“Não seguirás a multidão
para fazeres o mal; numa demanda não falarás, tomando parte com a maioria para
torcer o direito. Nem, ao pobre favorecerás na sua demanda.” X 23;2 e 3
Na contramão da
marcha da humanidade, dos discursos diluentes que sempre absolvem ao indivíduo,
repartem as culpas sobre classes, sociedade, raças, etc. A Bíblia insiste em
chamar à responsabilidade, o indivíduo. Errar na multidão pode ser,
eventualmente, indolor, embora, seja mera fuga. Alguém disse: “Se nos estados
puramente emocionais da massa, o eu, não sente a solidão, não é porque se comunique
com um tu; antes, porque perde-se. Sua consciência e individualidade são
abolidas.”
Consciência, eis
o problema! Invés da facilidade de projetar alhures meus lapsos, insiste em
apontar para mim. Faz lembrar certa gaiatice que circula por aí: “Cansei de
fugir de mim, pois, onde eu ia, eu tava.”
Na verdade,
embora usemos a expressão fugir de mim, no fundo, fugimos das responsabilidades
que nos pesam, e, em última análise, de Deus. Como Adão, ouvimos a voz Dele no
jardim e nos escondemos.
Pilatos tentou
usar o “argumento” da massa contra O Senhor: “...A tua nação, os principais dos
sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?” Jo 18;35 O Senhor individualizou
a responsabilidade dizendo: “... todo aquele que é da verdade ouve minha voz...”
v 37
Os demais,
escutam em suas consciências as justas demandas Divinas por uma adequação da
vida aos santos padrões, mas, como escolheram servir à mentira, apenas escutam, não
ouvem. Toda vez que carecemos culpados substitutos patenteamos nossa fuga.
Paulo escrevendo
aos romanos, a metrópole da época, caldeirão cultural, mescla de usos e
costumes, colocou todos no mesmo barco, civilizados e bárbaros, judeus e
gentios; pôs o dedo na ferida: “...cada um de nós dará conta de si mesmo a
Deus.” Rom 14;12
Embora, a igreja
seja um coletivo que tende a crescer, cristianismo vero nada tem a ver com
ativismo; aliás, essas passeatas estilo, “Marcha pra Jesus” podem ser ótimos
esconderijos para hipócritas que recusam a caminhar, com, após, Jesus. Essas
coisas se revelam inócuas espiritualmente, pois, incham nosso orgulho
religioso, se fazem fogueiras de vaidades onde ardem as preferências de cada
um, e, a alegria efêmera de ser dos tais é um péssimo substituto pra alegria
genuína de ver mais uma alma salvar-se.
Porém, temos o
outro lado da moeda. Se, no aspecto “negativo” não adianta fugir, diluir, me
esconder, O Espírito Santo vai me desalojar e rasgar minhas vestes; se, eu O receber,
permitir que habite em mim e me regenere, nada valem divisas denominacionais,
usos, costumes, desse ou daquele, discrepâncias doutrinárias, críticas,
acusações, nada poderá abalar minha confiança no Salvador, sequer a morte será
ameaça suficiente para que neguemos a fé.
Não que um salvo
se torne individualista, antes, por se fazer um, em Espírito com os demais
membros do Corpo de Cristo, não se abala mais com as idiossincrasias desse ou
daquele que tentam sistematizar o que lhe não pertence, às conveniências de seu
próprio umbigo. Paulo perguntou: “Quem és tu que julgas servo alheio”? Deus o
recebeu, ensinou a andar assim, como anda; é assunto do Eterno, não, teu.
Para uns, tais
vaidades não podemos; para outros, determinado dia é sagrado; outros, ainda, a
Soberania Divina é maculada se afirmarmos que temos escolhas, etc. tudo poeira
vã; nada abala o testemunho do Espírito Santo numa consciência dócil à Sua voz,
inda que, rebelde aos moveres de certas multidões.
Somos mera
partícula na Obra de Deus, contudo, nos trata como se, algo inteiro, único,
indivisível. Daí, aliás, a palavra, indivíduo. Todos sabemos que vemos meras
aparências, enquanto, Deus sonda corações, entretanto, não raro, nos portamos
como se também víssemos por dentro. A sugestão de que seríamos como Deus,
sabemos, veio da oposição. E não podemos edificar com O Santo, usando
ferramentas do profano.
Os filósofos
gregos desprezavam à multidão; achavam-na ignorante, só um monstro sem cabeça,
apto para destruir, inepto para edificar. Embora esse monstro logre seus
trunfos nos meandros políticos, nas coisas espirituais não vale nada.
Aliás, o barulho
que faz abafa a vos da razão, como fizeram os algozes de Estêvão. “As palavras
dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina
entre os tolos. Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém um só
pecador destrói muitos bens.” Ecl 9;17 e 18
Enfim, uma vez
mais, os feitos do indivíduo, em apreço, mesmo, para destruir. Esse mafioso
disfarçado que sai por aí cheio de razões gritando palavras de ordem para mudar
o mundo...ou, silenciar os reclames de Deus “inside” na resiliente escolha de
não se deixar transformar, mesmo que, para receber a bênção da vida.
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