“Do homem são as preparações do coração; mas do Senhor, a resposta da língua.” Prov 16;1
As preparações do coração, uma forma prolixa de dizer, planos. Do homem os planos, do Senhor a resposta; favorável, ou não. Quem se coloca na condição de servo, mormente aquele que tem uma vocação ministerial, deve ter em mente mais vívido, que o cristão comum, que a liberdade de desejar certas coisas, concedida pelo Senhor, não é sinônimo, necessariamente, de que aquelas coisas têm a Divina aprovação, e lhe serão dadas.
Entendo por cristão comum, o que não tem um ministério especial, que o faça se locomover ou atuar, de modo distinto dos demais; podendo cuidar das suas coisas enquanto serve ao Senhor; não significa que haja dois tipos de cristãos, estritamente. Mas os dons e incumbências do Eterno, eventualmente, diferenciam uns e outros, quanto ao serviço que devem prestar.
Ouvi um pregador dizendo que, se Deus permitiu que eu veja e deseje alguma coisa, certamente é porque o desejo já foi gerado em meu coração por Ele, que, no seu tempo me vai dar aquilo.
Confundir anseios do coração, com revelações ou propósitos do Espírito Santo, é o embrião de onde nascem os falsos profetas e ministros réprobos.
Nos dias de Jeremias, alguns corações assim, eivados de pretensões espirituais tentavam se opor a Ele, que era um escolhido. “Assim diz O Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não, da Boca do Senhor.” Jr 23;16
Quando Jeremias advertiu do cativeiro de setenta anos, foi enfrentado por um “profeta” do coração, Hanani, que disse que não passaria de dois anos. Lógico que seria mais agradável ouvir a esse; mas os fatos mostraram que era mentira. No final, foram mesmo sete décadas. A primeira nuance de um profeta idôneo é que ele não se preocupa mais, em ser agradável, que, verdadeiro.
Pelo mesmo profeta, O Senhor valorara nosso coração; “Enganoso é o coração mais que todas as coisas e perverso, quem o conhecerá?” Jr 17;9 Então, supor alguém, que as coisas mais veementemente acariciadas, nos corações, serão as que O Senhor nos dará, necessariamente, é desconhecer, tanto O Senhor, quanto, o próprio coração.
Alguns desses que pregam a doentia sonhologia, ensinam que, José sonhou coisas grandes, por isso realizou, virando primeiro ministro de Faraó; Não. Ele não sonhou nada, no sentido de desejar coisas grandes, como fazem parecer esses “intérpretes” das próprias cobiças invés da Palavra.
O Senhor revelou a ele em sonhos, o que lhe faria em dias futuros; ele não entendeu aquilo, contou a quem nem deveria e sofreu as consequências. No tempo oportuno, a fidelidade Divina fez cumprir o que mostrara a José desde sua juventude. Foi um vaso escolhido, não, um sonhador competente.
Se fôssemos chamados para devanear com grandezas, nem poderíamos entrar pela vereda do Evangelho. O convite aponta a uma porta estreita, que se abre no início de um caminho apertado, para o qual, a bagagem do ego, com seus anelos de grandezas não deve ser levada; “Negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.”
Então, antes de estendermos as verdes lonas da esperança, ancorando-as nas estacas que nossos próprios desejos cravam, convém lembrarmos que O Eterno não se responsabiliza pelos nossos anseios, mas pela Sua Palavra.
Devemos reter a “esperança proposta” Heb 6;18, não o devaneio acariciado.
Nosso coração é permeável como uma esponja; se não filtrarmos o que acolheremos nele, correremos o risco de desejar coisas indevidas, impuras até, esperando para isso, a “bênção” do Senhor. Por isso, oportuno lembrar certa advertência: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23
Disse mais o mesmo conselheiro: “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;5
Tendemos ao egoísmo, por causa do concurso na natureza carnal em nós; e um coração não disciplinado segundo a Palavra da Vida, facilmente trai a si mesmo, tentando “culpar” a Deus pelo que ele deseja.
Não que não seja permitido fazermos planos, acalentarmos desejos; mas, antes de os levarmos a efeito, consultemos a Deus, abertos ao que Ele responder. Sem tentar fazer dos nossos anseios, fiadores do que O Santo não tencionou para nós. Não esqueçamos, pois, que, “Do homem são as preparações do coração; mas, do Senhor, a resposta da boca.”
Na parábola do Semeador, o coração que figura a boa terra, é o que muito frutifica, não, o que devaneia com as coisas dessa vida. Nada valerá balirmos quais ovelhas, se nosso coração “bilíngue” ainda falar o dialeto dos lobos.
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