domingo, 12 de outubro de 2014

Pregadores e mestres



  “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor.” Ecl 12; 11 

Embora, “pregar” seja sinônimo de apregoar, anunciar publicamente uma mensagem qualquer, no verso supra Salomão usa como símile, pregos, mesmo. As palavras dos sábios como pregos bem fixados. 

Contudo, se o sujeito de tal predicado é sábio, quer dizer que apenas, tais, podem pregar o Evangelho? Não. No original do novo testamento, o grego, pregar e ensinar são palavras distintas. A primeira designando a função de arauto; a segunda, de um mestre que explica, instrui, faz entender.  

Assim, pregar qualquer um pode desde que, tenha algo a proclamar. Ensinar, apenas quem domina o que anuncia e conhece métodos didáticos elementares, pelo menos. 

O quê o Salvador ordenou, enfim? “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Mc 16; 15 “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,  do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado;...” Mat 28; 19 e 20

Temos, como vimos, o concurso de pregação e ensino. A primeira ao alcance de qualquer que saiba quem é o Salvador, e os termos básicos do “contrato”;  O segundo, mediante quem tem ministério específico e para tal, se prepara; como preceituou Paulo, a Timóteo. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” II Tim 2; 15

Embora atue entre o povo, em última análise, o orador apresenta-se a Deus.  O mesmo Paulo foi específico sobre isso. “Porque nós não somos como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus.” II Cor 2; 17 

A capacidade de entender essas coisas é que torna o mestre mais responsável que o mero pregador; ainda que o mesmo possa desempenhar ambas as funções. Tiago adverte: Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçam em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, tal é perfeito, poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3; 1 e 2 

Mas, volvendo à figura dos pregos, quem os usa em seu trabalho sabe que, para cada tipo de bitola de madeira existe o prego correspondente. Se for pregar algo leve como forro, por exemplo, usam-se bem pequenos,  tipo 12 x 12. Madeiras medianas para formas, geralmente 17 x 27 ou 18 x 30. Madeiras mais grossas bitolas grandes.   

Quanto às “bitolas” que devem ser usadas pelos sábios, temos três, ao menos, expressas na Bíblia: “Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação.” I Cor 14; 3 Edificação se equaciona com ensino; exortação com desafio, correção; e consolação não carece maiores explicações. 

O que está errado precisa correção, exortação; quem se dispõe a aprender, óbvio, ser ensinado; o que está sofrendo carece consolo.  Cabe ao mestre identificar a necessidade de quem o ouve, para usar a bitola correta. 

Uns, a título de pregarem o amor e evitar polêmicas tentam ser brandos em todas as situações, como se, tais, fossem iguais. Não. O Salvador foi brando com prostitutas e publicanos arrependidos, por exemplo;  extremamente duro com  hipócritas, didático com os que andaram com Ele e estava preparando para comissionar como ensinadores também. 

Sim, disse Salomão que a incidência da Palavra é múltipla; “mestres das congregações;” mas, a origem, ímpar “Dadas pelo Único Pastor.”  

Assim, embora devamos respeito e obediência aos pastores humanos, isso só se verifica à medida que, esses, estão em consonância com o Sumo Pastor. “O Senhor é meu pastor; nada me faltará.” Sal 23; 1 

Paulo, ao que parece, em seu estilo colérico era agressivo, quase a ponto de assustar seus ouvintes; entretanto, evocou em sua defesa que se avaliasse o conteúdo, não, a forma. Se sou rude na palavra, não o sou, contudo, na ciência; mas já em todas as coisas nos temos feito conhecer totalmente entre vós.” II Cor 11; 6 

No contexto, advertia contra a possibilidade do engano; que “outro Jesus” fosse abraçado pelo coríntios. 

Em suma, se é possível pregar o Evangelho com ou sem sabedoria, deve o pregador estar ciente de suas limitações e não se exercitar em coisas demasiado altas ao seu conhecimento. 

A possibilidade de se pregar outro Jesus ou, outro Evangelho, deriva do inchaço carnal de quem supõe saber mais que sabe. 

Porque, Deus se responsabiliza cabalmente por Sua Palavra, não por uma eventual compreensão distorcida advinda de nós.  Pois, disse que o Céu e a Terra passariam, invés, de Sua Palavra; não, de nossas opiniões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário