezes, quando considero as tremendas consequências advindas das pequenas coisas ... sou tentado a pensar ... não existem pequenas coisas” ( Bruce Barton )

segunda-feira, 6 de março de 2017

O Nome

“Nos seus dias Judá será salvo, Israel habitará seguro; este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O Senhor Justiça Nossa.” Jr23;6
“Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, dará à luz um filho, e chamará seu nome Emanuel.” Is7;14 “Dará à luz um filho e chamarás seu nome, Jesus; porque ele salvará seu povo dos seus pecados.” Mat 1;21


Em atenção aos que pensam ser indispensável o conhecimento do Nome Próprio do Senhor, respeitosamente, os motivos de minha divergência. Como vimos, três nomes diferentes, todos referindo-se ao Senhor. Quem conhece as Escrituras sabe que há mais de uma dezena de nomes ainda, pelos quais, O Eterno é chamado. Senhor, Eterno, Criador, Santo, Altíssimo, Deus que Cura, Deus provedor, etc.

Se fosse tão cioso da grafia de determinado nome, não teria permitido o uso de tantos, que poderia ensejar confusão. Dizem, mestres do Hebraico, que Yeoshuá, tanto serve para Josué, quanto, Jesus, numa versão grega. Sim, Jesus Cristo é a tradução grega de Yeoshuá ha Mashiah; se fosse para o português, seria: Salvador Ungido. Para alguns, nomes não se traduz, em parte, isso é verdadeiro. Se, John Travolta vier morar no Brasil, não se tornará João. Contudo, Elias, Eliseu, Ezequiel, Jeremias, Isaías, Paulo, João, etc. todos foram vertidos para nosso idioma, pois, a ideia é facilitar, invés de dificultar.

Pela mesma razão, temos a Bíblia impressa em capítulos, versos numerados, diverso dos originais, para acesso rápido aos mesmos.

Seria irônico, injusto, até, tendo sido Deus que operou a confusão de línguas, condenar, por capricho, alguém, por um lapso linguístico apenas. Quem conhece O Senhor jamais pensaria isso do Santo.

Quando se refere ao Santo Nome do Senhor, atina à Sua Pessoa bendita, Seu Caráter Excelso, Sublime, não, a determinada grafia. Por exemplo, se alguém me chamasse de Lionel, mesmo estando errado, não me incomodaria; talvez, achasse engraçado; porém, se o mesmo saísse espalhando alhures, calúnias a meu respeito, isso despertaria minha ira, pois, estaria maculando meu nome. Somos zelosos da reputação, não, da grafia.

Igualmente Deus. O Salvador jamais mencionou a importância da escrita, sempre o fez, em relação ao caráter; Disse: “Porque me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que mando”? Chamá-lo Senhor não era errado, mas, deixar de agir como servos, sim. Paulo foi expresso quanto a isso. O Simples professar O Nome, requer de nós, separação do mal, obediência, para que, o não profanemos. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Conheci gente que dizia inválido o batismo, “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”; afinal, argumentavam, “Filho” não é nome. Bem, Foi, justo, O Filho do Homem, que ordenou assim. Ver epílogo de Mateus.

Outros que em Atos, batismos eram apenas “Em nome de Jesus” portanto, deveríamos fazer assim. Ora, em Nome, equivale à “Na autoridade Dele, como Ele ordenou”; isso atina à razão, não, à forma.

Com o devido respeito, pois, há tantas falhas graves no espectro doutrinário da igreja moderna, tantos ladrões, mercenários, malversando à Palavra para ganhar dinheiro simplesmente, que, ignorar isso, e voltar nossa artilharia para coisas irrelevantes que nem Deus se importa, seria, “coar um mosquito e engolir um camelo.”

Não se entenda, contudo, que acho irrelevante O Nome do Senhor: antes, que Ele, jamais mencionou isso, que deveríamos escrever certo.

Em Apocalipse menciona um novo nome para os salvos, e também para si. “...Ao que vencer darei a comer do maná escondido, dar-lhe-ei uma pedra branca, na pedra, um novo nome escrito...” “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também, meu novo nome.” Apoc 3;12

Notemos que, os Nomes escritos nos Salvos, o serão, por Ele. Então, nenhum risco há, de que esteja errado, seremos telas, não, pincéis. 

Entretanto, enquanto estamos a caminho, as decisões são tomadas por nós; o risco não é errarmos letras, mas, profanarmos a Santidade Dele. “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;22

Cada dia que vamos à luta, o teatro da vida nos apresenta diversas cenas, onde, tanto podemos honrar, quanto, Profanar O Santo Nome; com nossas ações, mais, que, palavras. Façamos bonito, e honremos O Nome Excelso de nosso Amado!

domingo, 5 de março de 2017

Pais e filhos

“Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução, nem, são desobedientes.” Tt 1;6

Paulo aconselhando Tito sobre a escolha de ministros para as igrejas de Creta, buscando as qualidades do pai refletidas na criação dos filhos. Muito embora, cada ser humano seja um indivíduo arbitrário, único, por certo, qualidades, ou, defeitos dos pais se refletem na formação dos filhos.

O ensino, inegavelmente tem seu valor, porém, nada mais penetrante, mais eloquente, que o exemplo. Ninguém mais influenciável, permeável ao exemplo, que os filhos, dada a proximidade, o convívio. Assim, salvo, raras exceções, os caracteres dos filhos são reflexos dos pais.

Encenação, hipocrisia, podem até enganar ostentando teatralmente virtudes ausentes, em se tratando de pessoas de convívio esporádico, eventual; porém, numa relação full time, como, entre pais e filhos não é possível encenar.

O exemplo é um didata paralelo, um estímulo extra para motivar às boas escolhas, mas, por si só, não basta. Aí, entra a correção, a disciplina. Essa, contudo, perde eficácia desprovida do acessório do exemplo. Ou seja: Não pode um pai disciplinar um filho por cometer determinado erro que, ele também comete; desse modo, seu exemplo desautoriza a pretensa disciplina.

Não há registro que o sacerdote Eli fosse profano no exercício de sua ocupação; contudo, seus filhos eram, no tocante às coisas consagradas. Ele se fez relapso na disciplina, apenas repreendendo tenuemente, quando, deveria ter exercido sua autoridade de Pai. Mediante um profeta O Senhor disse que ele honrava a seus filhos, mais que a Si. “Por que pisastes o meu sacrifício e minha oferta de alimentos, que ordenei na minha morada, e honras a teus filhos mais do que a mim, para vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo de Israel?” I Sam 2;29

Essa grave negligência paterna custou seu sacerdócio, e a vida de seus dois filhos, Hofni e Finéias. As promessas de bênçãos no tocante a nós são condicionais, dependem de nossa permanência no propósito Divino, senão, já era. “Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade tinha falado eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém, agora diz o Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém, os que me desprezam serão desprezados.” V 30

Os maus filhos não apenas denunciaram ao mau pai, eles fizeram mais: Puseram a perder o sacerdócio dele, as próprias vidas, e motivaram O Eterno a revogar uma promessa para toda a linhagem, por ter sido, O Santo, desonrado.

Desse modo, todo pai que, sabedor que Deus deseja ensino, disciplina, se omite para não “fazer mal” aos pequenos, no fundo, honra-os mais que a Deus.

Ora, a correção, a disciplina nunca é agradável no seu plantio, antes, fere uns e outros; mas, sempre é alegre o resultado de sua colheita. “Na verdade, toda a correção, no presente, não parece ser de gozo, senão, de tristeza, mas, depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Heb 12;11

Isso é tão sério que, a Bíblia usa uma linguagem dura para definir os avessos à disciplina: “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há que o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não, filhos.” Heb 12;7 e 8

Em nossos dias, O Estado, esse gigante corrupto e imoral, arvora-se onde não lhe cabe, querendo ingerir na relação de pais e filhos. Mediante agentes amorais, quiçá, imorais, cria mecanismos que visam tolher a salutar correção paterna, como, a famigerada “Lei da Palmada” onde, um pai pode ser preso se der uma palmada num filho rebelde. Ora, a Constituição, parâmetro das ações do Estado diz que é livre a opção religiosa de cada um; na minha, a Bíblia, diz que, um pai que ama, corrige, até com vara, se necessário. Portanto, uma lei inconstitucional, contraditória, que, não preciso cumprir.

Que o Estado lave-se de sua muita sujeira e corrupção, antes de pretender nos ensinar valores que desconhece. Criação de filhos, transmissão de princípios, valores, é tarefa dos pais, intransferível. E, como vimos no princípio, filhos dissolutos desqualificavam aos pais para o ministério espiritual.

Infelizmente, a maioria dos pais de nosso tempo não tem moral para cobrar postura decente dos seus filhos, pois, falta o tempero do exemplo. Aí, posam de modernos, liberais, para mascarar a própria vergonha de terem falhado no processo de formarem filhos corretos.

Como as sementes das plantas lá do Gênesis, estamos fadados a reproduzir, “Conforme a espécie.” Quem não gosta do som do eco, deve mudar o grito.