segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A Pedra principal

“Ainda não lestes: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Esta foi posta por cabeça de esquina; isto foi feito pelo Senhor; é coisa maravilhosa aos nossos olhos?” Mc 12;10 e 11  

Claro que O Senhor foi irônico ao perguntar tal coisa aos doutores do templo; Certamente tinham lido e cantado muitas vezes, uma vez que que está inserido num hino hebraico, Salm 118;22 e 23 Na verdade, a pergunta tencionava desafiar o entendimento deles acerca do que, tantas vezes leram. Assim, o “ainda não lestes” pode ser entendido como, ainda não compreendestes?

Mas, se a Pedra rejeitada pelos homens foi feita Fundamental, Angular, pelo Senhor, das duas uma: Ou, era defeituosa e foi regenerada pelo Senhor; ou, os edificadores eram maus, incompetentes, não conseguiram ver as reais qualidades dela.

Ora, mesmo enfrentado a ferrenha oposição que enfrentou, O Salvador desafiou seus oponentes a apontarem lapsos de caráter Nele. Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que não credes?” Jo 8;46

Isaías profetizara que o problema seria nos olhos dos que contemplariam ao “Braço do Senhor.” Porque foi subindo como renovo perante ele, como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura; olhando nós para ele, nenhuma beleza vimos  para que o desejássemos.” Is 53;2

Pedro, que andou com O Mestre por três anos e meio deu o seguinte testemunho: Não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. “ I Ped 2;22

Assim, não havendo problemas com a Pedra, resta investigarmos os edificadores.
O que nos faz aprovarmos, recebermos, aplaudirmos algo, senão, identificação? As coisas com as quais me identifico, queira eu, ou não, testificam minha essência, meu ser, muito mais fielmente que minhas palavras, ainda que, sinceras, bem intencionadas.

O pleito se deu no contexto dos lavradores maus, que, ora recusavam dar frutos a quem de direito, ora, vendo o Herdeiro, decidiram matá-lo, apossarem-se da herança.

Os frutos em questão não eram uvas estritamente, tampouco, a herança em litígio, material. Isaías ensina quais frutos O Eterno demandava de Sua Vinha: Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis, opressão; justiça, eis, clamor.” Is 5;7

A herança se tratava do pretenso poder espiritual sobre o povo exercido pelo Sinédrio. “Se o deixarmos, todos crerão nele; virão os romanos e tirarão nosso lugar. - Não sabeis que é melhor que um só homem, não pereça toda a nação?” Confabularam certa vez.

Então, A Pedra foi rejeitada porque demandava frutos para Deus; Israel, há muito, frutificava para si. Israel é uma vide estéril que dá fruto para si mesmo; conforme a abundância do seu fruto, multiplicou altares; conforme a bondade da sua terra, fizeram boas estátuas.” Os 10;1

Para frutificar a Deus, careço me comprometer com Ele, Sua Palavra; se é para mim mesmo, posso criar deuses alternativos, fazer as coisas do jeito que gosto.

O Eterno prometera que a Descendência de Abraão seria uma bênção para todos os povos; uma nação sacerdotal povo santo que ensinaria os justos Preceitos de Deus. Todavia, nos dias do Senhor o desvio era tal, que João Batista entrou em cena requerendo frutos de arrependimento, que era já, atestado de não estarem produzindo o que O Criador desejava.

Me ocorre uma frase de autor desconhecido: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos, nunca, quando o somos.” Noutras palavras: Discernimos muito bem os defeitos alheios, até imputamos falhas por nossa conta, mas, raramente lidamos bem com os nossos.

Quando da queda no Éden, o traíra prometera: “Vós mesmos sabereis o bem e o mal”; ao homem caído, o bem é o que ele gosta; o mal o que não; malgrado goste de drogas, e lhe sejam oferecidas Palavras de Vida Eterna. O ego, o “nasci assim”, ou, “sou assim” é uma imensa barreira para voltarmos ao Pai. Por isso Cristo requereu: “Negue a si mesmo tome sua cruz e siga-me.”

Se, anelo fazer parte da Obra de Deus, há de ser nos Seus termos, ou, jamais farei. Qualquer edificação que não tenha Cristo como Pedra principal, será vã, como edificar sobre areia. E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa;” I Ped 2;4   

E pensar que alguns dizem que a Pedra Angular da Igreja é Pedro; se, o próprio Pedro diz que é o Senhor. Existem muitas formas de rejeitar ao Senhor; uma só de recebe-lO: Fazendo-se servo, obedecendo-O.


Enfim, não há nada errado com A Pedra Divina; mas, a incredulidade petrifica corações, sepulta vivos. O Senhor, antes de falar ao “Lázaro” morto ordena: “Tirai a pedra”!

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Salvação; obra inconclusa

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Rom 5;10

Paulo põe reconciliação e salvação como distintas, tanto no ser, quanto, no tempo. Dá a reconciliação dos cristãos como obra acabada; “fomos reconciliados”; a salvação, como uma esperança; “seremos salvos”.

Embora não haja um texto sequer que desautorize afirmar que alguém é salvo quando se arrepende e crê, parece que a ideia em relevo é que nossa salvação, enquanto nesse corpo, é instável, sujeita a riscos, algo que deve ser preservado, que se pode perder.

Assim, quando a salvação é adjetivada como uma esperança, isso deve-se à nossa inconstância, não, a eventual variação no propósito, ou, no Amor Divino. “Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” V 2

Firmes na graça, uma linguagem “contraditória” do apóstolo. Graça independe de mim, deriva do amor do Eterno; firmeza, porém, tem a ver com minhas atitudes, constância, obediência, serviço... A Palavra ensina: “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente nossa confissão.” Heb 4;14   Constância é firmeza na graça, pois.

Desse modo, mesmo a salvação sendo algo acabado no prisma Divino, no que tange a mim é inconclusa; deve ser aperfeiçoada, mantida. Sem deixar de ser um fato, é uma esperança. Esperança não é mera abstração, pensar positivo como imaginam alguns; antes, quando se espera o plausível, o que tem fundamento, é agir, dado sermos reféns do tempo, como se já não sofrêssemos suas limitações, pudéssemos tocar o futuro.

O risco aí, é devanearmos com anseios naturais, carnais, e esperarmos que Deus os cumpra; nesse caso, espera vã. A Palavra nos ensina a esperarmos o que foi prometido, não menos, nem, mais. “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” Heb 6;18

Assim, esperar estritamente o que nos foi proposto equivale a nos refugiarmos, em Deus. A Graça Divina supriu nossos lapsos passados, pelo Méritos Benditos de Cristo; mas, depois de reconciliados somos exortados a sermos cooperadores de Deus, para que, a esperança seja convertida em certeza. “Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, do trabalho, do amor que para com seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. Mas, desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até o fim, para completa certeza da esperança;” Heb 6;10 e 11

Sabemos que há certos ensinos na praça que advogam que, “uma vez salvo, sempre salvo” usando como “argumento” um texto onde O Salvador assegura que ninguém arrebatará Suas ovelhas das Suas mãos. Ora, tal afirmação tem a ver com Seu Poder, não com nossa vontade.

Se, não há no Universo força capaz de tirar Dele, há o arbítrio que nos deu. Daí, tanto podemos perseverar na graça, quanto, desistir. “Mas o justo viverá da fé; se ele recuar, minha alma não tem prazer nele. Nós não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas, daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;38 e 39

Seria argumento absurdo advogar que Deus usa hipóteses impossíveis para evidenciar Sua Doutrina. Se adverte que é possível, tanto recuar, quanto, se retirar para a perdição, assim é.

Pedro alude aos que, tendo conhecido a graça, por ela sido libertos da corrupção do mundo, recaíram; comparou-os com cães que voltam ao vômito, ou, porca lavada que volta à lama. Se, não tivessem sido reconciliados, não teriam vomitado seus pecados pretéritos, não teriam sido lavados; mas, foram, e se retiraram pra perdição. Assim, a reconciliação se deu, em certo momento, mas, a salvação não foi atingida.

A mesma epístola, aos Hebreus, adverte de uns que após os dons do Espírito Santo caíram: “Porque é impossível que os que foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, da boa palavra de Deus, das virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, eles, de novo crucificam o Filho de Deus, o expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Da cruz, somos chamados a ser imitadores, não, feitores. “...deixemos todo o embaraço, o pecado que tão de perto nos rodeia; corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz...” Heb 12; 1 e 2


A reconciliação está feita com quem crê; salvação, depende de uma ação que salva: Perseverança na graça.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Tire suas mãos daí!

“Maior é a iniquidade da filha do meu povo, que o pecado de Sodoma, a qual foi subvertida como num momento, sem que mãos lhe tocassem.” Lam 4;6 “... do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos; ela esmiuçou o ferro, bronze, barro, prata e ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, fiel a interpretação.” Dn 2;45

O primeiro verso alude ao juízo de Sodoma; o segundo, ao de todos os reinos humanos mediante Jesus Cristo. O que ambos têm em comum, é que, o primeiro foi feito “sem que mãos lhe tocassem” o segundo, “sem auxílio de mãos”.

Isso deixa patente que, a Obra de Deus prescinde da interferência humana; ou, não depende dela para ser realizada. Quando nos escolhe para alguma incumbência, isso deriva de Sua bondade, não, necessidade. “Porque, na verdade, ele não tomou anjos, mas, tomou a descendência de Abraão. Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.” Heb 2 ;16 e 17 Vemos que, mesmo podendo ter usado seres superiores, anjos, preferiu-nos, por misericórdia.

Nossas mãos desafiadas às boas obras, devem ser testemunho palpável do que as Suas Mãos benditas estão fazendo em nós. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais, Deus preparou, para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Cristo disse o mesmo, de outro modo: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas, no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;14 a 16

Edificamos templos majestosos “para Deus”; sem nos darmos conta, que essas coisas são para o homem. Gostamos de ambientes confortáveis, refinados, belos. Ele prefere ambientes de amor, misericórdia, compreensão, humildade, entendimento espiritual, aos testemunhos pífios da vaidade.

O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:” Atos 7;48 “Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” I Cor 3;16

Mesmo, nossas vidas, encerram o risco de serem edificadas por mãos humanas, o que as torna inabitáveis para O Senhor. Como? O Salvador denunciou: “Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.” Mat 15;9

Diverso das construções humanas onde acabamos com reboco, massa fina, pintura, Deus, dá retoques em Sua Obra com fogo. Esse, remove elementos estranhos. “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual a obra de cada um.” I Cor 3; 12 e 13

Infelizmente, muitos incautos espirituais “identificam” o inimigo em casos que Deus está purificando Sua obra. Permite divisões, separações dramáticas quando isso serve ao cumprimento de Seu Propósito,Porque o nosso Deus é um fogo consumidor. “ Heb 12; 29

Ele mesmo se faz inimigo dos rebeldes que resistem ao Espírito Santo, afrontando Suas Palavras; Mas eles foram rebeldes, contristaram seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

Desse modo, cada vez que tomo A Palavra como diretriz, interpretada à Luz do Espírito Santo, por ela me deixo conduzir; ou, ensino a devida postura a outros, não sou eu, mas, O Senhor que está edificando seus templos segundo o projeto original. Qualquer interferência humana, além de indevida revela-se inútil. “Se, o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” Sal 127;1

Enfim, O Eterno honra-nos, ao nos fazer cooperadores Seus em Sua obra Bendita. Todavia, como disse a Moisés acerca do Tabernáculo: “Faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou”, isso vale para nós. No Sermão do Monte, Jesus Cristo delineou o modelo dos Seus templos; qualquer coisa que destoe é feitura de nossas mãos, material indevido.


Por um lado somos reputados edificadores, quando proclamamos retamente o que Ele ensinou; por outro, somos edificados, quando pautamos nosso andar por Sua Vontade. Há um cântico que diz: “Segura na mão de Deus e vá”; noutras palavras: Aprenda Sua vontade, pratique. Pois, quem tem amor eterno gravado nas mãos, não precisa de mãos melhores pra Sua Obra; ademais, melhor que a perfeição, não há.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A máscara da ignorância

“Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram céus, e terra; que foi tirada da água, e, no meio da água subsiste.” II Pedro 3;5

Descrevendo escarnecedores que surgiriam nos últimos dias, Pedro lhes atribuiu uma característica interessante: Ignorância voluntária. Sendo “Gnose” o conhecimento, “Agnose” ou, ignorância, é seu oposto, ausência de saber. Entretanto, voluntária?

A ignorância, propriamente dita, chega a legar certa “inocência” ao seu hospedeiro; Paulo escrevendo aos Romanos diz: “Não havendo Lei, não há transgressão.” Ou, quem ignora a Vontade Divina, não será tido por transgressor, se, agir de modo contrário. Discursando aos atenienses foi Preciso: “Deus não toma em conta os tempos da ignorância...”

Entretanto, essa “pureza” se perde, quando, a mesma é voluntária. Diversa da situação, onde, houve privação de conhecimento, agora, temos o concurso da vontade. Assim, não se trata de ignorar por não poder conhecer, antes, por não querer.

Ora, qualquer coisa sobre a qual, manifesto arbitrariamente minha vontade, não ignoro; antes, é, justo, meu conhecimento das implicações, das consequências, que me levam a “desconhecer” coisas das quais, não gosto.

Sintetizando: Ignorância voluntária não é ignorância, estritamente; antes, fingimento, hipocrisia de quem, prefere isso, a encarar consequências do que sabe.

Temos um caso bem didático quando, Jesus foi questionado sobre a fonte de Sua autoridade para purificar o templo, por exemplo. Anelavam que Ele “blasfemasse” dizendo-se Filho de Deus, para poderem apedrejá-lO.

O Senhor, sabedor de todas as coisas devolveu-lhes a malícia com outra pergunta: “Jesus, respondendo, disse-lhes: Também vos perguntarei uma coisa; se me disserdes, vos direi com que autoridade faço isto. O batismo de João, de onde era? Do céu, ou, dos homens? Pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não crestes? Se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como profeta. Respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Ele disse-lhes: Nem eu vos digo com que autoridade faço isto.” Mat 21; 24 a 27

Vimos que, o “não sabemos” não derivava de ignorância, antes, de saber precisamente as consequências de ambas as respostas possíveis.

Temos exemplos práticos diariamente, nesses tempos escuros, onde tanta corrupção assoma. Os mesmos que, no pleito pelo poder “sabiam tudo” os malfeitos dos adversários, o que deveria ser feito em reparo, enfim, quais passos o “gigante” carecia para crescer inda mais, quando inquiridos, mesmo os indícios contra eles dando uma enciclopédia, nunca sabem de nada; sequer conhecem alguns camaradas de coexistência harmoniosa pretérita. “Não sei de nada, não vi nada”, virou bordão de humoristas denunciando essa desfaçatez.

Embora tais artifícios possam ter certa eficácia no confuso teatro social, onde, muitas vezes arbitra a paixão em lugar da justiça, ante Deus, a coisa não cola. Salomão já desaconselhou essa artimanha em seus dias, disse: “Se deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte; aos que estão sendo levados para a matança; se disseres: Não sabemos; porventura não considerará aquele que pondera os corações? Não saberá aquele que atenta para a tua alma? Não dará ele ao homem conforme sua obra?” Prov 24;11 e 12

Não que devamos sair dizendo inadvertidamente tudo que sabemos; senso de ocasião ajuda muito. Quando a porta dos corações está fechada, melhor bater a espera de que se abra. “Botar o pé na porta” engendrará inimizades, invés de conversão. Quando Paulo aconselha Timóteo que pregue, quer seja oportuno, quer, não, tenciona encorajá-lo em face às adversidades daqueles dias; o mesmo Paulo prescreveu ao jovem pastor que se desse por exemplo em tudo, inclusive, mansidão, tolerância.

Imaginemos um caso de falecimento de um descrente, sabemos o que sucede nesses casos. Como aconselharíamos eventual parente que se nos acercasse em busca de palavras de consolo? Melhor seria direcionar o assunto da Bondade Divina incidindo sobre os vivos ainda, que prometer venturas ao que se foi, ignorando voluntariamente à essa mesma bondade. Nem tudo o que sabemos pode ser dito; não, em qualquer momento, digo. O Salvador agiu assim com seus discípulos; “Ainda tenho muito que vos dizer, mas, vós não podeis suportar agora.” Jo 16;12

Em suma, a ignorância voluntária é só um nome diferente que se dá à hipocrisia; pessoas que sabem bem as implicações de certas escolhas, e fingem não saber, para que, usando máscara sua rebelião pareça menos feia.


Quem não quer saber das coisas de Deus, foge deliberadamente da vida que lhe é oferecida, ao encontro de um assassino; trai a si mesmo.  “O que rejeita a instrução menospreza a própria alma, mas o que escuta a repreensão adquire entendimento. O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a humildade.” Prov 15;32 e 33 

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Liberdade condicional

“O teu Deus ordenou tua força; fortalece, ó Deus, o que já fizeste para nós.” Sal 68;28 Interessante figura nesse rogo; “fortalece o que já fizeste para nós.” Algo como: Termina, Senhor, o que começaste a fazer; ou, como disse Davi em sua oração, “faze como disseste”.

Embora não seja próprio do Senhor começar algo e não acabar, é sempre sábio orarmos na direção que o Intento Divino aponta. Certamente as orações que têm a mais pronta resposta são as que se coadunam à Vontade de Deus.

Paulo escrevendo aos Filipenses assegura-os desse acabamento Divino; “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra, a aperfeiçoará, até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6

Entretanto, malgrado a iniciativa seja do Senhor, a responsabilidade de cooperar é nossa. Deus dá os dons, de nós, espera os frutos. O Espírito Santo escolhe para quem, e, quais dons, ensina Paulo: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cor 7 e 8

Temos aqui dois dons, ditos, sapienciais; com eles, quem os recebe deve produzir os frutos que são do agrado Divino. “Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio. Exultarão os meus rins, quando os teus lábios falarem coisas retas.” Prov 23;15 e 16

“Se o teu coração for sábio...” é uma condicional, depende de minhas escolhas; posso receber dons de sabedoria, e ainda, agir como tolo. Se alguém duvidar, que estude a biografia de Salomão, que, mesmo sendo o mais sábio dos homens, graças aos dons Divinos, muitas vezes agiu como néscio.

Assim, o aperfeiçoamento da Obra de Deus em nós, requer nossa participação voluntária. É comum, na meninice e adolescência espiritual confundirmos dons com frutos. Dons são ferramentas; frutos, resultados auferidos no exercício dos mesmos.

O Salvador mencionou uns que, exercitaram-se nos dons, mas, foram relapsos nos frutos, no caráter; “Em teu nome profetizamos, operamos milagres, expulsamos demônios...” Diziam; “Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” Foi a réplica do Senhor.

Assim, se orarmos como o salmista: “Fortalece, Senhor, o que já fizeste para nós.” Devemos esperar disso, que O Senhor nos capacite a fazermos nossa parte, na execução dos planos que Ele tem para nós.

Na Parábola do Semeador O Senhor ensinou que em todos os tipos de solo, a semente lançada é a mesma; A Palavra de Deus. A resposta da “terra”, todavia, é diferente, conforme o coração da cada um. Quando O Eterno assegura que a Palavra não volverá a Si vazia, não significa que salvará a todos que ouvirem; antes, que não obstantes as adversidades, a rejeição, sempre haverá um tanto de “boa terra” que produzirá o que o Agricultor anela.

Ele lança a semente e faculta os demais meios necessários à produção; mas, como essa “terra” é arbitrária... como Adão, me ocorre, que foi feito do pó, e O Criador nele soprou o Espírito, assim somos; igualmente pó; após a conversão nos é “Soprado o Espírito”, mas, igual àquele, ainda podemos desobedecer.

Como Deus é amor, e amor carece ser livre, O Santo jamais nos coage a fazermos Sua Vontade; insta, exorta, capacita, mas, a decisão sobre cooperar, ou não, é nossa. Essa é a sina humana; estamos “condenados” à liberdade condicional. Liberdade porque temos escolha; condicional porque as escolhas são apenas duas, excludentes; servimos Deus, ou, ao inimigo; as demais nuances são meros desdobramentos de uma escolha ou, outra.

Na parábola dos dois fundamentos ensina que é possível, tanto fundar a casa na rocha, quanto, na areia; na alegoria da edificação diz que, sobre o Fundamento certo, se pode tentar edificar com material vil, “feno, palha, madeira”, onde deveriam ser pedras preciosas.

A casa em questão é nossa vida; A pedra Angular, Jesus Cristo; o Fundamento, a doutrina dos apóstolos; o material de construção precioso, A Palavra de Deus. Assim, as “pedras vivas” no Edifício Santo são edificadas, como ensinou Pedro.

Entretanto, se, dada a Semente, as chuvas, mesmo assim, os frutos não vierem, estragamos em nossa obstinação, o que Deus fez por nós. “Porque a terra que embebe a chuva... e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6;7 e 8

Em suma, para Deus fortalecer o que já fez por nós, é necessário que nossa natureza rebelde fraqueje, mortifique-se, dando lugar a Ele; como disse Paulo: “Quando estou fraco, sou forte.”

sábado, 20 de fevereiro de 2016

As joias no porão

Todo dia nosso arbítrio é testado, plano A, plano B. Sempre podemos silenciar inquietações “inside” com álcool, drogas, prazeres; ou, mergulhar na busca pelas razões que inquietam. Mas, elas parecem tão fundas; o plano A “resolve” tudo.

Somos jurados onde cantam o vício e a virtude. Damos o “Golden ticket” àquele, e dizemos que essa desafina.

Ao nosso dispor, bondade real, capaz de tirar da cama a maldade que finge dormir sob o edredom da hipocrisia. Sim, podemos arrostar o mal, mas, o lugar comum é tão mais confortável, tão menos polêmico...

Desde imberbes “puxamos ferros” fortalecendo músculos para competir; agora, quereria alguém que nos satisfizéssemos em conviver?

Aprendemos muito bem que o negócio é matar um leão por dia, isso não é tarefa pra ovelhas; sim, eu sei, “dignidade não paga contas”, o jeito é ir à luta...

A Máquina de entortar homens a todo vapor. Os homens tortos aprenderam a pilotar muito bem; invés de lapidar caracteres, o negócio é desconstruir valores; o que não quero pra mim devo fazer ao próximo, antes ele do que eu.

Nossas vidas, por que reduzimos a meras existências? A maioria de nós “vive” uma insignificância tal, que quando a mão do tempo resolve deletar algum “erro”, parece que o vazio que resulta té fica melhor que quando ocupado. Não fazemos diferença estando, tampouco, saindo.

Vivemos uma “paz” que é tributária da hipocrisia, não, da justiça. Elogiamos, aplaudimos, curtimos, se é isso que o “próximo” tão distante, quer. “Quem tem boca vaia Roma” diz um ditado mal entendido; mas, entender mal nos faz bem, pois, preferimos “ir” a vaiar...

Somos uma gosma amorfa sem identidade, massificada; nos dói menos perder o indivíduo na massa cúmplice, que assumir posição polêmica, dado que, veraz.

Cada um defende seus ídolos de barro, que, quando, na “Identidade secreta” se disfarçam de homens honestos, mas, atuando são os Xmens, heróis da canalhice do despudor, da vilania.

Assim caminhamos, insanos agricultores que apregoam desejável uma colheita diversa, mas, plantamos sementes iguais. Bem disse certo compositor: “A gente somos inútil...”

Afinal, mesmo a esperança carece nexo; quando espero algo impossível, vem meu rótulo de fora da casinha, não, o fruto de minha esperança.

Empunhamos armas contra um mosquito, mas, nos rendemos a discursos hipócritas. E vêm uns abestalhados evolucionistas dizer que somos o suprassumo do reino, a espécie evoluída que deu certo? Sei não, mas, se eu fosse um macaco preferiria ficar onde estivesse.

Assim, até quando “livres” as tornozeleiras eletrônicas do vicio nos custodiam em seus domínios.

Por que tal pessimismo, dirá alguém, que bicho te mordeu? Deve ter quebrado uma tábua do assoalho da mesmice; caí no porão, onde alguns trastes do plano B foram esquecidos.

Entretanto, se parássemos de usar diamantes nas fundas... digo, de “ensinar” frases profundas filhas de almas nobres, cuja nossa participação foi apenas copiar e colar, e começássemos a beber umas gotículas dos remédios que receitamos...

Afinal, enquanto estamos no jogo, sempre é tempo de tentarmos uma jogada nova; quando nossa vida for “fechada para balanço” será tarde para providências mesmo que estejamos “no vermelho”.

Imaginemos, Neymar, com toda sua técnica e talento, pegar a bola no meio de campo, dar um “chapéu” no primeiro, uma meia lua no segundo, uma “lambreta” no penúltimo zagueiro, uma “caneta” no último, e tirar o goleiro com uma ginga, mas, na hora de “tirar um dez” ganhar o prêmio Puskas, fazer um gol de placa, descobrir que a goleira, a meta, não está lá. Que decepção!

Pois, o mesmo se dá com muitos de nós, craques em ganhar dinheiro, em alguma arte, relacionamentos, malandragem, política, comércio, mesmo esportes, e tantas áreas da vida que, nos podem conferir renome, sucesso, bens.

Podemos fazer, como no exemplo supra, jogadas espetaculares no campo da vida, mas, se ao final dela, na hora da cereja na torta descobrirmos que foi inútil, por falta de meta, terá sido um talento vão.

Contudo, pra entendermos o alvo, o objetivo, precisamos deixar as superficialidades do “plano A”, descermos ao porão, nos aprofundarmos um pouco no sentido das coisas; é trabalho duro, mas, não devemos esperar joias caras encontráveis como reles bijuterias.

Nos indignamos com os males que assomam diariamente nos noticiários, feitos dos expoentes da corrupção, mas, os nossos males que, em abrangência são infinitamente inferiores, em princípio, podem ser os mesmos. A diferença, meramente de oportunidade, ocasião.

Enquanto pressionarmos o pedal dos interesses, automaticamente falhará dos valores; um interfere no outro, a nós, cumpre escolher.

É fácil filosofar sobre a supremacia do ser, ao ter; mas, para ser do contra carecemos brio, coragem, ousadia. Não posso consertar meu país; mas, ajudarei um pouco, fazendo melhorias necessárias em mim...

Reconciliai-vos com Deus

“Ele ( Deus ) é sábio de coração, forte em poder; quem se endureceu contra ele, e teve paz?” Jó 9;4 Não significa, essa afirmação, que O Criador seja um tirano que sai castigando, oprimindo quem O rejeita. Antes, sendo a paz uma consequência, como todas as coisas dessa estirpe, deriva de outra fonte que chamamos, causa.

Isaías avança um pouco mais: “O juízo habitará no deserto, a justiça morará no campo fértil. O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre. Meu povo habitará em morada de paz, moradas bem seguras, lugares quietos de descanso.” Is 32; 16 a 18

A paz como consequência da justiça, que, no contexto, também é uma consequência, do Juízo. Esse “efeito dominó” se faz necessário desde que houve a transgressão que chamamos, pecado original. Daí, a humanidade passou a uma posição de endurecimento contra O Criador, a paz deixou de ser uma posse.

Presto alguém apresentaria exemplos de povos, nações que vivem em paz. Mas, estaria falando de convivência amistosa, calmaria externa, não, da paz, ora, em foco.

O Salvador, quando se aproximava da Sua Vitória, ao dar as últimas instruções preveniu os discípulos de perseguições, violências, incompreensões; todavia, disse que lhes deixava a paz, com uma ressalva: Era diferente da “paz” do mundo. “Deixo-vos a paz, minha paz vos dou; não dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14; 27 “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jo 16;33

Notório, pois, que nossa paz é em Cristo, o que, nos coloca como adversários dos valores do mundo. Muitos entendem mal a conversão e equacionam com ideias bizarras, tipo, “passá pra crente” “mudar de religião”, “miorá de vida” como prometem os pregadores da moda.

Contudo, a conversão não é outra coisa, senão, um filho rebelde, independente, arrogante, ser convencido pelo Bendito Mediador, a arrepender-se, reconciliar-se com seu Pai. “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;” Rom 5; 1

O juízo que nos tocava, a Graça de Deus fez incidir sobre Cristo. De nós, se requer tão somente, arrependimento e fé, para restabelecimento de nossa paz com Deus.

Embora os palavrões da moda sejam outros, “radicalismo” “intolerância” “homofobia”, “fundamentalismo”, “moralismo” etc. Ante O Santo, um só palavrão, tão em desuso, incomoda: Pecado. É de gravidade tal, que fomenta a inimizade, separa-nos impedindo respostas favoráveis de Deus, aos nossos pleitos, ouçamos: “A mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas, vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;1 e 2

Estando nós separados do Criador por causa de desacordo em nosso agir, voltarmos pleiteando reconciliação, mantendo a rebelião, natural a Divina rejeição.

Então, essa balela superficial, tipo: “Também sou filho de Deus” como licença para pecar, ou, “Deus é Pai não é padrasto” insinuando uma intimidade ausente, só pateteia a estultice de quem ainda recrudesce na inimizade.

Alguns judeus do Velho testamento que descansavam em tolices semelhantes o Eterno denunciou-os: “O filho honra o pai, o servo o seu senhor; se, sou pai, onde está a minha honra? Se, sou senhor, onde está o meu temor? diz o Senhor dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome...” Mal 1; 6

Não nos enganemos, filiação espiritual tem a ver com Espírito, não com DNA. Demanda novo nascimento, conversão, e, poder espiritual, legado após a regeneração. “A todos que O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus.” Jo 1;12

O mensageiro fiel, não traz mensagem pra melhorar de vida, prosperar, mudar de ideia; antes, de arrependimento, reconciliação, passar da morte, ( pecado ) para a vida. ( obediência )

Enquanto a inimizade não for resolvida, qualquer “boa obra” será inócua, pois, obra de um inimigo. Porém, a fé em Cristo, Mediador, nos permite chegarmos a Deus à sua sombra. “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação. Somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” I Cor 5;19 e 20

Enfim, duas opções opostas: Inimizade lutando contra Deus; ou, reconciliação, Paz. “...Quem poria sarças, espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Que se apodere da minha força, faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27;4 e 5

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Perdão; o passado, passado a limpo

“... eu lançava na prisão, açoitava nas sinagogas os que criam em ti. Quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também estava presente, consentia na sua morte, guardava as capas dos que o matavam. Disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22;19 a 21

Temos Paulo, em face a sua chamada, desqualificando-se por causa dos crimes pretéritos; Jesus, apressando-o por causa dos anseios futuros. Desse modo, o ser humano tende a olhar para as dificuldades; Deus, para os objetivos.

Por nefasto que tenha sido nosso pretérito, se, O Senhor nos perdoa, recebe, o passado está resolvido. Ficarmos nos atormentando com remorsos não deriva de eventual bondade nossa; antes, é traço de incredulidade, de quem duvida do perdão Divino.

Deus afirma que lança os pecados perdoados no “Mar do esquecimento”; nós, adquirimos roupas de mergulho e submergimos nas águas sujas atrás do que deveríamos esquecer.

Não que seja possível a uma pessoa saudável esquecer, estritamente, no sentido de não mais lembrar. Mas, como dizemos sobre esquecer um amor, ainda lembramos o vivido, agora, lembrança sem dor. É bom que lembremos desse modo, os descaminhos idos, pois, quanto piores forem, maior será nossa gratidão ao Salvador que deles nos tirou, como disse Davi: “... Tirou-me de um charco de lodo, firmou meus pés sobre uma rocha.” Sal 40

Quando o Senhor nos comissiona, não o faz por causa de coisas que fizemos; geralmente, apesar, do que fizemos. Noutras palavras, não nos chama por nossos méritos, antes, por Sua Bondade. Certo que, limpa o vaso que pretende usar, como fez quando chamou Isaías; o profeta que reconhecera a impureza dos seus lábios, O Santo o purificou, e comissionou.

Observemos os carros à noite; as luzes que apontam para frente são poderosas, reguláveis para perto e longe; as de trás, são tênues, avermelhadas, não servem para iluminar, antes, para mostrar a presença a outros, basicamente. Assim deveria ser com o “carro” das nossas vidas. Não obstante andarmos num mundo noturno, escurecido pela impiedade, devemos contar com a vívida Luz de Cristo para mostrar o caminho. Tanto para perto, implicações de nosso andar agora, quanto, longe, nossa esperança nas promessas. “Lâmpada para meus pés é a tua Palavra; luz para meu caminho”. Sal 119;105

As luzes de trás, servem mais a outros que a nós; os que viram o que fomos, e verem no que Jesus nos transformou, hão de identificar a presença da salvação. “Muitos, verão, temerão, e aprenderão a confiar no Senhor” Ainda, salmo 40.

Assim, quando O Senhor chama-nos, será perda de tempo investigarmos procurando motivos em nós; os motivos estão Nele. Nós temos passados ruins, limitações de talentos, credenciais pífias, mas, se tivermos ouvidos espirituais, coração voluntário, índole servil, estaremos “qualificados”, aos Divinos Olhos.

O mesmo Paulo, que considerava-se o principal dos pecadores por ter perseguido à Igreja, indigno de ser chamado apóstolo, nascido fora de tempo, - disse – ( e, pensar que temos “apóstolos” hoje! )  esse Paulo, digo, viveu na pele, aprendeu e ensinou sobre as “credenciais” que, Deus busca nos Seus comissionados: “Porque, vede, irmãos, vossa vocação, não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres que são chamados. Mas, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir às fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1; 26 a 29

Nosso “material de construção” é péssimo para Obra de Deus; Ele não usa isso. Regenera os Seus, da Água ( Palavra ) de do Espírito, ( Santo ). “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas passaram, eis, que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Com o Novo Material edifica-nos; nos faz partícipes na edificação da Sua Obra. Porém, testa-nos pelo fogo das aflições, para ver se estamos usando o devido cuidado. Feitos que não resistem à prova serão consumidos. “Se alguém, sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha; a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual a obra de cada um.” I Cor 3; 12 e 13

Nosso passado sujo foi purificado por sangue; nosso andar renascido é, pelo fogo. Pregadores que ensinam triunfalismo invés de santidade, devaneiam fugir de um fogo necessário agora; conduzem a outro inevitável depois.


Pois, se no nosso sujo pretérito aceitamos de bom grado a solução de Deus, em nosso incógnito devir, devemos confiar na Sua direção também. 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O Menino Jesus no meio dos seguidores

“... passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, interrogando-os. Todos que o ouviam admiravam sua inteligência e respostas... Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” Luc 2; 46, 47 e 49

O que faria um menino de doze anos, desgarrado dos pais? Podemos imaginar várias coisas, sobretudo, hoje, quando a autoridade paterna parece contar tão pouco. A consciência da dupla natureza só eclode em nós após a conversão, tenhamos a idade que tivermos. Isso era claro para Jesus desde então; de modo que as inquietações do Pai Espiritual já chamavam sua atenção.

O senhor ensinou o “novo Nascimento”; na Epístola aos Hebreus temos nuances das implicações; “Se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não filhos. Pois, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigir, e os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais, ao Pai dos espíritos, para vivermos? Aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; Este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.” Heb 12;8 a 10

Se, todo menino soubesse a que veio nessa vida, certamente poderia direcionar esforços, preparar-se desde cedo pra a missão. Entretanto, temos uma sociedade apodrecida em valores, conceitos, de modo que, um “menino” com 18 anos menos um dia, é quase inimputável, cometa os crimes que cometer.

O Sinédrio, uma espécie de tribunal Civil e Religioso em Israel, fundia-se ao próprio templo, de modo que, falar com os Doutores da Lei, equivalia a falar com o Poder Judiciário Nacional. Embora, com maioria de Fariseus, tinha Saduceus, Escribas.

As perguntas e respostas do Menino não estão registradas, apenas, que Sua inteligência causava admiração aos Doutores da Lei. Outro “texto” que nos escapa é o quê, O Salvador escreveu no chão, por ocasião do “julgamento” da mulher adúltera.

Todavia, se de algo se podia acusar O Mestre, era sua monótona coerência; sempre dizia as mesmas coisas. Sua interpretação espiritual da Lei excedia muito ao trato dos Escribas e Fariseus.

Quando foi questionado acerca de seus ensinos defendeu-se dizendo que sua doutrina era de domínio público; sempre ensinara abertamente, nada havia oculto.

Então, é lícito inferir que alguém com tal coerência, mesmo aos doze anos, já contestara entre os Rabis, a superficialidade da interpretação literal, sonegando o Espírito da Lei. O ponto de minha análise é, que, contestando os Doutores com doze anos causou admiração; com trinta, fazendo as mesmas coisas, causava inveja, ódio. Por quê?

Porque, amiúde, não temos problemas com a verdade quando nos parece lúdica, inocente, inofensiva; assusta quando vira uma ameaça. Por exemplo, nosso “mais honesto dos homens,” Lula, há vídeos dele, mais de um, confessando e rindo que é mentiroso, sua verdade; agora, tudo faz para evitar depor, onde será instado a falar a verdade sob juramento.

Assim, ninguém tem problemas com o “Menino Jesus”, basta ver as comilanças, bebedeiras, luzes, foguetórios do “Natal”. Contudo, O Senhor, Sua Palavra, Cruz, que é memorizado na “Semana Santa”, Esse assusta, responsabiliza, não é tão festejado assim.

Meu foco, porém, não é a inocência do Menino Jesus em Si; antes, a manutenção Dele, Menino, em nós. Nossa meninice espiritual, nossa síndrome de Peter Pan, nosso medo de crescer. Será que a causa é a mesma, fugir à responsabilidade?

Pedro fala aos meninos: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Pedr 2; 2

Denunciando a futilidade dos dons sem amor, Paulo atribui tal “percepção” aos meninos; “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13; 11

Noutra parte ensina que nosso Alvo é maior que meros meninos, diz: “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo...” Ef 4; 13

Afinal, se dos “pequeninos é o Reino do Céus,” isso refere-se à humildade, não, ignorância, estupidez. “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia e adultos no entendimento.” I Cor 14; 20

Em suma, se nosso “cristianismo” aufere só admiração dos ímpios, somos meninos; crescidos, nosso testemunho há de os desafiar de modo tal, que nos vejam como ameaça. Isso sendo a salvação, o escopo; se, for o ministério, maior a seriedade.


Os hebreus que foram encontrados infantes após muitos anos de fé foram repreendidos por isso; não seja nosso caso, cresçamos! “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus...” Heb 5;12

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Deus escreve reto para linhas tortas

“O caminho do justo é todo plano; tu retamente pesas o andar do justo.” Is 26;7 Ora, a Palavra de Deus figura o caminho justo como reto, ora, como plano. A primeira figura aponta um alvo fixo, a segunda, um relevo não acidentado.

O salmista, incursiona no “território” onde se vislumbram tais caminhos; “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Se, o bem-aventurado em questão tem sua força em Deus, alvo Único, se pode dizer que seu caminho é reto; assim sendo, O Senhor o faz também, plano.

Lembramos do ensino que a fé remove montanhas, entretanto, sem sempre atinamos a quais montes O Eterno tenciona mover. Se, o caminho plano no coração, como vimos acima, se acha naquele, cuja força vem de Deus, temos nessa planura, digitais da fé.

Todavia, mesmo a fé precisa ser reta, se quer obrar aperfeiçoamento no coração. Como assim, a fé não é sempre reta? Não.

Outro dia, ensinando uma senhora de compreensão limitada sobre erros do fetichismo, disse-lhe algo, que parece-me útil agora. Adverti contra o uso de “rosa ungida” “sabonete ungido” “sal grosso da proteção” e assemelhados, dizendo que isso é macumba, não, Evangelho. Ela meio que, se ofendeu; argumentou que tinha fé nessas coisas, e tendo fé, “Deus abençoa”, defendeu-se.

Imagine um diamante – disse – com todo seu valor e preciosidade, junto a um monte de cascalho que servirá para fazer concreto; sendo usado com as pedras será esse seu valor, cascalho.

Igualmente a fé, é preciosa, entretanto, se direcionada a algo vil, se tornará vil também. Como dizia Spurgeon, “uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.” Assim a fé, em si mesma, ou, alvos errados.

Quando o Salvador dizia a Seus abençoados, “tua fé te salvou”, enfatizava a responsabilidade pessoal de cada um crer na pessoa certa. Noutras palavras: Quem te salvou fui Eu, mas, tens o “mérito” de ter crido na pessoa certa, essa é a qualidade da tua fé.

Nunca mandou ter fé na fé, em algo, providência, destino, sorte, fetiches, antes, foi específico: “Crede em Deus, crede também em mim.”

Isaías apresenta a vinda do precursor do Messias, em termos, ora, oportunos: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo o vale será exaltado, todo o monte e outeiro serão abatidos; o que é torcido se endireitará, o que é áspero se aplainará.” Is 40;3 e 4

Superficialmente soa até contraditório; parece que é o caminho de Deus que precisa ser melhorado, não, os nossos. Teria o profeta se enganado? Parece que não, pois, João Batista, o cumprimento da profecia reiterou-a quando questionado sobre quem ele era, disse: “... Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas” Luc 3;4

Imaginemos dois caminhos desenhados sobre um papel; um, tortuoso, cheio de montes e vales; outro, plano e reto. O anseio de Deus sempre foi andar com o homem que ama, mas, nossos pecados O impossibilitam, como disse mediante Isaías. Em Amós usou a figura, ora, em pareço. “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo? Am 3;3 Noutras palavras: Dá para colocar paralelos um caminho reto, outro, tortuoso?

Então, quando diz, “preparai o caminho do Senhor,” insta conosco a que deixemos nossos pecados, para que, O Senhor caminhe conosco. Se, nossa força estiver Nele, mediante fé na Sua Palavra, O mesmo Senhor se encarregará de aplanar e fazer retilíneo nosso andar.

Os lavradores que treinavam animais para o arado usavam colocar um novato no mesmo jugo com um boi experiente, para mediante o saber desse, aquele aprender como deve se comportar. Jesus propôs o mesmo aos que queriam aprender Seus caminhos. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim...”

Assim, eventual retidão do comportamento humano não é intrínseca, antes, condicionada pelo Jugo de Jesus. Como seu caminho é plano e reto, os que O seguem trilham caminhos semelhantes.

Assim, diverso do dito popular que “Deus escreve certo por linhas tortas” na verdade, desfaz nossas linhas tortas pela Retidão Excelsa do Seu Ser. “Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os caminhos do Senhor são retos, os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão.” Os 14;9

Diz ainda o verso inicial que Deus pesa o andar do Justo. Assim, além de retidão requer equilíbrio, como uma balança. Isso demanda fazermos ao próximo o que desejamos para nós. Quem conseguir isso, terá aprendido a justiça de Deus, andará por caminho plano e reto. Pois, para amar a Deus, Ele requer que amemos ao próximo.