“O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me. Eles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, Ele nos dirá: Então por que não crestes? Se, porém, dissermos: Dos homens, tememos o povo. Porque todos sustentavam que João verdadeiramente era profeta.” Mc 11;30 a 32
Os religiosos queriam saber sobre a fonte da Autoridade de Jesus. Ele condicionou Sua resposta a que eles respondessem algo antes. Qual a origem do batismo de João?
Eles sequer se preocupavam em ter opinião sobre isso. Apenas, sabiam bem as implicações de ambas as respostas possíveis. Como em nenhuma delas eles ficariam “bem na foto”, preferiram bancar os desentendidos.
“... não sabemos.” V 33 dada a desonestidade intelectual manifesta, O Salvador julgou que não lhes devia resposta nenhuma. “Também Eu vos não direi com que autoridade faço estas coisas.” Quem não jogar limpo diante de Deus, não espere Dele respostas, quando orar.
Esse incidente pinta um retrato fiel da velhacaria humana, patrocinadora da astúcia. Invés do amor pela verdade, o consórcio rasteiro com interesses. Invés de perguntas com desejo de saber, questões capciosas com nuances de armadilha visando dobrar o oponente, apenas. Muitos que pintam seus óbices alhures fugindo da fé, a rigor, usam as mesmas máscaras até hoje. Se escondem atrás de palavras calculadas para esse fim.
O Criador colocou um vigilante interno em cada ser humano, chamado, consciência. A morte espiritual que puniu ao primeiro casal e passou a toda a descendência, ensejou que as vontades da alma, sobrepujassem as do espírito; essas, falam nas consciências, não nos sentidos, como as daquela.
Assim, o homem caído deixou de ser espiritual, e passou a ser instintivo, semelhante aos animais. Invés de luz e verdade, meros instintos o norteiam. Salomão ensina: “Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como animais.” Ecl 3;18
A parceria dos instintos com o pecado, forjou uma aversão às coisas espirituais, pela alienação ao Criador desde a queda; a “morte” do espírito. Quedou impotente porque separado do Eterno; a consciência acabou cauterizada pela falta de uso e a carne assumiu o comando.
Assim toda sorte de desobediências, perversões são esperáveis, dada a índole do homem alienado da luz espiritual. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7
Não pode. Por isso, quando O Evangelho da Graça é pregado, concomitante, O Espírito Santo atua para iluminar aos que ouvem, e convencer de que o precisam. Caso se deixem persuadir, ao ponto do arrependimento e conversão, receberão o novo nascimento, sem o qual ninguém entrará no Reino de Deus. “... Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;5
A primeira coisa que herdam os convertidos é poder espiritual suficiente, para se comportarem conforme a nova posição. “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12
A consciência, agora, vivificada recebe o vigor original de volta; o vigilante interior reassume seu posto. O homem natural só se preocupa com os “vigilantes” externos; se nenhum deles estiver vendo, faz qualquer coisa ansiada pelos seus animalescos motivos.
Os hipócritas são os que, fingem se reportar ao vigia interno em seus discursos com camuflagens espirituais, embora, apenas encenem aos olhos de quem os rodeia.
Paulo advertiu do risco de negligenciarmos à voz da consciência: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, naufragaram na fé.” I Tim 1;19
Não significa que os que tiveram a consciência vivificada atuem plenamente segundo os ditames dela. É necessário conservá-la; ou, andar em espírito.
Aumenta com a conversão nossa luz interior. Aquilo que fazíamos naturalmente antes de Cristo, relutamos e ouvimos uma voz íntima que desaconselha.
Como os que altercavam com O Salvador, preferiram a desonestidade intelectual a ceder ante a verdade, corremos risco semelhante.
Mesmo alguém convertido, ainda imaturo pode dar mais valor aos “vigilantes” externos, que ao homem interior. A maturidade espiritual enseja que atuemos segundo nossas consciências, a despeito do que pensam aqueles que, eventualmente, nos rodeiam.
São os valores do Reino, mais preciosos que apreços humanos; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto, o mal.” Heb 5;14
Embora, horizontalmente o aplauso terreno signifique algo, aos olhos dos Céus, enseja vaias; “... Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15
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