“... Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e esterque; se der fruto, ficará, se não, depois a mandarás cortar.” Luc 13;7 a 9
O dono das terras possuía uma vinha. Sua produção em escala comercial era de derivados da uva. Entretanto, no meio das videiras havia uma figueira, da qual, o dono também desejava os frutos.
O fato de alguém ser diferente da maioria, sem aptidões para pregar, talento para cantar, perspicácia para dirigir, ainda assim, há frutos que pode e deve produzir para agradar ao Senhor.
“Por que ocupa a terra inutilmente?” Aquele que criou à Terra, O Eterno, tem total direito de exigir que os que residem nela exibam algum tipo de utilidade, de propósito. Os dons espirituais, aliás, são distribuídos com esse fim; “A manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” I Cor 12;7
As pessoas frustradas, tendem a pensar que a vida lhes deve; que vieram para ser paparicadas bem-sucedidas, felizes. À menor cobrança de responsabilidade, não poucos se eximem de modo desaforado: “Não pedi para nascer.” Eis, sua “defesa” do indigno viver!
Que cada um atue como aprouver, alheio às consequências, é permitido alhures; mas, nos que fazem profissão de servir e desejam conhecer ao Senhor, a relação é um pouco mais estrita.
Pois, antes dos nossos anseios particulares, os legítimos anelos do Criador precisam ser considerados. Nos plantou para que demos frutos, por certo tem razões para estar decepcionado, encontrando-nos privados desses.
Há uma responsabilidade especial, pois, dos que “estão plantados” na Casa do Senhor, a congregação dos salvos, na denominação que for; onde, todos são chamados a serem frutíferos para Deus.
“O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é minha Rocha Nele não há injustiça.” Sal 92;12 a 15 Se, até de árvores velhas O Senhor espera obter frutos, pois.
Então, passados três anos de espera vã, O Senhor da vinha pensava em cortar à figueira. Mas, surgiu um bendito intercessor; “Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e esterque; se der fruto, ficará, se não, depois a mandarás cortar.” Ah, o valor da oração intercessória!
Certa vez O Eterno afirmou que se tivesse achado um intercessor apenas pelo seu povo ele teria sido poupado do juízo. “Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, estivesse na brecha perante Mim por esta terra, para que Eu não a destruísse; porém a ninguém achei.” Ez 22;30
O intercessor não apenas rogou ao senhor da vinha em favor da figueira infrutífera; antes se comprometeu a ajudá-la. Ia escavar nas suas raízes, estercá-la. Com um toque de adubo orgânico, talvez começasse a frutificar.
Infelizmente, grande parte da esterilidade espiritual da presente geração deriva das raízes ruins, nas quais está firmada. Uma “teologia” adoecida, alienada da Divina vontade.
Ás vezes, desejos de prosperidade tomam o lugar da necessária santidade; mensagens humanistas, antropocêntricas, motivacionais, usurpam o lugar da Palavra da vida. Como poderiam dar frutos para Deus aqueles que são acoroçoados ao egoísmo?
A Palavra do Eterno, nada perdeu em sua Santa eficácia; “Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, para lá não tornam, mas regam a terra, a fazem produzir, brotar, dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a Minha Palavra, que sair da Minha Boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, prosperará naquilo para que a enviei.” Is 55;10 e 11
O Salvador foi categórico sobre o propósito para o qual nos chamou: “Não me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi e nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda.” Jo 15;16
Assim, antes de “colhermos” as bênçãos do Pai, devemos frutificar de modo que Ele colha o que espera das nossas vidas. Da videira da Antiga Aliança reclamou decepcionado: “Que mais se podia fazer à minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? Por que, esperando que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?” Is 5;4
Cada vez que chega ao nosso espírito uma mensagem falada, escrita, que nos faz meditar a respeito, é como se O Senhor adubasse nossas raízes. “... Hoje, se ouvirdes Sua Voz, não endureçais os vossos corações...” Heb 3;15