terça-feira, 4 de março de 2025

Pra onde vamos?


“Ainda que vivesse duas vezes mil anos, e não gozasse o bem, não vão todos para o mesmo lugar?” Ecl 6;6 Seria fútil a vida, mesmo vivendo dois milênios, se alguém não gozasse do bem, fartando-se dele. Afinal, “Não vão todos para o mesmo lugar?”

A interpretação do Eclesiastes requer alguns cuidados, pelas características peculiares desse livro. O próprio autor deixa claro que é produto das suas reflexões, não, de alguma revelação de origem Divina. “Apliquei meu coração a esquadrinhar, informar-me com sabedoria de tudo o que acontece, debaixo do céu...” Cap 1;13 Assim, a fonte são as humanas reflexões do pensador, e o âmbito, a vida sobre a terra.

A ideia de que vão todos para o mesmo lugar é recorrente nos botecos da vida. “O inferno é aqui mesmo; aqui se faz, aqui se paga; morreu acabou” quem jamais ouviu coisas assim?
Que a semeadura terá ceifa correspondente, isso é bíblico. Mas, a coisa não deve ser levada de modo tão estrito que ignoremos as letras miúdas do contrato.

O Texto diz: “O que semeia na carne, da carne ceifará a corrupção; o que semeia no espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” Gál 6;8 O arrependimento para perdão, é uma “semeadura” no espírito; alguém que fez coisas más, quando convencido disso reconhece, se arrepende e clama por perdão, não colherá, necessariamente, a punição pelo mal que fez. A semeadura pretérita, na carne, foi anulada por uma nova, agora, no espírito. “Se o ímpio se converter de todos os pecados que cometeu, guardar todos os Meus estatutos, proceder com retidão e justiça, certamente viverá; não morrerá.” Ez 18;21

Você não acha justo? O Senhor pergunta: “Não Me é lícito fazer o que quiser do que é Meu? Ou, é mau o teu olho porque Eu Sou bom?” Mat 20;15

Tanto alguém pode colher o que não plantou pela Divina graça, quanto, ter feito coisas dignas de recompensas, e perder esses “créditos” se, apostatar da fé e voltar as costas para o Senhor. “De todas as justiças que tiver feito, não se fará memória, na sua transgressão, com que transgrediu, no seu pecado, com que pecou, morrerá.” Ez 18;24 Pois, “O justo viverá pela fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38 Daí, a importância ímpar da perseverança.

Quando Deus fala que um morrerá, outro não, isso por si só elimina a ideia simplista de que vão todos para o mesmo lugar. É inevitável a morte física, e nesse escopo, apenas, “vão todos para o mesmo lugar”, a sepultura. Até o “filósofo” Chicó, sabia disso: “Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.” Ariano Suassuna. O que acontecerá depois, depende das escolhas de cada um.

Mesmo aos animais participam da mesma sina, quanto à vida física; “Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó; todos voltarão ao pó” Ecl 3;20 Porém, surge uma pergunta: “Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e dos animais, para debaixo da terra?” v 21

Invés de fazer das suas reflexões uma terra arrasada, onde tanto faz ser justo ou ímpio, o pensador é criterioso: Aos jovens, diz: “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos, sabe, porém, que por todas essas coisas, te trará, Deus a juízo.”

Se, as reflexões dele não pretendem ir além das coisas debaixo do céu, o pensador sabe que há mais do que isso; encerra seu apanhado com um conselho bem sóbrio: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem; porque Deus há de trazer a juízo a toda obra, até, tudo o que está encoberto; quer seja bom, quer seja mau.” Ecl 12;14

A simples ideia de um juízo vindouro, não que seja coisa simples, já elimina a possível conclusão precipitada de que todos vão, necessariamente, para o mesmo lugar.

Dizem os que se ocuparam em contar, que há mais menções sobre o inferno, que sobre o Céu, nos Evangelhos; isso, por si só evidencia a cuidado necessário, e o zelo do Salvador, para que o evitemos.

Acreditar alguém no que deseja, não é crer, é fugir. Ainda que, a apresentação da doutrina pertinente à vida possa ser múltipla, a fonte é ímpar; “As palavras dos sábios são como aguilhões; como pregos bem fixados, pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12;11

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